domingo, 30 de setembro de 2012

NEGOCIAÇÕES COM DESENCARNADOS






Joanna de Ângelis


NEGOCIAÇÕES COM DESENCARNADOS




“A proibição de Moisés era assaz justa, porque a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos angúrios e presságios explorados pelo charlatanismo, e pela superstição. Essas práticas, ao que parece, também eram objeto de negócio e Moisés, por mais que fizesse, não conseguiu desentranhá-las dos costumes populares.”
- O CÉU E O INFERNO - 1ª parte — Capítulo 11º — Ítem 4.


Contam que Periandro, o tirano de Corinto, depois da desencarnação de Melisses, sua esposa, mandou evocar-lhe o espírito, através de famoso médium de Dodona, no Epiro, a fim de informar-se quanto ao local em que fora enterrado um tesouro e cujo segredo levara para o túmulo. O espírito, no entanto, recusou-se a divulgar a informação sob a alegação de que o marido esquecera de prestar-lhe algumas homenagens póstumas. Ciente da queixa da “sombra” mandou Periandro que se fizessem as cerimônias, após o que, o espírito deu os pormenores solicitados.


Desde a mais remota antigüidade as sombras dos mortos eram convocadas ao comércio com os homens, em nefandas mancomunações, alongando e mantendo no além-túmulo os vínculos com as paixões turbulentas e mesquinhas que os caracterizavam, com resultados quase sempre decepcionantes...

Em todos os povos as oferendas aos desencarnados eram feitas através de evocações burlescas e selvagens, nas quais se pretendia intercâmbio rendoso e imediato. Tais práticas, apesar de degradantes, alongaram-se pelos séculos e, ainda hoje, não são poucos aqueles que supõem encontrar nas modernas sessões mediúnicas do Espiritismo cristão, as possibilidades de negociar com os desencarnados em propostas ridículas, vazadas nos mais eloqüentes despropósitos.

Médiuns há que sintonizam com espíritos de todo quilate.

Espíritos há que se comprazem em intercâmbio com médiuns possuidores dos mais abjetos sentimentos.

O Mundo Espiritual é residência fixa dos viajantes do mundo corporal...

Cá e lá as condições de vida se assemelham, as circunstâncias morais têm as mesmas nuances.


Não há porque estranhar repontem em todo lugar as informações apaixonadas deste ou daquele negocista das especiarias mediúnicas, relatando descobertas valiosas, doando possibilidades de vida fácil e sem esforço, deslumbrados pelo que os Espíritos dizem e se propõem fazer...


Os desencarnados, embora considerados mortos vivem, e mesmo os menos esclarecidos podem informar, esclarecer, falar do passado, pensar, homens que foram espíritos que são, com preferências, com aspirações.

Tens, porém, a Doutrina Espírita para teu consolo e roteiro. Não te mente para agradar, não te engana para conquistar.

Consola-te e recomenda cuidado com o erro e o crime.
Guia-te e liberta-te das paixões.

Diante do sofrimento não alude à dor com evasivas, utilizando o desculpismo de tão bom paladar para os trêfagos.


Mas te fala dos erros de ontem que hoje resgatas, e, quando separado de a quem amas por este ou aquele motivo, não te acena vãs promessas e loucas esperanças, esclarecendo que o óbice de agora é lição para o futuro, preconizando fraternidade e amor em moldes elevados e libertadores.


Não te enganes nem enganes a ninguém.



O Espiritismo é como a luz — não enseja equívocos.



Prometido por Jesus e por Ele próprio denominado Consolador, o Espiritismo ajuda o espírito a ascender, embora seja através da cruz de provações que outra não foi, senão aquela mesma que o Mestre conduziu ao Calvário, e na qual ensinou libertação e felicidade perene à Humanidade, milênios afora, em sublime negociação de amor sem fim.



Joanna de Ângelis



sábado, 29 de setembro de 2012

Perigos do Espiritismo


Evangelização espírita no sábado às 16h:00.
 
Perigos do Espiritismo

Depois de haverem longo tempo negado a realidade dos fenônemos espíritas, numerosos
contraditores, subjugados pela evidência, mudaram agora de tática e afirmam: Sim, o Espiritismo é verdadeiro, mas a sua prática é inçada de perigos.



Não se pode contestar que o Espiritismo ofereça perigos aos imprudentes que, sem
estudos prévios, sem preparo, sem método nem proteção eficaz, se entregam às investigações ocultas. Fazendo da experimentação um passatempo, uma frívola diversão, atraem os elementos inferiores do mundo invisível. de cuias influências fatalmente padecem.



