terça-feira, 31 de agosto de 2010

A FORÇA DO AMOR

Yvonne Pereira

A FORÇA DO AMOR



Amigos e irmãos, abraço-os fervorosamente.



Nesta oportunidade, desejo compartilhar com os companheiros um fato relacionado ao suicídio que resultou numa serie de ações, desenvolvidas ao longo de 18 meses, aproximadamente, mas cujo desfecho superou todas as expectativas, mesmo as inimagináveis.



As regiões de sofrimento onde vivem os suicidas, de todas as categorias, são inúmeras e vastas nos planos do Espírito. brotam de um dia para outro, pois os excessos da Humanidade tem reduzido o tempo de reencarnação para um numero significativo de pessoas. Os atentados contra a manutenção da saúde, mental e psicológica atingem cifras realmente assustadoras.



A campanha EM DEFESA DA VIDA, conduzida pelos Espíritas, é ação que ameniza a situação. Mas algo mais intenso e abrangente, que envolva a sociedade, urge ser desenvolvido.



Assim, passamos ao nosso relato.



Localizamos em determinado nicho, em nosso plano, uma comunidade de suicidas vivendo em situação precária, em todos os aspectos. Chamava a nossa atenção que tal reduto de dor nunca reduzia de tamanho. Ao contrario, contabilizávamos um numero crescente, dia após dia. Procurando analisar a problemática por todos os seus ângulos, verificamos que no local, incrustado em espaço de difícil acesso, existia uma espécie de “escola” – se este é o nome que se pode utilizar – cujos integrantes se especializaram em indução ao suicídio: técnicas, recursos e equipamentos sofisticados eram desenvolvidos para que encarnados cometessem suicídio.



O suicida era, então, conduzido à instituição e, sob tortura, a alma sofredora fornecia elementos mentais que serviam de alimento à manutenção de diferentes desarmonias que conduzem o homem ao desespero.



Fomos surpreendidos pela existência de tal organização e estarrecidos diante do fato, de como a alienação, associada a maldade, pode desestruturar o ser humano.



Após tomar conhecimento dos detalhes, um plano de trabalho foi definido, depois que um mensageiro de elevada região veio até nós.



Durante algum tempo pelejamos para sermos adequadamente preparados, inclusive aprendendo a liberar vibrações mais sublimadas, a fim de fornecer a matéria mental e sentimentos puros que pudessem erguer um campo de força energético ao redor do local.





Almas devotas estiveram conosco permanentemente, instruindo-nos, fortificando-nos e nos revelando a excelsitute do amor. Entretanto, era preciso fazer algo mais. Desfazer a organização não representaria, em principio, maiores problemas; o desafio seria convencer os instrutores a não fazer mais aquele tipo de maldade. Várias tentativas foram enviadas, neste sentido. Orientadores esclarecidos da Vida Maior foram rejeitados e até ridicularizados. Nada conseguíamos com os dirigentes daquela instituição, voltada para a prática do suicídio.





Mas, a vitoria chegou, gloriosa, no final da tarde de domingo último, (1) quando, convidados a participar do encerramento do Congresso, aqueles dirigentes presenciaram a luminosidade do amor. Conseguiram, finalmente, ver o significado da vida, a sua importância e fundamentos.



Foram momentos de grande emoção que envolveu a todos nós, quando um nesga de luz desceu sobre os encarnados e desencarnados no exato instante em que todos, em ambos os planos da vida, se deram as mãos e cantaram em prol da paz.



A nesga de luz se alargou, cresceu, envolveu a todos. A força do amor jorrou plena e, em sublime explosão, rompeu o ar, circulou sobre a cabeça de todos, espalhou-se como poderosa onda para o além do recinto, ganhando a cidade.



Brasília se nimbou de luz, no ar, no solo, nas águas. À nossa visão estupefata e maravilhada parecia que uma nova estrela estava surgindo. Os seres da Criação, vegetais, animais e hominais, os elementos inertes, rochas e minerais, as construções humanas, prédios, edifícios, avenidas, bancos, repartições publicas e privadas, residências, tudo enfim, foi banhado por luz pura e cristalina que jorrava do alto.



Célere, a bela luminosidade espalhou do coração da Pátria para todos os recantos do Brasil, das Américas, da Europa, África, mais além, no Extremo e Médio Oriente, atingindo a todos os continentes, países e cidades. Alcançou os polos do Planeta, girou, em bailado sublime, por breves minutos ao redor da Terra e se prolongou mais além, em direção ao infinito.



Jesus tinha se aproximado do Planeta, em brevíssima visita de luz, amor e compaixão.



Jamais presenciei tanta beleza e tanta paz!



Com afeto.



Yvonne Pereira.



Mensagem recebida por Marta Antunes de Moura, na Federação Espírita Brasileira em 22 de Abril de 2010.
Reformador Ago.2010
(1) Domingo, 18 de Abril de 2010: dia do encerramento do 3º Espírita Brasileiro. Todos os presentes cantavam, emocionados, a musica pela paz.

Yvonne do Amaral Pereira nasceu na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do estado do Rio de Janeiro, às 6 horas da manhã do dia 24 de dezembro de 1900.
E desencarnou no Rio de Janeiro em 09-03-1984





segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A INTOLERÂNCIA

A INTOLERÂNCIA

 

“E João disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios e lho proibimos, porque não te segue conosco. E Jesus lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós.” (Lucas, 9:49-50)

A intolerância sempre constituiu um dos grandes entraves na senda da evolução humana.



No campo da ciência ela foi a causa do retardamento de muitas descobertas, pois, no passado, tudo aquilo que ultrapassava o limite acanhado do conhecimento humano, era levado na conta de “engenho e arte do demônio”.



No setor do aculturamento ela foi responsável pelo marasmo e pelas trevas que prevaleceram entre os homens durante muitos séculos, evitando que eles, através do conhecimento da verdade, se libertassem do preconceito e da superstição.



No seio das religiões, a intolerância se fez sentir em todo o seu aspecto negativo, sendo responsável por grande número de perseguições, de torturas e de morte. Sempre que surgia na Terra um Espírito mais saliente querendo impulsionar o esclarecimento espiritual do homem, ele era catalogado como herege e como tal perseguido e até morto.



O próprio Jesus Cristo foi vítima da intolerância dos seus contemporâneos, por isso, para nos legar a sua mensagem de paz e de amor, ele teve que enfrentar a fúria sanguinolenta de muitos fanáticos, perecendo finalmente pendurado numa cruz, no alto do Calvário.



