quinta-feira, 31 de março de 2016


Lembremo-nos
 
 
Aceitando a luz do Evangelho na consciência e no corarão somos, de imediato, promovidos a condição de cooperadores do Divino Pomicultor, no campo imenso da vida.
E cada criatura possui a gleba que lhe cabe cultivar.
É a família consanguínea a que nos ajustamos...
É a oficina de trabalho que nos aguarda o concurso...
E o santuário de fé religiosa onde a bênção do Mais Alto nos felicita...
 Nesses círculos de ação,,em que nossa existência atua nas existências alheias, podemos simbolizar as almas que nos partilham a luta como árvores vivas, de cuja produção somos de alguma sorte responsáveis no que tange à prestação de serviço que nos compete ofertar-lhes constantemente.
Assim considerando, não basta estejamos dispostos a manejar o machado na destruição caprichosa do vegetal que se tornou passível de nossa reprovação.
 E preciso examinar se, à maneira do Senhor, já fizemos o bem possível para analisar com segurança.
Antes de censurar a plantação que nos rodeia, reparemos o teor de nosso concurso à terra confiada ao nosso esforço.
Antes de golpear a árvore preguiçosa; atentemos para as necessidades que lhe caracterizam o desenvolvimento e a frutificação.
Muitos reclamam do tronco desamparado produtos incompatíveis com o abandono em que vive e muitos entregam frondes: e flores a vermes, raízes e a ervas sufocantes, esperando: inutilmente a colheita frustrada pela inércia a que se associam
 Recordando este símbolo, não movimente a pesada lâmina da crítica no ambiente em que a Bondade Divina te situou, sem antes considerar a qualidade de tua cooperação, junto daqueles que respiram contigo o ar em que te sustentas.
Recorda que se ninguém pode amaldiçoar a árvore que feneceu por falta de adubação e defesa, ninguém poderá igualmente exigir seara abundante e preciosa onde apenas se espalhou o escalracho da negligência.
Atende, enquanto é hoje, ao círculo de trabalho que te coube no imenso pomar da vida e guarda a certeza de que do teu suor e do teu carinho na lavoura do Eterno Bem, nascerá, em teu favor, o celeiro de alegria e vitória com que te enriquecerás no Abençoado Amanhã.
 
 
Renunciação
 
 
Abandonar pai e mãe, a fim de nos confiarmos à perfeita integração com o Cristo, não será, de modo algum, a negação de nossos deveres domésticos, o esquecimento do nosso débito para com os progenitores e nem o deliberado abandono das nossas obrigações em família, para nos entregarmos ao desvario da delinqüência.
A verdadeira renúncia não é desistência da luta edificante e, sim, o trabalho silencioso no auxílio àqueles que nos propomos auxiliar ou salvar.
Quem renuncia com Jesus não se ausenta da paisagem de serviço onde a vida lhe impõe dificuldades amargas e problemas difíceis, mas permanece fiel ao Mestre, no quadro de provações em que lhe cabe exercitar a humildade e a paciência, aprendendo a apagar-se na esfera do próprio "eu" para o justo soerguimento daqueles que o cercam.
Quem sinceramente abandona os pontos de vista inferiores, desvencilhando-se das pesadas algemas do egoísmo inquietante, sob a inspiração do Evangelho, guarda os ensinamentos recebidos e auxilia aos parentes e amigos, afeiçoados e conhecidos, com desvelo e segurança.
O Apóstolo, aliás, nos adverte: "Se não sabemos amar ao irmão que se encontra mais próximo de nós, como poderemos amar a Deus que se encontra distante?"
Se não amparamos ao companheiro que vemos, como conseguiremos auxiliar aos anjos que ainda não podemos ver?
Em matéria de renunciação não nos esqueçamos do exemplo do Senhor. Vilipendiado, escarnecido, dilacerado e crucificado, Jesus renuncia ao contentamento de permanecer em seu Divino Apostolado na Galiléia, aceitando o extremo sacrifício, mas, ao terceiro dia, depois do transe da morte, sob a Eterna Claridade da Ressurreição, ei-lo que volta aos beneficiários indiferentes e aos discípulos enfraquecidos, revelando a qualidade do seu Amor Excelso e Sublime pela Humanidade inteira.
Abandonar os que convivem conosco, portanto, por amor ao Evangelho, é calar os pruridos de nossa personalidade exclusivista e gritante, para ser-lhes mais úteis, no anonimato da compreensão e da caridade.
Para seguirmos ao Cristo não basta esquecer o mal e sim plantar sobre a ignorância e sobre a penúria que o produzem, a lavoura divina do verdadeiro bem.
 
