quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

NUNCA ESMOREÇAS

Alma fraterna, recorda:
Os momentos infelizes
Parecem noite de crises
Em que o Céu lembra um vulcão;
Rimbombam trovões no espaço,
Coriscos falam da morte,
Passa irado o vento forte,
Tombando troncos no chão...

Os animais pequeninos
Gritam pedindo socorro
Descendo de morro em morro,
Cai a enxurrada a correr...
Mas, finda a borrasca enorme,
No escuro da madrugada,
Em riscas de luz dourada,
Vem o novo amanhecer.

Assim é também na vida,
Se atravessas grandes provas,
Na estrada em que te renovas,
Guarda a calma ativa e sã;
Sofre, mas serve e caminha,
Vence a sombra que te invade,
Se a hora é de tempestade,
Há novo dia amanhã...


Do livro A Vida Conta. Maria Dolores - Psicografia de Francisco Cândido Xavier. angelizandos
Foto: Confraternização dos Evangelizandos na Casa da Prece - BR 230 - KM 470 Sousa-PB.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A PONTE DE LUZ

Terminara Jesus a prédica no monte.
Nisso, o apóstolo Pedro aproxima-se
E diz-lhe: "Senhor, existe alguma ponte
Que nos conduza ao Alto, ao Céu que brilha muito acima?
Conforme ouvi de tua própria voz,
Sei que o Reino do Amor está dentro de nós...
Mas deve haver, no Além, o País da Beleza,
Mais sublime que o Sol, em fulgor e grandeza...
Onde essa ligação, Senhor, esse divino acesso?

Jesus silenciou, como entrando em recesso
Da palavra de luz que lhe fluía a jorro...
Circunvagou o olhar pelas pedras do morro
E, depois de comprida reflexão,
Falou ao companheiro: - "Ouve, Simão,
Em verdade, essa ponte que imaginas
Existe para a Vida Soberana,
Mas temos de atingi-la por estrada
Que não é bem a antiga estrada humana."

- "Como será, Senhor, esse caminho?"
Tornou Simão a perguntar.
E Jesus respondeu sem hesitar:
- "Coração que a escolha, às vezes, vai sozinho,
E quase que não tem
Senão renúncia e dor, solidão e amargura...
E conquanto pratique e viva a lei do bem,
Sofre o assédio do mal que o vergasta e procura
Reduzi-lo à penúria e ao desfalecimento.
Quem busca nesta vida transitória,
Essa ponte de luz para a eterna vitória
Conhecerá, de perto, o sofrimento
E há de saber amar aos próprios inimigos,
Não contará percalços nem perigos
Para servir aos semelhantes,
Viverá para o bem a todos os instantes
E mesmo quando o mal pareça o vencedor,
Confiando-se a Deus, doará mais amor...
E ainda que a morte, Pedro, se lhe imponha,
Na injustiça ferindo-lhe a vergonha,
Aceitará pedradas sem ferir,
Desculpará injúria e humilhação
Se deseja elevar o coração
À ponte para o Reino do Porvir..."

Alguns dias depois, o Cristo flagelado,
Entregue à própria sorte
Encontrava na cruz o impacto da morte,
Silencioso, sozinho, desprezado...

Terminada que foi a gritaria
Da multidão feroz naquele dia,
Ante o Céu anunciando aguaceiro violento,
Pedro foi ao Calvário, aflito e atento,
Envergando disfarce...
Queria ver o Mestre, aproximou-se
Para sentir-lhe o extremo desconforto...

Simão chorou ao ver o Amigo morto.

E ao fitá-lo, magoado, longamente
Ele ouviu, de repente,
Uma voz a falar-lhe das Alturas:
- "Pedro, segue, não temas, crê somente!...
Recorda os pensamentos teus e meus...
Esta cruz que me arrasa e me flagela
É a ponte que sonhavas, alta e bela,
Para o Reino de Deus."


Do livro A Vida Conta. Maria Dolores - Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


Foto: Maria Aparecida, Raimunda e Helena em momento de oração, sem magoas, agradecendo a Deus a aspereza da caminhada e exaltação da Luz necessária à evolução íntima. Encontro na Comunhão Espírita Cristã A Casa do Caminho (Casa Transitória) BR 230, KM 470 - Sousa -PB.
"A seara é imensa e os trabalhadores poucos." - Jesus

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O IRMÃO DO CAMINHO


Simeão era muito moço ainda
Quando escutou a história de Jesus
E, acendendo esperanças na alma linda
Inflamou-se de fé, amor e luz...

Morando numa choça da montanha
Junto de antiga estrada, sem vizinho,
Era a bondade numa vida estranha,
O amigo dedicado aos irmãos do caminho.

Lia os ensinamentos do Senhor,
Mas afirmava precisar
De ação que lhe exprimisse o grande amor
Na fé que decidira praticar.

