quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Sonho Do Religioso


 O Sonho Do Religioso

Conta-se que, certa feita, um renomado líder religioso teve um sonho.

Sonhou que se achava nos umbrais dos tabernáculos eternos.

Ali, um anjo montava guarda.

O religioso lhe indagou se no céu se encontravam os protestantes.

O anjo respondeu que no local não havia sequer um protestante.

Surpreso, o religioso questionou:

Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?

O anjo repetiu: Aqui não há protestantes.

Desconcertado, o líder prosseguiu no interrogatório:

Será que no céu estão os católicos romanos?

O representante celeste afirmou que naquele ambiente nem se conheciam os membros da Igreja Romana.

O religioso indagou, então, se lá se faziam presentes os partidários de Maomé ou de Buda.

O interlocutor asseverou que no céu não se encontravam nem uns, nem outros.

Intrigado, o religioso inquiriu:

Estará o paraíso desabitado?

O anjo respondeu que tal não acontecia.

Disse serem incontáveis os habitantes da Casa do Pai, a ocuparem todas as Suas múltiplas moradas.

Muito curioso, o ministro desejou saber quem eram os que se salvavam e a que religião pertenciam na Terra.

O guardião da entrada das celestes moradas esclareceu:

A todas e a nenhuma.

Aqui não se pensa em denominações ou dogmas.

Salvam-se os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições.

Os que se guardam isentos da corrupção do século.

Salvam-se os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se de seus defeitos.

Os que renascem todos os dias para uma vida melhor.

Redimem-se os que amam o próximo.

Os que renunciam ao mundo, com suas fascinações.

Os que andam pelo caminho estreito: o caminho do dever.

Purificam-se os que obedecem a voz da consciência, não os reclamos do interesse.

Conquistam a Divina graça os que trabalham pela causa da justiça e da verdade.

Salvam-se os que buscam o bem comum e a felicidade coletiva.

O discurso do anjo se alongava, mas o religioso o interrompeu.

Afirmou que precisava voltar urgente ao cenário terreno, para modificar os rumos que imprimia em sua Igreja.

* * *

Essa lição é por demais preciosa.

Os homens costumam buscar o caminho mais fácil.

Não raro, buscam se convencer de que estão em boa senda apenas porque cumprem algumas formalidades religiosas.

Ou então se sentem puros e especiais porque se abstêm de alguns prazeres.

Entretanto, Jesus disse: A cada um segundo suas obras.

Para conquistar a plenitude, é preciso trabalhar com afinco para que a bondade e a pureza se implantem no mundo.

Tudo o mais é supérfluo.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. VIII, do livro Nas pegadas do Mestre, de Vinícius (Pedro de Camargo), ed. Feb.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bilhete Amigo


Amigos

Bilhete Amigo

 

Meu Irmão.

Ninguém espera te transformes num milionário ou num santo para que o bem te ilumine o coração e dirija os passos.

Sublime é a caridade que se transforma em reconforto.

Divina é a caridade que se converte em amor irradiante.

De sementes minúsculas, procedem as árvores gigantescas que sustentam a vida.

Evita falar de ti mesmo.

Cumpre o dever que te cabe, sem intromissão nas tarefas alheias.

Não provoques o elogio no desempenho de tuas obrigações.

Não te prendas a ninharias, quando o benefício geral te reclame a colaboração.

Perdoa sem alarde as ofensas.

Não te encarceres na indisciplina.

Aprende a ouvir com serenidade as palavras ingratas ou contundentes, para que a irritação não perturbe os outros, através de tuas energias descontroladas.

Esquece todo mal.

Procura, cada dia, uma nova oportunidade de ser útil.

Abstem-te das conversações maliciosas ou indignas.

Não partilhes o triste banquete da leviandade ou da calúnia.

Compadece-te dos ausentes e ajuda-os com o verbo cristão.

Escuta com calma quem te procura, trazendo inquietação ou veneno.

Nunca olvides que, se, muitas vezes, nos arrependemos de haver falado, ninguém padece remorso por haver preferido o silêncio.

Ora por quem te persegue ou não compreende.

Emite bons pensamentos para todos os que te cercam.

Não te furtes aos serviços humildes, quais sejam os do copo d’água, da palavra estimulante, do sorriso amigo, da limpeza gratuita, da gentileza anônima, da bondade prestimosa e desconhecida.

Da caridade divina, que exterioriza a claridade santificante do exemplo, pode participar todo irmão de ideal evangélico, ainda mesmo aquele que se declara absolutamente sem tempo e sem dinheiro para o exercício do bem.

Usa, cada hora, o gesto espontâneo da fraternidade imperceptível e os teus singelos depósitos, aparentemente insignificantes, capitalizarão, em teu benefício, um tesouro de glórias no Céu.


Emmanuel

Da obra "Nosso Livro", pelo Espírito Emmanuel, Francisco Candido Xavier.























































terça-feira, 28 de junho de 2011

Como Respondeu?


Divaldo Franco


Como Respondeu?

À hora de cólera, você exclamou: “Vingar-me-ei!”
E perdeu uma feliz oportunidade de exercitar o perdão.


 

Escarnecido pela ignorância, você retrucou: “Infeliz perseguidor!”
E malbaratou o ensejo de iluminar em silêncio.

 

Esbofeteado pela agressividade da intolerância, você reagiu: “Nunca mais terás outra ocasião de ferir-me!”
E desperdiçou a lição do sofrimento.

 

Dominado pela preguiça, você justificou: “Amanhã farei a assistência programada.”
E esqueceu que agora é a hora da ação edificante.

