sábado, 30 de abril de 2011

EM VERDADE...

Parabéns ao abnegado Wellington (Foto) pela conclusão do curso acadêmico.

EM VERDADE...



O santo não condena o pecador. Ampara-o sem presunção.



O sábio não satiriza o ignorante. Esclarece-o fraternalmente.



O iluminado não insulta o que anda em trevas. Aclara-lhe a senda.



O orientador não acusa o aprendiz tateante. A ovelha insegura é a que mais reclama o pastor.



O bom não persegue o mau. Ajuda-o a melhorar-se.



O forte não malsina o fraco. Auxilia-o a ergue-se.



O humilde não foge ao orgulhoso. Coopera silenciosamente, em favor dele.



O sincero a ninguém perturba. Harmoniza a todos.



O simples não critica o vaidoso. Socorre-o, sem alarde, sempre que necessário.



O cristão não odeia, nem fere. Segue ao Cristo, servindo ao mundo.



De outro modo, os títulos de virtude são meras capas exteriores que o tempo desfaz.


André Luiz
Chico Xavier
Livro Agenda Cristã


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sinal Espírita


Sinal Espírita


Quando a pessoa entrou no Espiritismo, é fácil verificar: basta perquirir um fichário ou escutar uma indicação. Entretanto, a fim de positivar se o Espiritismo entrou na pessoa, é indispensável que a própria criatura faça menção disso, através de manifestações evidentes.

Vejamos dez das inequívocas expressões do sinal espírita na individualidade, que sempre se representa pelo designativo "mais", nos domínios do bem:
mais serviço espontâneo e desinteressado aos semelhantes;
mais empenho no estudo;
mais noção de responsabilidade;
mais zelo na obrigação;
mais respeito pelos problemas dos outros;
mais devotamento à verdade;
mais cultivo de compaixão;
mais equilíbrio nas atitudes;
mais brandura na conversa;
mais exercício de paciência.

Ser espírita de nome, perante o mundo, decerto que já significa trazer legenda honrosa e encorajadora na personalidade, mas, para que a criatura seja espírita, à frente dos Bons Espíritos, é necessário apresentar o sinal espírita da renovação interior, que, ante a Vida Maior, tem a importância que se confere na Terra às prerrogativas de um passaporte ou ao valor de uma certidão.

Albino Teixeira
Chico Xavier

 










quinta-feira, 28 de abril de 2011

TESTEMUNHO ESPÍRITA


TESTEMUNHO ESPÍRITA

O Espiritismo conclama ao amor.
Entretanto, você persiste no ódio.


O Espiritismo convoca ao perdão
Contudo, você persevera na mágoa.


O Espiritismo convida à caridade.
No entanto, você se compraz no egoísmo.


O Espiritismo apela ao discernimento.
Porém, você tropeça na confusão.


O Espiritismo chama ao entendimento.
Entretanto, você teima na questiúncula.


O Espiritismo sinaliza com a esperança.
Mas, você se agita no desespero.


O Espiritismo concita à humildade.
Contudo, você mantém o orgulho.


O Espiritismo induz ao trabalho nobre.
No entanto, você adormece no desânimo.


O Espiritismo alicerça a fé no raciocínio.
Todavia, você vive de ilusões.


O espírita assume com a consciência a responsabilidade de ser fiel aos princípios que abraça.

O Espiritismo é benção divina, revivendo o Evangelho de Jesus e você - seguidor de Allan Kardec, tem o compromisso inadiável de testemunhá-lo na própria vida.

ANDRÉ LUIZ.

Médium Antonio Baduy Filho. 18.05.90. Ituiutaba-MG.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

TRABALHO, SOLIDARIEDADE E TOLERÂNCIA


Meus Filhos,

 
Jesus nos abençoe.

A luta que trava nossa Casa do Caminho bem representa o embate entre a luz imorredoura e sublime e aqueles que temporariamente encontram-se na sombra.

Não esmorecer significa que permanece consciente que o único poder real comandando o Universo é o bem.

Aprender com os percalços do passado é adubar a terra com a semente no presente para no futuro, a árvore frondosa ofereça os frutos sublimes que estão destinados.


É preciso porem, permanecer observando que existe sempre um amanhecer.

Tudo em a natureza se renova: o sol ressurge toda manhã, a largata que se arrasta sobre a lama, após o casulo, voeja entra as folhas, o outono apaga o fulgor da natureza porem, a primavera sempre viceja renovando-se em círculos.

Os sonhos também fazem parte deste processo.

Entabulemos perseverança para a nossa Casa do Caminho.

Planejar com otimismo, organizar com simplicidade e, à frente de tudo, amar com confiança plena, c.

Nem se perder paralisados em excessos burocráticos de diretrizes e leis e nem a ausência de diretrizes e leis que estruturam a ação disciplinada pelo sentimento do bem.

Acima de toda dificuldade enfrentada encontra-se a carência de tantas almas.

Não podemos ficar catalogando dificuldades com tanto serviço a fazer.

Prossigamos. O amor em ação trará o auxilio necessário. À frente de nossas dificuldades encontra-se o Senhor da vida operoso e previdente.

Apoiemo-nos no serviço sem oferecer às sombras o espaço mental que desejam. As lições do ontem são benéficas alertas.

Unamo-nos.

Exerçamos a humildade uns com os outros, o perdão e o entendimento, a firmeza e a energia construtiva e mudaremos a difícil realidade do momento.

Estaremos a postos, com Jesus guiando-nos o coração, a mente e as mãos.