A passagem evangélica que estamos enfocando, nos elucida sobre o pensamento de Jesus Cristo sobre a intolerância: ele repreendeu severamente um dos seus apóstolos pelo fato de ter proibido a uma pessoa que não os acompanhava, de também expulsar maus Espíritos.



Enquanto no cenário terreno as religiões se digladiam e fecham as portas a qualquer gênero de entendimento, tudo por causa de ingênuas divergências doutrinárias, o Mestre, cujos atos devem servir de paradigma para o nosso proceder, declara enfaticamente a João: “Quem não é contra nós é por nós”.



Os discípulos de Jesus, empregadas dos prejuízos do arcaico sistema religioso prevalecente entre os judeus, não haviam ainda se despojado do tradicional e aberrante hábito de considerar heresia tudo aquilo que não fosse referendado pela religião imperante. Vendo aquele homem que expelia os maus Espíritos, João encheu-se de zelo e, após proibir o homem de praticar atos daquela natureza, procurou apressadamente o Mestre, a fim de denunciar aquilo que considerava um trabalho paralelo e autêntica usurpação de poderes. Agindo daquele modo o apóstolo julgava estar prestando inestimável serviço à Boa Nova e, certamente, esperava o beneplácito do Mestre para o seu ato de intolerância.



A réplica, no entanto, foi adversa: “Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós”.



O Meigo Rabi da Galiléia deu assim inequívoca demonstração de tolerância e é pena que o seu exemplo não tenha servido, no decorrer dos séculos, de esteio para uma mais íntima aproximação entre os vários agrupamentos cristãos, os quais, apesar de viverem sob o pálio de uma só doutrina, porfiam em se colocarem na mais acesa intolerância, refratários a quaisquer concessões ou gesto de aproximação.



No Velho Testamento encontramos uma passagem quase idêntica:



Devido ao abusivo costume reinante entre muitos médiuns e profetas judeus, de invocarem Espíritos para consultá-los sobre coisas fúteis, sem um objetivo mais sério, o médium-mor que era Moisés, vetou terminantemente que se continuasse esse intercâmbio, proibindo que se invocassem os chamados mortos.



Muitos médiuns sensatos existiam, no entanto, entre os judeus, e entre eles dois rapazes sinceros, cujos nomes eram Eldad e Medad. Esses jovens estavam no campo entrando em contato com Espíritos quando, passando por ali um homem, apressou-se em denunciar o fato a Moisés, julgando assim estar prestando valioso serviço ao Grande Legislador.



Conforme narra o livro de Números, Cap. 11, v. 26 a 29, esse homem chegou todo agitado perto do libertador dos hebreus e delatou:



“Senhor! Eldad e Medad estão no campo profetizando!”



Josué, o lugar-tenente de Moisés, que ali estava ao seu lado, asseverou:



“Senhor Meu Moisés, proíba-lhos”.



Mas Moisés não se importunou, pois conhecia o caráter da mediunidade de



Eldad e Medad e se limitou a responder a Josué:



“Tens tu ciúmes de mim? Oxalá que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhe desse o seu Espírito.”





Assim como Jesus reconheceu que o homem que expelia os maus Espíritos em seu nome, estava trabalhando pela mesma causa, embora em caminho diverso, Moisés também suspirava pelo mediunismo sadio entre o seu povo, alegrando-se com o fato de dois de seus patrícios estarem entrando em sintonia com os Espíritos do Senhor, para fins edificantes.



Ambos deram vibrante demonstração de tolerância e compenetração dos reais objetivos que animam aqueles que desejam cooperar na tarefa comum de entrelaçamento entre os homens, com vistas a uma mais estreita aproximação com o Alto.



Afirmou João em seu Evangelho que “a luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (João, 1:5).



Essa passagem deixa entrever claramente que Jesus Cristo veio como autêntica luz a iluminar o caminho dos homens, mas a intolerância destes fez com que a sua mensagem fosse incompreendida, e as forças das trevas conseguiram fazer com que largos anos de obscurantismo suplantassem a voz da verdade, retardando a implantação dos ideais cristãos, da forma como foram ensinados pelo Cristo, fundamentados sobre a pureza e a singeleza.



Nos Evangelhos encontramos uma narrativa bastante elucidativa: Jesus Cristo não foi recebido numa aldeia de Samaritanos. Os seus apóstolos, revoltados, perguntaram-lhe: “Queres que façamos descer fogo do céu e os consuma, assim como o fez Elias?” E a resposta do Mestre foi a seguinte: “Não sabeis de que espírito sois, porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las”. E dirigiram-se para outra aldeia.



Preferindo dirigir-se para outra aldeia, em vez de concordar com a sugestão dos apóstolos Tiago e João, de procurarem consumir o povo que não os recebera, Jesus Cristo, mais uma vez, demonstrou que a tolerância deve sempre nortear os rumos daqueles que se arrogam ao título de cristãos verdadeiro.

 

Léon Denis
Extraído do livro Depois da Morte.






domingo, 29 de agosto de 2010

LÉON DENIS, APÓSTOLO DO ESPIRITISMO



LÉON DENIS, APÓSTOLO DO ESPIRITISMO



Na história do espiritismo contam-se almas dotadas do mais puro amor e devotamento e cujo apostolado foi marcado não apenas por trabalhos notáveis, no terreno literário, mas por uma exemplificação vivencial extraordinária, por um espírito de propaganda inusitadamente ativo e eficiente.

Os velhos espíritas franceses ainda guardam a lembrança de um desses homens, até hoje venerado como um mestre inesquecível.



Qualquer pessoa identificada com a filosofia espírita conhece os nomes de Léon Denis, Gabriel Delanne e Henri Brun e sabem que, depois de Allan Kardec, são eles os primeiros autores que se devem ler, clássicos espíritas cuja inteligência contribuiu para dar à nova doutrina alicerces sólidos, admiravelmente poderosos e que permanecerão por muito tempo ainda capazes de levar aos pesquisadores dotados de boa vontade todas as garantias desejáveis a esclarecer-lhes a razão e amplificar-lhes a fé.



Nessa galeria admirável Léon Denis parece colocar-se em primeiro plano e pode-se, sem constrangimento, afirmar que foi o melhor discípulo e o mais perfeito prosseguidor da obra de Allan Kardec.



Escritor de talento notável, orador considerado sublime, homem do mais alto gabarito moral, Denis dedicou sua vida à propaganda do Espiritismo. Foi realmente um apóstolo no velho sentido que se dava à palavra, e sua obra, em conjunto, será um dia considerada filosoficamente de primeira ordem, grandiosa e passível de reter a atenção admirada de todos os pensadores e homens de boa vontade, libertos de sectarismos religiosos ou laicos.



