quinta-feira, 31 de dezembro de 2015


Confraternizemo-nos!

 

 

Reunidos a serviço da Verdade e do Bem com o Cristo, não nos esqueçamos de que, se permanecemos à frente dos homens que necessitam do Espiritismo, colaboramos com o Espiritismo que não prescinde dos homens.

Efetivamente, é indispensável começar a jornada de elevação, acender a primeira luz e guardar a bênção do início. Entretanto, urge evitar a demora nas estações de trabalho incompleto.

A mera procura da Verdade organiza somente investigadores.

A exclusiva busca de benefícios perpetua a caçada ao menor esforço.

Estabelecer, simplesmente, o intercâmbio mediúnico, entre encarnados e desencarnados, com todos os aparatos de identificação, pode restringir-se à tarefa informativa.

Provar a sobrevivência individual, após a morte, sem criar incentivo à Espiritualidade Superior, é apenas a descoberta de campos novos com ausência de estímulo ao progresso e à edificação.

Fomentar o conforto sem apelos à responsabilidade é cristalizar o personalismo inferior e anestesiar as forças de acesso à Consciência Divina.

Distribuir mensagens consoladoras, por simples entusiasmo da crença, distante do roteiro que oferecemos a outrem, será atender, em caráter exclusivo, a pura convenção postal entre dois mundos.

Orar, sem o sincero propósito de transformação para o Bem, é pretender a fabricação de instrumento providencial malhando em bigorna d'água.

Solicitar diretrizes do Plano Elevado, esperando que os Desígnios Divinos se adaptem aos nossos caprichos, é loucura do coração.

Doutrinar os outros, desordenadamente, é baratear a Inspiração Celeste.

Exigir a reforma alheia, de alma recolhida a macia poltrona das ilusões que assinalam a Vida Física, é tirania espiritual.

Em suma, pesquisar a Luz e a Verdade, cooperar nas obras do bem e do esclarecimento constituem serviços abençoados que o Espiritismo nos presta; todavia, o aperfeiçoamento de nós mesmos é o serviço fundamental que podemos prestar-lhe, de modo a servi-lo, diante dos homens confundidos na atualidade de sofrimentos e incertezas, desesperos e incompreensão.

Para atingir o sagrado objetivo, é necessário viver com o Mestre as inolvidáveis lições de seu Evangelho de amor e paz, de sacrifício e conversão.

Allan Kardec é o Missionário Sublime, que revela e prepara.

Jesus é o Mestre Supremo, que renova e ilumina.

Com o Apóstolo, temos as portas abertas; com o Senhor, recebemos o ministério da realização.

Do Cooperador Devotado, adquirimos o conhecimento em função da época; do Cristo Soberano, recebemos a luz imperecível para a Eternidade.

Amemo-nos uns aos outros.

Instruamo-nos e auxiliemo-nos reciprocamente.

Confraternizemo-nos para enriquecer a Vida.

Revelação divina, sem renovação humana, é Luz sem espaço, como o Espiritismo humano, sem espiritualidade divina, é espaço sem Luz.

Afeiçoemo-nos ao Cristo, sentindo-lhe as lições e vivendo-as, convictos de que não haverá melhor mundo sem homens melhores.


EMMANUEL


Do livro "PERANTE JESUS", FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015


Vida e triunfo
 
 
Quem disse, coração, que a prova te agrilhoa?
Que não tens condições para fazer o bem?
Olha a terra em que estás, maravilhosa e boa,
Sustentando e brunindo a força que a mantém!...
 
A árvore entrega ao vento as próprias folhas mortas,
O rio lança ao mar os detritos do mundo.
Muitas vezes, a flor com que te reconfortas
Vem de semente ao léu, no pântano profundo...
 
Verte o ouro aos filões ocultos no cascalho.
O brilhante mais puro foi carvão.
Sob o trator, a gleba é um cântico do trabalho,
Acalentando, humilde, a luz da evolução.
 
Não te digas inútil, nem te rales
Em assuntos hostis de azedume e tristeza;
Segue, deixando ao longe amarguras e males,
A estrada é um festival de esplendor e beleza!...
 