Na pequena morada, pobre e agreste,
Cavou no solo um poço... Água de mina,
Que ele, olhos em luz e sorriso na face
Oferecia a quem passasse

Por lembrança de paz da Bondade Divina...
Simeão alcançara os oitenta janeiros,
Trabalhando e servindo dia a dia,
Sem quaisquer outros companheiros

Que não fossem viajantes
A pedirem pousada, companhia,
Uma noite de paz ou um copo de água fria.
Alta noite, uma voz chamou, baixinho:

-"Simeão, Simeão!... Meu irmão do caminho!..."
-"Quem sois vós?" Respondeu o interpelado.
-"Um peregrino desacompanhado...
Rogo pousada, irmão!" -Chamou o forasteiro.

Ergueu-se devagar o cansado hospedeiro,
Fez luz, abriu a porta.
Mas o vento avançou a chama semi-morta.
-"Entrai!..." disse o velhinho.

-"Agora sei que não estou sozinho." ...
O velhinho, entre passos mal firmados,
Sempre movimentando a luz acesa,
Trouxe a bacia de água morna e leve

Mergulhando-lhe os pés ensangüentados...
Ao ver-lhe os dedos maltratados,
Disse ao viajor, tomado de surpresa:
-"Quanto sangue verteis!... Como tendes andado!...

Deu-lhe o estranho viajante esta resposta leve:
-"Deus te abençoe, amigo, a assistência bem-vinda!...
creio que devo andar por muito tempo ainda!..."
De joelhos, Simeão,

Em lhe lavando os pés com infinito carinho,
A refletir nas pedras do caminho,
Ao lhe tocar nas crostas das feridas
A fim de removê-las,

Viu as chagas abertas
Eram duas estrelas...
O velhinho assombrado
Buscou fitar-lhe as mãos com ternura e respeito

E viu que estavam nelas
Grandes marcas da cruz, luminosas e belas,
Ampliando o fulgor que lhe envolvia o peito...
Ele grita, chorando de alegria:

-"Jesus!... Sois vós Jesus?!..."
E o Senhor, levando as mãos em luz,
Disse, abraçando o ancião:
-"Vem a mim, Simeão,

É chegado o teu dia
De repouso e de luz no Mais Além..."
Simeão esqueceu a velhice e o cansaço
E pousou a cabeça em seu regaço...

Depois do amanhecer, outros viajantes
Chegaram como dantes,
Pedindo água, descanso, reconforto,
Mas viram que Simeão o irmão do caminho

De joelhos, para, ali sozinho,
Muito embora sorrisse, estava morto...

Trechos da mensagem "O irmão do caminho", psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, extraída do livro "A Vida Conta" Edição: CEU) O IRMÃO DO CAMINHO Maria Dolores.

Foto: Porta do Núcleo Espírita Cristã A Casa do Caminho, localizado na rua Gualberto Filho, 31 centro - Sousa - PB.

O homem bom

Conta-se que Jesus, após narrar a Parábola do Bom Samaritano, foi novamente interpelado pelo doutor da lei que, alegando não lhe haver compreendido integralmente a lição, perguntou, sutil:

— Mestre, que farei para ser considerado homem bom? Evidenciando paciência admirável, o Senhor respondeu:


— Imagina-te vitimado por mudez que te iniba a manifestação do verbo escorreito e pensa quão grato te mostrarias ao companheiro que falasse por tia palavra encarcerada na boca.


Imagina-te de olhos mortos pela enfermidade irremediável e lembra a alegria da caminhada, ante as mãos que te estendessem ao passo incerto, garantindo-te a segurança.


Imagina-te caído e desfalecente, na via pública, e preliba o teu consolo nos braços que te oferecessem amparo, sem qualquer desrespeito para com os teus sofrimentos.


Imagina-te tocado por moléstia contagiosa e reflete no contentamento que te iluminaria o coração, perante a visita do amigo que te fosse levar alguns minutos de solidariedade.


Imagina-te no cárcere, padecendo a incompreensão do mundo, e recorda como te edificaria o gesto de coragem do irmão que te buscasse testemunhar entendimento.


Imagina-te sem pão no lar, arrostando amargura e escassez, e raciocina sobre a felicidade que te apareceria de súbito no amparo daqueles que te levassem leve migalha de auxílio, sem perguntar por teu modo de crer e sem te exigir exames de consciência.


Imagina-te em erro, sob o sarcasmo de muitos, e mentaliza o bálsamo comque te acalmarias, diante da indulgência dos que te desculpassem a falta, alentando-te o recomeço.


Imagina-te fatigado e intemperante e observa quão reconhecido ficarias para com todos os que te ofertassem a oração do silêncio e a frase de simpatia.

Em seguida ao intervalo espontâneo, indagou-lhe o Divino Amigo:


— Em teu parecer, quais teriam sido os homens bons nessas circunstâncias?


— Os que usassem de compreensão e misericórdia para comigo —explicou o interlocutor.


— Então — repetiu Jesus com bondade — segue adiante e faze também o mesmo.


