terça-feira, 30 de abril de 2013

O Verdadeiro Poder



Era uma vez um jovem guerreiro famoso por sua invencibilidade.

Era um homem cruel e, por isso, temido por todos.


Quando se aproximava de uma aldeia, os moradores abandonavam suas casas, e fugiam para as montanhas, porque sabiam que ele não poupava nada, nem ninguém.


Certo dia, ele e seu exército aproximaram-se de uma aldeia na qual vivia um sábio ancião.


Todos os habitantes fugiram assustados, menos ele.


O guerreiro entrou na vila e, como de costume, incendiou casas e matou os animais que encontrou.


Logo chegou à casa do sábio, que permanecia em pé ao lado da porta de entrada, serenamente.


Quando eles se encontraram, o guerreiro impiedoso disse-lhe que seus dias haviam chegado ao fim, mas que, no entanto, iria lhe conceder um último desejo antes de passá-lo pelo fio de sua espada.


O velhinho, sem alterar o seu semblante, disse-lhe que precisava que o guerreiro fosse até o bosque e que ali cortasse um galho de árvore.
O jovem achou aquilo uma grande besteira, mas decidiu atendê-lo, entre gargalhadas e deboches.


Foi até o bosque e com um único golpe de espada cortou um galho de árvore.
“Muito bem.” – disse o ancião, quando o guerreiro voltou – “quero saber agora se o senhor é capaz de recolocar este galho na árvore da qual o arrancou.”
O jovem guerreiro entre gargalhadas, chamou-o de louco, respondendo-lhe que todos sabiam que era impossível colocar o galho cortado na árvore outra vez.


O ancião sorriu e lhe disse: “louco é o senhor, que pensa ter poder só porque destrói as coisas e mata as pessoas que encontra pela frente. Quem só sabe destruir e matar não tem poder. Poder tem aquele que sabe juntar, que sabe unir o que foi separado, que faz reviver o que parece morto. Poder tem aquele que produz, que cria, que mantém. Essa pessoa, sim, tem o verdadeiiro poder.”


Muitos são os que acreditam deter o poder porque atemorizam os demais, ou porque conseguem destruir o que encontram pela frente.
Acreditam-se poderosos porque são capazes de derrubar pessoas, destruir grandes obras e silenciar vozes.


Mas isso é um grande engano.


O verdadeiro poder não reside em arrasar existências e fazer cair por terra o trabalho dos outros.


Não se prova ter poder por meio da força bruta ou através de gritos e ameaças.
Isso demonstra, tão somente, grave desequilíbrio.


Desfazer o que outros produziram ou tentar abalar edificações morais, tão duramente estabelecidas, em nada auxiliarão o nosso próprio desenvolvimento.


Tantos são os que agem assim, crendo-se poderosos, iludindo-se e distribuindo dores ao longo de suas pegadas.


Por outro lado, tão poucos ainda são capazes de edificar, de construir, ou, ainda, de reerguer o que foi destruído.


Tão poucos se dispõem a persistir, a resistir diante dos vendavais das dificuldades. Estes, sim, possuem um poder realmente significativo.
Pense nisso!


Há muito a ser reconstruído.


Há muito mais, ainda, a ser feito.


Tantos caminhos aguardam para serem trilhados.


Há tantas tarefas a serem concluídas.


Há pontes de compreensão a serem construídas para superar os despenhadeiros da intolerância.


Há abrigos de solidariedade e de consolo a serem edificados para refugiar aqueles que sofrem.


O poder verdadeiiro é o daquele que cria, que mantém, que reconstrói, não apenas um dia, mas todo momento, por toda uma vida.


Pense nisso!



Momento Espírita

Texto extraido do site http://www.momento.com.br


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Drama de Pai



O pensamento agoniado de Paulo Silva nos buscava de longe... Antes de nossa desencarnação, conhecêramos nele um menino terno e amigo.



Esperava-nos, na vizinhança, pela manhã, para dar-nos abraço enternecedor. Agora, tanto tempo escoado, seria um homem maduro.



Sim, ao revê-lo, no limiar dos cinqüenta de idade, espantamo-nos ao identificar-lhe os cabelos brancos, o corpo em terrível abatimento, o olhar embaciado de lágrimas, os gritos de louco...



Que teria ocorrido para motivar-lhe a tragédia?



A resposta vinha em grosso diário paterno, carinhosamente guardado em mesa próxima, do qual respingamos tão somente alguns tópicos mais importantes e que alinhamos aqui, a título de estudo:



18/11/1950 – Sou pai, como sou feliz!... Recebi meu filho hoje nos braços... Meu filho!... Combinei com minha mulher, concordamos em que terá o meu nome. Será chamado Paulo Junior.



20/02/1954 – Minha mãe julga que Cecília e eu devemos encomendar mais filhos. Não quero. Conservarei apenas meu Paulinho, meu ídolo. Terá ele tudo o que a vida não me deu...



05/03/1957 – Que felicidade ver Paulinho na escola! Uma inteligência!... Comprei hoje, em nome dele, duzentas ações de uma companhia respeitável, investimento valioso na industria.



18/11/1958 – Aniversário de meu filho. Adquiri para ele uma gleba de vinte mil metros quadrados em Jacarepaguá. Terreno de grande futuro.