 

Acuado pela perseguição geral, você indagou: “Por que Deus me abandonou?”
E não enxergou a Divina Presença na linguagem do testemunho que lhe era solicitado.


 
Aturdido pela maledicência, você desabafou: “Ninguém presta!”.
E feriu, sem motivo, muitas almas boas, generalizando a invigilância e a crueldade.



Esmagado pela pobreza, você inquiriu: “Onde o socorro celeste?”
E atestou o apego às coisas terrenas.



Ante a felicidade aparente dos levianos, você disse: “Só os maus vencem!”
E desrespeitou a fé cristã que você vive, inspirada na cruz de ignomínia onde Ele pereceu.


Ao impacto de acusações injustas, você baqueou: “Estou perdido!”
E não se recordou d'Aquele que é o nosso Caminho.

 

Entretanto, poderia dizer sempre: “Em ti confio, Senhor, e a Ti me entrego.”
E Ele, que nunca abandona os que n'Ele confiam, saberia ajudá-lo incessantemente.


 
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Glossário Espírita-Cristão.

Ditado pelo Espírito Marco Prisco

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A missão de Kardec

Allan Kardec

A missão de Kardec


Paris, 1860, manhã fria de abril. Kardec, encontrava-se exausto, acabrunhado. Embora consolidada a Sociedade Espírita de Paris, faltavam recursos para a obra a executar, enquanto aumentavam as críticas e sarcasmos – conta Hilário Silva, por intermédio de Francisco C. Xavier, em O Espírito da Verdade, editado pela FEB.

Mergulhado em desalento, recebe das mãos de Madame Rivail, sua dedicada esposa, um embrulho que recentemente chegara. Continha uma carta singela, em que o remetente, manifestando sua gratidão, contava que, buscando o suicídio nas águas do Sena, em terrível crise de depressão, ao fixar a mão direita na amurada da Ponte Marie, alta madrugada, tocou em algo que, curiosamente, descobriu tratar-se de um livro.

À luz mortiça de um poste, deparou-se com O Livro dos Espíritos, em cujo frontispício pode ler: “Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito. – A. Laurent”. Ao finalizar, informava que acrescentara uma nota, autorizando o mestre a fazer o uso que lhe aprouvesse. Kardec, então, desempacotou o exemplar da obra mandada, lendo logo no início a nota mencionada pelo missivista: “Salvou-me também. Deus abençõe as almas que cooperaram com sua publicação. Joseph Perrier”. Após a leitura, emocionado, sentiu-se banhado em nova luz. “Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas (...)”

Levantou-se da velha poltrona, abriu a janela e contemplou os passantes: homens, mulheres, velhos e crianças, a representarem os necessitados que formam a Humanidade e que precisavam do seu esforço, de sua abnegação. O notável obreiro respirou profundamente, voltou à sua mesa e antes de pegar a caneta para o trabalho, “levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima (...)”

Todos os espíritas já ouviram falar de Kardec. Muitos leram e, até, se aprofundaram em sua obra, esse tesouro que a Humanidade ainda não descobriu. Muitos o admiram intelectualmente e não são poucos os que, atingidos pelas sombras da dor física ou do sofrimento psíquico, encontram no Espiritismo o lenitivo de que necessitam. Mas quantos, realmente, são gratos a esse Espírito notável? Aproximemo-nos do ser humano Hippolyte Rivail e, ao avaliar o tempo e as condições em que operou, certamente daremo-nos mais conta, ainda, de sua real estatura espiritual.

Vivendo na França de Napoleão III, numa época em que não havia luz elétrica (a lâmpada incandescente surgiria com Edison, em 1879), nem telefone (descoberto só em 1876, por Bell), rádio (Marconi nasceria só em 1874) ou telégrafo (só aperfeiçoado por Edison em 1869), e em que os únicos meios de transporte eram os veículos baseados na tração animal e experimentava-se, timidamente, o trem movido a vapor, com a preocupação de que sua “incrível” velocidade de cinqüenta quilômetros horários pudesse prejudicar a saúde; num tempo em que o criacionismo e o fixismo eram tidos por verdades, pois que a teoria da evolução (Darwin e Wallace), de 1859, só seria conhecida bem mais tarde, e em que a genética sequer era sonhada (os trabalhos de Mendel, publicados em 1865, só foram percebidos a partir de 1900-02); num período em que o mecanicismo imperava, soberano, e a Física apenas gatinhava (só em 1913 é que Niels Bohr publicou o seu modelo quântico do átomo) e, finalmente, em que o domínio da Igreja, apesar da Reforma, de Rousseau e dos movimentos liberalistas, apresentava-se forte e ostensivo, o gigante Rivail ousou enfrentar todas as resistências e trabalhar pela renovação da civilização.

E lá estava o mestre, acompanhado pelo carinho de sua companheira – sua “doce Gabi” –, madrugadas adentro, à luz de velas e tendo como instrumento uma pena primitiva, mergulhado numa incrível tarefa: mostrar ao mundo a verdadeira natureza espiritual, interexistencial e multiexistencial do ser humano, o seu processo de evolução, a realidade, enfim, da dimensão espiritual.
 Sua genialidade, que transparece, já, na própria formulação das questões que compõem o monumental O Livro dos Espíritos, é presente em cada parágrafo de sua obra, construída ao longo dos quatorze anos de trabalho e renúncia. No Bicentenário de seu nascimento, prestemos, sim, unidos, a nossa homenagem ao mestre, pois, a Missão Kardec inaugurou a Era do Espírito, na Terra. Mas, acima de tudo, lembremo-nos do nosso grande amigo benfeitor Allan Kardec, com o coração.