Reunião pública de 6/7/59 Questão nº 918
Religião dos Espíritos EMMANUEL Chico Xavier
Foto: Vovo Casimiro(exemplo de homem de bem) ante a fonte, na Casa Transitória, meditando e orando, localizada na BR-230 KM-470 - Sousa Pb.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Estranho delito

Observando a hostilidade manifesta que vem sofrendo a Doutrina Espírita, desde a enunciação dos seus princípios com Allan Kardec, estudemos o motivo pelo qual teria sido Jesus condenado, na barra dos tribunais humanos. Todos sabemos que o Cristo não foi vítima de assassínio vulgar. Não obstante, sem razão foi preso, inquirido, processado, qualificado na posição de réu e condenado à morte pelo mais alto conselho da comunidade a que pertencia.

O libelo não permaneceu circunscrito ao âmbito religioso da nação israelita.


A sentença foi conduzida à ratificação do arbítrio romano, na pessoa de Pilatos, submetida à consideração da autoridade provincial, na presença de Antipas, e, em seguida, exposta ao veredito da multidão.

Dentre todos os poderes a que foi apresentado, não se tem notícia de voz alguma que se levantasse para defendê-lo.
Entretanto, qual teria sido a culpa do Mestre nos quadros do seu tempo?

Ter-se-ia incompatibilizado com os sacerdotes?
Declarava, ele mesmo, que não vinha destruir a Lei, mas sim dar-lhe cumprimento.

Afrontaria, acaso, os abastados do mundo?

Não possuía uma pedra em que repousar a cabeça. Guerreara os políticos dominantes?

Ensinava o respeito à legalidade, proclamando que se deve dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Menoscabara, porventura, o prestígio dos médicos?

Valia-se apenas da oração e do magnetismo divino de que se fazia intérprete no socorro aos doentes. Dilapidara o interesse dos comerciantes?

Em sua época, qual acontece ainda hoje, pratica a beneficência quem multiplique pães e peixes em favor dos famintos.

Insultara os filósofos e os pesquisadores do espírito, sequiosos de experiência?

Ele mesmo anunciou que todos conheceremos a verdade para que a verdade nos faça livres.

E, depois de crucificado, seus continuadores legítimos por muito tempo foram perseguidos, humilhados, espancados, martirizados e ridicularizados, apodrecendo nos cárceres, algemados a ferros, supliciados em gabinete de tortura, passados a fio de espada ou cedidos à sanha de feras sanguinárias nos espetáculos públicos.

E agora que a Doutrina Espírita lhe revive os ensinamentos, quantos lhe esposam o programa de educação e justiça, de libertação moral e fraternidade pura

— já que a evolução do Direito, entre os homens, não mais permite se ergam cruzes e fogueiras para os que crêem na Sabedoria e no Amor da Providência Divina — padecem calúnia e vilipêndio, sarcasmo e perseguição.

Isso, porém, acontece simplesmente porque a infração do Espiritismo, que reverencia a Religião, ilumina a Filosofia e venera a Ciência, tanto quanto o delito de Jesus e de seus genuínos seguidores, nos primeiros três séculos do Cristianismo apostólico, é o de combater o cativeiro da ignorância e o império do vício, a sombra da mentira e o domínio da opressão, ajudando a alma do povo a sentir e a raciocinar.

Religião dos Espíritos
EMMANUEL Chico Xavier Estranho delito
Reunião pública de 31/8/59 Questão nº 798

domingo, 27 de dezembro de 2009

O PECADO DE MINHAS ORAÇÕES

Penso com horror nas minhas preces de outrora,
Quando eu pedia alguma coisa.


Vida, saúde, prosperidade e outros ídolos,
Como se algo houvesse de real,
Fora de ti, meu Deus, Realidade única, total, absoluta!
Como se em ti não estivessem contidas
Todas as coisas do universo!...

Como se todos esses pequenos "realizados"
Não fossem reflexos de ti, o grande "Real"!

Tamanha era a minha ilusão dualista,
Que eu julgava poder possuir algum efeito individual
Sem possuir a Causa Universal!


Hoje morreu em mim toda essa idolatria,
Esse ilusório dualismo objetivo.
Redimido pela verdade libertadora,
Sinto, hoje, nas profundezas do meu Ser, O grande monismo do Universo.


Hoje, o alvo das minhas orações,
És tu, Senhor, unicamente tu.
Hoje, sei e sinto que, possuindo a ti,
Possuo em ti todas as coisas
Que de ti emanaram,
E em ti ficaram...

Todas as coisas que, por mais distintas de ti,
São todas imanentes em ti.
Porque tu és a eterna Essência
De todas essas Existências temporárias.

Hoje não quero mais nada Senão a ti somente, Senhor,
Porque em ti está tudo
Que, fora de ti, parece existir.

E, porque assim te amo, Senhor,
Amo também tudo que é teu,
Tudo que, disperso pelo cenário cósmico,
Veio de ti, Está em ti,
Voltará a ti.

Revestiu-se de mística sacralidade
O meu antigo amor profano,
Desde que vejo o Deus do mundo
Em todas as coisas do mundo de Deus.
E o pecado das minhas orações de outrora
Foi remido pela verdade da minha prece de hoje.