Nada se perde. A dor é o berço da alegria,
O gelo unicamente é ausência de calor,
Tudo o que foge à lei, de novo, se inicia,
Tudo a vida refaz nas gradações do amor.
 
Ampara, ama, abençoa!... Agindo e crendo, avança!...
A Caridade irmana, o Bem constrói a paz!...
Deus te envia ao caminho as asas da esperança,
Esquece-te a servir, confia e vencerás!...
 
Maria Dolores
 Do livro Paz e Libertação, psicografia de Chico Xavier

terça-feira, 29 de dezembro de 2015


Compreensão

 

Compreensão que se exprima, através de tolerância e bondade incessantes, na sadia convicção de que auxiliando aos outros é que poderemos encontrar o auxílio indispensável à segurança de nossa marcha.

A bondade Infinita de Criador ou daqueles que O representam nos afaga e desculpa sempre, entretanto, nossa consciência jamais nos perdoa.

Sem a humildade não há progresso possível.

Todo o trabalho humano – serviço nosso na obra do Cristo – não pode apresentar características de perfeição absoluta.

O Mestre, porém, aceita-nos a boa vontade no esforço da cooperação sincera e estende-nos mão forte, sempre que a perseverança na Luz e no Bem vibre em nossas atitudes.

Continuemos, desse modo, atentos aos nossos deveres.

Indispensável acordar vossas energias interiores com Cristo que nos renova a ser, marchando ao encontro da Vida Maior.

Quem te enviou ao trabalho da Terra está observando o teu esforço.

A vida é um cântico em todos os lugares.

Cada ser é uma nota da Sinfonia Universal.

Não firas a harmonia com a maldade ou com o lamento.

Do livro "CAMINHO ILUMINADO". Emmanuel  psicografia de CHICO XAVIER,

 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015


Defenda-nos

 

 

Ante as forças da sombra que, porventura, te ameacem o coração, acalma-te e espera...

Se a serpente da inveja te envenena a alegria, recorda que a criatura invejada, muita vez, carreia consigo dolorosas chagas de angústia sob o manto enganoso das aparências.

Se o dragão do ciúme te espreita os passos, não olvides que todos os nossos afetos pertencem a Deus, Nosso Pai, que no-los empresta, a fim de que, através do desenvolvimento e da renúncia, venhamos a adquirir o verdadeiro amor para a eternidade.

Se a gralha do orgulho te grita mentiras ao pensamento, impelindo-te à evidência indébita, entre aqueles que te rodeiam, não te esqueças de que o tempo tudo renovará, preservando-te unicamente os valores imarcescíveis do espírito.

Se o leão invisível da cólera te absorve a emotividade, obscurecendo-te o raciocínio, certifica-te de que um minuto de desespero pode arrojar-te a muitos séculos de criminalidade e loucura.

Se as larvas da preguiça te invadem a cabeça e te imobilizam as mãos, convence-te de que um dia de inércia no bem é ganho indiscutível para o mal que nos cerca e que responderemos, em todo tempo, na Contabilidade Celeste pelo descaso das horas perdidas.

A cada instante, a mudança nos espia a existência, através de mil modos.

Guardemo-nos no serviço incessante do amor puro e simples, compreendendo que tão-só construindo a felicidade para os outros é que alcançaremos a nossa felicidade. E, buscando acender a luz divina em nós mesmos é que nos retiraremos, em definitivo, do largo desfiladeiro da ilusão e do desencanto, da culpa e do resgate, do desequilíbrio e da morte.
 
Emmanuel

domingo, 27 de dezembro de 2015


O Mundo e o Mal
"Não peço que os tire do mundo, mas que os livres do mal." Jesus - (JOÃO, 17:15.)



Nos centros religiosos, há sempre grande número de pessoas preocupadas com a idéia da morte. Muitos companheiros não crêem na paz, nem no amor, senão em planos diferentes da Terra. A maioria aguarda situações imaginárias e injustificáveis para quem nunca levou em linha de conta o esforço próprio.


O anseio de morrer para ser feliz é enfermidade do espírito.