Deus nos abençoe.

MARTA.

Sousa (PB), 16 de agosto de 2003.

Psicografia de Frederico Menezes.

terça-feira, 26 de abril de 2011

A CONDUTA MORAL


A CONDUTA MORAL



O Espiritismo é uma Doutrina que nos leva, pelo entendimento, à reforma do nosso eu, do nosso íntimo, na direção de uma conduta moral respeitável, numa vivência cristã.

Kardec diz que se reconhece o verdadeiro espírita “pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar as suas más inclinações”.

“Não faço preleções em torno do bem, porque carrego muitas faltas.

“Eis o engano.

“Aguardar a perfeição para indicar o bem impedir-nos-ia de apregoá-lo, de vez que, por enquanto, ninguém existe perfeito sobre a Terra.

“Se as tuas palavras de amor, no conjunto, ainda não te refletem todas as qualidades e sentimentos, pondera que, ensinando, aprendemos, e que, apontando roteiro correto aos outros, somos especialmente obrigados à retidão.” (César Gonçalves, “Falsas Idéias” do livro “Seareiros de Volta”, psicografia por Waldo Vieira, edição FEB).

Assim, o Espírita não pretenderá ser santo, mas será alguém sinceramente empenhado em manter um bom padrão moral e uma vivência cristã. Afastar-se-á dos vícios (mesmo os mais corriqueiros, como o de fumar), cumprirá seus deveres no Lar, na vida em sociedade, no Centro, tendo como lema “Trabalho, Solidariedade e Tolerância”.

O Espírita deve compreender que o seu exemplo mau anulará a sua palavra, por brilhante que ela seja. Poderá, ainda, lançar descrédito sobre a moralidade dos Espíritas em geral e a dúvida quanto à eficiência da Doutrina na moralização da humanidade. É imprescindível praticar aquilo que se prega.

A principal pregação é a do exemplo.

Finalmente, citaremos Francisco de Assis, quando afirma: “AS PALAVRAS CONVENCEM MAIS SÓ OS EXEMPLOS ARRASTAM”.



“Não devemos ter a pretensão de mudar ninguém, nem a presunção de converter ou de alterar as condutas filosóficas dos outros, sendo o de divulgar a mensagem de que somos portadores.”
Divaldo Pereira Franco “Divaldo e o Jovem”





“Todo homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena qualquer que ela seja sempre lhe é dada para o bem; Falseá-la em seu princípio é, pois, falir ao seu desempenho.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo. ALLAN KARDEC

segunda-feira, 25 de abril de 2011

NA DIFUSÃO DO ESPIRITISMO

Allan Kardec

NA DIFUSÃO DO ESPIRITISMO

“E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos se não desfalecermos.” — Paulo. (GÁLATAS, 6:9.)

Difundamos sempre o Bem — falando, escrevendo e, sobretudo, esforçando-nos por sua exemplificação na vida cotidiana — mesmo que o mal resida ainda em nós, retendo-nos nas faixas da insegurança.

Divulgando-o, em todas as suas faces, esta¬remos não só consolidando o “pouco” já adquirido, mas, também, induzindo os que nos ouvem, nos lêem e nos observam, a que amem o Bem e ao Bem procurem afeiçoar-se.

Falemos, escrevamos e exemplifiquemos o Bem, segundo nossas possibilidades, ainda que se não tenha ele instalado em nossa alma, de forma definitiva.

Falemos de tudo que edifica.

Da Alegria — ainda que, muita vez, sejamos surpreendidos pelo desalento injustificável...

Do Altruísmo — embora observando que o egoísmo ainda se não ausentou de nossa realidade espiritual...

Do Desprendimento — como recurso à felicidade maior, mesmo que sintamos, em nós, o apego aos bens perecíveis...

Da Simplicidade — ainda que a ostentação, interior e exterior, fale de nossa condição...

Da Humildade — por sublime virtude evangélica, notando, embora, que o orgulho ainda é um companheiro semimorto nos escaninhos do nosso pensamento

Do Equilíbrio — por norma de engrandecimento moral; mesmo verificando que ainda não apresentamos condições para vivê-lo integral e plenamente...

Utilizemos as energias de que dispomos para exemplificar o Bem junto aos nossos semelhantes, como precioso recurso de aproximação fraterna, embora ainda não o possamos praticar da maneira preceituada pelo Evangelho do Reino e pela Doutrina Espírita.

*

A orientação do doutor de Tarso é oportuna e convincente, inclusive sob o ponto de vista da lei de Causa e Efeito, da qual o Espiritismo se fez também arauto: “E não nos cansemos de fazer o Bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.

Sim, companheiros de Ideal Espírita, difundam os sempre as coisas que edificam e constroem para a Eternidade.

Não consintamos que a nossa boca ou as nossas mãos se prestem à inglória tarefa de, pela palavra e pela pena, expandir o mal.

Nossas imperfeições não nos dão o direito de apologizarmos o mal, em qualquer de suas expressões; apesar delas, sentimos o imperativo de enaltecer da vida, que é tão sublime e bela em seus objetivos, o lado bom, a fim de, que, servindo-nos ainda da inspiração de Paulo, não tenhamos a boca “cheia de maldição e de amargura”.

Emmanuel, iluminado Instrutor, no sentido mais exato que a palavra encerra, acentua, em educativa mensagem, que “a disciplina antecede a espontaneidade” — frase que, em nosso entendimento, pode ser assim traduzida: Até que atinjamos posição espiritual em que a atividade no Bem se realize com naturalidade, cabe-nos o imperativo de praticá-lo, contrariando, inclusive, nossos impulsos e sentimentos.