O PECADO DE MINHAS ORAÇÕES Por Huberto Rohden.
(Texto extraído do inspirado livro “Escalando o Himalaia”, uma das grandes obras do grande filósofo brasileiro Huberto Rohden* – Editora MartinClaret.)
Foto: Cátia Moreira (de costa) na reunião de Evangelização primeira infancia - Comunhão Espírita Cristã A Casa do Caminho - Sousa - PB.

sábado, 26 de dezembro de 2009

CHICO XAVIER

“Nenhuma atividade no bem é insignificante... As mais altas árvores são oriundas de minúsculas sementes. A repercussão da prática do bem é inimaginável... Para servir a Deus, ninguém necessita sair do seu próprio lugar ou reivindicar condições diferentes daquelas que possui.”

“Os Espíritos Amigos sempre mostram disposição de nos auxiliar, mas é preciso que, pelo menos, lhes ofereçamos uma base... Muitos ficam na expectativa do socorro do Alto, mas não querem nada com o esforço de renovação; querem que os espíritos se intrometam na sua vida e resolvam seus problemas... Ora, nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém... Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.”



"Nunca quis mudar a religião de ninguém, porque, positivamente, não acredito que a religião a seja melhor que a religião b... Nas origens de toda religião cristã está o Pensamento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quem seguir o Evangelho... Se Allan Kardec tivesse escrito que “fora do Espiritismo não há salvação”, eu teria ido por outro caminho. Graças a Deus ele escreveu “Fora da Caridade”, ou seja, fora do Amor não há salvação...”



"Sem a idéia da reencarnação, sinceramente, com todo respeito às demais religiões, eu não vejo uma explicação sensata, inclusive, para a existência de Deus.”



"Uma das coisas que sempre aprendi com os Benfeitores Espirituais é não tolher o livre arbítrio de ninguém; os que viveram na minha companhia sempre tiveram a liberdade para fazer o que quiseram...”



"Existem pessoas que se sentem ofendidas, magoadas por qualquer coisa: à mais leve contrariedade, se sentem humilhadas... Ora, nós não viemos a este mundo para nos banhar em águas de rosas... Somos espíritos altamente endividados - dentro de nós o passado ainda fala mais alto... ... Não podemos ser tão suscetíveis assim..."



“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar... As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.”
"Emmanuel sempre me ensinou assim: -“Chico, se as críticas dirigidas a você são verdadeiras, não reclame; se não são, não ligue para elas...”



Fonte: “O Evangelho de Chico Xavier” de Carlos A. Baccelli

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

ORAÇÃO AO MESTRE, de Maria Dolores

Senhor!...
Aqui estamos nós para louvar-te
E agradecer-te, de alma enternecida,
Pela benção de amor com que vives conosco, em toda parte,
Por presença de luz em nossa vida.

Contigo em nós o coração descansa
E mesmo quando o dia aparece nevoento,
Eis que a Terra se faz um reino de esperança,
Uma escola de paz aos sóis do firmamento!...

Agradeço, Jesus,
Os teus olhos nos meus
Que me fazem saber, de caminho a caminho,
Que não há ser algum desprezado ou sozinho,
Que do monte mais alto ao vale mais profundo,
Todos, sem exceção, nas províncias do mundo,
Somos filhos de Deus.

Em teu discreto amparo que renova
O meu campo mental,
Aprendo hoje a ouvir todas as vozes,
Do cicio da intriga aos gritos mais ferozes,
Sem deixar-me prender às sugestões do mal!...

Com tua força em minha força
Venho apagando impulsos infelizes,
E quando o peito se me desarvora,
Conquanto sofra, sei que devo agora
Converter em trabalho as minhas próprias crises.

Ao teu poder sublime,
Escolho o verbo e o modo para o bem,
A fim de que me exprima,
Sem fazer da palavra instrumento de esgrima,
Com que venha a ferir ou condenar alguém.
Com tuas mãos em minhas mãos,
Agradeço os amigos que me ofertas,
Para que eu possa cooperar
No auxílio aos que se vão sem apoio ou sem lar,
Entre as honras de angústia e as estradas desertadas!...

Não nos largues, Senhor, aos nossos próprios passos...
Olvidando-te a luz, quanta vez me perdi!...
Sem teu amor, a vida é um sonho escuro e vago,
Não me deixes a sós, nas fraquezas que trago,
Nada posso sem ti!...

Maria Dolores, psicografia de Chico Xavier.
Foto: Casa da Prece - Localizada na Comunhão Espírita Cristã A Casa do Caminho - BR 230 km 470 - Sousa-PB

O NATAL E SUAS ORIGENS.

Conforme as convenções e o calendário da Terra, estabeleceu-se o dia 25 de Dezembro como sendo a data em que se celebra o nascimento de Jesus.

Nos primeiros séculos, o Natal era comemorado nos dias 06 de Janeiro ou 25 de Março.