11/05/1960 – Aproveitei a situação de dois amigos que estavam com a corda no pescoço e comprei para meu filho duas casas em ótimo ponto da Tijuca. Negócio de ocasião.



14/08/1960 – Sonhei com meu pai, morto há vinte anos. Coisa esquisita! Pedia-me pensar nas crianças abandonadas, nos filhos sem ninguém, nos pequenos ao desamparo. Acrescentava que eu posso e devo amar meu filho, mas sem esquecer que todos somos filhos de Deus e que o mundo está repleto de criaturas necessitadas a suplicarem socorro... Despertei assustado. Isso tudo, porém, é bobagem. Os mortos estão mortos. Preciso cuidar de meu filho e de nada mais.



15/04/1961 – Viva a boa sorte!... Duas viúvas em aperto venderam-me as residências por ninharia. Verdadeiras mansões! Escrituras lavradas em nome de Paulinho. Meu filho será um grande proprietário.



17/06/1962 – Mais terrenos para meu filho. Duas glebas em Teresópolis.



19/07/1962 – Adquiri quatrocentas ações, em nome de Paulinho, de industrias têxteis do interior de Minas Gerais.



20/01/1963 – Freiras de um asilo vieram pedir-me socorro, em favor de meninos órfãos. Não dei coisa alguma e nem dou. Meu filho não será prejudicado por desfalques de caridade.



22/02/1964 – Os espíritas que constroem em abrigo para crianças vadias chegaram em comissão, rogando auxílio. Achei-lhes uma graça! Minha resposta foi não, como sempre. Tudo o que me vier às mãos será de Paulinho.

18/11/1965 – Quinze anos. Bolo e feliz aniversário de meu filho! Adquiri para ele, hoje à tarde, boa fazenda no interior fluminense.



20/11/1965 – Sonhei novamente com meu pai, dizendo-me para não esquecer do ensinamento evangélico que indica na caridade a força capaz de cobrir as nossas faltas e renovar o nosso destino. Lembro-me perfeitamente das palavras dele, afirmando que é preciso ajudar aos que sofrem na Terra para receber o auxílio dos que moram no Céu. Tolices!... Acredito que a conversa dos espíritas, anteontem, me influenciou negativamente.

31/12/1965 – Adquiri mais duas casa para meu filho. Pechincha com que eu não contava.



04/03/1967 – Paulinho brilhando nos estudos secundários. Que carreira seguirá? Acima de tudo, quero que seja um homem rico. Não acredito em poder superior ao poder do dinheiro.



06/04/1967 – Comprei dois carros para o meu filho, um para a cidade, outro para a fazenda. Os quatro automóveis de que dispomos em família já não me pareciam dignos dele.



18/11/1967 – Novo aniversário de Paulinho. Adquiri quatro apartamentos em nome dele. Quero meu filho cada vez mais rico, sempre mais rico.



30/01/1968 – A fortuna de meu filho, conforme o balanço último, já ultrapassa de um bilhão de cruzeiros velhos, segundo as anotações de meu contabilista.

19/04/1968 – Meus tios Arlindo e Antonio pediram-me auxílio, declarando-se em penúria. Neguei. Tenho meu filho para cuidar.



22/01/1970 – Meu Deus!... Paulinho está no hospital em estado grave!...



Aqui terminava as anotações. O resto era a provação à frente de nossos olhos.

Paulo Silva que concentrava no filho único imensa fortuna, e que, por isso mesmo, se negava a atender a quaisquer apelos da beneficência ou da cooperação fraternal, profundamente desequilibrado assistia, junto de nós à saída do filho morto, que desencarnara, em plena juventude, vitimado pela hepatite.



Irmão X


domingo, 28 de abril de 2013




Chico e Cel. Weyne, em Uberaba:
admiração mútua e correspondência uniu os amigos.

 
Os Animais Também Oram?




Da cauda ao focinho, totalmente preto, era aquele cãozinho que chegava vagarosamente, com dignidade, nas sessões públicas do Centro Espírita Luiz Gonzaga, da cidadezinha rural de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e dirigia-se para o canto, onde Chico Xavier estava. Ali ficava, como se estivesse em prece, quieto, olhos fechados. Terminados os trabalhos, desaparecia silenciosamente como chegara. Uma tarde, a dona de Negrito deparou-se com o médium e lhe falou: "Imagine, meu cachorrinho às sextas e segundas some das 20 às 2 horas da madrugada, e só agora vim a saber que vai para o seu Centro! Como é que ele, sendo um animal, consegue vencer todos os obstáculos e fugir para freqüentar um ambiente sadio, espiritualmente elevado, enquanto eu, por mais que queira, não tenho forças para ir a um Centro Espírita?


Chico ( as multidões de sofredores e enfermos os seguem como outrora seguiam a Jesus) sorriu, escondendo a emoção, e a consolou:



Minha filha, não fique triste. Negrito leva para você um pouco de paz e um dia, que já vem perto, há de trazê-la aqui. Jesus há de ajudá-la.


Não se passou muito tempo. Logo, a infeliz meretriz, depois de abandonar sua triste profissão, juntamente com seu leal amigo, Negrito, começaram a freqüentar as aulas de evangelização no "Centro do Chico..."



Relato do Coronel Edynardo Weyne

sábado, 27 de abril de 2013

Trabalho e Perdão

Quem busque a paz com Jesus
Esteja de sobreaviso,
Entendendo e desculpando
Quantas vezes for preciso.