A evolução é fruto de constante esforço. Quem se entrega ao erro, ao erro se escraviza; quem dele sai, reintegra-se no equilíbrio, renova-se para a Luz.

*

Difundamos e pratiquemos, incansavelmente, tudo quanto, pelo conhecimento já adquirido, constitui a razão de ser de nossas lutas e aspirações atuais — e que, no Grande Porvir, será luminosa e definitiva realidade em nosso caminho.

Usemos a palavra e a pena em favor do que é bom, do que ajuda, harmoniza e constrói; no entanto, é imprescindível não esqueçamos o imperativo da aplicação do que difundimos.

Todo o nosso empenho deve ser no sentido de nunca desmentirmos o que pregamos, muito embora nem sempre isto seja possível, dada a fragilidade de nossas conquistas espirituais.

Eventuais desacertos e enganos, consequentes da instabilidade que ainda assinala nossa posição evolutiva, não devem nem podem justificar, em hipótese alguma, transformemo-nos em semeadores do desânimo e do egoísmo, da avareza e da ostentação, do orgulho e do desequilíbrio.

Nosso dever imperioso, na difusão do Espiritismo, consiste em fazermos que nossas mãos e bocas veiculem sempre, em quaisquer circunstâncias de nossa vida, a frase de esclarecimento e de consolação. Falando, escrevendo e praticando, na medida de nossos recursos, o Infinito Bem, contribuiremos para que a Doutrina Espírita, sob o radioso pálio do Evangelho do Senhor, cumpra, por divino emissário da Esperança e da Caridade, seus objetivos junto ao coração humano.

Fonte: Reformador – agosto, 1964






















































domingo, 24 de abril de 2011

DOENÇA E OPORTUNIDADE

Laurita Pires de Sá em plena convalescença, para felicidade da família.

DOENÇA E OPORTUNIDADE

Vez por outra nossa rotina é interrompida pelo advento de uma doença.

Então somos forçados a parar ou, pelo menos, a diminuir o ritmo de nossos afazeres.

É interessante que, em tais situações, invariavelmente reclamamos do incômodo, do transtorno, das tarefas interrompidas, etc.

No entanto, se analisarmos o fato do ponto de vista do espírito imortal e à luz dos ensinamentos espíritas, vamos chegar a reflexões interessantes…


Lívia, Walter, Laurita e Cidália.




Adoecemos porque o corpo físico deu um sinal de que algo não vai bem e é preciso atenção e cuidado. Na verdade, em muitos casos, o sinal já vem sendo dado há muito tempo, mas teimamos em não escutar porque nossa agenda não tem espaço para interrupções.

O corpo físico, entretanto, é só uma parte da estrutura do espírito encarnado.

Na sua integralidade, o encarnado é constituído pelo espírito imortal, o perispírito e o corpo material. Elementos que interagem e cujo estudo é fonte de muito esclarecimento para que possamos entender bem essa máquina complexa que é nosso instrumento de evolução.

Através dessa estrutura magnífica, o espírito encarnado vivencia as experiências do plano material, adquirindo cada vez mais conhecimentos que o auxiliarão a ampliar sua capacidade intelectual e moral, possibilitando um maior entendimento do real sentido da vida, para que então possa fazer escolhas mais compatíveis com as leis divinas.

Iêda, Walter, Laurita, Estevão e Iara.

Laurita, Walter, Allan, Davi e Iery.


Quando a doença nos atinge, somos forçados a perceber que o corpo não é indestrutível, que a ferramenta de trabalho precisa de cuidado e atenção constante, para que a tarefa possa ser cumprida conforme programada antes da nossa encarnação.

Então, podemos encarar a doença como oportunidade de rever nossas escolhas na vida. Refletir quais estão sendo nossos compromissos diários. Será que não estamos sobrecarregando o corpo, sem permitir o adequado descanso, necessário ao refazimento das forças físicas? Será que nossa alimentação, nessa vida tão corrida, não está sendo descuidada? Será que nosso temperamento irritado, intolerante, orgulhoso, ansioso, excessivamente preocupado não tem, igualmente, sobrecarregado nosso psiquismo e desarmonizado, com fluidos negativos, toda a estrutura orgânica, a ponto de criar verdadeiros nós vibratórios que desencadeiam muitas das doenças que conhecemos, principalmente as de natureza crônica ou auto imunes?

São muitas as prováveis causas dos nossos males físicos, mas é quase certo que, na sua grande maioria, tais causas estão relacionadas ao nosso desvio do “saudável caminho do meio”, como fala o Espírito Miramez. Bom senso, equilíbrio, cuidar do corpo e da mente, ter consciência de que somos espíritos imortais vivenciando uma etapa do maravilhoso projeto divino de evolução, projeto traçado especialmente para cada um de nós e possível através da ferramenta do corpo físico.

Letícia, Walter, Laurita, Thais, Lauro e Evinha.


E, cada um traz consigo o corpo físico mais adequado e próprio para cumprir com esta etapa. Não é por acaso que somos como somos, até porque, como esclarecem os Benfeitores Espirituais, “o acaso não existe”. Somos todos diferentes, pois as necessidades de cada um são particulares, e é por isso que não existe uma receita única para o problema da saúde física e mental.

Cada um deve cuidar de se conhecer cada vez mais, tanto na esfera material como espiritual, pois o conjunto é uno, e o que projetamos da esfera mental interfere na física e vice-versa.