Fonte: ABRAME

domingo, 26 de junho de 2011

Cultura de Graça

Irmã Scheilla

Cultura de Graça

Além da cultura primária da inteligência, o homem paga na Terra todos os dotes do conhecimento mais elevado.

Pelo currículo de várias disciplinas, cobram-se-lhe matrículas, taxas, honorários e emolumentos diversos, nas casas de ensino superior.

Se quiser explicadores dessa ou daquela matéria em que se veja atrasado, é constrangido ao dispêndio de extraordinários recursos.

Se decide penetrar o domínio das artes, é obrigado a remunerar as notas do solfejo ou a iniciação do pincel.

Entretanto, para as nossas aquisições sublimes, permite o Senhor que a Doutrina Espírita abra atualmente na terra preciosos cursos de elevação, em que a cultura da alma nada pede à bolsa dos aprendizes.

Cada templo do Espiritismo é uma escola aberta às nossas mais altas aspirações e cada reunião doutrinária é uma aula, suscetível de habilitar-nos às mais amplas conquista para o caminho terrestre e para a Vida Maior.

Pela administração desses valores eternos não há preço amoedado.

Cada aluno da organização redentora pode comparecer de mãos vazias, trazendo simplesmente o sinal do respeito e vaso da atenção.

Jesus, o Mestre dos Mestres, passou entre os homens sem nada cobrar por Seus Divinos Ensinamentos. E o Espiritismo, que Lhe revive agora as bênçãos de amor, pode ser comparado a instituto mundial de educação gratuita, conduzindo-nos a todos, sem exigência e sem paga, do vale obscuro da ignorância para os montes da luz.


Scheilla



sábado, 25 de junho de 2011

Os milagres do Espiritismo


Octávio Caúmo Serrano





Os milagres do Espiritismo

Octávio Caúmo Serrano

É comum, mais do que se pensa, provocarmos surpresa em certas pessoas pelo comportamento equilibrado que demonstramos em momentos de dificuldade. Muitas vezes, até de certa gravidade.
Diante da pergunta inevitável “como você consegue manter-se calmo e otimista com tantos problemas?”, respondemos que nossa força vem do Centro Espírita. Quando estamos fracos vamos ao centro e nos reabastecemos.

Para o leigo fica uma dúvida: como se processa esse reabastecimento?

A princípio as pessoas têm a idéia de que recebemos como que uma injeção de energia e calmante, que nos causa tal força e equilíbrio. É certo que os fluidos de um centro espírita dão-nos uma energização até maior do que um prato de comida. Mas é preciso considerar que nem todos conseguem captar essa força porque lhes falta disciplina mental, mérito e conhecimento da ajuda recebida. De nada adianta os espíritos saírem curando indiscriminadamente se nós, os maiores interessados, nem ficamos sabendo que fomos ajudados.

É preciso que expliquemos às pessoas que essa força que recebemos na Casa Espírita vem do conhecimento das Leis Divinas. À medida que nos informamos sobre os mecanismos que regem a vida, vamos aceitando que as Leis de Deus se cumpram em nós. A força que sentimos, e que acreditamos estar no Centro Espírita, é resultado do estudo e da incorporação do conhecimento para viver o cotidiano.
Diante do exposto, não se concebe um Centro Espírita sem reuniões de estudo. Não apenas a palestra pública que o freqüentador ouve sem compromisso, mas o estudo conjunto, interativo, discutido, quando nossas dúvidas são esclarecidas.

Todas as pessoas, os que se dizem espíritas, e também os que agora estão descobrindo o Espiritismo, por curiosidade ou levados por problemas pessoais, tenham em mente que só o estudo incessante e regular da Doutrina Espírita poderá dar-lhes a força que precisam para permanecer com coragem na árdua batalha destes dias convulsionados.

A conhecida mensagem da irmã Scheilla, “CULTURA DE GRAÇA”, refere-se ao Espiritismo como “INSTITUTO MUNDIAL DE EDUCAÇÃO GRATUITA”, que pode conduzir-nos, todos, sem exigência e sem pagamento, “do vale escuro da ignorância para os montes da luz”.
Esse é o verdadeiro milagre que o Espiritismo opera em nós!





sexta-feira, 24 de junho de 2011

BOM SENSO

Natércio

BOM SENSO

 
Imaginemos o nosso alto sertão paraibano há 50 anos atrás, sem estradas, sem televisão, sem rádio, e, especialmente, observemos o pensamento de nosso avô paterno Azarias Sarmento de Sá, na década de 50, pois, ao dirigir-se aos netos, assim se expressava:

- Meus Queridos Netos, já caminhei por muitas estradas, vivi anos trabalhando nas seringueiras, às margens do rio Juruá, um dos afluentes do rio Amazonas, vi muitas coisas na vida, tenho experiência suficiente para demonstrar a minha preocupação com o futuro que os aguarda. Chegará um tempo em que vocês não ficaram sentados na calçada, como nos encontramos nestes instantes, proseando, trocando idéias, e, pior é que terão dinheiro no bolso e faltarão alimentos para adquirir.

Em nossa mente infantil, acreditávamos na suas palavras proféticas, não obstante, pensávamos existir uma pontinha de fantasia e, na medida em que os anos porvindouros chegassem iriam dissipar as nuvens escuras do futuro que vaticinava nosso avô.