Todos nascemos na vida,
Bela e sábia, nobre e imensa;
Trabalho de cada um
É que faz a diferença.

No serviço do Evangelho
Vejo esta regra, a contento:
Quanto mais dificuldade
Maior o merecimento.

Do Além, a vida na Terra
Quando amargosa e insegura
Por mais longa nos parece
Ligeira estação de cura.
Quem golpeia está comprando
De espírito desregrado
O próprio desequilíbrio
Por tempo indeterminado.


Chiquito de Moraes

Do livro Mais Vida, psicografia de Francisco Cândido Xavier


 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Mensagens e Ensinamentos

Em seu benefício:

Não se agaste com o ignorante; certamente, não dispõe ele das oportunidades que iluminaram se caminho.



Evite aborrecimento com as pessoas fanatizadas; permanecem no cárcere do exclusivismo e merecem compaixão como qualquer prisioneiro.
Não se perturbe com o malcriado; o irmão intratável tem, na maioria das vezes, o fígado estragado e os nervos doentes.


Ampare o companheiro inseguro; talvez não possua o necessário, quando você detém excessos.


Não se zangue com o ingrato; provavelmente é desorientado ou inexperiente.

Ajude ao que erra; seus pés pisam o mesmo chão, e, se você tem possibilidade de corrigir, não tem o direito de censurar.


Desculpe o desertor; ele é fraco e mais tarde voltará a lição.


Auxilie o doente; agradeça ao divino poder o equilíbrio que você está conservando.


Esqueça o acusador; ele não conhece o seu caso desde o princípio.

Perdoe o mau; a vida se encarregará dele.


 
André Luiz
 
Do Livro Agenda Cristã, psicografia de Francisco Cândido Xavier


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Traço Espírita



 

O companheiro, contado na estatística da Nova Revelação, não pode viver de modo diferente dos outros, no entanto, é convidado pela consciência a imprimir o traço de sua convicção espírita em cada atitude.


Trabalha - não ao jeito de pião consciente enrolado no cordel da ambição desregrada, aniquilando-se sem qualquer proveito.

Age construindo.



Estuda - não para converter a personalidade num cabide de condecorações acadêmicas sem valor para a Humanidade.


Aprende servindo.


Prega - não para premiar-se em torneios de oratória e eloquência, transfigurando a tribuna em altar de suposto endeusamento.


Fala edificando.


Administra - não para ostentar-se nas galerias do poder, sem aderir à responsabilidade que lhe pesa nos ombros.

Dirige obedecendo.


Instrui - não para transformar os aprendizes em carneiros destinados à tosquia constante, na garantia de propinas sociais e econômicas.

Ensina exemplificando.



Redige - não para exibir a pompa do dicionário ou render homenagens às extravagâncias de escritores que fazem da literatura complicado pedestal para o incenso a si mesmos.

Escreve enobrecendo.


Cultiva a fé - não com o intento pretensioso de escalar o céu teológico pelo êxito inoperante, na falsa idéia de que Deus se compara a tirano amoroso, feito de caprichos e privilégios.
Crê realizando.


O espírita vive como vivem os outros, mas em todas as manifestações da existência é chamado a servir aos outros, através da atitude.

 
André Luiz

Do livro Opinião Espírita, psicografia Francisco Cândido Xavier


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Estuda

Estuda e encontrarás a lâmpada divina
Que, excelsa, te clareia o templo da memória,
Descerrando-te aos pés a senda meritória,
Em que a vida imortal se revela e domina.

Estuda e atingirás a visão peregrina
Da Ciência e do Amor, da Beleza e da História,
Antegozando a luz, na sombra transitória,
E prelibando o Céu na Terra pequenina.

Estuda e entenderás a glória que se expande,
Da alma que, na humildade, aprendeu a ser grande,
Para quem a ilusão se prosterna de rastros...

O livro que aprimora é um mentor que nos guia.
Estuda e sentirás, chorando de alegria,
O coração de Deus pulsando além dos astros.


Leôncio Correa

Do livro Vozes do Grande Além, psicografia Francisco Cândido Xavier




terça-feira, 23 de abril de 2013


Oportunidade de Servir




Não se detenha diante da oportunidade de servir. Mobilize o pensamento para criar vida nova.


Melhore os próprios conhecimentos, estudando sempre.


Não permita que a dificuldade lhe abra a porta ao desânimo porque a dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em habilitação e resistência.


Nunca desconsidere o valor de sua dose de solidão, a fim de aproveitá-la em meditação e reajuste das próprias forças.



André Luiz

Do livro Agenda de Luz, psicografia Francisco Cândido Xavier



segunda-feira, 22 de abril de 2013



Indagações a Nós Mesmos





Que seremos na casa de nossa fé, em companhia daqueles que comungam conosco o mesmo ideal e a mesma esperança?


Uma fonte cristalina ou um charco pestilento?


Um sorriso que ampara ou um soluço que desanima?


Uma abelha laboriosa ou um verme roedor?


Um raio de luz ou uma nuvem de preocupações?


Um ramo de flores ou um galho de espinhos?


Um manancial de bênçãos ou um poço de águas estagnadas?


Um amigo que compreende e perdoa ou um inquisidor que condena e destrói?


Um auxiliar devotado ou um espectador inoperante?