Abençoada doença! Seja descuido nosso na atual existência ou programação reencarnatória, o fato é que devemos aproveitar aquele momento para renovar nossa fé e nossa confiança em Deus, para refletir e adotar novas posturas na vida. É certo que ainda teremos muitos problemas físicos a enfrentar, e o segredo é como vamos decidir passar por tal experiência. Que possamos encarar tais situações como nos orientam os Espíritos mais elevados, aproveitando a oportunidade e agradecendo a Deus, pois, se sua lei é justa, justa é a causa da doença.

Bianca Pinheiro

SEI 2181

sábado, 23 de abril de 2011

O ENTUSIASMO APAGADO


O ENTUSIASMO APAGADO



Em fins de 1927, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga”, então sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fêz Presidente da instituição, estava bem freqüentado.

Muita gente.

Muitos candidatos ao serviço da mediunidade.

Muitas promessas.

José era irmão do Chico e na residência dele realizavam-se as sessões públicas nas noites de segundas e sextas-feiras.

Em cada reunião, ouviam-se exclamações como esta:

— Quero ser médium psicógrafo!...

— Quero desenvolver-me na incorporação!...

— Precisamos trabalhar muito...

— Não será interessante fundar um abrigo ou um hospital?

O entusiasmo era grande quando, em outubro do mesmo ano, chegou a Pedro Leopoldo, Dona Rita Silva, sofredora mãe com quatro filhas obsidiadas. Vinham ela e o irmão Saul, tio das doentes, da região de Pirapora, zona do Rio São Francisco, no norte mineiro.

As moças, em plena alienação mental, inspiravam compaixão. Tinham crises de loucura completa. Mordiam-se umas às outras. Gritavam blasfêmias. Uma delas chegara acorrentada, tal a violência da perturbação de que era vítima.

O Espírito de Dona Maria João de Deus explicou pela mão do Chico:

— Meus amigos, temos desejado o trabalho e o trabalho nos foi enviado por Jesus. Nossas irmãs doentes devem ser amparadas aqui no Centro. A fraternidade é a luz do Espiritismo. Procuremos servir com Jesus.



Isso aconteceu numa noite de segunda-feira. Quando chegou a reunião da sexta, José e Chico Xavier estavam em companhia das obsidiadas sem mais ninguém.



- Do livro "Lindos Casos de Chico Xavier, 11, Ramiro Gama.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mediunidade


Meditação


Mediunidade

“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões e os vossos velhos sonharão sonhos.” — (ATOS, capítulo 2, versículo 17.)

 

No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmía, da Frígia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular.

Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral.

Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à embriaguez a revelação observada. Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne.

Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo, incessantemente.

Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebram as influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos infortunados, falam aos reis da Terra em nome do Senhor.

O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas.

Estabelecera-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do Cristianismo, através dos séculos.

Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os prejuízos morais que avassalam os caminhos do homem, mas é sobre a mediunidade, gloriosa luz dos céus oferecida às criaturas, no Pentecostes, que se edificam as construções espirituais de todas as comunidades sinceras da Doutrina do Cristo e é ainda ela que, dilatada dos apóstolos ao círculo de todos os homens, ressurge no Espiritismo cristão, como a alma imortal do Cristianismo redivivo.

Pelo Espírito Emmanuel – “Caminho Verdade e Vida”, cap. 10.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

OUVISTES?


OUVISTES?



"Tenho-vos dito estas coisas, para que vos não escandalizeis." - Jesus. (JOÃO,16:1.)



Antes de retornar às Esferas Resplandecentes, o Mestre Divino não nos deixou ao desamparo, quanto às advertências no trabalho a lazer.

Quando o espírito amadurecido na compreensão da obra redentora se entrega ao campo de serviço evangélico, não prescinde das informações prévias do Senhor.

É indispensável ouvi-las para que se não escandalize no quadro das obrigações comuns.

Esclareceu-nos a palavra do Mestre que, enquanto perdurasse a dominação da ignorância no mundo, os legítimos cultivadores dos princípios da renovação espiritual, por Ele trazidos, não seriam observados com simpatia. Seriam perseguidos sem tréguas pelas forças da sombra. Compareceriam a tribunais condenatórios para se inteirarem das falsas acusações dos que se encontram ainda incapacitados de maior entendimento.

Suportariam remoques de familiares, estranhos à iluminação interior. Sofreriam a expulsão dos templos organizados pela pragmática das seitas literalistas. Escutariam libelos gratuitos das inteligências votadas ao escárnio das verdades divinas. Viveriam ao modo de ovelhas pacificas entre lobos famulentos. Sustentariam guerra incessante contra o mal. Cairiam em ciladas torpes. Contemplariam o crescimento do joio ao lado do trigo.

Identificariam o progresso efêmero dos ímpios. Carregariam consigo as marcas da cruz.

Experimentariam a incompreensão de muitos. Sentiriam solidão nas horas graves. Veriam, de perto, a calúnia, a pedrada, a ingratidão...

O Mestre Divino, pois, não deixou os companheiros e continuadores desavisados.

Não oferecia a nenhum aprendiz, na Terra, a coroa de rosas sem espinhos.

Prometeu-lhes luta edificante, trabalho educativo, situações retificadoras, ensejos de iluminação, através da grandeza do sacrifício que produz elevação e do espírito de serviço que estabelece luz e paz.