Nenhum outro autor soube pôr em tão alto relevo a obra de Allan Kardec, nenhum mais eficazmente contribuiu para a difusão dessa obra, nenhum exibiu-a sob mais intensa luz, nenhum melhor aditou-a, explicou-a e pô-la ao alcance das massas populares sedentas de verdade e sempre curiosas de desvendar os grandes problemas da vida e da morte.



Nascido em Foug, perto de Toul (Mestre-et-Moselle), a 1º de janeiro de 1846, Denis desencarnou a 12 de abril de 1927 aos 81 anos. Residia em Tours, no departamento de Indre-et-Loire, no nº 19 da Place dês Arts, em uma grande casa de onde se via o rio Loire e suas ribeiras maravilhosas. Essa casa, entretanto por encontrar-se perto de uma ponte, foi destruída durante a guerra permanecendo em Tours apenas a residência onde, por muitos anos, na Place Prébends D’Oe, residiu na companhia de seus velhos pais. Foi entretanto na casa de Place dês Arts que Denis escreveu suas mias importantes páginas e onde também desencarnou, rodeado por fiéis amigos, entre eles Gaston Luce, seu biógrafo, e Mlle.Claire Baumard, autora de “Léon Denis na Intimidade”.



Léon Denis está enterrado no cemitério de Tours, onde viveu por mais de 60 anos. Conheceu Allan Kardec quando o mestre lionês visitou a cidade em 1867, em viagem de propaganda. Depois disso em Paris, visitou-o muitas vezes. Todavia Denis havia lido “O Livro dos Espíritos” quando contava 18 anos e era um simples operário. Prefaciando a biografia de Henri Sausse sobre Kardec, por sinal, seu derradeiro trabalho literário, ele conta: “Foi como uma iluminação súbita de todo o meu ser”.



Comentando a obra de Kardec, Denis tem esta frase lapidar: “A doutrina de Allan Kardec, é o resultado combinado dos conhecimentos de duas humanidades que se interpenetram, porém todas as duas imperfeitas e caminhando para a Verdade; ainda que superior a todos os sistemas, a todas as filosofias do passado, permanece aberta às retificações aos esclarecimentos do futuro”.



Eis aqui um ensinamento que vale bem a pena reter nesta hora em que vamos surgir, em meio à intolerância, à indiferença e aos sectarismos mais diversos, religiosos ou laicos, tantas hipóteses novas que pretendem se apoiar sobre a ciência e a razão para definir o psiquismo e as leis às quais ele obedece.



Léon Denis obedeceu durante toda a sua vida a tese espírita kardecista com o mesmo entusiasmo, com o mesmo fervor que dele fizeram um dos homens mais ouvidos de sua época em que, curiosamente, mais abundaram os negadores sistemáticos.



Para tornar suas palestras tão eficazes quanto possível, Denis distribuía uma brochura na qual, com simplicidade, explicava o que é o Espiritismo. Esse opúsculo tem por título “O porquê da vida” e é um hábil e curto resumo dos ensinamentos kardecistas. Mas o seu trabalho literário não se deteria aí. De sua pena saíra obras de indiscutível valor, tanto por sua forma literária quanto filosófica: “Depois da Morte”, “No Invisível”, “Espiritismo e Mediunidade”, “Cristianismo e Espiritismo”, “O Problema do Ser e do destino”, “O Grande Enigma”, “Deus e o Universo”, “Jeanne D’Arc Médium”, “O Mundo Invisível e a Guerra” e, por último, “O Gênio e o Mundo Invisível”.



Entre as simples brochuras contam-se ainda: “Por que a Vida?”, “O Lado de Lá da sobrevivência do Ser”, “O Espiritismo e o Clero Católico”, “Síntese Espiritualista” e “Espíritos e Médiuns”.



A obra “Depois da Morte”, foi lida por milhares de pessoas, ajudando a minorar as dores de uma humanidade dilacerada pela guerra. “Jeanne D’Arc Médium” foi traduzida para o inglês Sir Arthur Conan Doyle, com o qual se carteou. Os dois espíritas encontraram-se no Congresso Espírita de 1925, em Paris, que Denis presidiu com notável lucidez. Depois disso Doyle visitou-o em Tours. Denis teve por amigo um outro espírito de elite de seu tempo, Jean Jaurès, o socialista barbaramente assassinado às vésperas da guerra. Jaurès, além de político, era professor de filosofia e um espírito dotado de singular bondade, o que o aproximou de Denis. Este tributou-lhe toda uma série de artigos pela “Revue Spirite”, após o assassinato.



É curioso notar que em sua obra Denis continuamente chama a atenção para os perigos reais do Espiritismo mal compreendido, posto a serviço de fins ridículos ou de um comércio desonesto. Não se cansava de propor que a experimentação deve ter finalidade elevada, moral e interpretando um interesse geral. Aos seus olhos esse perigo necessitava ser enfatizado. Em “Depois da Morte” dedica todo um capítulo ao problema. Na obra “No Invisível”, lançada em 1901, oferece úteis anotações quanto a maneira de se operar a experimentação e a mais racional maneira de desenvolver-se a mediunidade.



Em “O Cristianismo e o Espiritismo” escreve:



“Para que o trigo germine é preciso a queda das nevascas e a triste incubação do inverno. Sopros poderosos virão dissipar os nevoeiros da ignorância e os miasmas da corrupção. As tempestades passarão, o céu azul tornará a se mostrar. A obra divina se revelará em uma eclosão nova. A fé renasce nas almas e o pensamento do Cristo irradiará de novo, mais cintilante, sobre o mundo regenerado”.



“O Gênio Céltico e o Mundo Invisível” coroa magistralmente a obra do mestre. Nele deparamos, colhidas ainda em 1925, múltiplas comunicações do próprio Allan Kardec e, por isso, nesse livro Denis reconhece, uma vez mais que sua obra é devida sobretudo à colaboração dos amigos espirituais.



“Foi – escreve – sob a instigação do espírito de Allan Kardec que eu realizei este trabalho. Nele se encontra uma série de mensagens que ele nos ditou por incorporação, em condições que excluem qualquer dúvida”.



Na publicação “France Active”, de janeiro de 1928, quase dois anos após o seu desencarne, um crítico se exprime, a respeito de “O Gênio Céltico” com as seguintes palavras:



“É um livro emocionante que se imporá mesmo à zombaria dos profanos e no qual, as mais vezes, pelo Espírito do próprio Allan Kardec, somos iniciados aos princípios que os druidas dirigiam já ao cepticismo dos homens. A unidade de Deus, a sobrevivência do ser sob forma fluídica, a evolução na escala infinita dos Mundos e a pluralidade das existências.