Orando ao Pai pelos discípulos, Jesus rogou para que não fossem retirados do mundo, e, sim, libertos do mal.


O mal, portanto, não é essencialmente do mundo, mas das criaturas que os habitam.


A Terra, em si, sempre foi boa. De sua lama brotam lírios de delicado aroma, sua natureza maternal é repositório de maravilhosos milagres que se repetem todos os dias.


De nada vale partirmos do planeta, quando nossos males não foram exterminados convenientemente. Em tais circunstâncias, assemelhamo-nos aos portadores humanos das chamadas moléstias incuráveis. Podemos trocar de residência; todavia, a mudança é quase nada se as feridas nos acompanham. Faz-se preciso, pois, embelezar o mundo e aprimorá-lo, combatendo o mal que está em nós.
Emmanuel

sábado, 26 de dezembro de 2015


Vingança

Emmanuel

 

Vinga-te da ignorância, instruindo-a sem alarde e sem pretensão.

Retribui ao que te persegue com a prece do amor que compreende e auxilia sempre.

 

Responde ao mal com o bem.

Vinga-te das trevas, acendendo a verdadeira luz.

 

Retribui a maldição com a benção.

Responde à preguiça com o trabalho.

 

Auxilia ao que te prejudica.

Ampara ao que te abandona.

 

Lembra-te com bondade daqueles que te esqueceram.

Auxilia aos teus adversários.

 

Socorre aos que te ferem e caluniam.

Estende mãos amigas aos que te dilaceram.

 

O bom lavrador vinga-se da terra seca, adubando-a para que produza.

 

Jesus mostrou ao mundo o tipo de esforço ideal que realmente garante o amor que regenera sem ruído.

 

Retribui à inquietação dos carrascos com a generosidade do silêncio.

 

Responde à violência dos crucificadores com a graça de perdão.

 

Por abandonado e esquecido pelos discípulos mais amados, não se esquece deles, nosso Divino Mestre, e regressa do túmulo em gloriosa ressurreição, não para reclamações e lamentos, mas, sim para auxiliá-los, na redenção do mundo, até o fim dos séculos...

 

Se algum propósito de vingança te penetra o espírito, nas ocasiões escuras da Terra, comparece com ele à presença do Senhor, através da oração e Jesus te ensinará a praticar, em teu próprio benefício, a silenciosa e celeste reposta do amor.

 

Livro Doutrina e Aplicação, psicografia de Chico Xavier

 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015


Riqueza e Ação

 

Todas as oportunidades de estudo e progresso, aprimoramento e educação, constituem talentos que o Senhor nos empresta, a fim de que possamos com ele colaborar na extensão da Obra Divina.

Em razão disso, a riqueza não é somente o depósito bancário ou a bolsa repleta.

Riqueza é também a saúde que produz reconforto e o pensamento equilibrado a exprimir-se em bênção de segurança.

Riqueza é mão que trabalha e a inteligência que raciocina.

Por isso mesmo, ninguém é tão pobre que não possa algo fazer na rota do bem comum.

Assim considerada, a riqueza no mundo é qual o sangue no copo.

Ergue-se a máquina fisiológica, em todo o seu conjunto soberbo de peças, à base do líquido sangüíneo que circula, generoso e incessante.

Tudo nesse universo de células microscópicas é atividade infatigável, para que a vida se expresse divina e soberana.

A parada intempestiva ou o empobrecimento do sangue carreiam a morte.

Em nossa condição de ricos do dinheiro ou da habilidade, de coragem ou esperança, equilíbrio ou conhecimento, é indispensável nos devotemos ao serviço da elevação e da felicidade de todos os que nos cercam, de vez que a preguiça, irmã gêmea da sovinice, é, em verdade, a fonte da ignorância que traz consigo, em tudo, as chagas da penúria e os tormentos do mal.

Emmanuel

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


JESUS PARA O HOMEM.

Espírito: EMMANUEL.

E achado em forma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte de cruz”.  - PAULO (Fillipenses, 2:8).

 

O Mestre desceu para servir.

Do esplendor à escuridão...

Da alvorada eterna à noite plena...