É importante, desse modo, para quantos amadureceram os raciocínios na luta terrestre, a viva recordação das advertências do Cristo, no setor da edificação evangélica, para que se não escandalizem nos testemunhos difíceis do plano individual.



Emmanuel
Livro Vinha de Luz
Chico Xavier

quarta-feira, 20 de abril de 2011

OS QUINHENTOS DA GALILÉIA


OS QUINHENTOS DA GALILÉIA

Depois do Calvário, verificadas as primeiras manifestações de Jesus no cenáculo singelo de Jerusalém, apossara-se de todos os amigos sinceros do Messias uma saudade imensa de sua palavra e de seu convívio. A maioria deles se apegava aos discípulos, como querendo reter as últimas expressões de sua mensagem carinhosa e imortal.

O ambiente era um repositório vasto de adoráveis recordações. Os que eram agraciados com as visões do Mestre se sentiam transbordantes das mais puras alegrias. Os companheiros inseparáveis e íntimos se entretinham em longos comentários sobre as suas reminiscências inapagáveis.

Foi quando Simão Pedro e alguns outros salientaram a necessidade do regresso a Cafarnaum, para os labores indispensáveis da vida.

Em breves dias, as velhas redes mergulhavam de novo no Tiberíades, por entre as cantigas rústicas dos pescadores.

Cada onda mais larga e cada detalhe do serviço sugeriam recordações sempre vivas no tempo. As refeições ao ar livre lembravam o contentamento de Jesus ao partir o pão; o trabalho, quando mais intenso, como que avivava a sua recomendação de bom ânimo; a noite silenciosa re clamav a sua bênção amiga.

Embebidos na poesia da Natureza, os apóstolos organizavam os mais elevados projetos, com relação ao futuro do Evangelho. A residência modesta de Cefas, obedecendo às tradições dos primitivos ensinamentos, continuava a ser o parlamento amistoso, onde cada um expunha os seus princípios e as suas confidências mais recônditas. Mas, ao pé do monte onde o Cristo se fizera ouvir algumas vezes, exalçando as belezas do Reino de Deus e da sua justiça, reuniam-se invariavelmente todos os antigos seguidores mais fiéis, que se haviam habituado ao doce alimento de sua palavra inesquecível. Os discípulos não eram estranhos a essas rememorações carinhosas e, ao cair da tarde, acompanhavam a pequena corrente popular pela via das recordações afetuosas.

Falava-se vagamente de que o Mestre voltaria ao monte para despedir-se. Alguns dos apóstolos aludiam às visões em que o Senhor prometia fazer de novo ouvida a sua palavra num dos lugares prediletos das suas pregações de outros tempos.

Numa tarde de azul profundo, a reduzida comunidade de amigos do Messias, ao lado da pequena multidão, reuniu-se em preces, no sítio solitário. João havia comentado as promessas do Evangelho, enquanto na encosta se amontoava a assembléia dos fiéis seguidores do Mestre. Viam-se, ali, algumas centenas de rostos embevecidos e ansiosos. Eram romanos de mistura com judeus desconhecidos, mulheres humildes conduzindo os filhos pobres e descalços, velhos respeitáveis, cujos cabelos alvejavam da neve dos repetidos invernos da vida.

Nesse dia, como que a antiga atmosfera se fazia sentir mais fortemente. Por instinto, todos tinham a impressão de que o Mestre voltaria a ensinar as bemaventuranças celestiais. Os ventos recendiam suave perfume, trazendo as harmonias do lago próximo. Do céu muito azul, como em festa para receber a claridade das primeiras estrelas, parecia descer uma tranqüilidade imensa que envolvia todas as coisas. Foi nesse instante, de indizível grandiosidade, que a figura do Cristo assomou no cume iluminado pelos derradeiros raios do Sol.

Era Ele.

Seu sorriso desabrochava tão meigo como ao tempo glorioso de suas primeiras pregações, mas de todo o seu vulto se irradiava luz tão intensa que os mais fortes dobraram os joelhos. Alguns soluçavam de júbilo, presas das emoções mais belas de sua vida. As mãos do Mestre tomaram a atitude de quem abençoava, enquanto um divino silêncio parecia penetrar a alma das coisas. A palavra articulada não tomou parte naquele banquete de luz imaterial; todos, porém, lhe perceberam a amorosa despedida e, no mais íntimo da alma, lhe ouviram a exortação magnânima e profunda:

“Amados a cada um se afigurou escutar na câmara secreta do coração —, eis que retomo a vida em meu Pai para regressar à luz do meu Reino!... Enviei meus discípulos como ovelhas ao meio de lobos e vos recomendo que lhes sigais os passos no escabroso caminho. Depois deles, é a vós que confio a tarefa sublime da redenção pelas verdades do Evangelho. Eles serão os semeadores, vós sereis o fermento divino. Instituo-vos os primeiros trabalhadores, os herdeiros iniciais dos bens divinos. Para entrardes na posse do tesouro celestial, muita vez experimentareis o martírio da cruz e o fel da ingratidão... Em conflito permanente com o mundo, estareis na Terra, fora de suas leis implacáveis e egoístas, até que as bases do meu Reino de concórdia e justiça se estabeleçam no espírito das criaturas. Negai-vos a vós mesmos, como neguei a minha própria vontade na execução dos desígnios de Deus, e tomai a vossa cruz para seguir-me.

