terça-feira, 2 de novembro de 2010

SOBRE A REUNIÃO DE DESOBSESSÃO

Reunião

SOBRE A REUNIÃO DE DESOBSESSÃO

O objetivo de uma reunião de desobsessão é para intercâmbio com o plano invisível, visando apaziguar pessoas ou grupos em litígio. Sendo a obsessão quase sempre a ação persistente e vingativa de um mau espírito sobre alguém, e na maioria das vezes tendo a sua origem nas ações do obsidiado com o obsessor em existência passada, temos que, pelas características bélicas de um mundo de provas e expiações, não falta clientela para tais encontros.

Mas na prática, nem tudo é vexação no iluminado espaço de uma reunião desse estilo. Surge ali, igualmente, o suicida que necessita de enfermagem imediata, o hanseniano que precisa sentir os seus membros sadios, o resgatado das furnas sombrias, o fanatizado pelo ouro que deixou na terra, a criança que se viu de repente sem os pais...

O que caracteriza uma reunião de desobsessão é a sua dinâmica, o inusitado, a emergência, a diversificação surpreendente, de tal modo, que podemos afirmar não existirem duas reuniões iguais, ou mesmo semelhantes, no espaço de uma estadia terrena vivida pelo doutrinador.

Cada reunião é uma aula. E nesse contexto (como o bom professor diz, “vou preparar-me para uma aula”, e não, “vou preparar uma aula”, pois ao prepará-la geralmente exclui o inusitado), doutrinadores e médiuns também devem dizer: “vamos nos preparar para uma reunião de desobsessão”, pois sabem que a pauta é organizada pela equipe dirigente desencarnada, e é impreterível o preparo para qualquer situação.

A equipe que toma a cargo dinamizar uma reunião de desobsessão no plano dos encarnados, deve atuar sem fadiga, enfatizando os seguintes aspectos:

- Amizade e companheirismo entre os membros do grupo (encarnados e desencarnados) aceitando os primeiros as orientações dos Espíritos superiores que lhes auxiliam no estudo e na prática doutrinária, pré-requisito para a formação de uma sintonia consistente e harmoniosa.

- Conhecimento doutrinário aliado à elevação de propósitos, sem os quais qualquer incursão pelo plano invisível pode tornar-se aventura perigosa, com desfecho imprevisível.

- Conduta moral equilibrada, com referencial disciplinador respaldado no Evangelho de Jesus, onde estão inscritas as normas morais de atuação e interação entre grupos humanos.

- Pontualidade e disposição para o trabalho. O importante não é apenas estar presente à reunião no instante marcado, mas integrar-se a ela; viver a emoção de estar contribuindo para a paz; oferecer os sentimentos, os conhecimentos, as energias, ciente de que toda atitude ética vale a pena por amor a Jesus.

- Educação mediúnica em constante aperfeiçoamento, evitando agressões, esgares, gritos, pancadas sobre a mesa, palavras chulas... a fim de que o intercâmbio tenha o cunho educativo e disciplinador, sobre qualquer emoção em desalinho que o comunicante apresente.

Claro que aqui citamos o mínimo exigido para um trabalho produtivo e duradouro. A reunião a qual dirijo tem doze componentes, dentro os quais oito são médiuns ostensivos, dois são passistas e dois doutrinadores. Como somente um doutrinador dialoga com o comunicante, o que fica na reserva auxilia os companheiros ministrando passes e fortalecendo a corrente vibratória com preces e mentalizações.

Todos nós nos programamos para o estudo metódico das obras de Kardec e de dezenas de outras subsidiárias, cujo teor seja mediunidade e/ou obsessão. Estudamos também um pouco de Psicologia e Psiquiatria, visando entender a complexidade de uma mente perturbada, bem como distinguir uma obsessão de uma neurose ou psicose, no trato com pessoas que buscam auxílio na casa espírita.

Médium que não estuda é médium ludibriado. No intercâmbio mediúnico, a análise criteriosa deve ser exercida sobre qualquer comunicação, logicamente sem a paranóica idéia de que todo comunicante é mistificador.

Apresso-me em dizer: sem amor ao trabalho a ser executado, não entre em uma reunião de desobsessão; e se entrar sem esse sentimento de doação, não fique. A curiosidade ali tem seus limites traçados pela caridade, e a acomodação é posta a ferro pelas correntes da disciplina. Fica quem aceita de bom grado o “amai-vos e instruí-vos”, mesmo tratando com aqueles que aprovam o “Armai-vos e destruí-vos”.

Quando fui convidado pelo dirigente espiritual da casa para ser o doutrinador do grupo mediúnico, ele me deu uma lição inesquecível. “Como agir? – perguntei. Com caridade e disciplina. Tenha cuidado para que a disciplina não atropele a caridade e para que a caridade não amoleça a disciplina.”
Esta parece ser a regra básica para um grupo de desobsessão.

E que Jesus, que tantas pessoas tem libertado de seus obsessores invisíveis, nos torne livres da ignorância e do desamor, erradicando de vez a obsessão do terreno ainda escarpado de nossos corações.

Extraído do livro “Diário de um Doutrinador”, de Luiz Gonzaga Pinheiro.

Luiz Gonzaga Pinheiro é natural de Fortaleza (CE), onde exerce a profissão de professor de Ciências e de Matemática, na rede pública do Estado. Engenheiro pela Universidade Federal do Ceará e licenciado em Ciências pela Universidade Federal do Ceará, tendo mais de uma dezena de livros publicados.





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