Aliás, o teólogo Orígenes em 245, repudiou a idéia de festejar o nascimento do Cristo como se Ele fosse um faraó. A partir de 440 a data foi fixada, provavelmente para cristianizar as festas pagãs que ocorriam nesse período do ano (Nascimento do Vitorioso Sol, a Saturnália, etc).

Francisco de Assis foi o introdutor da idéia do presépio, no século XIII. Já a "árvore de Natal", de origem germânica, apareceu no tempo de S. Bonifácio (o Apóstolo da Alemanha, 680-754), dentro do objetivo de substituir os sacrifícios ao carvalho sagrado de Odin, ao adorar-se uma árvore, em homenagem ao Messias.

A tradição do Papai-Noel é atribuída aos alemães, provavelmente em lembrança de um bispo - S. Nicolau (séc. IV) que se notabilizou por ser um religioso paciente e caridoso. Protestantes holandeses, radicados nos Estados Unidos da América, o teriam transformado na figura de realizador de sonhos e desejos, originando-se aí a tradição folclórica.

As atuais pesquisas históricas indicam que Jesus não teria nascido em Dezembro, nem há 2001 anos atrás. O engano ocorreu, inicialmente em razão de múltiplos erros, alterações e casuísmo da fixação do calendário oficial, incluindo extensão ou supressão de dias e meses. O ano 46 a.c., por exemplo, teve a sua duração aumentada para 445 dias, com alguns meses de 34 dias. Quando se quis fixar o nascimento de Jesus a partir 753 da fundação de Roma, por engano não se inclui o ano zero, o que significa uma diferença para menos. Conciliando estas divergências e considerando o calendário das tradições judaicas, verifica-se a possibilidade de Jesus ter nascido no mês de Abril, de 4 a 6 anos antes do que fora anteriormente considerado.

Nunca seria demais relembrar a Introdução do Evangelho segundo o Espiritismo, item 1, onde Allan Kardec diz que e o que mais importa é o ensinamento moral de Jesus, pois não se sujeita a controvérsias e nos oferece verdadeiramente a ciência da vida.

Natal espírita não se relacionaria ao nascimento físico de Jesus, mas sim ao seu nascimento "espiritual" em nossas almas. Isto é, o Natal para o espírita é aquele momento em que nós nos impregnaríamos da mensagem evangélica, permitindo a Jesus nascer em nossos corações, para nos tornarmos o "homem novo".

Inspirados por tão sábias e edificantes reflexões, repassadas de beleza, rogamos que o Natal "verdadeiro" se faça em nossos corações, para que possamos renascer para uma nova vida, em harmonia com as Eternas Leis.

Fonte: SEI - Serviço Espírita de Informações, Boletim Semanal nº 1340.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Somos Todos Diferentes

Quando deparamos com algo que não conhecemos, fechamos nossas mentes em nossos paradigmas, e achamos erroneamente que estamos vendo algo “diferente”.
Devido à criação familiar ou político social, formamos em nossa mente um mundo o qual, muitas vezes vemos os outros com preconceito ou racismo.
Muitos de nós ao ver dois homens de mãos dadas, já os rotula de homossexuais, e ai surgem dois fatores importantes; o primeiro é: E se for homossexual? E daí?
O outro é cultural, muitas pessoas não sabem que em algumas regiões no Oriente Médio, os homens se dão as mãos e passeiam desse modo quando são amigos.
Pois é... Em meio a costumes de outros Países, ou de algumas regiões desse enorme Brasil, também em nossa volta por vezes podemos ver algo “diferente”.
Fui uma vez á uma festa em uma escola para crianças especiais, acompanhei desde a chegada dos alunos até o termino de todas as apresentações.
De inicio, como a maioria, vi logo as diferenças, muitos estavam em cadeiras de rodas, outros, dependiam de ajuda para se locomover, a maioria alem do problema físico também tinha o mental.
E fiquei impressionado, com a maneira que se respeitavam, como se divertiam, e se entendiam, ignorando completamente os problemas uns dos outros.
Mesmo com suas limitações, dançaram, cantaram, e mostraram a todos, uma capacidade de ultrapassar o limite invejável!
Vejo no dia a dia, pessoas comentando em tom de fofoca umas das outras, ironizando seus eventuais defeitos físicos ou manias, e ali, em meio aquelas crianças eu só vi respeito e solidariedade.
Para eles não havia diferença... As mães orgulhosas aplaudiam de pé a cada apresentação.
Naquela festa o diferente era eu, eram os pais e os professores.

Somos todos diferentes... E no fundo tão iguais.