Em que esquina nos encontramos no caminho da Vida? Tenho a impressão de que o véu que esconde ainda as esferas espirituais, como nos escondia há alguns anos as ondas hertzianas, não vai tardar a romper-se. Um vento assoprará dos quatro cantos do mundo e dissipará as sombras, escreve o Eclesiastes.



O livro de Denis reconforta nossas impaciências, é simples, dessa prodigiosa simplicidade que só a articula o apóstolo e nos põe em contato com a luz secreta pela qual nossas almas serão revivificadas para sempre. Ele nos faz penetrar um pouco mas a frente na comunhão universal.”

Fonte: Anuário Espírita 1969.

sábado, 28 de agosto de 2010

TERREMOTO ESPIRITUAL

TERREMOTO ESPIRITUAL



A avançada tecnologia conseguiu construir sismógrafos ultra-sensíveis que detectam os mais leves movimentos de adaptação das placas terrestres, que podem ser medidos pela escala Richter, estabelecendo a sua intensidade. Não obstante esse extraordinário logro, não é possível à inteligência humana prever onde acontecerá o fenômeno perturbador, ou mesmo impedir a sua manifestação.



Tentando evitar tão desastrosa ocorrência, geólogos hábeis, utilizando-se de satélites especialmente equipados para o mapeamento da intimidade do planeta, recorrendo a raios infravermelhos e outros que podem alcançar as estruturas mais profundas, conseguiram identificar as falhas mais perigosas, como outras de menor monta, acompanhando com cuidadosa argúcia as alterações que ocorrem com o tempo, em tentativas de minimizar-lhes a ameaça de destruição. Todavia, periodicamente, sem qualquer prevenção, erupções vulcânicas produzem ressonâncias em várias regiões e terremotos devastadores assolam diferente áreas, reduzindo tudo a pó e destroços.



A inteligência humana, urbanizando lugares inóspitos, alteram-lhes a topografia e erguem cidades de expressiva beleza, lançando pontes grandiosas que atravessam lagos, pântanos e mares, facilitando a comunicação entre diferentes pontos terrestres.



Engenheiros civis e de cálculo constróem edifícios incomparáveis, alcançando as nuvens, e tomam providências para serem evitados desastres sísmicos, utilizando material e tecnologia invulgar.



Recentemente, as torres gêmeas Petronas, de Kuala Lumpar, na Malásia, atingiram a invejável altura de 452 metros, tornando-se o edifício mais alto do mundo...



O empenho humano para vencer as condições adversas que produzem os terremotos, como outros flagelos, é credor do maior respeito e consideração. Apesar disso, a agressão do próprio homem ao ecossistema estarrece, contribuindo para a morte, antes lenta e agora acelerada do planeta que habita, caso providências urgentes não o tornem consciente de sua responsabilidade.



Enquanto o ingente esforço de cientistas e tecnólogos, de estudiosos e trabalhadores cuida da beleza e comodidade externa da Terra, as paixões dissolventes oxidam os sentimentos, como ferrugem corrosiva emperrando equipamentos importantes.



A vulgaridade e o despudor alcançam índices jamais igualados e uma nuvem de miasmas morais intoxica as criaturas, enlouquecendo-as, atirando-as em abismos de dor e de sombra.



O materialismo e o utilitarismo dão-se as mãos e desgovernam as mentes e os corações, que perdem as diretrizes do comportamento, tombando em exaustão nas suas masmorras sem grades, porém, cruéis, de onde não há meio possível de fácil evasão...



Numa análise perfunctória, parece que o caos moral cresce ao lado das conquistas da comodidade e do poder, face à truculência, à bestialidade e ao horror que se desenvolvem e expandem, quase a passe de mágica.



É claro que não se podem ignorar, nesse, báratro, as realizações nobilitantes, as conquistas salvadoras e os passos gigantescos para o encontro com a vida fora da Terra...



São consideráveis os sacrifícios dos idealistas, de todos aqueles que promovem o progresso. No entanto, as hórridas ameaças morais vicejam ao lado, contrabalançando negativamente as elevadas realizações.



Numa revisão histórica, verificamos que, das maravilhas do mundo antigo, somente as pirâmides do Egito permaneceram até então.



O Colosso de Rodes, por exemplo, desapareceu nas águas do mar, após terremoto... e dos Jardins de Samíramis e dos Muros da Babilônia, do Farol de Alexandria, de 400 pés de altura, também varrido do solo, do Túmulo de Mausolo, do Templo de Artêmis em Éfeso, da Estátua de Zeus Olímpico, de Fídias, somente ficaram pedras calcinadas pelo tempo, demonstrando a fragilidade das construções humanas...



Na atualidade podem ser contempladas as suntuosas catedrais que foram erguidas no passado, os palácios e museus formidandos, assim como os edifícios modernos de incomparável beleza e luxo, os cassinos inigualáveis, os monumentos e obras de arte não superados, os engenhos da eletrônica e da cibernética, exaltando a glória da mente que voa no rumo do Infinito...



Concomitantemente, o despautério, a miséria, a hediondez dos vícios das drogas, do sexo, do medo e do pânico, da loucura e da insatisfação, aparecem com predominância, porque, esse ser humano, ainda não se identificou com o Herói Crucificado, o Construtor da Terra, que veio, mas não foi ouvido sequer, nem recebido.



Em Jerusalém, no passado, ante a exclamação dos discípulos emocionados pela grandeza do Templo da Salomão, suas pedras colossais, sua porta extraordinária, suas colunas majestosas seus átrios luminosos, Ele respondeu com tristeza na voz:



— Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.



E o vaticínio aconteceu, permanecendo a área vazia da antiga e opulenta construção, de alguma coberta com novos edifícios sagrados .



Foram as guerras que se responsabilizaram por fazê-lo, como em muitos outros lugares, qual sucedeu com a Acrópole - ainda teimosamente em pé -, o Areópago, totalmente destruído, e outros...



Sobre essa paisagem trabalhada pelo homem, no entanto, pairam profecias sobre acontecimentos desastrosos, cuja concretização poderá ser evitada, se forem alteradas as condutas mental, moral e comportamental - a força que contribuirá para o equilíbrio do planeta e movimento sem choques das suas placas -, diluindo o anúncio das terríveis tragédias que poderão ocorrer.



Graças ao Espiritismo, vem acontecendo um terremoto que os sismógrafos não conseguiram detectar, mas que o psiquismo vem captando e dando-lhe curso - o de natureza espiritual.



Suave, a princípio, depois irrompendo de forma expressiva, irá derrubar os castelos de sonhos e de pesadelos do materialismo, do utilitarismo perverso, que cederão lugar à fraternidade verdadeira, à solidariedade legítima e ao amor sem fronteiras.