Um companheiro que estimula as particularidades elogiáveis do serviço ou um censor contumaz que somente repara imperfeições e defeitos?


Um pessimista inveterado ou um irmão da alegria?


Um cooperador sincero e abnegado ou um doente espiritual, entrevado no catre dos preconceitos humanos, que deva ser transportado em alheios ombros, à feição de problema insolúvel?

Indaguemos de nós mesmos, quanto à nossa atitude na comunidade a que nos ajustamos, e roguemos ao Senhor para que o vaso de nossa alma possa refletir-lhe a Divina Luz.


André Luiz
Do livro Correio Fraterno,  psicografia Francisco Cândido Xavier

 






domingo, 21 de abril de 2013

Agressões



Muitas vezes, na vida, sentes o coração visitado pela agressão gratuita e pelo desprezo de pessoas que julgavas amigas, e, nestes momentos, a mágoa te envolve o ser, ameaçando-te a tranqüilidade e a paz.


Sentes, então, o desânimo e o desejo de te isolares de tudo e de todos, numa atitude de fuga.


Nestes momentos de tormento íntimo, recorre à prece antes de qualquer atitude menos feliz.


Recorda os ensinos de Jesus e, fortalecido pela humildade, arma-te da coragem de seguir adiante, sem deixar de servir e trabalhar.


Se a árvore deixasse de produzir frutos a cada agressão que sofresse dos homens, provavelmente a humanidade viesse a experimentar grande carência de alimentos.


Se o rio secasse a cada atitude de agressão dos homens, em lhe poluindo com dejetos de todo tipo, provavelmente já não mais haveria água potável na Terra.


Assim, também, se nos isolamos e deixamos de servir a cada agressão que sofremos, extinguiremos da Terra as possibilidades de progresso em direção ao Bem.


Diante disso, medita e segue adiante, na confiança de que Deus tem sido infinitamente misericordioso com a humanidade e em particular com cada um de nós, razão pela qual devemos lançar ao esquecimento as agressões e, numa atitude cristã, abençoarmos e servirmos, cumprindo a nossa parte no processo de evolução em favor da humanidade e em favor da nossa própria redenção.

Um Amigo

sábado, 20 de abril de 2013


Frases que nos Fazem Pensar




“As trevas são muito poderosas, organizadas. O que elas desejam é tirar Jesus do Espiritismo. E se tirarem Jesus do Espiritismo ele desaparecerá. Têm surgido muitos movimentos paralelos.


Eu digo isso a vocês, porque estou sentindo que agora tenho menos tempo, mas vocês vão ficar...


Vocês devem defender esse tesouro.”



“A vivência cotidiana do Evangelho é pessoal; nem os espíritos poderão substituir-nos, quando formos chamados à aplicação de tudo quanto já sabemos, ou, pelo menos, supomos saber... Este é o problema fundamental do Espírita – a sua própria renovação. O Espírita que não se melhora não está assimilando a doutrina... No Espiritismo, ninguém faz mais do que aquele que se esforça para viver conforme crê – ou seja, colocando em prática a lição...”



“Alguém me perguntou: “Chico, a assistência é serviço do governo. Porque você dá assistência?” respondi: “Dou assistência como a pessoa que vê a casa do vizinho incendiada e, até que o corpo de bombeiros apareça, a casa já se foi. Então, pelo menos um balde d’água eu tenho que carregar, não é?



“A Terra atual é comparável a uma casa em reforma. Apesar de todas as ocorrências que parecem demonstrar o contrário do que asseveremos o mundo obedece ao Plano Divino, e a Humanidade está seguindo para a conquista de vida melhor.”



“Até punhaladas e tiros temos recebido por volta do mau uso das palavras. Um dia, porque adverti um companheiro, sem vestir-me da defesa da humildade, recebi, quando menos esperava, um tiro projetado sobre mim com a força de um pensamento carregado de ódio.”

“Numa viagem de mil quilômetros, não nos podemos considerar vitoriosos senão depois de chegarmos à meta almejada, porque nos dez últimos metros, a ponte que liga ao porto de segurança pode estar caída e não atingiremos o local para onde nos dirigimos.”



Chico Xavier





 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Centro Espírita



“Os centros espíritas devem ser locais de oração, trabalho e estudo.

 
Conhecer o Espiritismo é de fundamental importância, mas, segundo Emmanuel me tem ensinado, esse conhecimento necessita ser traduzido na prática, a começar pelo entendimento entre os companheiros que constituem a equipe de cooperadores da casa. O fenômeno em um tempo de orientação kardecista deve ser acessório e, nunca, sem dúvida, atividade especial”.


“Para mim, centro espírita tinha que abrir todo dia, o dia inteiro... Se é hospital, como dizemos, como é que pode estar de portas fechadas?... O centro precisava se organizar para melhor atender os necessitados. O que impede que o centro espírita seja mais produtivo é a centralização das tarefas; existe dirigente que não abre mão do comando da instituição...



Ora, de fato, a instituição necessita de comando, mas de um comando que se preocupe em criar espaço para que os companheiros trabalhem, sem que ninguém esteja mais preocupado com cargos do que com encargos...”


“O centro espírita, quanto mais simples, quanto mais humilde, mais reduto do Evangelho. Construções colossais sempre me parecem destituídas de espírito... A Sociedade Espírita de Paris era uma sala de acanhada dimensões: ali imperava o espírito de fraternidade”.