Marcos Paterra
Foto de Marcos Paterra



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SOMOS O QUE SÃO OS NOSSOS IDEAIS

Não julgues o homem só pelo que ele é — julga-o antes pelo que desejaria ser.
Melhor que a fortuita realidade caracteriza ao homem a espontânea liberdade do seu ideal.
Pode a realidade ser o corpo da nossa vida — mas o ideal é a alma do nosso ser.
Quantas vezes não é a realidade filha dum inconsciente dever — mas o ideal nasce sempre dum consciente querer.
Mais vale a espontânea liberdade que a dura necessidade.
Todo homem é aquilo pelo que vive e trabalha, luta e sofre — e não aquilo que o domina e oprime.
Quando Jesus encontrou, nos caminhos da sua peregrinação terrestre, aquela “pecadora possessa de sete demônios”, não lhe perguntou o que fora, mas sim, o que queria ser.
Imensamente triste era aquilo que Madalena fora — divinamente belo o que ela queria ser — e já era.
E o Nazareno lançou ao olvido o passado da pecadora, em atenção ao presente da convertida — e descerrou à santa as portas do futuro...
Não há ontem tão pecador que o hoje do amor não possa converter num amanhã de santidade.
Não há Satanás que resista à vontade humana aliada à graça de Deus ..
Rendeu-se o orgulho de Saulo , capitulou a luxúria de Agostinho ante a ofensiva dum grande idealismo.
Querer é poder!
Só não pode quem não sabe querer.
Tudo é possível àquele que quer.
Oh! quão injusta é toda a justiça humana!
Só tem olhos para ver o corpo dos nossos atos — e é cega para a alma da nossa atitude...
Bem fazem os artistas em representar a justiça de olhos vendados.
Quantas vezes é o homem realmente o contrário daquilo que parece ser!
Quantas vezes são os publicanos e pecadores, as Madalenas e samaritanos melhores que sacerdotes e levitas, escribas e doutores da lei, que em “largos filactérios e borlas volumosas” fazem consistir a sua santidade!
Quantas vezes voltam para casa “ajustados” os publicanos que batem no peito — e voltam ainda mais culpados os fariseus que exibem a Deus a estatística dos seus jejuns e os catálogos de sua piedade!...
Eu sou aquilo que é o meu sincero querer — ainda que o meu frágil poder não valha transformar logo em perfeita realidade os longínquos ideais do meu espírito.
Eu sou o meu ideal...

(De “Alma para Alma”, de Huberto Rohden)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O REINO DO BEM NA TERRA.

Pergunta número 1019 de 0 Livro dos Espíritos.
Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?

Os Espíritos responderam:


O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo. “Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos mais atrasados. Neste banimento de Espíritos da Terra transformada, não percebeis a sublime alegoria do Paraíso perdido e, na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, não descobris a não menos sublime alegoria do pecado original? Considerado deste ponto de vista, o pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelas suas próprias faltas e não pelas de seus pais. “Todos vós, homens de fé e de boa-vontade, trabalhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra da regeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão que houverdes semeado. Ai dos que fecham os olhos à luz! Preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções. Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias! Terão que sofrer privações muito mais numerosas do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não acharão quem os ajude a carregar o fardo de suas misérias.”

SÃO LUÍS
Extraído do Livro dos Espíritos editora FEB

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O ESPIRITISMO

...dizemos que os estudos do Espiritismo requerem atenção demorada, observação profunda e, sobretudo, como aliás o exigem todas as ciências humanas, continuidade e perseverança... Como pretender-se em algumas horas adquirir a Ciência do Infinito? Ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – 76a. ed. - Kardec. (Paris, 18-4-1857) página 49 (Ver: Prolegômenos)



O Espiritismo no-la mostra preenchida pelos seres de todas as ordens do mundo invisível e estes seres não são mais do que os Espíritos dos homens, nos diferentes graus que levam à perfeição. Tudo então se liga, tudo se encadeia, desde o alfa até o ômega. Vós, que negais a existência dos Espíritos, preenchei o vácuo que eles ocupam. E vós, que rides deles, ousai rir das obras de Deus e da Sua onipotência!

ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos - página 47 - Capítulo XIII.


...O Espiritismo não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.

PROFECIAS Pietro Ubaldi


O Espiritismo não tem o caráter isolado de uma filosofia, de uma ciência ou de uma religião, porque é, ao mesmo tempo, religião, filosofia e ciência.


É ciência, porque investiga, experimenta, comprova, sistematiza e conceitua leis, fatos, forças e fenômenos da vida, da natureza, dos pensamentos e dos sentimentos humanos.


É filosofia, porque cogita, induz e deduz idéias e fatos lógicos sobre as causas primeiras e seus efeitos naturais; generaliza e sintetiza, reflete, aprofunda e explica; estuda, discerne e define motivos e conseqüências, comos e porquês de fenômenos relativos à vida e à morte.


É religião, porque de suas constatações científicas e de suas conclusões filosóficas resulta o reconhecimento humano da Paternidade Divina e da irmandade universal de todos os seres da Criação, estabelecendo, desse modo, o culto natural do amor a Deus e ao próximo.