 
EMMANUEL, do livro PERANTE JESUS, psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

quarta-feira, 30 de março de 2016


Questão  de  Valor

 

 

Ninguém pode alegar insignificância ou desvalia para fugir aos deveres que lhe compete na obra de elevação do mundo.


A pedra quase impermeável serve aos alicerces.

 
A areia áspera é valioso elemento na construção.

O remédio amargo é instrumento da cura.

 
O mal de agora pode ser simplesmente um véu de sombra ocultando o bem de amanhã.

 

Há pessoas que se confessam inaptas ou imperfeitas para qualquer serviço do Evangelho, entretanto, apenas se esquecem de que a direção entre os filhos da fé, não pertence à vontade humana.

 

O bloco de mármore perdido no matagal é simples calhau sem valor, mas nas mãos do artista é a fonte de que sairá a obra-prima.

 

Uma enxada ao abandono é traste inútil, mas nos braços do bom lavrador é precioso instrumento do nosso pão.

 

O pântano em si é pestilência e ruína, mas se recebe a assistência do pomicultor dá lugar à vegetais que nos enriquecem a vida.

 

Um fio de cobre perdido na via pública é resíduo destinado à lata de lixo, mas se for ligado entre a usina e a lâmpada é o condutor imponente da luz e da energia que sustenta o progresso.

 

Se contarmos exclusivamente conosco, na realidade, somos meros átomos pensantes, mas se aceitarmos a direção de Jesus para a nossa vida, a nossa experiência será indubitavelmente rica de benção do Divino Mestre.

 

Pelo nosso passado, somos simples sombras, mas se o nosso presente procura imantar-se com o Cristo, nossa bússola indicará os horizontes da verdadeira luz em nosso favor.

 

Não te consideres tão-somente pelo que és. Vejamo-nos em companhia de Cristo para que o Cristo esteja em nós.

O zero á esquerda do número será sempre nada, mas á direita do algarismo é valor substancial, em ascensão crescente para o infinito.

 

Lembremo-nos de que Jesus é a Divina Unidade e situemos nossa existência à direita do Nosso Senhor Mestre.

 

 Emmanuel

 

Do livro Servidores no Além

 

terça-feira, 29 de março de 2016


Em Nós Mesmos

A dificuldade nasce do campo de nós mesmos.


Aqui, na Vida Espiritual, consideramos como sendo dos obstáculos mais duros de superar aquele que procede de nossa própria incompreensão à frente da vida.


Surgem diante de nós as nuvens pequeninas, insufladas aos nossos corações por inteligências desencarnadas que ainda não se compadecem com os nossos anseios de ajustamento ao Evangelho do Senhor, e nós, que nos mantínhamos firmes, acima de todos os assaltos, trememos em nós próprios, amedrontados e irritadiços...


A hora é de calma e reflexão, de modo a reconsiderarmos atitudes e caminhos.


Irmanemo-nos.

Diante do Senhor, nossos corações estão fundidos num só coração.


Nossas almas, por estranho pareça, habitam um corpo só - a obra! E a nossa colaboração na Obra de Jesus constitui o nosso próprio retrato endereçado ao futuro.


Esqueçamos as pequeninas desinteligências que nos assediam por todos os lados, da parte daqueles que ainda não nos apoiam os desejos de redenção e progresso.


Confiemo-nos uns aos outros.


Não permitamos que a insegurança nos ameace.


Guardemos serenidade no amor que nos reúne uns aos outros.


Paz íntima, paz por dentro.

Batuira

segunda-feira, 28 de março de 2016


ORAÇÃO
 
Senhor da Vida,

Abençoa-nos o propósito

De penetrar o caminho da Luz!...

 

Somos Teus filhos,

Ainda escravos de círculos restritos,

Mas a sede do Infinito

Dilacera-nos os véus do ser.

 

Herdeiros da imortalidade,

Buscamos-Te as fontes eternas

Esperando, confiantes, em Tua misericórdia.

 

De nós mesmos, Senhor, nada podemos.

Sem Ti, somos frondes decepadas

Que o fogo da experiência

Tortura ou transforma...

 

Unidos, no entanto, ao Teu Amor,

Somos condicionadores gloriosos

De Tua Criação interminável.

 

Somos alguns milhares

Neste campo terrestre;

E, antes de tudo,

Louvamos-Te a grandeza

Que não nos oprime a pequenez...