“As reuniões nos centros espíritas poderiam ser mais produtivas. Existe dirigente que abre e termina a sessão olhando o relógio... Não posso dar palpite no centro dos outros – Emmanuel me mandaria conservar a boca fechada -, mas a gente fica triste com os centros espíritas que funcionam apenas meia hora durante a semana...


“Não precisamos esperar a formação de um grupo espírita para recepção de pessoas santas; vão chegar primeiro os mais infelizes; vão contar as mágoas, à vezes até os seus crimes; vêm em busca de amor...”


“Não somos donos do Movimento, a casa espírita não tem donos... Vamos criar oportunidade para o crescimento dos outros. Ninguém precisa anular ninguém... Sobra espaço para as estrelas no firmamento! Todas podem brilhar à vontade...


“Se um amigo, ou os amigos, não têm paciência conosco, os grupos não prosperam, não frutificam em amor, em esperança, no socorro espiritual...”


“O centro espírita deve ser tocado como uma escola, ou seja, devemos estar dentro dele para aprender... Não é só para a mediunidade, para o passe ou para a desobsessão... Precisamos estudar as lições de Jesus, nas interpretações de Allan Kardec, e vivenciá-las, cuidando de nós mesmos, de nossa necessária renovação íntima...”


Chico Xavier


Pesquisa de Humberto Vasconcelos, publicada no Jornal Espírita de Pernambuco, edição nº 72



 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

PAZ POR DENTRO

Irmãos do Caminho em Sousa.

PAZ POR DENTRO

Aceita a fatalidade do progresso.

Trabalha e segue adiante.

Medita na necessidade dos outros.

Procura colocar-te no lugar do próximo, exercitando compreensão.

Não guarde ressentimentos.

Auxilia para o bem geral quanto se te faça possível.

Atende às próprias obrigações.

Não tentes felicidade fora da consciência tranqüila.

Observa que não estás sem motivo em teu grupo familiar.

Honra os encargos que abraçaste.

Ama sem o cativeiro das afeições possessivas.

Agradece o carinho que recebes sem exigi-lo.

Estuda e melhora-te para ser mais útil.

Não intentes transformar a ninguém pela força.

Ampara sem reclamar retribuição

Atravessa as dificuldades com paciência.

Não zombes dos sentimentos alheios.

Não peças para que outrem caminhe com teus passos.

Habitua-te à simplicidade e à disciplina.

Suporta com calma aquilo que não possas modificar.

Usa o descanso apenas como pausa para mais trabalho.

Não te queixes.

Não percas tempo com atividades inúteis.

Conserva, quanto possível, os contatos com a natureza.

Abençoa todos os companheiros, sem lamentar os que se afastem de ti.

Não te voltes para trás.

Evita o pessimismo.

Recorda sempre que a esperança é uma luz eterna.

Não te envaideças com vantagens que são empréstimos de Deus.

Considera por vitória o desempenho dos próprios compromissos.

Cultiva equilíbrio e serenidade.

Foge a qualquer forma de violência.

Aceita a realidade de que possuis unicamente aquilo que constróis por amor.

Entrega-te a Deus, na oração, cada dia.

Desse modo, terás contigo a paz por dentro e assim pacificarás.



Emmanuel

quarta-feira, 17 de abril de 2013

VITÓRIA






Não adianta vencer sem melhorar-nos.
O lugar em que você vive é o seu campo de ação.
Os inimigos a vencer estão em nós mesmos.
Os outros são sempre o público que nos segue.
O seu setor de engajamento é o seu próprio trabalho.
Comandos e ordenanças, companheiros e inspetores são os parentes e amigos.
As suas armas eficientes e, das mais importantes, são o amor e a humildade, o conhecimento e a paciência.
Ordens a observar: trabalhar e servir.
Programa diário: "amar o próximo como a si mesmo".
Sinal de promoção: dever cumprido.
Marca de vitória: alegria interior com a bênção de Deus que nenhuma palavra do mundo consegue traduzir.
 
André Luiz


 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Ajudando



Você nem sempre terá o que deseja mas enquanto estiver ajudando aos outros encontrará os recursos de que precise.


Não se marginalize. Trabalhe.



Não reclame. Desculpe.



Não se lastime. Avance.


Não complique. Simplifique.


Cada qual de nós, seja onde for, está sempre construindo a vida que deseja.


André Luiz

Do livro Agenda de Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier


segunda-feira, 15 de abril de 2013

A GERAÇÃO NOVA



27. Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.


A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.


Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.


Muito menos, pois, se trata de uma nova geração corpórea, do que de uma nova geração de Espíritos. Sem dúvida, neste sentido é que Jesus entendia as coisas, quando declarava: “Digo-vos, em verdade, que esta geração não passará sem que estes fatos tenham ocorrido.” Assim, decepcionados ficarão os que contem ver a transformação operar-se por efeitos sobrenaturais e maravilhosos.


28. A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares.



Têm idéias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.

Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.


O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.


Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contato com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores.

Do livro A GÊNESE, itens do capítulo XVIII, de Allan Kardec, 1868.




 

 

domingo, 14 de abril de 2013

Dinheiro e Carência



...filhos, quando puderdes, semeai a felicidade para os vossos irmãos na Terra: quanto nos seja possível, sirvamos.