UNIVERSO E VIDA – 1a. edição 1978 – Hernani T. Sant’Anna – Pelo Espírito Áureo - Editado pela Federação Espírita Brasileira -FEB.
Foto - Carta Celeste

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Das esperanças e consolações

Gravitar para a unidade divina, eis o fim da Humanidade. Para atingi-lo, três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a Ciência. Três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. Pois bem! Digo-vos, em verdade, que mentis a estes princípios fundamentais, comprometendo a idéia de Deus, com o Lhe exagerardes a severidade. Duplamente a comprometeis, deixando que no Espírito da criatura penetre a suposição de que há nela mais clemência, mais virtude, amor e verdadeira justiça, do que atribuis ao Ser infinito. Destruís mesmo a idéia do inferno, tornando-o ridículo e inadmissível às vossas crenças, como o é aos vossos corações o horrendo espetáculo das execuções, das fogueiras e das torturas da Idade Média! Pois que! Quando banida se acha para sempre das legislações humanas a era das cegas represálias, é que esperais mantê-la no ideal? Oh! Crede-me, crede-me, irmãos em Deus e em Jesus-Cristo, crede-me: ou vos resignais a deixar que pereçam nas vossas mãos todos os vossos dogmas, de preferência a que se modifiquem, ou, então, vivificai-os, abrindo-os aos benfazejos eflúvios que os Bons, neste momento, derramam neles. A idéia do inferno, com as suas fornalhas ardentes, com as suas caldeiras a ferver, pôde ser tolerada, isto é, perdoável num século de ferro; porém, no século dezenove, não passa de vão fantasma, próprio, quando muito, para amedrontar criancinhas e em que estas, crescendo um pouco, logo deixam de crer. Se persistirdes nessa mitologia aterradora, engendrareis a incredulidade, mãe de toda a desorganização social. Tremo, entrevendo toda uma ordem social abalada e aruir sobre os seus fundamentos, por falta de sanção penal. Homens de fé ardente e viva, vanguardeiros do dia da luz, mãos à obra, não para manter fábulas que envelheceram e se desacreditaram, mas para reavivar, revivificar a verdadeira sanção penal, sob formas condizentes com os vossos costumes, os vossos sentimentos e as luzes da vossa época.

“Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio, por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem-Deus, por Jesus-Cristo.


“Que é o castigo? A conseqüência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.

“Oh! Em verdade vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na sua eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura. Fora criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e das penas pelas transgressões e consagrareis a unidade divina, tendo unidos o sentimento e a razão.”

PAULO, apóstolo.

76a. edição FEB PARTE 4ª - CAPÍTULO II páginas 467 468 de O Livro dos Espíritos - ALLAN KARDEC - Parte da resposta da pergunta de número 1009. Assim, as penas impostas jamais o são por toda a eternidade?

domingo, 20 de dezembro de 2009

A ingratidão

Revista Espírita, março de 1861
(Remessa do Sr. Pichon, médium de Sens.)


É necessário sempre ajudar os fracos e àqueles que têm o desejo de fazer o bem, embora sabendo de antemão que não será recompensado por aqueles a quem se o faz, porque aquele que vos recusa agradecer por tê-lo assistido não é sempre tão ingrato como o imaginais: bem freqüentemente ele age segundo os objetivos que Deus se propôs, mas seus objetivos não são, e muito freqüentemente não podem ser, apreciados por vós. Que vos baste saber que é necessário fazer o bem por dever e por amor a Deus, porque Jesus disse: "Aquele que não faz o bem senão por interesse já recebeu a sua recompensa." Sabei que se aquele a quem prestais serviço esquece o benefício, Deus vo-lo terá mais em conta do que seestivesses já recompensado pela gratidão de vosso protegido.
SÓCRATES.

sábado, 19 de dezembro de 2009

O juiz reformado

Como houvesse o Senhor recomendado nas instruções do dia muita cautela no julgar, a conversação em casa de Pedro se desdobrava em derredor do mesmo tema.

— É difícil não criticar — comentava Mateus, com lealdade —, porque, a todo instante, o homem de mediana educação é compelido a emitir pareceres na atividade comum.


— Sim — concordava André, muito franco —, não é fácil agir com acerto, sem analisar

detidamente.


Depois de vários depoimentos, em torno do direito de observar e corrigir, interferiu Jesus sem afetação:


— Inegavelmente, homem algum poderá cumprir o mandato que lhe cabe, no plano divino da vida, sem vigiar no caminho em que se movimenta, sob os princípios da retidão. Todavia, é necessário não inclinar o espírito aos desvarios do sentimento, para não sermos vitimados por nós mesmos. Seremos julgados pela medida que aplicarmos aos outros. O rigor responde ao rigor, a paciência à paciência, a bondade à bondade...


E, transcorridos alguns instantes, contou:


— Quando Israel vivia sob o governo dos grandes juízes, existiu um magistrado austero e violento, em destacada cidade do povo escolhido, que imprimiu o terror e a crueldade em todos os serventuários sob a sua orientação. Abusando dos poderes que a lei lhe conferia, criou ordenações tirânicas para a punição das mínimas faltas. Multiplicou infinitamente o número dos soldados, edificou muitos cárceres e inventou variados instrumentos de flagelação.