Esses perigos, entretanto, têm sido muito exagerados. Em todas as coisas há precauções a adotar. A Física, a Química e a Medicina exigem também prolongados
estudos, e o ignorante que pretendesse manipular substancias químicas, explosivos ou tóxicos, poria em risco a saúde e a própria vida. Não há uma só coisa, conforme o uso que dela fazermos, que não seja boa ou má. É sempre injusto salientar o lado mau das práticas espíritas, sem assinalar os benefícios que delas resultam e que sobrepujam consideravelmente os abusos e as decepções.



Nenhum  progresso, nenhuma descoberta se efetua sem perigos. Se ninguém tivesse,
desde a origem dos tempos, ousado aventurar-se no Oceano, porque a navegação é arriscada, que teria daí resultado? A Humanidade, fragmentada em diversas famílias, permaneceria insulada nos continentes e teria perdido todo o proveito que aufere das viagens e permutas. O mundo invisível é também um vasto e profundo oceano semeado de escolhos, mas repleto de vida e de riqueza. Por trás da cortina do além-túmulo se agitam multidões inúmeras que temos interesse em conhecer, porque são depositárias do segredo de nosso próprio futuro. Daí a necessidade de estudar, de explorar esse mundo invisível e ponderar-lhe as forças, os inexauríveis recursos que contém, recursos ao pé dos quais os da Terra parecerão um dia bem restritos.



Quando mesmo, ao demais, nos desinteressemos do mundo invisível, nem por isso ela se desinteressaria de nós. Sua ação sobre a Humanidade é constante. Estamos submetidos às suas influências e sugestões. Querer ignorá-lo é conservar-se inerme diante desse mundo, ao passo que, por um estudo metódico, aprendemos a atrair as forças benfazejas, os socorros, as boas influências que ela encerra: aprendamos a repelir as
más influências, a reagir contra elas pela vontade e pela prece. Tudo depende do modo de emprego e da direção dada as nossas forças mentais. E quantos males há, cuja origem nos escapa, porque queremos ignorar essas coisas, males que poderiam ser evitados por um estudo aprofundado e consciencioso do mundo invisível!



Em sua maior parte, os nevróticos e os alucinados tratados sem êxito pela medicina
oficial, não são mais que obsessos, passíveis de ser curados pelas práticas espíritas e magnéticas.



Deus colocou o homem no centro de um oceano devida, de um reservatório inesgotável
de forças e potência. E deu-lhe a inteligência, a razão e a consciência, para aprender a conhecer essas forças, a assenhorear-se delas e as utilizar. Por esse exercício constante é que a nós mesmos nos desenvolveremos e chegaremos a afirmar o nosso império sobre a Natureza, o domínio do pensamento sobre a matéria, o reino do Espírito sobre o mundo.



É esse o mais elevado objetivo a que possamos consagrar a nossa vida. Em vez de afastar dele o homem, ensinemo-lhe a caminhar ao seu encontro, sem hesitação.
Estudemos, escrutemos o Universo em todos os seus aspectos, sob todas as suas formas.



Saber é o supremo bem, e todos os mais provêm da ignorância.
 
Léon Denis







 
 

 
 

Prece de Alcione


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Que Fizeste da Vida


 
Que Fizeste da Vida?




Olhai os pássaros de nosso país durante os meses de inverno, quando o céu está sombrio, quando a terra está coberta com um branco manto de neve, agarrados

uns aos outros, na borda de um telhado, eles se aquecem mutuamente, em silêncio. A necessidade os une. Contudo, nos belos dias, com o sol resplandecendo e a provisão abundante, eles piam quanto podem, perseguem-se, batem-se e se machucam. Assim é o homem. Dócil, afetuoso para com seus semelhantes nos dias de tristeza, a posse dos bens materiais muitas vezes o torna esquecido e insensível.




Uma condição modesta faz mais bem ao espírito desejoso de progredir, de adquirir as virtudes necessárias para seu rpogresso moral.
Longe do turbilhão dos prazeres fugazes, ele julgará melhor a vida, dará à matéria o que é necessário para a conservação de seus órgãos, porém evitará cair em hábitos perniciosos, tornar-se presa das inúmeras necessidades factícias que são o flagelo da humanidade. Ele será sóbrio e laborioso, contentando-se com pouco, apegando-se aos prazeres da inteligência e às alegrias do coração.



Fortificado assim contra os assaltos da matéria, o sábio, sob a pura luz da Razão, verá resplandecer seu 
destino. Esclarecido quanto ao objetivo da vida e ao porquê das coisas, ficará firme e resignado diante da dor, que ele aproveitará para sua depuração e seu progresso.