Tremem os alicerces dessas antigas construções que albergam o existencialismo e a negação de Deus, da alma e da Divina Justiça, estimulando ao gozo e à anarquia dos valores éticos.



Sopra já uma brisa de esperança sobre os escombros da mentalidade desvairada, que se desconecta ante as alterações provocadas pelo terremoto espiritual, encarregado de mudar as estruturas do pensamento anterior e ainda vigente, que tem retardado o crescimento moral da sociedade.



Esse está sendo o mais notável acontecimento da humanidade, nos tempos hodiernos, que assinalará época, porque renovará por completo as bases sociais e humanas do comportamento, abrindo espaço para um mundo novo e feliz.



Esse terremoto espiritual, que decorre da vivência digna da mediunidade, pode ser considerado como ajustador das placas colossais, que se movem e se chocam nas camadas profundas do inconsciente do ser, que se libertará dos vulcões do desespero, permitindo que surjam em toda parte as planícies da paz imorredoura, sob o canto sublime das vozes dos imortais.



Enquanto o ingente esforço de cientistas e tecnólogos, de estudiosos e trabalhadores cuida da beleza e comodidade externa da Terra, as paixões dissolventes oxidam os sentimentos, como ferrugem corrosiva emperrando equipamentos importantes.



Leopoldo Machado



Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 01/07/1998. No Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador - BA.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A ALMA

A ALMA

A alma vem de Deus; é, em nós, o princípio da inteligência e da vida. Essência, misteriosa, escapa à análise, como tudo quanto dimana do Absoluto. Criada por amor, criada para amar, tão mesquinha que pode ser encerrada numa forma acanhada e frágil, tão grande que, com um impulso do seu pensamento, abrange o Infinito, a alma é uma partícula da essência divina projetada no mundo material.

Desde a hora em que caiu na matéria, qual foi o caminho que seguiu para remontar até ao ponto atual da sua carreira? Precisou passar vias escuras, revestir formas, animar organismos que deixava ao sair de cada existência, como se faz com um vestuário inútil. Todos estes corpos de carne pereceram, o sopro dos destinos dispersou-lhes as cinzas, mas a alma persiste e permanece na sua perpetuidade, prossegue sua marcha ascendente, percorre as inumeráveis estações da sua viagem e dirige-se para um fim grande e apetecível, um fim que é a perfeição.

A alma contém, no estado virtual, todos os germens dos seus desenvolvimentos futuros. É destinada a conhecer, adquirir e possuir tudo. Como, pois, poderia ela conseguir tudo isso numa única existência? A vida é curta e longe está a perfeição! Poderia a alma, numa vida única, desenvolver o seu entendimento, esclarecer a razão, fortificar a consciência, assimilar todos os elementos da sabedoria, da santidade, do gênio? Para realizar os seus fins, tem de percorrer, no tempo e no espaço, um campo sem limites. É passando por inúmeras transformações, no fim de milhares de séculos, que o mineral grosseiro se converte em diamante puro, refratando mil cintilações. Sucede o mesmo com a alma humana.

O objetivo da evolução, a razão de ser da vida não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente crêem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizá-lo por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste. Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento por excelência da educação e do progresso, um estimulante para o ser, que, sem ele, ficaria retardado nas vias da sensualidade. A dor, física e moral, forma a nossa experiência. A sabedoria é o prêmio.

Pouco a pouco a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, não tarda a ligar-se por laços pujantes às sociedades do Espaço e depois ao Ser Universal.

Assim, a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se o arquiteto do seu destino. O seu adiantamento é obra sua . Nenhuma fatalidade o oprime, salvo a dos próprios atos, cujas conseqüências nele recaem; mas, não pode desenvolver-se e medrar senão na vida coletiva com o recurso de cada um e em proveito de todos. Quanto mais sobe, tanto mais se sente viver e sofrer em todos e por todos. Na necessidade de se elevar a si mesmo, atrai a si, para fazê-los chegar ao estado espiritual, todos os seres humanos que povoam os mundos onde viveram. Quer fazer por eles o que por ele fizeram os seus irmãos mais velhos, os grandes Espíritos que o guiaram na sua marcha.

A Lei de justiça requer que, por sua vez, sejam emancipadas, libertadas da vida inferior todas as almas. Todo ser que chega à plenitude da consciência deve trabalhar para preparar aos seus irmãos uma vida suportável, um estado social que só comporte a soma de males inevitáveis. Esses males, necessários ao funcionamento da lei de educação geral, nunca deixarão de existir em nosso mundo, representam uma das condições da vida terrestre. A matéria é o obstáculo útil; provoca o esforço e desenvolve a vontade; contribui para a ascensão dos seres impondo-lhes necessidades que os obrigam a trabalhar. Como, sem a dor, havíamos de conhecer a alegria; sem a sombra, apreciar a luz; sem a privação, saborear o bem adquirido, a satisfação alcançada? Eis aqui a razão por que encontramos dificuldades de toda sorte em nós e em volta de nós.

(Léon Denis -Do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor"



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CIÊNCIA SEM RELIGIÃO - Religião sem sabedoria


CIÊNCIA SEM RELIGIÃO
Religião sem sabedoria



Onde está o sábio, onde o padre, que não nos esclarecem sobre o nosso passado?

Onde a sabedoria da "ciência", e a luz da "religião" que não ilumina os primórdios do meu Espírito, o nascimento da minha alma?

Que direito de censores poderão ter os sábios, que atribuição de "curas das almas", poderão ter os sacerdotes, se eles são incapazes de desvendar o meu passado, de iluminar o meu futuro?!

Será que a minha existência espiritual está limitada à data da minha existência corporal?
Será que a minha alma foi gerada no ventre materno?

Como se explica, neste caso, a inteligência embrionária de velhos que poderiam ser meus pais, e o desenvolvimento intelectual, superior ao meu, de moços que poderiam ser meus filhos?

Como explicar a moralidade admirável de moços em contraposição com as paixões vis de certos velhos?

Não é a idade que faz a inteligência e a moralidade.

Que será que as gera?

A influência do meio e da educação?

Mas, vemos homens, e as páginas da História deles fazem menção, cujas façanhas ultrapassam a ferocidade dos próprios animais, e, entretanto, foram criados em meio de santidade, privilegiados pela instrução!

De outro lado vemos santos que vicejam entre uma raça maldita e degradada, como um ramo de açucenas entre cardos!