...tempo é também depósito de Deus em nossas mãos.


Aqui, na Vida Espiritual, não se vos perguntará quanto aos títulos que usastes, nessa ou naquela esfera de atividade humana e sim sereis inquiridos quanto às dores que atenuastes, às lágrimas que suprimistes!

...amemo-nos! Tudo é bênçãos quando convertemos as lutas e os valores do mundo em bênçãos para a vida.


Abençoemos a nossa oportunidade de trabalhar.


...em todas as circunstâncias, preservemos a tranqüilidade para servir, em todas as provações, imunizemo-nos contra a discórdia e reunamos nossas energias para realizar a tarefa a que fomos chamados.


E sejam quais forem os problemas, entendamos nossas mãos uns aos outros fraternalmente, para que o tempo, patrimônio do Senhor, não se perca em nossos passos.


...agradeçamos à Divina Providência o Dom de compreender a verdade e o ensejo de trabalhar na concretização do melhor ao nosso alcance.


...todos os elementos do mundo são ingredientes necessários à luz de nosso próprio burilamento.


...dinheiro é instrumento do Senhor para todos os que se decidem a servi-lo na pessoa dos semelhantes e carência de recursos materiais é outra vantagem do Senhor para todos os que lhe sabem acatar os desígnios, transformando-a em trabalha renovador.


...dor é bênção e alegria é bênção.


Dificuldade é via de acesso à vitória nos ideais que nos propomos alcançar e facilidade é caminho para sustentarmos o triunfo a que aspiramos no desempenho dos propósitos de Jesus.


...tudo na Terra e na vida é apelo a que trabalhemos mais, servindo mais. À face disso, que a compreensão real do Evangelho, nos felicite, inspirando-nos a materializar, com mais segurança, as esperanças do Cristo a nosso respeito.

...não nos deixemos envolver por dúvidas e sombras e dissensões.

O grande remédio para todas as aflições será sempre trabalhar mais e servir mais, entregando ao Senhor a parte dos problemas que não nos seja possível resolver.


...unamo-nos portanto, filhos queridos, e acalentando a alegria em nosso corações, sigamos ao encontro do futuro, na certeza de que Jesus nos sustentará.



Bezerra de Menezes


sábado, 13 de abril de 2013


Em Vigilância




Ouves a triste balada do sofrimento respingando apelos.

Em todas as vozes uma só voz: fome de paz.
Este equivocou-se; aquele traiu-se; esse emaranhou-se na própria leviandade; este outro perturbou-se na ilusão; aquele outro, revoltado, investe contra si mesmo em desvario.

A colheita é intransferível. Cada um dispõe da liberdade para semear onde, quando e como melhor lhe aprouver.
Ninguém, porém, se eximirá a fazer a viagem de volta, recolhendo.

Responsáveis pelos próprios feitos, estes fazem-se senhores austeros e graves, cobradores às vezes odientos e perversos, ou benfeitores amoráveis.
Por esta razão, a vida é oportunidade que se sucede, uma após outra, favorecendo reparação.


A cada instante podes modificar inteiramente o destino, graças à utilização boa ou má do ensejo que se te apresente em permanente convite.
Não descoroçoes, pois, em tua lida.


Assumiste um compromisso com Jesus.
Não te promete Ele a Terra nem o triunfo barato que transita enganoso.

Incita-te a uma grande violência: arrebentar as amarras das mentiras douradas, da ambição injustificável e da glória perturbadora.
Em contrapartida, propõe-te o triunfo perene sobre as paixões que tisnam a beleza lapidar dos sentimentos, que um dia Lhe deves oferecer, neles refletindo a Sua paz.

Nem receios, nem desconsiderações, nem o pavor que te pode induzir a uma sintonia negativa, nem a negligência que te conduza a atitude arbitrária.
As lições conduzem uma finalidade: aprendizagem. E aprendizagem é uma experiência que deves insculpir em teu mundo íntimo a soldo de sacrifícios para a redenção;



Policia-te. Não te permitas os sonhos utópicos ou os prazeres que te possam infelicitar no trâmite dos sorrisos iniciais para as tragédias culminativas.
O crime passional começa entre os júbilos dos galanteios descabidos.



O alcoolismo inveterado principia no aperitivo que, ao suceder-se, escraviza em inditosa embriaguez.


O vício, sob qualquer aspecto em que se apresente, pode ser comparado à fagulha inocente capaz de atear incêndios terríveis.


Sê jovial, não leviano.
Cultiva o amor, não a vulgaridade.

Faze-te afável, não perturbado pela emoção.


Guarda a previdência, não a mesquinhez.


Detém-te na vigilância, não na obstinação negativa.


Jesus é, para todos entre nós, o exemplo. Na linha de comportamento, é o mediador.

Equilíbrio seja o fiel das tuas aspirações.

Joanna de Ângelis

Do livro Oferenda, psicografia de Divaldo Pereira Franco



sexta-feira, 12 de abril de 2013

Louvores Recusados



Conta-se no plano espiritual que Vicente de Paulo oficiava num templo aristocrático da França, em cerimônia de grande gala, à frente de ricos senhores coloniais, capitães do mar, guerreiros condecorados, políticos ociosos e avarentos sórdidos, quando, a certa altura da solenidade, se verificou à frente do altar inesperado louvor público.