Das estrelas à manjedoura...

Do infinito à limitação...

Da glória à carpintaria...

Da grandeza à abnegação...

Da divindade dos anjos à miséria dos homens...

Da companhia de gênios sublimes à convivência dos pecadores...

De governador do mundo a servo de todos...

De credor magnânimo a escravo...

De benfeitor a perseguido...

De salvador a desamparado...

De emissário do amor à vítima do ódio...

De redentor dos séculos a prisioneiro das sombras...

De celeste pastor à ovelha oprimida...

De poderoso trono à cruz do martírio...

Do verbo santificante ao angustiado silêncio...

De advogado das criaturas a réu sem defesa...

Dos braços dos amigos ao contato de ladrões...

De doador da vida eterna a sentenciado no vale da morte...

Humilhou-se e apagou-se para que o homem se eleve e brilhe para sempre!

Oh! Senhor, que não fizeste por nós, a fim de aprendermos o caminho da Gloriosa Ressurreição no Reino?

 

FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIÙNICA DO NATAL –

Psicografia: Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015


O CAMINHO MAIS CURTO
 
 
O estudante de religiões apresentou-se ao professor cristão e indagou:
 
- Instrutor, o mundo está repleto de crenças, todas elas com ensinamentos belos e dignos. Não crê o senhor que todas elas conduzem a Deus?
 
O orientador refletiu por momentos e esclareceu:
 
- Sim, compreendo. Todas as religiões que veneram o Santo Nome e praticam o amor ao próximo são estradas que nos levam a Deus, mas a religião que Jesus nos ensinou é o caminho mais curto.
 
Emmanuel, do livro Momentos de Paz, psicografia de Chico Xavier.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015


A Oração do Justo

"A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" - TIAGO, 5:16.



Considerando as ondas do desejo, em sua força vital, todo impulso e todo anseio constituem também orações que partem da Natureza.


O verme que se arrasta com dificuldade, no fundo está rogando recursos de locomoção mais fácil.


A loba, acariciando o filhotinho, no imo do ser permanece implorando lições de amor que lhe modifiquem a expressão selvagem.


O homem primitivo, adorando o trovão, nos recessos d'alma pede explicações da Divindade, de maneira a educar os impulsos da fé.


Todas as necessidades do mundo, traduzidas no esforço dos seres viventes, valem por súplicas das criaturas ao Criador e Pai.


Por isto mesmo, se o desejo do homem bom é mais uma prece, o propósito do homem mau ou desequilibrado é também uma rogativa.


Ainda aqui, porém, temos a lei da densidade específica.


Atira uma pedra ao vizinho e o projétil será imediatamente atraído para baixo. Deixa cair algumas gotas de perfume sobre a fronte de teu irmão e o aroma se espalhará na atmosfera.


Liberta uma serpente e ela procurará uma toca.


Solta uma andorinha e ela buscará a altura.


Minerais, vegetais, animais e almas humanas estão pedindo habitualmente, e a Providência Divina através da Natureza, vive sempre respondendo.


Há processos de solução demorada e respostas que levam séculos para descerem dos Céus à Terra.


Mas de todas as orações que se elevam para o Alto, o apóstolo destaca a do homem justo como sendo revestida de intenso poder.


É que a consciência reta, no ajustamento à Lei, já conquistou amizades e intercessões numerosas.


Quem ajunta amigos, amontoa amor. Quem amontoa amor, acumula poder.


Aprende, assim, a agir com justeza e bondade e teus rogos subirão sem entraves, amparados pelos veículos da simpatia e da gratidão, porque o justo, em verdade, onde estiver, é sempre um cooperador de Deus.

Emmanuel

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015


A FICHA

João Mateus, distinto pregador do Evangelho na seara espírita, na noite em que atingiu meio século de idade no corpo físico, depois de orar enternecidamente com os amigos, foi deitar-se.

Sonhou que alcançava as portas da Vida Espiritual, e, deslumbrado com a leveza de que se via possuído, intentava alçar-se para melhor desfrutar a excelsitude do Paraíso, quando um funcionário da Passagem Celeste se aproximou, a lembrar-lhe, solícito:

- João, para evitar qualquer surpresa desagradável no avanço, convém uma visita de olhos em sua ficha...