Serão, porventura, a inteligência e a moralidade, o produto do meio e da educação? Vejamos agora se elas são resultantes, propriedades da matéria; se elas são emanações do corpo humano pelo funcionamento do cérebro, dos nervos, do coração, assim como a urina e a bílis são secreções dos rins e do fígado!

Mas, então, a alma extingue-se com o corpo, assim como não existia antes do corpo existir: é um vapor que desaparece reduzido à cinza o último carvão, é uma chama que se apaga à última gota do combustível, é uma claridade que desaparece ao apagar-se a última torcida?!

Se assim pensarmos, que são as Letras, as Artes, as Ciências, as religiões?

Se prevalece a química dos corpos, há de haver forçosamente uma matéria, um líquido, uma droga para elaboração do fluido da caridade e da sabedoria!

Quais é esse elemento? Como encontrá-lo? Hoje, que tudo se mede e se pesa, até os mais longínquos astros; hoje, que se conhece a natureza dos fluidos pela cor, pelo perfume, visto que o pensamento se corporifica, como está demonstrado pela fotografia; como, então, não determinam a causa material, o elemento que produz a caridade e a sabedoria?!

Não, nem os sábios, nem os padres serão capazes de resolver o intrincado problema da alma!

As religiões dos padres e a sabedoria dos sábios estão encerradas nas igrejas e nas academias, e das igrejas e academias é que têm saído as mais poderosas forças para impedir o gênio inovador na sua missão progressista.

Não evocamos os padres e os sábios para alcançar deles, ou por eles, o que quer que seja; nosso intuito foi demonstrar a falência dessas instituições, cuja única nobreza tem sido enobrecer os seus "caseiros", atraindo para eles a admiração do mundo.

Não apelamos para os padres nem para os acadêmicos esperando que eles nos dêem solução do problema, porque eles próprios se desconhecem, não sabem a sua origem, nem o futuro que os espera!

Não invocamos, pois, os mortos para saber dos vivos.

Não é nos templos, nem nas academias, que encontraremos o registro da nossa individualidade, mas, sim, na escala inferior dos seres, no reino animal, de que o nosso corpo carnal é o mais característico exemplar.

Poderá alguém negar esta verdade, que se evidencia aos olhos de todos os que querem ver?

Examine o leitor, com espírito perscrutador, o reino animal e o reino hominal, e verá que não encontra entre estes reinos limites distintamente traçados.

No extremo do reino animal com o reino vegetal, estão os zoófitos ou animais plantas, nome que indica pertencerem eles a ambos os reinos, servindo-lhes de traço de união. E no extremo do reino animal com o reino hominal encontramos o orangotango, o chipanzé, o gorila, que a tal ponto apresentam as maneiras do homem que, por muito tempo, foram designados sob o nome de homens dos bosques.

Como o homem, eles andam com os pés, servem-se de bastões, constroem cabanas, e com as mãos levam os alimentos à boca.

Comparai esses animais superiores com os homens inferiores, como os Quitches e os Latoucas, com os Fuegianos, com os Vedas do Ceilão, com os Docos de Cafa e de Gurage, por nós lembrados em folhas transatas, e dizei se o reino hominal não está preso pela mesma cadeia ao reino animal, assim como este último ao reino vegetal?

A Ciência da Terra, é a Ciência sem Religião, assim como as religiões sacerdotais são sem sabedoria; tanto uma como outra vão desaparecer para dar lugar à Verdadeira Ciência, que vem de Deus!


Cairbar Schutel
A Gênese da Alma

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Um Momento...

Um Momento...

Antes de negar-se aos apelos da caridade, medite um momento nas aflições dos outros...
Imagine você no lugar de quem sofre.

Observe os irmãos relegados aos padecimentos da rua e suponha-se constrangido à semelhante situação.

Repare o doente desamparado e considere que amanhã, provavelmente seremos nós, candidatos ao socorro na via pública.

Examine o ancião fatigado e reflita que se a desencarnação não chegar em breve, não escapará você da velhice.

Contemple as crianças necessitadas, lembrando os próprios filhinhos.

Quando a ambulância deslize rente ao seu passo, conduzindo o enfermo anônimo, pondere que talvez um parente nosso extremamente querido se encontre a gemer dentro dela.

Escute pacientemente os companheiros entregues à sombra do grande infortúnio e recorde que em futuro próximo, é possível estejamos na travessia das mesmas dificuldades.

Fite a multidão dos ignorantes e dos fracos cansados e infelizes, julgando-se entre eles, e mentalize a gratidão que você sentiria perante a migalha de Amor que alguém lhe ofertasse.

Pense um momento em tudo isso!!!

E você reconhecerá que a caridade para nós todos é simples obrigação!!!

André Luiz

Foto: Voluntárias em visita a Casa Transitória (Abrigo de Idosos), servem carinhosamente um lanche no refeitório da Casa. 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Buril de Luz

Buril de Luz



Em teus dias de dor,
Recorda, alma querida,
Que a dor é para a vida
Aquilo que o buril severo e contundente,
Entre as mãos do escultor,
É para o mármore sem forma...


Golpe aqui, golpe ali, outro mais e mais outro,
Um corte de outro corte se aproxima,
E o bloco se transforma
Em celeste beleza de obra-prima.


Que seria da pedra abandonada, ao chão,
Triste, bruta, singela,
Se a vida não traçasse para ela
Planos de construção?


Que destino o da argila esquecida e vulgar,
Sem a temperatura desumana,
Que deve suportar
Para ser porcelana?


Enxergaste, algum dia,
Fora das leis da natureza,
O trigo que não fosse triturado
Para ser pão à mesa?


Se alguém te fere e humilha, ama, entende, perdoa
E agradece ao trabalho, a angústia e a prova,
Em que a vida imortal se nos renova,
No anseio de ascensão que nos guia e abençoa...
Alma querida, escuta!...
Para seguir à frente,
Em plena elevação
Sempre mais alta e linda,


Quem não chora, não serve e nem padece ou luta,
Parece tão-somente
Um ser espiritual em formação
Que não nasceu ainda...




Maria Dolores
 
Foto: Manhã musical na Casa Transitória (Lar de Idosos), onde os Idosos admirados e felizes, dançaram, cantaram e divertiram-se ao som da sanfona nas mãos delicadas da maestrina Drª Fátima Pires.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O SERVO BOM

O SERVO BOM


A condenação das riquezas se firmara no espírito dos discípulos com profundas raízes, a tal ponto que, por várias vezes, foi Jesus obrigado a intervir, de maneira a pôr termo a contendas injustificáveis.
De vez em quando, Tadeu parecia querer impor aos assistentes das pregações do lago a entrega de todos os bens aos necessitados; Felipe não vacilava em afiançar que ninguém deveria possuir mais que uma camisa, constituindo uma obrigação tudo dividir com os infortunados, privando-se cada qual do indispensável à vida.