Velho corsário abeirou-se da sagrada mesa eucarística e bradou, contrito:



– Senhor, agradeço-te os navios preciosos que colocaste em meu roteiro. Meus negócios estão prósperos, graças a ti, que me designaste boa presa. Não permitas, ó Senhor, que teu servo fiel se perca de miséria. Dar-te-ei valiosos dízimos. Erguerei uma nova igreja em tua honra e tomo os presentes por testemunhas de meu voto espontâneo.


Outro devoto adiantou-se e falou em voz alta:



– Senhor, minhalma freme de júbilo pela herança que enviaste à minha casa pela morte de meu avô que, em outro tempo, te serviu gloriosamente no campo de batalha. Agora podemos, enfim, descansar sob a tua proteção, olvidando o trabalho e a fadiga.


Seja louvado o teu nome para sempre.



Um cavalheiro maduro, exibindo o rosto caprichosamente enrugado, agradeceu:

– Mestre Divino, trago-te a minha gratidão ardente pela vitória na demanda provincial. Eu sabia que a tua bondade não me desprezaria. Graças ao teu poder, minhas terras foram dilatadas. Construirei por isso um santuário em tua memória bendita, para comemorar o triunfo que me conferiste por justiça.



Adornada senhora tomou posição e exclamou:



– Divino Salvador, meus campos da colônia distante, com o teu auxílio, estão agora produzindo satisfatoriamente. Agradeço os negros sadios e submissos que me mandaste e, em sinal de minha sincera contrição, cederei à tua igreja boa parte dos meus rendimentos.



Um homem antigo, de uniforme agaloado, acercou-se do altar e clamou estentórico:

– A ti, Mestre da Infinita Bondade, o meu regozijo pelas gratificações com que fui quinhoado. Os meus latifúndios procedem de tua bênção. É verdade que para preservá-los sustentei a luta e alguns miseráveis foram mortos, mas quem senão tu mesmo colocaria a força em minhas mãos para a defesa indispensável? Doravante, não precisarei cogitar do futuro... De minha poltrona calma, farei orações fervorosas, fugindo ao imundo intercâmbio com os pecadores. Para retribuir-te, ó Eterno Redentor, farei edificar, no burgo onde a minha fortuna domina, um templo digno de tua invocação, recordando-te os sacrifícios na cruz!


Os agradecimentos continuavam, quando Vicente de Paulo, assombrado, reparou que a imagem do Nazareno adquiria vida e movimento...



Extático, viu-se à frente do próprio Senhor, que desceu do altar florido, em pranto.



O abnegado sacerdote observou que Jesus se afastava a passo rápido; contudo, em se sentindo junto dele, perguntou-lhe, igualmente em lágrimas: – Senhor, por que te afastas de nós?



O Celeste Amigo ergueu para o clérigo a face melancólica e explicou:



– Vicente, sinto-me envergonhado de receber o louvor dos poderosos que desprezam os fracos dos homens válidos que não trabalham, dos felizes que abandonam os infortunados...



O interlocutor sensível nada mais ouviu. Cérebro em turbilhão desmaiou, ali mesmo, diante da assembléia intrigada, sendo imediatamente substituído, e, febril, delirou alguns dias, prisioneiro de visões que ninguém entendeu.

Quando se levantou da incompreendida enfermidade vestiu-se com a túnica da pobreza, trabalhando incessantemente na caridade, até ao fim de seus dias.



Os adoradores do templo, entretanto, continuaram agradecendo os troféus de sangue, ouro e mentira, diante do mesmo altar e afirmaram que Vicente de Paulo havia enlouquecido.



Irmão X

Do livro Contos e Apólogos, psicografia de Francisco Cândido Xavier


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Fortaleza



"Sabendo que a tribulação produz fortaleza." - Paulo (Romanos, 5:3)

Quereis fortaleza? Não vos esquiveis à tempestade.



Muita gente pretende robustecer-se ao preço de rogativas para evitar o serviço áspero. Chegadas à preciosa oportunidade de testemunhar a fé internam-se os crentes, de maneira geral, pelos caminhos largos da fuga, acreditando-se em segurança. Entretanto, mais dia menos dia, surge a ocasião dolorosa em que abrem falência de si mesmos.



Julgam-se, então, perseguidos e abandonados.



Semelhantes impressões, todavia, nascem da ausência de preparo interno.



Esquecem-se os imprevidentes de que a tempestade possui certas funções regeneradoras e educativas que é imprescindível não menosprezar.



A tribulação é a tormenta das almas. Ninguém deveria olvidar-lhe os benefícios.



Quando a verdade brilhar, no caminho das criaturas, ver-se-á que obstáculos e sofrimentos não representam espantalho para os homens, mas sim quadros preciosos de lições sublimes que os aprendizes sinceros nunca podem esquecer.



Que seria da criança sem a experiência? Que será do espírito sem a necessidade?



Aflições, dificuldades e lutas são forças que compelem à dilatação de poder, ao alargamento de caminho.



É necessário que o homem, apesar das rajadas aparentemente destruidoras do destino, se conserve de pé, desassombrada mente, marchando firme ao encontro dos sagrados objetivos da vida.Nova luz lhe felicitará, então, a esfera íntima, conduzindo-o desde a terra, à gloriosa ressurreição no plano espiritual.