Enfrentará a provação com coragem, sabendo que ela é salutar, que ela é o choque que rasga nossas almas e
que só por este rasgão se derrama tudo quanto de fel e de amargura há em nós.




E se os homens se riem dele, se ele é vítima da intriga e da injustiça, ele aprenderá a suportar pacientemente
seus males, lançando seus olhares para vós; oh! nossos irmãos mais velhos, para Sócrates bebendo a cicuta, para Jesus crucificado e para Joana na fogueira. Haverá consolação no pensamento que os maiores, os mais virtuosos e os mais dignos sofreram e morreram pela humanidade.




Após uma existência bem preenchida, chegará a hora solene e é com calma, sem desgostos que virá a morte,
a morte que os homens cercam com um sinistro aparato, a morte, espantalho dos poderosos e dos sensuais e que, para o pensador austero, é a libertação, a hora da transformação, a porta que se abre para o império luminoso dos espíritos.



Esse pórtico das regiões extraterrestres será penetrado com serenidade se a consciência, separada da sombra da matéria, erguer-se como um juiz,
representante de Deus, perguntando: “Que fizeste da vida?” e ele responder: “Lutei, sofri, amei! Ensinei o Bem, a Verdade e a Justiça; dei a meus irmãos o exemplo do correto e da doçura; aliviei as dores dos que sofrem e consolei os que choram. Agora, que o Eterno me julgue, pois estou em suas mãos!”




Homem, meu irmão, tem fé em teu destino, porque ele
é grande. Confia nas amplas perspectivas porque ele põe em teu pensamento a energia necessária para enfrentar os ventos e as tempestades do mundo. Caminha, valente lutador, sobe a encosta que conduz a esses cimos que se chamam Virtude, Dever e Sacrifício. Não pares no caminho para colher as florezinhas do campo, para brincar com os calhaus dourados. Para frente, sempre adiante.




Olha nos esplêndidos céus esses astros brilhantes, esses sóis incontáveis que carregam em suas evoluções
prodigiosas, brilhantes cortejos de planetas. Quantos séculos acumulados foram precisos para formá-los e quantos séculos serão precisos para dissolvê-los.




Pois bem, chegará um dia em que todos esses sóis serão extintos, ou esses mundos gigantescos desaparecerão para dar lugar a novos globos e a
outras famílias de astros emergindo das profundezas. Nada o que vês hoje existirá. O vento dos espaços terá varrido para sempre a poeira desses mundos, porém tu viverás sempre, prosseguindo tua marcha eterna no seio de uma criação renovada incessantemente. Que serão então, para tua alma depurada e engrandecida, as sombras e os cuidados do presente? Acidentes fugazes de nossa caminhada que só deixarão, no fundo de nossa memória, lembranças tristes e doces.




Diante dos horizontes infinitos da imortalidade, os males do passado e as provas sofridas serão qual uma nuvem fugidia no meio de um céu sereno.





Considera, portanto, no seu justo valor, as coisas da Terra. Não as desdenhes porque, sem dúvida, elas são
necessárias ao teu progresso, e tua obra é contribuir para o seu aperfeiçoamento, melhorando a ti mesmo, mas que tua alma não se agarre exclusivamente a eles e que busque, antes de tudo, os ensinamentos nelas contidos.




Graças a eles compreenderás que o objetivo da vida não é o gozo, nem a felicidade, porém o desenvolvimento por meio do trabalho, do estudo e do  
cumprimento do dever, dessa alma, dessa personalidade que encontrarás além do túmulo, tal como a tenhas feito, tu mesmo, no curso dessa existência terrestre.




Léon Denis




Sobre o Autor

Léon Denis nasceu a 1º de janeiro de 1846 em Goug, pequena localidade da circunscrição de Toul (França), na antiga província francesa da Lorena, atravessada pela grande ferrovia Paris – Estrasburgo. Desencarnou em Tours a 12 de abril de 1927, aos 81 anos de idade. Fez estudos doutrinários, pesquisas mediúnicas, impulsionou o movimento espírita na França e no mundo e, especialmente, aprofundou em suas obras o aspecto moral do Espiritismo.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As Portas Celestes

 
As Portas Celestes



O grupo de desencarnados errava nas esferas inferiores.
Integravam-no alguns cristãos de escolas diversas, estranhando a indiferença do Céu...

Onde os Anjos e Tronos, os Arc
anjos e Gênios do paraíso, que não se aprestavam para recebê-los?


Em torno, sempre a neblina espessa, a penumbra indefinível. Onde o refúgio da paz, o asilo de recompensa?