E o viajante recebeu primoroso documento, em cuja face leu espantadiço:

-João Mateus.
-Renascimento na Terra em 1904.
-Berço manso.
-Pais carinhosos e amigos.
-Inteligência preciosa.
-Cérebro claro.
-Instrução digna.
-Bons livros.
-Juventude folgada.
-Boa saúde.
-Invejável noção de conforto.
-Sono calmo.
-Excelente apetite.
-Seguro abrigo doméstico.
-Constante proteção espiritual.
-Nunca sofreu acidentes de importância.
-Aos 20 anos de idade, empregou-se no comércio.
-Casou-se aos 25, em regime de escravização da mulher.
-Católico romano até os 26.
-Presenciou, sem maior atenção, 672 missas.
-Aos 27 de idade, transferiu-se para as fileiras espíritas.
-Compareceu a 2.195 sessões de Espiritismo, sob a invocação de Jesus.
-Realizou 1.602 palestras e pregações doutrinárias.
- Escreve cartas e páginas comoventes.
-Notável narrador.
-Polemista cauteloso.
-Quatro filhos.
-Boa mesa em casa.
-Não encontra tempo para auxiliar os filhos na procura do Cristo.
-Efetuou 106 viagens de repouso e distração.
-Grande intolerância para com os vizinhos.

-Refratário a qualquer mudança de hábitos para a prestação de serviço aos outros.

-Nunca percebe se ofende o próximo, através da sua conduta, mas revela extrema suscetibilidade ante a conduta alheia.

-Relaciona-se tão-somente com amigos do mesmo nível.

-Sofre horror às complicações da vida social, embora destaque incessantemente o imperativo da fraternidade entre os homens.

-Sabe defender-se com esmero em qualquer problema difícil.

-Além dos recursos naturais que lhe renderam respeitável posição e expressivo reconforto doméstico, sob o constante amparo de Jesus, através de múltiplos mensageiros, conserva bens imóveis no valor de Cr$ 600.000,00 e guarda em conta de lucro particular a importância de Cr$ 302.000,00.

-Para Jesus, que o procurou na pessoa de mendigos, de necessitados e doentes, deu durante toda vida 90 centavos.

-Para cooperar no apostolado do Cristo, já ofereceu 12 cruzeiros em obras de assistência social.

-Débito.............................................................

Quando ia ler o item referente às próprias dívidas, fortemente impressionado, João acordou.

Era manhãzinha...

À noite, bem humorado, reuniu-se aos companheiros, relatando-lhes a ocorrência.

Estava transtornado, dizia. O sonho o modificara-lhe o modo de pensar. Consagrar-se-ia doravante a trabalho mais vivo no movimento espírita. Pretendia renovar-se por dentro, reuniria agora palavra e ação.

Para isso, achava-se disposto a colaborar substancialmente na construção de um lar destinado à recuperação de crianças desabrigadas que, desde muito, desejava socorrer.

A experiência daquela noite inesquecível era, decerto, um aviso precioso. E, sorridente, despediu-se dos irmãos de ideal, solicitando-lhes novo reencontro para o dia seguinte.

Esperava assentar as bases da obra que se propunha levar efeito.
Contudo, na noite imediata, quando os amigos lhe bateram à porta, vitimado por um acidente das coronárias, João Mateus estava morto.


Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier.

domingo, 20 de dezembro de 2015



 

 

Tudo na Terra subsiste por atos sucessivos e inevitáveis de fé.

O verme confia no Sol que ele não entende e fecunda o solo em que se refugia.

A gleba confia no verme que não pode realmente definir e habilita-se aos tesouros da sementeira.

O homem do campo aplica-se à lavoura, contando com os favores climatéricos que ainda não pode governar com segurança e o tempo lhe responde ao suor com a bênção da colheita.

O artífice devota-se ao burilamento dos metais, confiando nas leis que lhes presidem a estrutura e, aproveitando os recursos da natureza que mal conhece plasma em beneficio da civilização, a utilidade e a obra-prima.