Que palavras fortes, firmes e reais, ainda hoje ecoa em nossa alma. Ele estava coberto de razão, o cidadão de hoje não encontra mais segurança nem mesmo em sua residência, imagine ficar até tarde da noite, sentado em cadeiras na sua calçada e receber os amigos para prosear, sob pena de acontecer um assalto, uma agressão física ou verbal.

Como dizia Cecília Meireles: “Ai palavras, ai palavras, Que estranha potência a vossa!”

Temos esperanças no porvir, as etapas vividas em pleno século XXI, são fundamentais para o nosso aperfeiçoamento moral, não estamos nos queixando, necessitamos agilizar nosso contato com DEUS, nosso Pai, e sentirmos a Sua infinita misericórdia para com os seus filhos.

Lembremo-nos de uma grande dificuldade que Chico Xavier atravessava e já quase sem forças para receber as agressões gratuitas e maldosas, foi necessário a intervenção de Emmanuel, seu espírito protetor que assim falou paternalmente para seu protegido: “Chico - – Não te aflijas com os que te batem – o martelo que atormenta o prego com pancadas fá-lo mais seguro e mais firme.”

Para um melhor aproveitamento, é bastante seguir o modelo do nosso Mestre e Senhor Jesus, conforme O Evangelho segundo o Espiritismo, “Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens.”

Sejamos práticos, imaginemos os erros cometidos em encarnações anteriores e ante a nossa pobreza, nos achamos injustiçados, esquecidos por Deus. Que vão filosofia, em verdade, a dor não bate na porta errada. A nossa sagacidade em querer levar vantagem em tudo, ainda ressoa em nossa alma, a exemplo do Cardeal Richelier, nos longínquos anos de 1500, ao reencarnar na França, o Cardeal nada possuía de legitimo representante de Jesus, a quem apregoava seguir. A sua índole era tão inferior, tão perversa, haja vista, sempre afirmar com sagacidade e sem o mínimo pudor, pois, qualquer cidadão de bem da nobreza da França que desejasse levar a fogueira, e apropria-se de bens e tornar a família escrava, o Cardeal precisava de apenas um mês para colocar a corda no pescoço do inocente, tempo suficiente para arregimentar testemunhas falsas e declarar hereges e inimigos do povo e de Deus.

É aquele ditado popular: “Quando desejamos matar o cão, basta só dizer que está com raiva.”

quinta-feira, 23 de junho de 2011


Katherine "Kate" Fox (1837 - 1892 )
Leah Fox ( 1814 - 1890 )
Margaret " Maggie " Fox ( 1833 - 1893 )





As Irmãs Fox, Conan Doyle

O episódio de Hydesville tornou-se famoso por desencadear uma investigação pública de conseqüências marcantes para a história do Espiritismo no mundo.

AS COMISSÕES DE ROCHESTER
Em 1848, uma multidão de norte-americanos acotovelou-se no Corinthians Hall, salão do município de Rochester, no Estado de Nova York, Estados Unidos da América, para acompanhar uma comissão que iria descobrir os truques empregados por duas adolescentes que simulavam sons atribuídos a pessoas mortas. Desde que os ruídos haviam se tornado conhecidos por seus vizinhos e se houvera estabelecido algum tipo de comunicação com sua fonte, boa parte da pacata população dos arredores de Hydesville tomou-se de uma cerca indignação que parecia recordar os episódios de caça às bruxas de Salém.

Três adolescentes de nomes Catherine (Kate), Margaret e Ann Leah eram o alvo dos interesses da população predominantemente protestante de sua cidade. Filhas do camponês e pastor metodista John Fox, as duas primeiras foram transferidas de sua fazenda para duas casas em Rochester, a do tio e a da irmã Ann Leah, que era casada e passou a assinar Ann Leah Fish. Desde então, os referidos fenômenos começaram a manifestar-se nas suas novas residências e em outras casas de Rochester e cidades vizinhas. O erudito Canuto Abreu (1996), citando uma das mais conhecidas divulgadoras destes eventos, (1) fez uma análise oportuna do caráter dos quakers, o que explica a notoriedade do acontecido.

 
Rochester foi fundada por um quaker (Nathaniel Rochester), linha protestante fundada por George Fox na Inglaterra, que acreditava na revelação imediata e individual de Deus. Abreu afirma serem fundadores de estados livres americanos e defensores da liberdade de expressão, sendo tolerantes para com as diversas crenças e religiões. Como as manifestações não cessassem com a mudança das meninas para a cidade e a população ficasse cada dia mais indócil e propensa a atos de violência, a Sra. Fox procurou o Sr. Isaac Post, um quaker respeitado pela população e um dos diretores da "Sociedade dos Amigos" (2) para que intercedesse em seu favor e esclarecesse o acontecido. Após a consulta aos "spirits", Post decidiu por promover manifestações públicas no maior salão da cidade, acompanhadas por uma comissão de investigadores, assegurando ele próprio, o pastor metodista Jervis, o doutor Capron e as respectivas esposas a integridade das jovens. Este evento se deu a 14 de novembro de 1849. (SILVA, 1997.)

A comissão que tinha por relator o redator-chefe do jornal Rochester Democrat (que segundo Doyle, 1926, já havia preparado um artigo denominado "Exposição completa da mistificação das batidas" e que foi sustado após os trabalhos referidos) e concluiu que as batidas eram verdadeiras, que se produziam às vezes à distância das meninas (nas paredes e portas) que respondiam às vezes certo e às vezes errado às perguntas que lhes eram dirigidas e que "não puderam encontrar nenhum processo pelo qual elas pudessem ser produzidas". Recebido o relatório com sinais de desagrado pela audiência, decidiu-se pela nomeação de uma segunda comissão, com a presença do Dr. Langworthy para controlar a possibilidade da ventriloquia por parte das Fox. Concluiu-se que os sons foram ouvidos, não eram produzidos por máquina ou pela ventriloquia.