Longos dias de aflição, em jornadas angustiosas...
 


Depois da surpresa, a revolta; após a revolta, a queixa. Finda a queixa, veio o sofrimento construtivo e com esse surgiu a prece. 
 

Em seguida à oração, eis que aparece a resposta. Iluminado mensageiro, em vestidura resplandecente, desafia a sombra da planície, fazendo-se visível em alto cume.

Prosternam-se os peregrinos à pressa. Seria o próprio Jesus? Não seria?

Ante a perturbação que os acometera, o emissário tomou a palavra e esclareceu, fraterno:
 

– Paz em nome do Senhor, a quem endereçastes vosso apelo. Vossas súplicas foram ouvidas.


Que desejais?


– Anjo celeste – falou um deles –, pois não vês?!... Estamos rotos, exaustos, vencidos, nós, que fomos crentes fervorosos no mundo. Onde se encontra o Redentor que não nos salva, o Príncipe da Luz, que nos deixa em plena treva? Que desejamos?
nada mais que o prêmio da luta...



Não pôde prosseguir. Ondas de lágrimas invadiram-lhe os olhos, sufocando-lhe a garganta e contagiando os companheiros que se desfizeram em pranto dorido.
 

O preposto do Cristo, contudo, manteve-se imperturbável e considerou:

– A Justiça Divina nunca falhou no Universo.


– Ah! mas nós sofremos – replicou o interlocutor aliviado – e certamente somos vítimas de algum esquecimento que esperamos seja reparado.

O ministro de Jesus não se deixou impressionar e voltou a dizer:

– Vejamos. Respondei-me em sã consciência:
 


Quando encarnados, amastes a Deus, sobre todas as
coisas, com toda a alma e entendimento?


Se estivessem à frente de autoridade comum,
provavelmente os interpelados buscariam tergiversar, fugindo à verdade. A luz divina do emissário, porém, penetrava-lhes o âmago do ser. Decorrido um instante de pesada expectação, informaram todos a um só tempo:
– Não.



– Considerastes os interesses do próximo como se vos
pertencessem? Novo momento de luta íntima e nova resposta sincera:
– Não.



– Negastes a personalidade egoística, suportastes vossa cruz e seguistes o Mestre?
– Não.



– Colocastes a Vontade Divina acima de vossos
desejos?
– Não.



– Fizestes brilhar em vós, na Terra, a luz que o Céu vos conferiu?
– Não.



– Auxiliastes vossos inimigos, orastes pelos que vos perseguiram, ministrastes o bem aos que vos caluniaram e dilaceraram?
– Não.



– Perdoastes setenta vezes sete vezes?
– Não.



– Fostes fiéis ao Pai até ao fim?
– Não.


– Vencestes os dragões da discórdia e da vaidade?
 
– Não.



– Carregastes as cargas uns dos outros?
– Não.



O mensageiro fixou benevolente gesto com as mãos e,
mostrando olhar mais doce, observou, depois de comprida pausa:



– Se em dez das lições do Divino Mestre não aprendestes nenhuma, com que direito invocais o Seu
nome? Acreditais, porventura, que Ele nos tenha ensinado algo em vão?



Os infortunados puseram-se a chorar, com mais força, e um deles objetou: 

– Que será de nós? quem nos socorrerá, se tínhamos
crença verdadeira?!...

Sim – tornou o representante do Cristo –, não contesto. Entretanto, como interpretar o possui
dor do bom livro que nunca lhe examinou as páginas? Como definir o aluno que gastou possibilidades e tempo da escola, sem jamais aplicar as lições no terreno prático?



– Oh! Anjo bom, contudo, nós já morremos na Terra!...
– acrescentou a voz triste do irmão desencantado, entre a aflição e a amargura.



O mensageiro, porém, rematou com serenidade:



– Diariamente, milhões de almas humanas abandonam a
carne e tornam a ela, no aprendizado da verdadeira vida. Quem morre no mundo grosseiro perde apenas a forma efêmera. O que importa no plano espiritual não é o “interromper” ou o “recomeçar” da experiência e, sim, a iluminação duradoura para a vida imortal. Não percais tempo, buscando novos programas, quando nem mesmo iniciastes a execução dos velhos ensinamentos. Aprendiz algum tem o direito de invocar a presença do Mestre, de novo, antes de atender as lições anteriormente indicadas. Voltai e aprendei! Não existe outro caminho para a distração voluntária.
Nesse mesmo instante, o enviado tornou ao plano de onde viera, enquanto os peregrinos, ao invés de prosseguirem viagem para mais alto, obedeciam ao impulso irresistível que os conduzia para mais baixo.