Todas as operações da existência humana, por mínimas se mostrem, baseiam-se em atitudes de fé, sem as quais, toda a vida sofreria perturbação.

O homem confia no estômago que não vê e alimenta-se, garantindo a si próprio a saúde e a robustez; confia no motor cuja capacidade não lhe e de todo perceptível e movimenta-se com exato na solução de problemas imediatos; confia no laboratório que lhe fabrica o comprimido balsâmico e alivia a dor que lhe assalta o mundo físico.

Acima de tudo, para armar-se da experiência, confia em legisladores que, às vezes, nunca viu e desfruta a estabilidade social em decretos que jamais soletrou.

A pretexto de não conseguires superar, de improviso, as barreiras vibratórias que, por enquanto, te separam o entendimento das realidades imarcescíveis da alma, não te admitas sem fé na Providência Divina.

Qual acontece ao lavrador que planta e colhe em benefício de todos, cultiva o bem onde estiveres e como puderes, hoje e sempre, com segura fé na Justiça Indefectível, porque das sementes felizes ou infelizes que a criatura estiver lançando ao campo da vida, dessas mesmas sementes nascerá o fruto doce ou amargo que ela própria colherá.

 

Simplifiquemos...

 

Vemos jovens, tão engodados pelas seduções da carne moça, que mais se assemelham a flores envenenadas e velhos tão absurdamente entregues à lamentação e à tristeza que mais se parecem espinheiros de sofrimento, quando a uns e outros pede a existência testemunhos de compreensão e atividade, educação e serviço.
 
Emmanuel, do livro Perante Jesus, psicografia de Chico Xavier .

 

sábado, 19 de dezembro de 2015


 

Renunciação

 

 

Abandonar pai e mãe, a fim de nos confiarmos à perfeita integração com o Cristo, não será, de modo algum, a negação de nossos deveres domésticos, o esquecimento do nosso débito para com os progenitores e nem o deliberado abandono das nossas obrigações em família, para nos entregarmos ao desvario da delinquência.

A verdadeira renúncia não é desistência da luta edificante e, sim, o trabalho silencioso no auxílio àqueles que nos propomos auxiliar ou salvar.

Quem renuncia com Jesus não se ausenta da paisagem de serviço onde a vida lhe impõe dificuldades amargas e problemas difíceis, mas permanece fiel ao Mestre, no quadro de provações em que lhe cabe exercitar a humildade e a paciência, aprendendo a apagar-se na esfera do próprio "eu" para o justo soerguimento daqueles que o cercam.

Quem sinceramente abandona os pontos de vista inferiores, desvencilhando-se das pesadas algemas do egoísmo inquietante, sob a inspiração do Evangelho, guarda os ensinamentos recebidos e auxilia aos parentes e amigos, afeiçoados e conhecidos, com desvelo e segurança.

O Apóstolo, aliás, nos adverte: "Se não sabemos amar ao irmão que se encontra mais próximo de nós, como poderemos amar a Deus que se encontra distante?"

Se não amparamos ao companheiro que vemos, como conseguiremos auxiliar aos anjos que ainda não podemos ver?

Em matéria de renunciação não nos esqueçamos do exemplo do Senhor. Vilipendiado, escarnecido, dilacerado e crucificado, Jesus renuncia ao contentamento de permanecer em seu Divino Apostolado na Galiléia, aceitando o extremo sacrifício, mas, ao terceiro dia, depois do transe da morte, sob a Eterna Claridade da Ressurreição, ei-lo que volta aos beneficiários indiferentes e aos discípulos enfraquecidos, revelando a qualidade do seu Amor Excelso e Sublime pela Humanidade inteira.

Abandonar os que convivem conosco, portanto, por amor ao Evangelho, é calar os pruridos de nossa personalidade exclusivista e gritante, para ser-lhes mais úteis, no anonimato da compreensão e da caridade.

Para seguirmos ao Cristo não basta esquecer o mal e sim plantar sobre a ignorância e sobre a penúria que o produzem, a lavoura divina do verdadeiro bem.
 
Emmanuel