Nomeou-se ainda uma terceira comissão, que examinou as jovens Fox despidas, amarraram os vestidos ao corpo e as colocaram sobre vidros, de pé sobre almofadas, nas cadeiras e em outras situações que não impediram as manifestações. A comissão declarou que as perguntas feitas, algumas delas apenas pelo pensamento, haviam sido respondidas corretamente. (Doyle, 1926, p. 89.) Este episódio quase causou o linchamento das médiuns.

A CRÍTICA DA REVISTA VEJA

Detenho o leitor espírita nestes episódios, seguindo a lógica do criador de Sherlock Holmes, porque muito recentemente a mediunidade das irmãs Fox foi posta em questão por uma jornalista brasileira, que deu mostras de escrever de oitiva. Ao concluir um artigo escrito em um tom um tanto irônico sobre o Espiritismo, ela concluiu com a frase de efeito:

"Anos depois de causar furor as irmãs Fox se desmentiram. Disseram que os espíritos eram invenção delas. No Brasil, ninguém ligou." (Varella, 2000.) Curiosamente, o médico e escritor escocês Sir Arthur Conan Doyle dedicou um capítulo inteiro do seu livro História do Espiritismo ao debate deste tema, livro este que foi traduzido ao português por um espírita brasileiro, a quem devemos também a tradução da Revista Espírita de Kardec, Júlio Abreu Filho.

PESQUISAS E RELATOS SOBRE AS IRMÃS FOX

No seu capítulo, amplamente documentado com declarações assinadas durante toda a sua vida, Doyle vai mostrando ao leitor as investigações a que foram submetidas e as perseguições que as irmãs Fox sofreram. A obsessão da grande maioria dos pesquisadores que as estudariam focalizava-se em descobrir as origens físicas ou fisiológicas das batidas.

Conan Doyle recuperou um episódio da vida de Margaret Fox onde ela se interessou e foi correspondida por um médico puritano chamado Kane, (3) com quem veio a casar posteriormente, e das pressões que ele exerceu para que ela desmentisse a comunicação com os Espíritos. A partir da análise das cartas, o criador de Sherlock Holmes conclui que ele "pensava de modo vago que houvesse alguma fraude" mas que "nos anos de sua maior intimidade Margaret jamais admitiu", que "ele jamais pôde sugerir no que consistia a falcatrua" e que "ela empregou as suas forças de maneira que os espíritas sérios deploram". (Doyle, 1926, p. 97.) Assim como outros médiuns do século XIX, as Fox tiveram dúvidas quanto à origem espiritual dos fenômenos, e pode ser que houvessem praticado algum tipo de fraude em momentos isolados de sua carreira, especialmente porque passaram a viver da demonstração dos fenômenos. Conan Doyle transcreveu a seguinte frase do livro do Dr. Kane: "Ela dizia sempre que nunca tinha realmente acreditado que as batidas fossem obra de Espíritos, mas pensava que nisso havia uma relação com certas leis ocultas da natureza. Esta foi sua atitude posterior na vida, pois em sua ficha profissional dizia que o povo devia por si mesmo julgar da natureza de suas forças." (Doyle, 1926, p. 97.)

O banqueiro Charles Livermore, de Nova York, afirma que recebeu comunicações de sua esposa falecida, Estelle, num período de dez anos, mensagens através de Kate Fox, algumas escritas em francês, espanhol e italiano, idiomas desconhecidos pela médium. O Sr. Cromwell Varley (eletricista responsável pelo lançamento do cabo submarino no Atlântico) realizou experiências sobre eletricidade com Kate Fox. Em sua visita à Inglaterra Kate foi estudada por um conhecido membro da Sociedade Dialética de Londres, o Dr. William Crookes. Transcrevo, abaixo, o relato de um dos resultados obtidos por ele: "O relatório de Crookes, das observações na presença de Kate Fox, continua sendo um claro exemplo de evidência para raps paranormais, exceto pela falta de múltiplas testemunhas. Ele obteve raps em vários objetos materiais – um pedaço de vidro, um pandeiro, uma árvore, um pedaço de papel suspenso por uma linha." (RUSH, 1986, p. 241.)

Sir Arthur Conan Doyle relatou um episódio da pesquisa de Crookes onde estavam presentes sua esposa e uma parente: "Eu segurava ambas as mãos da médium numa das minhas enquanto seus pés estavam sobre os meus. Havia papel sobre a mesa em nossa frente e eu tinha um lápis na mão livre. Uma luminosa mão desceu do alto da sala e, depois de oscilar perto de mim durante alguns segundos, tomou o lápis de minha mão e escreveu rapidamente numa folha de papel, largou o lápis e ergueu-se sobre as nossas cabeças, dissolvendo-se gradativamente na escuridão." (Doyle, 1926, p. 101.)

O professor russo Dr. Butlerof, da Universidade de São Petersburgo, teve seu relato transcrito no trabalho de Conan Doyle. "De tudo quanto me foi possível observar em presença de Mrs. Jenken, 4 sou levado à conclusão de que os fenômenos peculiares a esse médium são de natureza fortemente objetiva e convincente e que, penso, seriam suficientes para levar o mais pronunciado céptico, desde que honesto, a rejeitar a ventriloquia, a ação muscular e semelhantes explicações dos fenômenos." (Doyle, 1926, p. 103.)