Irmão X


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PALAVRAS AOS ENFERMOS

 
 
PALAVRAS AOS ENFERMOS



Toda enfermidade do corpo é processo educativo para a alma.

Receber, porém, a visitação benéfica entre manifestações de revolta é mesmo que recusar as vantagens da lição, rasgando o livro que no-la transmite.

A dor física, pacientemente suportada, é golpe de buril divino realizando o aperfeiçoamento espiritual.




Tenho encontrado companheiros a irradiarem sublime luz do peito, como se guardassem lâmpadas acesas dentro do tórax. Em maior parte, são irmãos que aceitaram, com serenidade, as dores longas que a Providência lhes destinou, a benefício deles mesmos.


Em compensação, tenho sido defrontado por grande número de ex-tuberculosos, em lamentável posição de desequilíbrio, afundados muitos deles em charcos de treva, porque a moléstia lhes constituiu tão somente motivo à insubmissão.


O doente desesperado é sempre digno de piedade, porque não existe sofrimento sem finalidade de purificação e elevação.


A enfermidade ligeira é aviso.


A queda violenta das forças é advertência.


A doença prolongada é sempre renovação de caminho para o bem.


A moléstia incurável no corpo é reajustamento da alma eterna.


Todos os padecimentos da carne se convertem, com o tempo, em claridade interiores, quando o enfermo sabe manter a paciência, aceitando o trabalho regenerativo por bênção da Infinita Bondade.


Quem sustenta a calma e a fé nos dias de aflição, encontrará a paz com brevidade e segurança, porque a dor, em todas as ocasiões, é a serva bendita de Deus que nos procura, em nome d’Ele, a fim de levar a efeito, dentro de nós, o serviço da perfeição que ainda não sabemos realizar.

Néio Lúcio


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Carta às Famílias











Carta às Famílias


É certo que, sobre a Terra
Nas lutas de expiação,
Muita vez, o lar se forma
Para a dor
da redenção.

Por vezes, os inimigos
Das
existência
s passadas
Rece
bem
o mesmo sangue
Em lutas amarguradas.

É o resgate doloroso,
A algema que, no futuro,
Transforma o
ódio
tigrino
Em tesouros do
amor puro
.

Eis aí porque, não raro,
Nessa
prova
que redime,
Irmãos surgem contra irmãos,
Raiando até pelo crime.

Mas a
dor, a grande dor

Que reforma toda a gente,
Recolhe-os no s
eu regaço,
Fraterniza-os novamente.

Por essa
razão
, amigos,
Todo o ensino em substância,
É que a paz do lar terrestre
Depende da
tolerância
.

Falando em particular,
Peço-te, pois, m
eu
irmão,
Que faças de tua casa
O instituto da afeição.

Não te esqueças que em família
A mais santa autoridade
É a que nasce da
energia

Que não desdenha a
bondade.

A fim de seres ouvido,
Recorda que o verbo dar
Na caravana efetiva
Precede o verbo
ensinar
.

Jamais te queixes dos t
eu
s,
Seja em qualquer confidência.
Muita vez, nos desabafos,
Há muitas
mal
edicência.

Sem que repartas no mundo
A
e o amor com os teu
s,
Não pode dar no caminho
Os sublimes dons de D
eu
s.

Há lutas em tua casa,
Atritos e desavenças?
Isso é a sombra em que se
prova

A claridade da
crença.

Na noite de cada dia,
Nas luzes das orações,
Envia a D
eu
s os apelos
De tuas inquietações.

Quanto ao mais, t
eu
sacrifício
É a santa expressão de
dor
,
Purificando a família
No plano
eterno do Amor.


Casimiro Cunha

Do livro: Cartas do Evangelho, Médium: Francisco Cândido Xavier


Seitas



Existem, no mundo inteiro,
Igrejas, templos e seitas,
Separando, em vez de unir
As
criatura
s imperfeitas.

Por que tanta luta inglória?
Por que tanta confusão
Se as
crença
s são sempre luzes
Do
pensamento
cristão?...

O
homem criou muitos deu
ses,
Na
ignorância
atrevida,
Sem saber que D
eu
s é um só,
Pai de Amor de toda a vida.

Nas lides religiosas,
Não te esqueças que é preciso
Antes de tudo ser
bom

No anseio do Paraíso.

Em
nada te valerá
Ter uma
religião

Se não guardas a
bondade
No templo do coração.


Casimiro Cunha

Do livro: Cartas do Evangelho, Médium: Francisco Cândido Xavier