“Séculos de luta vos esperam na estrada universal. É preciso imunizar o coração contra todos os enganos da vida transitória, para a soberana grandeza da vida imortal. Vossas sendas estarão repletas de fantasmas de aniquilamento e de visões de morte. O mundo inteiro se levantará contra vós, em obediência espontânea às forças tenebrosas do mal, que ainda lhe dominam as fronteiras.

Sereis escarnecidos e aparentemente desamparados; a dor vos assolará as esperanças mais caras; andareis esquecidos na Terra, em supremo abandono do coração. Não participareis do venenoso banquete das posses materiais, sofrereis a perseguição e o terror, tereis o coração coberto de cicatrizes e de ultrajes. A chaga é o vosso sinal, a coroa de espinhos o vosso símbolo, a cruz o recurso ditoso da redenção. Vossa voz será a do deserto, provocando, muitas vezes, o escárnio e a negação da parte dos que dominam na carne perecível.

“Mas, no desenrolar das batalhas incrueritas do coração, quando todos os horizontes estiverem abafados pelas sombras da crueldade, dar-vos-ei da minha paz, que representa a água viva. Na existência ou na morte do corpo, estareis unidos ao meu Reino. O mundo vos cobrirá de golpes terríveis e destruidores,
mas, de cada uma das vossas feridas, retirarei o trigo luminoso para os celeiros infinitos da graça, destinados ao sustento das mais ínfimas criaturas!... Até que o meu Reino se estabeleça na Terra, não conhecereis o amor no mundo; eu, no entanto, encherei a vossa solidão com a minha assistência incessante. Gozarei em vós, como gozareis em mim, o júbilo celeste da execução fiel dos desígnios de Deus. Quando tombardes, sob as arremetidas dos homens ainda pobres e infelizes, eu vos levantarei no silêncio do caminho, com as minhas mãos dedicadas ao vosso bem. Sereis a união onde houver separatividade, sacrifício onde existir o falso gozo, claridade onde campearem as trevas, porto amigo, edificado na rocha da fé viva, onde pairarem as sombras da desorientação. Sereis meu refúgio nas igrejas mais estranhas da Terra, minha esperança entre as loucuras humanas, minha verdade onde se perturbar a ciência incompleta do mundo!...

“Amados, eis que também vos envio como ovelhas aos caminhos obscuros e ásperos. Entretanto, nada temais! Sede fiéis ao meu coração, como vos sou fiel, e o bom ânimo representará a vossa estrela! Ide ao mundo, onde teremos de vencer o mal! Aperfeiçoemos a nossa escola milenária, para que aí seja interpretada e posta em prática a lei de amor do Nosso Pai, em obediência feliz à sua vontade augusta!”

Sagrada emoção senhoreara-se das almas em êxtase de ventura. Foi então que observaram o Mestre, rodeado de luz, como a elevar-se ao céu, em demanda de sua gloriosa esfera do Infinito.
Os primeiros astros da noite brilhavam no alto, como flores radiosas do Paraíso.

No monte galileu, cinco centenas de corações palpitavam, arrebatados por intraduzível júbilo. Velhos trêmulos e encarquilhados desceram a encosta, unidos uns aos outros, como solidários, para sempre, no mesmo trabalho de grandeza imperecível. Anciãs de passo vacilante, coroadas pela neve das experiências da vida, abraçavam-se às filhas e netas, jovens e ditosas, tomadas de indefinível embriaguez dalma. Romanos e judeus, ricos e pobres confraternizavam, felizes, adivinhando a necessidade de cooperação na tarefa santa. Os antigos discípulos, cercando a figura de Simão Pedro, choravam de contentamento e esperança.

Naquela noite de imperecível recordação, foi confiado aos quinhentos da Galiléia o serviço glorioso da evangelização das coletividades terrestres, sob a inspiração de Jesus-Cristo. Mal sabiam eles, na sua mísera condição humana, que a palavra do Mestre alcançaria os séculos do porvir. E foi assim que, representando o fermento renovador do mundo, eles reencarnaram em todos os tempos, nos mais diversos climas réligiosos e políticos do planeta, ensinando a verdade e abrindo novos caminhos de luz, através dos bastidores eternos do Tempo.

Foram eles os primeiros a transmitir a sagrada vibração de coragem e confiança aos que tombaram nos campos do martírio, semeando a fé no coração pervertido das criaturas. Nos circos da vaidade humana, nas fogueiras e nos suplícios, ensinaram a lição de Jesus, com resignado heroísmo. Nas artes e nas ciências, plantaram concepções novas de desprendimento do mundo e de belezas do céu e, no seio das mais variadas religiões da Terra, continuam revelando o desejo do Cristo, que é de união e de amor, de fraternidade e concórdia.

Na qualidade de discípulos sinceros e bem-amados, desceram aos abismos mais tenebrosos, redimindo o mal com os seus sacrifícios purificadores, convertendo, com as luzes do Evangelho, à corrente da redenção, os espíritos mais empedernidos. Abandonados e desprotegidos na Terra, eles passam, edificando no silêncio as magnificências do Reino de Deus, nos países dos corações e, multiplicando as notas de seu cântico de glória por entre os que se constituem instrumentos sinceros do bem com Jesus-Cristo, formam a caravana sublime que nunca se dissolverá.

Humberto de Campos
Extraído do livro BOA NOVA

terça-feira, 19 de abril de 2011

ORGULHO, RIQUEZA E POBREZA

 ORGULHO, RIQUEZA E POBREZA



Casimiro





De todos os males o orgulho é o mais temível, pois deixa em sua passagem o germe de quase todos os vícios. É uma hidra monstruosa, sempre a procriar e cuja prole é bastante numerosa. Desde que penetra as almas, como se fossem praças conquistadas, ele de tudo se assenhoreia, instala-se à vontade e fortifica-se até se tornar inexpugnável.