Seguem-se outros relatos e poderíamos ainda transcrever mais citações de outros livros, mas estas são suficientes para afirmar-se que as Fox foram estudadas por cientistas, em ambientes controlados e apresentaram resultados satisfatórios, não apenas de raps, como de outros fenômenos de efeitos físicos. Aqui temos um capítulo de suas vidas que não pode ser atribuído à imaginação dos espíritas norte-americanos e que se acha bem documentado, ainda em nossos dias. Vemos também que as hipóteses de ação muscular eram conhecidas e controladas pelos cientistas que as estudaram, da mesma forma que o foram pelas comissões do Corinthians Hall.

Por que insistimos tanto em dizer que cientistas estudaram a mediunidade de Kate Fox? Um dos argumentos mais empregados por aqueles que querem desmerecer uma fonte histórica repousa na idealização e na mitificação que geralmente acompanha movimentos sociais e culturais onde as opiniões se polarizam e o componente emocional se torna muito influente. No calor das discussões do Corinthians Hall, por exemplo, suas testemunhas poderiam se ater a eventos isolados ou contar a sua versão, profundamente marcada pela simpatia com as idéias espiritualistas.

Embora este fenômeno seja um fenômeno humano, o cientista foi treinado a tentar ser o mais descritivo possível, a evitar suas simpatias e ater-se aos fatos para construir e reconstruir suas teorias. Ele depende profundamente de sua reputação no meio acadêmico para que suas comunicações tenham credibilidade. Todos sabemos que no século passado o clima vigente nas academias era de uma compreensão empírica das ciências, especialmente das ciências naturais. Ademais, os pesquisadores em questão apresentam sua metodologia de trabalho e os seus cuidados para evitar a ocorrência das principais hipóteses alternativas como a fraude e as ocorrências naturais.

Passamos agora à declaração de Margaret Fox, seus motivos e sua retratação.


POR QUE MARGARET FOX AFIRMOU QUE FRAUDAVA?

Margaret Fox-Kane deu uma declaração em setembro de 1888 ao jornal New York Herald denunciando o culto espiritualista, mas preservando a idéia de que os raps "eram a única parte dos fenômenos digna de registro". (Doyle, 1926, p. 105.) Ao contrário do que afirma nossa jornalista brasileira, Kate Fox ficou aborrecida com as declarações da irmã. Observe o leitor a correspondência que ela escreveu à senhora Cottel em novembro do mesmo ano: "Eu lhe deveria ter escrito antes, mas minha surpresa foi tão grande, ao chegar e saber das declarações de Maggie sobre o Espiritismo, que não tive ânimo de escrever a ninguém. (...) Agora penso que podia fazer dinheiro, provando que as batidas não são produzidas pelos dedos dos pés. Tanta gente me procura por causa da declaração de Maggie que me recuso a recebê-los." (Doyle, 1926, p. 107.) Doyle apresenta três razões para a conduta de Margaret Fox-Kane. A primeira razão envolve uma discussão entre Kate e Leah em decorrência do alcoolismo da primeira. Kate e Margaret se tornaram alcoólatras e Leah fez pressões para que parassem de beber, chegando a ameaçar Kate com a perda da guarda dos filhos.

Ao que parece, ela chegou a ser presa por algum tempo em decorrência de uma denúncia da irmã mais velha, que teria alegado maus-tratos para com os filhos. (Doyle, 1926, p. 106.) Margaret se indispôs contra Leah em defesa da irmã, ofendendo-a em sua crença no espiritualismo. O segundo motivo repousa na pressão que sofria por parte dos profitentes de religiões protestantes e católicas. Em sua retratação, Margaret refere-se à influência que sofreu de pessoas que tinham por interesse "esmagar o Espiritismo". Conan Doyle chega a apresentar nomes de membros do clero que a fizeram crer que tratava com o demônio.

Finalmente, houve a proposta financeira do jornal, interessado em um "furo" jornalístico, não importando se estaria ou não praticando "imprensa marrom". As Fox viviam dos fenômenos que produziam, prática em que são criticadas até por Conan Doyle, que morava em um país onde a remuneração de médiuns é uma prática aceita. Embora não tenha encontrado em minhas fontes uma transcrição exata da declaração de Margaret Fox-Kane, com base na correspondência de Kate, transcrita acima, ela parece ter "explicado" os fenômenos a partir da teoria dos "músculos estalantes". Convenhamos que esta explicação, em face dos relatórios de pesquisas realizados desde a demonstração em Rochester, é bastante insatisfatória.

Como elas teriam produzido os sons nos vidros, paredes e papéis distantes de seus próprios corpos, estalando músculos ? Como responderiam a perguntas mentais ? Como forneceram respostas corretas a perguntas que desconheciam, como o número de conchas tomadas ao acaso de um montinho, por um de seus investigadores ? Como elas teriam burlado os cuidados dos cientistas que as pesquisaram ?

Nada disto parece satisfatório, ainda que houvessem entremeado truques aos fenômenos, por razões financeiras. Por fim, Margaret Fox-Kane retratou-se um ano depois, em 20 de novembro de 1889, em entrevista dada à imprensa de Nova York.

Para que não restem dúvidas, transcrevo algumas partes:

"Praza a Deus (...) que eu possa desfazer a injustiça que fiz à causa do Espiritismo quando, sob intensa influência psicológica de pessoas inimigas dele, fiz declarações que não se baseiam nos fatos. (...) Naquela ocasião (em que denunciou o Espiritismo) necessitava muito de dinheiro, e criaturas, cujo nome prefiro não citar, se aproveitaram da situação. Daí a embrulhada. Também a excitação ajudou a perturbar meu equilíbrio mental.