– E quando o pobre nos surge somente nas aparências? – replicava judiciosamente Levi – Conheço homens abastados que choram na coletoria de Cafarnaum, como miseráveis mendigos, apenas com o fim de se eximirem dos impostos. Sei de outros que estendem as mãos à caridade pública e são proprietários de terras dilatadas. Estaríamos edificando o Reino de Deus, se, favorecêssemos a exploração?

– Tudo isso é verdade. – Redargüia Simão Pedro. – Entretanto, Deus nos inspirará sempre, nos momentos oportunos, e não é por essa razão que deveremos abandonar os realmente desamparados.
Levi, porém, não se dava por vencido e retrucava:
– A necessidade sincera deve ser objeto incessante de nosso carinhoso interesse; mas, em se tratando dos falsos mendigos, é preciso considerar que a palavra de Deus nos tem vindo pelo Mestre, que nunca se cansa de nos aconselhar vigilância. É imprescindível não viciarmos o sentimento de piedade, ao ponto de prejudicarmos os nossos irmãos no caminho da vida.

O antigo cobrador de impostos supunha, assim, a sua maneira de ver ; mas Felipe, agarrando-se à letra dos ensinos, replicava com ênfase:
– Continuarei acreditando que é mais fácil a passagem de um camelo pelo fundo de uma agulha do que a entrada de um rico no Reino do Céu.
Jesus não participava dessas discussões, porém, sentia as dúvidas que pairavam no corarão dos discípulos e, deixando-os entregues ao seus raciocínios próprios, aguardava oportunidade para um esclarecimento geral.

Passava-se o tempo e as pequenas controvérsias continuavam acesas.
Chegara, porém, o dia em que o Mestre se ausentaria da Galiléia para a derradeira viagem a Jerusalém. A sua última ida a Jericó, antes do suplício, era aguardada cora curiosidade imensa. Grandes multidões se apinhavam nas estradas.

Um publicano abastado, de nome Zaqueu, conhecia o renome do Messias e desejava vê-la. Chefe prestigioso na sua cidade, homem rico e enérgico, Zaqueu era, porém, de pequena estatura, tanto assim que, buscando satisfazer ao seu desejo ardente, procurou acomodar-se sobre um sicômoro, levado pela ansiosa expectativa com que esperava a passagem de Jesus. Coração inundado de curiosidade e de sensações alegres, o chefe publicano, ao aproximar-se o Messias, admirou-lhe o porte nobre e simples, sentindo-se magnetizado pela sua indefinível simpatia. Altamente surpreendido, verificou que o Mestre estacionara a seu lado e lhe dizia com acento íntimo :



Zaqueu, desce dessa árvore, porque hoje necessito de tua hospitalidade e de tua companhia.
Sem que pudesse traduzir o que se passava em seu coração, o publicano de Jericó desceu de sua improvisada galeria, possuído de imenso júbilo.
Abraçou a Jesus com prazer espontâneo e ordenou tôdas as providências para que o querido hóspede e sua comitiva fossem recebidos em casa com a maior alegria. O Mestre deu o braço ao publicano e escutava atento as suas observações mais insignificantes, com grande escândalo da maioria dos discípulos. “Não se tratava de um rico que devia ser condenado?” Perguntava. Felipe a si próprio.
E Simão Pedro refletia intimamente : – “Como justificar tudo isto, se Zaqueu é um homem de dinheiro e pecador perante a lei?”
A breves instantes, porém, toda a comitiva perpetrava na residência do publicano, que não ocultava o seu contentamento inexcedível. Jesus lhe seduzira as atenções, tocando-lhe as fibras mais íntimas do Espírito, com a sua presença generosa. Tratava-se de um hóspede bem-amado, que lhe ficaria eternamente no coração.
Aproximava-se o crepúsculo, quando Zaqueu m
andou oferecer uma leve refeição a todo o povo, em sinal de alegria, sentando-se com Jesus e os seus discípulos sob um vasto alpendre. A palestra versava sobre a nova doutrina e, sabendo que o Mestre não perdia ensejo de condenar as riquezas criminosas do mundo, o publicano o esclarecia, com toda a sinceridade de sua alma :
– Senhor, é verdade que tenho sido observado como um homem de vida reprovável; mas, desde muitos anos, venho procurando empregar o dinheiro de modo que represente benefícios para todos os que me rodeiem na vida. Compreendendo Que aqui em Jericó havia muitos pais de família sem trabalho, organizei múltiplos serviços de criação de animais e de cultivo incessante da terra. Até de Jerusalém, muitas famílias já vieram buscar, em meus trabalhos, o indispensável recurso à vida!...
– Abençoado seja o teu esforço! – Replicou Jesus, cheio de bondade.
Zaqueu ganhou novas forças e murmurou:
– Os servos de minha casa nunca me encontraram sem a sincera disposição de servi-los.
– Regozijo-me contigo – exclamou o Messias – porque todos nós somos servos de Nosso Pai.



O publicano, que tantas vezes fora injustamente acusado, experimentou grande satisfação. A palavra de Jesus era uma recompensa valiosa à sua consciência dedicada ao bem coletivo. Extasiado, levantou-se e, estendendo ao Cristo as mãos, exclamou alegremente :
– Senhor, Senhor, tão profunda é a minha alegria, que repartirei hoje com todos os necessitados a metade dos meus bens e se nalguma coisa tenho prejudicado a alguém, indenizá-lo-ei, quadruplicadamente!...
Jesus o abraçou com um formoso sorriso e respondeu :
– Bem-aventurado és tu que agora contemplas em tua, casa a verdadeira salvação.
Alguns dos discípulos, notadamente Felipe e Simão, não conseguiam ocultar as suas deduções desagradáveis. Mais ou menos aterrados às leis judaicas e atentando somente no sentido literal das lições do Messias, estranhavam aquela afabilidade de Jesus, aprovando os atas de um rico do mundo, confessadamente publicano e pecador. E, como o dono da casa se ausentasse da reunião por alguns minutos, afim de providenciar sobre a vinda de seus filhos para conhecerem o Messias, Pedro e outros prorromperam numa chuva de pequeninas perguntas: Por que tamanha aprovação a um rico mesquinho? As riquezas não eram condenadas pelo Evangelho do Reino? Por que não se hospedaram numa casa humilde e sim naquela vivenda suntuosa, em contraposição aos ensinos da humildade? Poderia alguém servir a Deus e ao mundo de pecados?