Ai de quem se deixou apanhar pelo orgulho! Melhor fora ter deixado arrancar do próprio peito o coração do que deixá-lo insinuar-se. Não poderá libertar-se desse tirano senão a preço de terríveis lutas, depois de dolorosas provações e de muitas existências obscuras, depois de bastantes insultos e humilhações, porque nisso somente é que está o remédio eficaz para os males que o orgulho engendra.

Este cancro é o maior flagelo da Humanidade. Dele procedem todos os transtornos da vida social, as rivalidades das classes e dos povos, as intrigas, o ódio, a guerra. Inspirador de loucas ambições, o orgulho tem coberto de sangue e ruínas este mundo, e é ainda ele que origina os nossos padecimentos de além-túmulo, pois seus efeitos ultrapassam a morte e alcançam nossos destinos longínquos. O orgulho não nos desvia somente do amor de nossos semelhantes, pois também nos estorva todo aperfeiçoamento, engodando-nos com a superestima nosso valor ou cegando-nos sobre os nossos defeitos. Só o exame rigoroso de nossos atos e pensamentos pode induzir-nos a frutuosa reforma. E como se submeterá o orgulhoso a esse exame? De todos os homens ele é quem menos se conhece. Enfatuado e presumido, coisa alguma pode desenganá-lo, porque evita o quanto serviria para esclarecê-lo, aborrece-o a contradição e só se compras no convívio dos aduladores.

Assim como o verme estraga um belo fruto, assim o orgulho corrompe as obras mais meritórias. Não raro as torna nocivas a quem as pratica, pois todo o bem realizado com ostentação e com secreto desejo de aplausos e lauréis depõe contra o próprio autor. Na vida espiritual, as intenções, as causas ocultas que nos inspiraram reaparecem como testemunhas; acabrunham o orgulhoso e fazem desaparecer-lhe os ilusórios méritos.

O orgulho encobre-nos toda a verdade. Para estudar frutuosamente o Universo e suas leis, é necessário, antes de tudo, a simplicidade, a sinceridade, a Inteireza do coração e do espírito, virtudes estas desconhecidas ao orgulhoso. É-lhe insuportável que tantos entes e tantas coisas o tornem subalterno. Para si, nada existe além daquilo que está ao seu alcance; tampouco admite que seu saber e sua compreensão sejam limitados.

O homem simples, humilde em sentimentos, rico em qualidades morais, embora seja inferior em faculdades, apossar-se-á mais depressa da verdade do que o soberbo ou presunçoso da ciência terrestre que se revolta contra a lei que o rebaixa e derrui o seu prestigio.

O ensino dos Espíritos patenteia-nos a triste situação dos orgulhosos na vida de além-túmulo. Os humildes e pequenos deste mundo acham-se ai exaltados; os soberbos e os vaidosos aí são apoucados e humilhados. É que uns levaram consigo o que constitui a verdadeira supremacia: as virtudes, as qualidades adquiridas pelo sofrimento; ao passo que outros tiveram de largar, no momento da morte, todos os seus títulos, todos os bens de fortuna e seu vão saber, tudo o que neste mundo lhes formava a glória; e sua felicidade esvaiu-se como fumo. Chegam ao espaço pobres, esbulhados; e este súbito desnudamento, contrastando com o passado esplendor, desconsola-os e sobremodo os mortifica. Avistam, então, na luz, esses a quem haviam desprezado e pisoteado aqui na Terra. O mesmo terá de suceder nas reencarnações futuras. O orgulho e a voraz ambição não se podem abater e suprimir senão por meio de existências atribuladas, de trabalho e de renúncia, no decorrer das quais a alma orgulhosa reflete, reconhece a sua fraqueza e, pouco a pouco, vai-se permeando a melhores sentimentos.

Com um pouco de reflexão e sensatez evitaríamos esses males. Por que consentir que o orgulho nos invada e domine, quando apenas basta refletir sobre o pouco que somos? Será o corpo, os nossos adornos físicos que nos inspiram a vaidade? A beleza é de pouca duração; uma só enfermidade pode destruí-la. Dia por dia, o tempo tudo consome e, dentro em pouco, só ruínas restarão: o corpo tornar-se-á então algo repugnante. Será a nossa superioridade sobre a Natureza? Se o mais poderoso, o mais bem dotado de nós, for transportado pelos elementos desencadeados; se se achar insulado e exposto às cóleras do oceano; se estiver no meio dos furores do vento, das ondas ou dos fogos subterrâneos, toda a sua fraqueza então se patenteará!

Assim, todas as distinções sociais, os títulos e as vantagens da fortuna medem-se pelo seu justo valor. Todos são iguais diante do perigo, do sofrimento e da morte. Todos os homens, desde o mais altamente colocado até o mais miserável, são construídos da mesma argila. Revestidos de andrajos ou de suntuosos hábitos, os seus corpos são animados por Espíritos da mesma origem e todos reunir-se-ão na vida futura. Aí somente o valor moral é que os distingue. O que tiver sido grande na Terra pode tornar-se um dos últimos no espaço; o mendigo, talvez, aí, venha a revestir uma brilhante roupagem. Não desprezemos, pois, a ninguém. Não sejamos vaidosos com os favores e vantagens que fenecem, pois não podemos saber o que nos está. Reservado para o dia seguinte.