Aquelas acusações eram falsas em todas as minúcias. Não hesito em dizê-lo... (...) Nem todos os Herrmans vivos serão capazes de reproduzir as maravilhas que se produzem através de alguns médiuns. Pela habilidade manual e por meio de espertezas podem escrever em papéis e lousas, mas mesmo assim não resistem a uma investigação acurada. A produção da materialização está acima de seu calibre mental e desafio a quem quer que seja a produzir batidas nas condições em que as produzo." (Doyle, 1926, p. 108-109.)
A partir deste momento ela se propôs a fazer conferências para "refutar as calúnias" que ela própria lançou contra o Espiritismo. Ela fez uma carta aberta ao público assinada de próprio punho diante de testemunhas como o Sr. O’Sullivan, Ministro dos Estados Unidos em Portugal durante vinte e cinco anos.

 
O PAPEL DAS IRMÃS FOX PARA O ESPIRITISMO

 
Creio ter sido exaustivo na exposição de motivos, fatos e documentos, apesar de não ter tido acesso a fontes primárias. Mesmo assim, cabe mais uma análise ao comentário da repórter brasileira. Qual o papel das irmãs Fox para o Espiritismo ?

O lugar histórico das irmãs Fox para o Movimento Espírita e o chamado "modern spiritualism" norte-americano e europeu foi o de pessoas cuja faculdade se tornou notória e atraiu a atenção da sociedade e da academia, gerando um volume enorme de estudos, pesquisas e discussões. Elas são um marco arbitrado pelos escritores de história do Espiritismo para iniciar sua descrição de um movimento social do século XIX. Ainda que fossem uma fraude completa, o que creio ter discutido suficientemente com base no trabalho de Conan Doyle e de outros autores, o Espiritismo é um corpo de doutrina que tem por base as comunicações dos Espíritos.

Allan Kardec teve o bom senso de trabalhar com múltiplos médiuns, de grupos e países diversos, e de não propor verdades absolutas, legando-nos uma mentalidade crítica. Temos acesso a obras produzidas em diferentes pontos do globo, escritas por estudiosos, obtidas pela via mediúnica ou resultantes de pesquisas conduzidas em academias.

A contribuição das irmãs Fox não exige que as idealizemos, ou as transformemos em heroínas, ocultando seus defeitos, mas que as compreendamos como pessoas que, dentro de suas fragilidades e limitações, enfrentaram a intolerância de uma época e deram uma contribuição importante para que, hoje, pudéssemos ter acesso a tantas sociedades e grupos organizados, preocupados em entender o significado dos fenômenos espirituais.

1) Emma Harding Britten. //
2) Society of Friends, nome dado à comunidade quaker. //
3) Baseado no livro As Cartas de Amor do Dr. Elisha Kane.
4) Nome de casada de Kate Fox.

Artigo de Jáder dos Reis Sampaio - Outubro de 2001 - Revista Reformador - F.E.B.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

ABREU, Canuto. O Evangelho por fora. São Paulo: LFU, 1996.
DELANNE, Gabriel. Os tempos modernos, In: O fenômeno espírita. Rio de Janeiro: FEB, 1992.
DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. São Paulo: Pensamento, s.n. [originalmente publicado em 1926].
GIBIER, Paul. Origens do Espiritismo. In: O Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 1980.
LOUREIRO, Carlos Bernardo. As irmãs Fox. In: As mulheres médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1996.
RUSH, Joseph. Findings from experimental PK research. In: EDGE, H. et al. Foundations of parapsychology. Boston-USA: Routledge & Kegan Paul, 1986.
SILVA, Eliane M. O espiritualismo no século XIX. Campinas-SP: UNICAMP, 1997. (Coleção textos Didáticos, no. 27.)
VARELLA, Flávia. À nossa moda, Veja. no. 1.659, p. 78-82, 26 de julho de 2000

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Você está preparado para viver?


Você está preparado para viver?



Muitos falam em preparação para a morte. É compreensível, já que é a única certeza que temos desde que nascemos: a de que iremos morrer um dia. Mas se conhecemos as Leis Divinas e acreditamos plenamente na reencarnação, sabemos que a morte não existe, e que a vida continuará em outra dimensão. Então vem a pergunta: você está preparado para a vida? Isso está muito longe de apenas estudarmos todos os fatores que nos levam até o suspiro final. Está no depois. Tudo o que fizermos desta vida é o que levaremos conosco para onde quer que sigamos - o que „fizermos‟ e não o que ‟tivermos‟!

Outro dia assisti ao encontro de um senhor de 102 anos de idade com sua tataraneta, na maternidade. Envolvido por todo aquele sentimento de alegria e amor que todos manifestavam, perguntaram a ele qual conselho poderia dar para a recém-nascida. E foi aí que presenciei um momento de pura emoção, ao ouvir daquele senhor as seguintes palavras: “pequena Mariana - que a este mundo retorna - muitos irão lhe falar que vivemos momentos de crise; que provavelmente lhe serão reservadas dificuldades de todas as espécies no decorrer de teu caminho. Eu mesmo passei por vários momentos de aflição e incerteza. Não tenho muita experiência, nem sabedoria para lhe aconselhar nada, mas ainda assim, te digo: não dê ouvidos a essas pessoas; não que elas não tenham suas razões, mas sim porque aqui não temos tempo a perder! Aproveite cada momento, cada sorriso, cada conquista e cada dificuldade, pois a vida aqui passa muito rápido, minha querida.”