O Mestre deixou que cessassem as interrogações e esclareceu, com generosa firmeza :
– Amigos, acreditais, porventura, que o Evangelho tenha vindo ao mundo para, transformar todos os homens em miseráveis mendigos? Qual a esmola maior: a que socorre as necessidades de um dia ou a que adota providências para uma vida inteira?
No mundo vivem os que entesouram na terra e os que entesouraram no céu. Os primeiros escondem suas possibilidades no cofre da ambição e do egoísmo e, por vezes, atiram moedas douradas ao faminto que passa, procurando livrar-se de sua presença; os segundos ligam suas existências a vidas numerosas, fazendo de seus servos e dos auxiliares de esforços a continuação de sua própria família.
Estes últimos sabem empregar o sagrado depósito de Deus e são seus mordomos fiéis, à face do mundo.
Os apóstolos ouviam-no espantados. Felipe, desejoso de se justificar, depois da argumentação incisiva do Cristo, exclamou:
– Senhor, eu não compreendia bem, porque trazia o meu pensamento fixado nos pobres que a vossa bondade nos ensinou a amar.
– Entretanto, Felipe – elucidou o Mestre – é necessário não nos perdermos em viciações do sentimento. Nunca ouviste falar numa terra pobre, numa arvore pobre, em animais desamparados? E, acima de tudo, nesses quadros da natureza a que Zaqueu procura atender, não vês o homem, nosso irmão? Qual será o mais infeliz: o mendigo sem responsabilidade, a não ser a de sua própria manutenção, ou de pai carregado de filhinhos a lhe pedirem pão?
Como André o observasse, com grande brilho nos olhos, maravilhado com as suas explicações, o Mestre acentuou:
– Sim, amigos! ditosos os que repartirem os seus bens com os pobres; mas, bem-aventurados também os que consagrarem suas possibilidades aos movimentos da vida, cientes de que o mundo é um grande necessitado, e que sabem, assim, servir a Deus com as riquezas que lhes foram confiadas!

Em seguida, Zaqueu mandou servir uma grande mesa ao Senhor e aos discípulos, onde Jesus partiu o pão, partilhando do contentamento geral. Impulsionado por um júbilo insopitável, o chefe publicano de Jericó apresentou seus filhos a Jesus e mandou que seus servos festejassem aquela noite memorável para o seu coração.
Nos terreiros amplos da casa, crianças e velhos felizes cantaram hinos de cariciosa ventura, enquanto jovens em grande número tocavam flautas, enchendo de harmonias o ambiente.
Foi então que Jesus, reunidos todos, contou a formosa parábola dos talentos, conforme a narrativa dos apóstolos, e foi também que, pousando enternecido e generoso olhar sobre a figura de Zaqueu, seus lábios divinos pronunciaram as imorredouras palavras: – “Bem-aventurado sejas tu, servo bom e fiel!”
Irmão X - Humberto de Campos
Do livro “Boa Nova”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.








domingo, 22 de agosto de 2010

DESENCARNAÇÃO

DESENCARNAÇÃO



Todos nós que um dia “nascemos” temos certeza de que, um dia, também “morremos”. Quando e de que forma vamos “morrer” depende, porém, de nós mesmos. Depende do aproveitamento bom ou mau da vida na Terra. Com o estudo do Espiritismo todos nós já pudemos ficar sabendo disto e mais ainda. Podemos avaliar o nosso passado, reajustar o presente e até construir o futuro.



Na literatura espírita, que a cada dia cresce mais e mais, são incontáveis os depoimentos de Espíritos que contam como desencarnaram e despertaram na Vida Espiritual. Aqui mesmo dispomos de numerosos livros, algumas centenas, talvez, formados pelas cartas que Espíritos de diferentes regiões, variadas idades e atividades já endereçaram a familiares e amigos por intermédio de Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e outros médiuns, com narrativas pormenorizadas da vida que aguarda a todos nós. São depoimentos que emocionam pela riqueza das provas que oferecem e que, pela oportunidade, interessam tanto a espíritas e não–espíritas.



Entre tantos depoimentos há um que contém elevada mensagem. É o da forma como desencarnou e despertou na Espiritualidade a amorável mensageira que é Scheilla. Estava num campo de batalha durante a I Grande Guerra, em sua abençoada tarefa de enfermeira, quando foi atingida por uma granada. A abnegação com que exercia suas atividades era tão grande e sincera, de tanto amor, que tão logo seu corpo jovem, ainda, tombou, aproximou-se a figura não menos amorável de um velhinho de barbas brancas e reluzentes. Era Adolfo Bezerra de Menezes, que dizia: -“Irmã Scheilla, não há tempo a perder. Muitos soldados acabam de desencarnar no fragor da batalha. Estão em dolorosa situação. É necessário atender a todos. Vamos trabalhar!”

E Scheilla logo prosseguiu, já na Espiritualidade, aquela abençoada tarefa de socorrer aos que sofrem, tal como fazia quando ainda tinha seu corpo físico.



Allan Kardec esclarece, de forma clara, que a alma quando desencarna passa, de um modo geral, por um estado de perturbação, cujo tempo varia, porém, de indivíduo para indivíduo. Enquanto uns se libertam, felizes da matéria, outros lamentam e até se desesperam porque deixaram as ilusões a que estavam tão apegados. É um sofrimento que dependerá, naturalmente, da conduta que se tenha enquanto “vivos” e também do conhecimento que se alcançar acerca do significado da Vida e da realidade do Plano Espiritual. Mas não há de ser apenas o conhecimento que se tenha da Vida Maior que permitirá que alcancemos uma desencarnação conformada e um despertar tranqüilo no Outro Lado da Vida. Diz-nos a razão que não. Mas a conduta que mantivermos nestes poucos tempos da existência na Terra. Se semearmos o bem, colheremos o bem...



Referência: “O Livro dos Espíritos” (150, 154, 163).



Fonte: BOLETIM SEI

Foto: Informamos o desencarne de Chico, violeiro, seresteiro,  irmão de Ritinha, cujo sepultamento será hoje às 16h:00. Na foto, encontramos Chico entre Wellington(de óculos) e Raimundo seu companheiro de conversa. Desejamos a Chico que a Paz do mestre Jesus o ampare na nossa caminhada de Luz e evolução. Agradecemos a Deus Todo Poderoso a acolhida que com certeza o nosso Irmão é merecedor.
Lastimando a partida de Ritinha e, posteriormente, de Chico, partiram praticamente no mesmo dia, eram irmãos de sangue,  entretanto, nos consolamos com o pensamento de Allan Kardec, que assim nos ensina:  “Nada é inútil na natureza; tudo tem a sua razão de ser, e o que Deus faz é sempre bem feito.”