 

Dilata-nos a percepção diante da vida,

Abre-nos os olhos

Enevoados pelo sono da ilusão

Para que divisemos Tua glória sem fim!...

Desperta-nos docemente o ouvido,

A fim de percebermos o cântico

De tua sublime eternidade.

Abençoa as sementes de sabedoria

Que os teus mensageiros esparziram

No campo de nossas almas;

Fecunda-nos o solo interior,

Para que os divinos germens não pereçam.

 

Sabemos, Pai,

Que o suor do trabalho

E a lágrima da redenção

Constituem adubo generoso

À floração de nossas sementeiras;

Todavia,

Sem Tua bênção,

O suor elanguesce

E a lágrima desespera...

Sem Tua mão compassiva,

Os vermes das paixões

E as tempestades de nossos vícios

Podem arruinar-nos a lavoura incipiente.

 

Acorda-nos, Senhor da Vida,

Para a luz das oportunidades presentes;

Para que os atritos da luta não as inutilizem,

Guia-nos os pés para o supremo bem;

Reveste-nos o coração

Com a Tua serenidade paternal,

Robustecendo-nos a resistência!

Poderoso Senhor,

Ampara-nos a fragilidade,

Corrige-nos os erros,

Esclarece-nos a ignorância,

Acolhe-nos em Teu amoroso regaço.

 

Cumpram-se, Pai Amado,

Os Teus desígnios soberanos,

Agora e sempre.

Assim seja.

 

 EUSEBIO

Francisco Cândido Xavier - No Mundo Maior - pelo Espírito André Luiz

 

“O trabalho salvacionista não é exclusividade da religião: constitui ministério comum a todos, porque dia virá em que o homem há de reconhecer a Divina Presença em toda a parte. A realização que nos compete não se filia ao particularismo: é obra genérica para a coletividade, esforço do servidor honesto e sincero, interessado no bem de todos.” ANDRÉ LUIZ

domingo, 27 de março de 2016

Seja voluntário

Cairbar Schutel





Seja voluntário na evangelização infantil.
Não aguarde convite para contribuir em favor da Boa Nova no coração das crianças. Auxilie a plantação do futuro.

Seja voluntário no Culto do Evangelho.
Não espere a participação de todos os companheiros do lar para iniciá-lo. Se preciso, faça-o sozinho.
Seja voluntário no templo espírita.Não aguarde ser eleito diretor para cooperar. Colabore sem impor condições, em algum setor, hoje mesmo.
Seja voluntário no estudo edificante.
Não espere que os outros lhe chamem a atenção. Estude por conta própria.
Seja voluntário na mediunidade.
Não aguarde o desenvolvimento mediúnico, sistematicamente sentado à mesa de sessões. Procure a convivência dos Espíritos Superiores, amparando os infelizes.
Seja voluntário na assistência social.
Não espere que lhe venham puxar o paletó, rogando auxílio.
Busque os irmãos necessitados e ajude como puder.
Seja voluntário na propaganda libertadora.
Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já, livros e publicações doutrinárias.
Seja voluntário na imprensa espírita.
Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades.
Sim, meu amigo. Não se sinta realizado.
Cultive espontaneidade nas tarefas do bem.
“A sementeira, é grande e os trabalhadores são poucos.”
Vivemos os tempos da renovação fundamental.
Atravessemos, portanto, em serviço, o limiar da Era do Espírito!
Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras do Espiritismo.

Há mobilização de todos.
Cada qual pode servir a seu modo.
Aliste-se enquanto você se encontra válido.
Assuma iniciativa própria.
Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e sirva sem descansar.
Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de tenebrosos labirintos do umbral.

Seja voluntário na Seara de Jesus, Nosso Mestre e Senhor!

Cap. XX – Item 4

sábado, 26 de março de 2016


Linhas de Evolução

"Caridade e humildade, tal a senda única da salvação."


(Alan Kardec. E.S.E. Cap.XV. Item 5.)



Observando os companheiros a quem você deseja ajudar, seja breve na exposição e demorado no socorro.

 
Sem o suor do exemplo, os mais belos comentários perdem a legitimidade.

 
Utilize-se do poço do caminho, sem lhe tisnar a limpidez das águas. Mais tarde você poderá necessitar dele novamente.

 
Seu vestuário desvela para os outros suas íntimas inclinações. Use a roupa, sem a ela escravizar-se.