*

Se Jesus prometeu aos humildes e aos pequenos a entrada nos reinos celestes, é porque a riqueza e o poder engendram, muitíssimas vezes, o orgulho; no entanto, uma vida laboriosa e obscura é o tônico mais eficaz para o progresso moral. No cumprimento dos deveres cotidianos o trabalhador é menos assediado pelas tentações, pelos desejos e ruins paixões; pode entregar-se à meditação, desvendar sua consciência; o homem mundano, ao contrário, fica absorvido pelas ocupações frívolas, pela especulação e pelo prazer.

Tantos e tão fortes são os vínculos com que a riqueza nos prende à Terra que a morte nem sempre consegue quebrá-los a fim de nos libertar. Daí as angústias que o rico sofre na vida futura. É, portanto, fácil de compreender que, efetivamente, nada nos pertence nesta Terra. Esses bens que tanto prezamos só aparentemente nos pertencem. Centenas, ou, por outra, milhares de homens antes de nós supuseram possuí-los; milhares de outros depois de nós acalentar-se-ão com essas mesmas ilusões, mas todos têm de abandoná-los cedo ou tarde. O próprio corpo humano é um empréstimo da Natureza, e ela sabe perfeitamente no-lo retomar quando lhe convém. As únicas aquisições duráveis são as de ordem Intelectual e moral.

Da paixão pelos bens materiais surgem quase sempre a inveja e o ciúme.

Desde que esses males se implantem em nós, podemos considerar-nos sem repouso e sem paz. A vida torna-se um tormento perpétuo. Os felizes sucessos e a opulência alheia excitam ardentes cobiças no invejoso, inspiram-lhe a febre abrasadora da ganância. O seu alvo é suplantar os outros, é adquirir riquezas que nem mesmo sabe fruir. Haverá existência mais lastimável? Não será um suplício de todos os instantes o correr-se atrás de venturas quiméricas, o entregar-se a futilidades que geram o desespero quando se esvaem?

Entretanto, a riqueza por si só não é um grande mal; torna-se boa ou ruim, conforme a utilidade que lhe damos. O necessário é que não inspire nem orgulho nem Insensibilidade moral. É preciso que sejamos senhores da fortuna e não seus escravos, e que mostremos que lhe somos superiores, desinteressados e generosos. Em tais condições, essa provação tão arriscada torna-se fácil de suportar. Assim, ela não entibia os caracteres, não desperta essa sensualidade quase inseparável do bem-estar.

A prosperidade é perigosa por causa das tentações, da fascinação que exerce sobre os espíritos. Entretanto, pode tornar-se origem de um grande bem, quando regulada com critério e moderação.

Com a riqueza podemos contribuir para o progresso intelectual da Humanidade, para a melhoria das sociedades, criando instituições de beneficência ou escolas, fazendo que os deserdados participem das descobertas da Ciência e das revelações do belo em todas as suas formas.

Mas a riqueza deve também assistir aqueles que lutam contra as necessidades, que imploram trabalho e socorro.

Consagrar esses recursos à satisfação exclusiva da vaidade e dos sentidos é perder uma existência, é criar por si mesmo penosos obstáculos.

O rico deverá prestar contas do depósito que lhe foi confiado para o bem de todos. Quando a lei Inexorável e o grito da consciência se erguerem contra ele, nesse novo mundo, onde o ouro não tem mais influência, que responderá à acusação de haver desviado, em seu único proveito, aquilo com que devia apaziguar a fome e os sofrimentos alheios? Inevitavelmente, ficará envergonhado e confuso.

Quando um Espírito não se julga suficientemente prevenido contra as seduções da riqueza, deverá afastar-se dessa prova perigosa, dar preferência a uma vida simples, que o isole das vertigens da fortuna e da grandeza. Se, apesar de tudo, a sorte do destino designá-lo a ocupar uma posição elevada neste mundo, ele não deverá regozijar-se, pois, desde então, são muito maiores as suas responsabilidades e os seus compromissos. Mas também não deve lastimar-se, no caso de ser colocado entre as classes inferiores da sociedade. A tarefa dos humildes é a mais meritória; são estes os que suportam todo o peso da civilização, é do seu trabalho que a Humanidade vive e se alimenta. O pobre deve ser sagrado para todos, porque foi nessa condição que Jesus quis nascer e morrer; da pobreza também saíram Epicteto, Francisco de Assis, Miguel Angelo, Vicente de Paulo, e tantos outros grandes Espíritos que viveram neste mundo. Eles sabiam que o trabalho, as privações e o sofrimento desenvolvem as forças viris da alma e que a prosperidade aniquila-as. Pelo desprendimento das coisas humanas, uns acharam a santificação, outros encontraram a potência que caracteriza o Gênio.

A pobreza ensina a nos compadecermos dos males alheios e, fazendo-nos melhor compreendê-los, une-nos a todos os que sofrem; dá valor a mil coisas Indiferentes aos que são felizes. Quem desconhece tais princípios, fica sempre ignorando um dos lados mais sensíveis da vida.

Não invejemos os ricos, cujo aparente esplendor oculta muitas misérias morais. Não esqueçamos de que sob o cilício da pobreza ocultam-se as virtudes mais sublimes, a abnegação, o espírito de sacrifício. Não esqueçamos jamais que é pelo trabalho, pelo sofrimento e pela imolação contínua dos pequenos que as sociedades vivem, protegem-se e renovam-se

Léon Denis

Depois da Morte