Interessante uma pessoa de 102 anos dizer que a vida passa rápido demais, não é mesmo? Quantas pessoas reclamam dos fatos que lhe acontecem, se atentam apenas às desgraças e as dificuldades, sem ao menos por um momento se lembrarem que tudo isso é proveniente de suas ações e escolhas, e em prol de algo melhor. É bom seguir em frente, percorrer os dias e fatores que foram reservados a cada um enquanto vivos na matéria, buscando o que há de melhor para nós, aprendendo com os próprios erros; afinal todos erram, e o desacerto é o primeiro passo para a correção, quando aceitamos, compreendemos, e nos perdoamos.

Preparar-se para viver exige de nós pequeninas coisas que fazem toda a diferença; como escutar o filho que lhe implora atenção naquele minuto que você está saindo para o trabalho e já está atrasado; como dar atenção aos momentos de lazer e calmaria, sem ficar na espera ansiosa pela segunda-feira; como proporcionar ao companheiro uma fração de seu inteiro dispor, dividindo tarefas simples com sorriso despreocupado, ou assistindo um bom filme de mãos dadas, como na época em que se paqueravam; respeitar os mais velhos como se fossem seus próprios avós, lhes dando atenção pelas experiências de vida com carinho e presteza, e não com o incômodo da dificuldade que eles possam ter para se expressar ou a tremedeira do Alzheimer que insiste em te distrair; ligar para sua mãe e dividir com ela uma conquista sua, da mesma forma que você fazia quando era adolescente. Enfim, são tantos e tantas pequeninas coisas que possibilitam um turbilhão de emoções em nossos corações, mas nós simplesmente nos acostumamos com a rotina. São esses mesmos fatores que muitas vezes nos dificultam a percepção da grandiosidade da vida e a consequência de tudo isso ao fechar dos olhos.

Afinal, fecham-se os olhos da matéria, despertam-se os olhos do espírito, e é aí que nosso preparo para a vida pode fazer toda a diferença na maneira como continuaremos, pois não basta estar disposto a morrer por algo; é necessário aprender a estar pronto para vivê-lo. Engana-se aquele que imagina que vencedores são apenas aqueles que escreveram seus nomes nos tablóides da história; esses são necessários e possuem seu propósito, mas no geral, vencedores efetivamente são os que se fizeram nas pequenas coisas do dia a dia. Muitas vezes julgamos que os grandes feitos foram conseguidos sem tropeços, mas desconhecemos os fracassos que impulsionaram aquele ser, auxiliando-o à persistência.

Fazer um caminho é importante. Nosso ser clama por registrar a nossa passagem pelo mundo e assinalar com os pensamentos a nossa personalidade e individualidade. Os caminhos não existem por si mesmos, eles são traçados ao andarmos. A boa conduta conforme se desenvolve,

aumenta progressivamente nossa firmeza interior, arando o solo sobre o qual podemos andar seguros. A cada novo despertar e nova oportunidade que Deus nos permite, é bom lembrarmos que somos seres viventes, e não apenas sobreviventes. E como nos transformamos em alimentadores de esperança que agem pela bússola da boa vontade, atentando às ações e pensamentos? Através do questionamento pessoal e individual. Então, questione-se, aceite seu ser, e reflita se você está realmente se preparando para viver.

Transcrito do Jornal Espírita “À Luz do Espiritismo”


Liberdade


terça-feira, 21 de junho de 2011

NÃO VIM DESTRUIR A LEI

Allan Kardec

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO I

NÃO VIM DESTRUIR A LEI





O Espiritismo



5. O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domino do fantástico e do maravilhoso. E a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e dai vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil.

6. A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.

7. Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.



O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
ALLAN KARDEC
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
DEPARTAMENTO EDITORIAL
















segunda-feira, 20 de junho de 2011

Obsessão espiritual

OBSESSÃO

Obsessão espiritual


Obsessão é ter algo como objetivo e viver para alcançar o tal objetivo, fazendo de sua vontade prioridade na vida.
No mundo espiritual em volta da terra há um cinturão escuro de espíritos obsessores, alguns são auto obsessores que estão pregados as coisas materiais que possuíram na terra, o máximo dessa obsessão é ficar próximo ao corpo físico que deixou após sua morte, observando a decomposição do mesmo, para a sua infelicidade e medo.

 
A pessoa que cria um inimigo na terra está sujeito a ter um obsessor no mundo espiritual e que pode acompanhá-lo em outras vidas futuras no mundo visível ou no mundo invisível.

 
A maioria dos obsessores no mundo espiritual tem como objetivo se vingar de alguém que tenha praticado algo contra a sua pessoa, criando e alimentado o ódio que não pensa em outra coisa a não ser atrapalhar a vida desse espírito encarnado.

 
No mundo visível há os espíritos obsessores encarnados, são pessoas que não medem esforços para atrapalhar a vida da outra, chegam ao ponto de ser "amigos" da vítima e com a maior "boa intenção" empurra o outro em situações complicadas como, vícios, dívidas financeiras, condições humilhantes até o obsidiado adoecer e em alguns casos morrer.

 
A cura para obsessão está no ensinamento de Jesus Cristo : Aprendestes que foi dito: "Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos." Eu, porém, vos digo: "Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. - Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?" (S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)

Afastar um obsessor a força nada mais é que empurrar o problema para o futuro, na terra só irá desaparecer os obsessores quando não houver vingança entre os homens.

Luiz Tadeu vargas