 
Mantenha a higiene de seu corpo para preservar a saúde. No entanto, viver excessivamente preocupado com a limpeza é sintoma de desequilíbrio.
Cobiçando o melhor de cada dia, viva cada minuto nobremente, como se fosse o último a que você tivesse direito. O depois começa agora.
Pare para refletir, não obstante sabendo refletir para não parar. Quem avança, sem estacionar, pára sem forças para avançar.
Planifique, antes de agir, e demonstrará respeito pelo serviço. Evite, porém, planificar assoberbado de preocupações, pois que assim você jamais realizará algo.

 
Se você acredita em felicidade vivendo a sós, disponha-se para inquietantes aflições. A gota de orvalho no deserto reflete a glória de longínqua estrela, mas não dá vitalidade à terra onde se aquieta e consome, sem ajudar.


Em todas as conjunturas de sua vida, recorde-se da caridade, primeiro, e da humildade, logo depois.


"Caridade e humildade, tal a senda única da salvação."

Marco Prisco

sexta-feira, 25 de março de 2016


Em tarefa espírita



Abraçando na Doutrina Espírita o clima da própria fé, lembra-te de Jesus, à frente do povo a que se propunha servir.
Não se localiza o Divino Mestre em tribuna garantida por assessores plenamente identificados com os seus princípios.
Ele é alguém que caminha diante da multidão.
Chama açoitada pela ventania das circunstâncias adversas...
Árvore sublime batida pelas varas da exigência incessante...
Ninguém o vê rodeado de colaboradores completos, mas de problemas a resolver.
E, renteando com os doentes e aflitos que lhe solicitam apoio, todas as personalidades que lhe cruzam a senda representam atitudes diversas, reclamando-lhe paciência.
João Batista duvida.
Natanael questiona.
Nicodemos indaga.
Zaqueu observa.
Caifás conspira.
Judas deserta.
Pedro nega.
Pilatos finge.
Antipas escarnece.
Tomé desconfia.
Apesar de tudo, Ele passa, sozinho e imperturbável, como sendo o amor não-amado, ensinando e ajudando sempre.
*
Assim também, na instituição em que transitas, encontrarás em quase todos os companheiros oportunidades de aprender ou de auxiliar.
A cada passo, encontrarás os que te pedem amparo...
Os que te rogam alívio...
Os que te suplicam consolo...
Os que esperam entendimento...
Não te faltarão, contudo, igualmente, os que te desafiam a calma...
Os que te zombem dos ideais...
Os que te complicam as horas...
Os que te criam dificuldades...
Os que te ferem o coração...
Entretanto, se conheces o caminho exato, é preciso ajudes aos que se transviam; se te equilibras, é preciso socorras os que se perturbam; se te manténs firme, é preciso sustentar os que caem, e, se já entesouraste leve migalha de luz, é preciso auxilies os que se debatem nas trevas.
Desse modo, não te faças distraído quanto à orientação que nos é comum, porquanto o espírita verdadeiro, diante do mal, é invariavelmente chamado a fazer o bem.
 
Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.

quinta-feira, 24 de março de 2016


Século XX

 

 

Século XX. Entardece.

Fim do milênio segundo.

Jesus tutelando o mundo,

Hora de paz e de prece.

 

Conflito, inveja, rancor,

De nada valem na terra,

E o ódio que faz a guerra,

Só se desfaz pelo amor.

 

Desde milênios distantes

Assírios, gregos, romanos,

Formavam grupos insanos,

Ostentando o orgulho vão...

Viviam de luta armada,

Foice, forca, pedra, espada,

Terror e devastação.

 

Nesse clima belicoso,

Entre nós, brilha Jesus...

Mas a guerra do poder,

Pela astúcia e pelo mando,

Deu-lhe num gesto nefando,

Martírio e morte na cruz!...

Depois da angústia do Cristo,

 

A guerra vai aos cristãos,

Que morrem, dando-se as mãos,

Na arena de horror e fel.

Temos depois as cruzadas,

Com matanças nas estradas,

Domina o gládio cruel.

 

No entanto, os povos do tempo

Estavam todos cansados

De tantas guerras... Pediam

Nas sombras da Idade Média

Termo a qualquer desavença.

Surge, então, a Renascença,

Por elevada esperança,

Mas a guerra ressurgiu

Nos movimentos da França.

 

Século XX.. Anoitece.

Ouço dele estranhas vozes,

O nosso século XX

E' daqueles mais ferozes!...

 

Espíritas, companheiros,

Recordai a trilogia

União, serviço e amor,

Nas lutas de cada dia.

Resguardai com zelo e fé

Nossa doutrina de luz!...

Ante a treva mais espessa,

Que nenhum de nós se esqueça

Da rota para Jesus!...

Castro Alves

São Paulo, 7 de outubro de 1992