Escutemos as palavras de Paulo e vivamo-las! Ai daqueles que se deitarem sob a tempestade!


Os detritos projetados do monte pelas correntes do aguaceiro poderão sufocá-los, arrastando-os para o fundo do abismo.



Emmanuel

Do livro: Vinha de Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier


quarta-feira, 10 de abril de 2013


Campeonatos




Costumamos admirar as personalidades que se galardoam na Terra.
Tribunos vencem inibição e gaguez, em adestramento laborioso, aprimorando adição.


Poetas torturam versos, durante anos, transfigurando-se em estetas perfeitos, ajustando a emoção aos rigores da forma.


Pintores reconstituem os próprios traços, centenas de vezes, fixando, por fim, os coloridos da Natureza.


Atletas despendem tempo indeterminado, manejando bolas e raquetas ou submetendo-se a severos regimes, em matéria de alimentação e disciplina, para se garantirem nos galarins da evidência.


Todos eles são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas, à custa de longo esforço, e todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que se nos indica às vitórias , da alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem qualquer aplauso no mundo, embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual.


Aspira-se à libertação da impulsividade que nos arrasta aos flagelos da cólera e da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos regulamentos interiores.


Tribunos, poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido treinadores eméritos, mas, sem a consagração deles mesmos aos exercícios que lhes atribuíram eficiência, não passariam de aspirantes aos títulos que apresentam.


Assim também no campo do espírito.


Não adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e fé, unicamente desejando semelhantes aquisições.


Não ignoramos que, em certos episódios da vida, não remediaremos a dificuldade com atitudes meigas e que surgem lances, na estrada, nos quais o silêncio não é a diretriz ideal; não desconhecemos que, em determinadas circunstâncias, a caridade não deve ser vazada em moldes de frouxidão e que o sentimento não é feito de pedra para resistir, intocável, a todos os aguilhões do desejo...


Entretanto, se aplicarmos em nós as regras em cuja eficácia acreditamos, sofreando impulsos inferiores, cinco, duzentas, oitocentas, duas mil, dez mil ou cinqüenta mil vezes, praticando humildade e paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos do mundo íntimo, que somente nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o burilamento do Espírito, encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas mais diversas situações e nos mais variados problemas.


Tudo é questão de inicio e o êxito depende da localidade à consciência, porquanto exclusivamente aqueles que cultivam fidelidade à própria consciência é que se dispõem a prosseguir e perseverar.



Emmanuel



terça-feira, 9 de abril de 2013

Reencarnação: processo educativo

 

O século XX, que parecia ser o da imagem e do movimento para fora da Terra, tornou-se o do espírito e do movimento para o interior do próprio ser humano. Certamente que a percepção da reencarnação não é o fator que possibilitou tal movimento, mas ela é uma das condições que propiciam ao ser humano perceber-se nessa imensa complexidade que é sua própria natureza. A crescente necessidade de auto-explicar-se decorre da falência de suas próprias teorias a respeito de si mesmo. Qualquer paradigma inadequado gerará um desequilíbrio no sistema auto-regulador, que mantém o psiquismo humano. Essa desarmonia provoca um vazio a ser preenchido por algo que seja verdadeiro e pleno.



A reencarnação não é dogma ou crença à mercê de explicações pseudo-científicas. Não há o que temer quanto a sua investigação meticulosa e séria. Se for uma verdade (como de fato é) acabar-se-á revelando-se quando o ser humano tiver olhos de ver. Notáveis cientistas demonstraram sua realidade, da mesma forma que Galileu que, pela lógica irretorquível dos fatos, provou o sistema heliocêntrico.

Somos, e seremos por muito tempo, seres reencarnados a despeito dos dogmas religiosos que teimam em querer submeter a verdade às tradições equivocadas de sistemas ultrapassados.


Adenáuer Novaes

Do livro Reencarnação: processo educativo

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Conversa na Assistência



- É tudo inveja!...



Dona Bininha desabafava, exaltada, com a amiga Salete. Era colaboradora assídua da instituição beneficente. Trabalhava. Agia. Ajudava. Tinha, porém, o costume de falar o que não devia. Naquela oportunidade, estava magoada com uma das companheiras.


- Calma, Bininha – retrucava a amiga – Temos que ser tolerantes uns com os outros. Cada um tem a sua tarefa.


A conversa acontecia no galpão da assistência, onde ambas ocupavam um banco mais afastado. Dezenas de pessoas aguardavam auxílio. Crianças; velhos; mães com bebês no colo.


Dona Bininha, contudo, não se conformava e, fazendo uma careta, prosseguiu:
- Ninguém faz tanta caridade, quanto eu. E aquela invejosa, o que faz? Vive de pintura no rosto e vestido da moda. Conversa o tempo todo. Fica exibindo-se, acha que sabe tudo...

Nesse momento, Salete interrompeu-lhe o discurso ressentido e argumentou:
- Bininha, reconhecemos o valor de seu trabalho, presente em todos os setores de nossa instituição. Realmente você faz muita caridade, mas falta uma...



A colaboradora levantou-se de um salto. Colocou as mãos na cintura e, num tom de voz que misturava curiosidade e surpresa, perguntou, irritada:
- E qual é? – A amiga sorriu com bondade e respondeu, calmamente:

- É a caridade da língua!...



Hilário Silva