O povo, asfixiado por estranhas proibições, devia movimentar-se debaixo de severa fiscalização, qual se fora rebanho de bravios animais. Trabalharia, descansaria e adoraria o Senhor, em horas rigorosamente determinadas pela autoridade, sob pena de sofrer humilhantes castigos, nas prisões, com pesadas multas de toda espécie.


Se bem mandava o juiz, melhor agiam os subordinados, cheios de natural malvadez.


Assim foi que, certa feita, dirigindo-se o magistrado, alta noite, à casa de um filho enfermo,foi aprisionado, sem qualquer consideração, por um grupo de guardas bêbedos e inconscientes que o conduziram a escura enxovia que ele mesmo havia inaugurado, semanas antes. Não lhe valeram a apresentação do nome e as honrosas insígnias de que se revestia. Tomado por temível ladrão, foi manietado, despojado dos bens que trazia e espancado sem piedade, afirmando os sentinelas que assim procediam, obedecendo às instruções do grande juiz, que era ele próprio.


Somente no dia imediato foi desfeito o equívoco, quando o infeliz homem público já havia sofrido a aplicação das penas que a sua autoridade estabelecera para os outros.


O legislador atribulado reconheceu, então, que era perigoso transmitir o poder a subalternos brutalizados e ignorantes, percebendo que a justiça construtiva e santificante é aquela que retifica ajudando e educando, na preparação do Reinado do Amor entre os homens.


Desde a singular ocorrência, a cidade adquiriu outro modo de ser, porque o juiz reformado, embora prosseguisse atento às funções que lhe competiam, ergueu, sobre o tribunal, a benefício de todos, o coração de pai compreensivo e amoroso.


Lá fora, brilhavam estrelas, retratadas nas águas serenas do grande lago. Depois de longa pausa, o Mestre concluiu:


— Somente aquele que aprendeu intensamente com a vida, estudando e servindo, suando e chorando para sustentar o bem, entre os espinhos da renúncia e as flores do amor, estará habilitado a exercer a justiça, em nome do Pai.


Do livro Jesus no Lar
Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito Neio Lúcio
Foto - Chico Xavier em trabalho mediunico

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

AS FLORES

C h i c o sempre amou as flores.

A entrada de sua casa era formada por belas roseiras. Ele as cuidava com muito carinho.

Era comum vê-lo conversando com plantas e com os animais que conviviam em sua casa.

Certa feita, o jardim foi inundado de formigas, que ávidas destruíam as roseiras deixando-as quase sem folhas. O pessoal da casa queria comprar "formicida", para acabar com elas.

Já haviam encontrado um imenso formigueiro, que era o habitat das formigas.


Informaram ao Chico o que seria feito. Ele ficou profundamente preocupado. Como ele sabia que o ataque das formigas era à noite, após o término da reunião, ele vendo a quantidade de formigas que agiam nas roseiras, abaixando disse:


— Aviso a vocês minhas irmãs, que embora eu respeite muito as suas tarefas, sou obrigado a pedir para que vocês deixem esse jardim, porque senão uma grande tempestade vai cair sobre vocês. Não voltem mais aqui.


Chico fez isso por várias noites e ele percebeu, aliviado, que quase todas abandonaram o que faziam. E ele encerrava contando a todos que as poucas formigas que restavam tiveram que desencarnar, envenenadas, porque eram subversivas.



Sobre doação de órgãos:


P: — Chico você acha que o espírita deve doar as suas córneas? Não haveria nesse caso repercussões para o lado do perispírito, uma vez que elas devem ser retiradas momentos após a desencarnação do indivíduo?


R: — Sempre que a pessoa cultive desinteresse absoluto em tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer remuneração, nem mesmo aquela que a pessoa humana habitualmente espera com o nome de compreensão, sem aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um ponto de evolução em que a noção da posse não mais a preocupa, esta criatura está em condições de dar, porque não vai afetar o perispírito em coisa alguma. No caso contrário, se a pessoa se sente prejudicada por isso ou aquilo no curso da vida, ou tenha receio de perder utilidades que julga pertencer-lhe, esta criatura traz a mente vinculada ao apego a determinadas vantagens da existência e, com certeza, após a morte do corpo, se inclinará para reclamações descabidas, gerando perturbação em seu próprio campo íntimo. Se a pessoa tiver qualquer apego à posse, inclusive dos objetos, das propriedades, dos afetos, ela não deve dar, porque ela se perturbará.


Érica

Entrevista concedida à Folha Espírita n° 104 em novembrode 1982.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O ESPIRITISMO É PROVADO POR MILAGRES?

"Para provar a verdade da Doutrina Espírita, pedem-se milagres; e quem pede essa prova da verdade? Aquele que deveria ser o primeiro a crer e a ensinar...

"O maior dos milagres vai se operar logo; padres do catolicismo, escutai; quereis milagres, ei-los que se operam... A cruz do Cristo se desmoronava sob os golpes do materialismo, da indiferença e do egoísmo, ei-la que se reergue bela e resplandecente, sustentada pelo Espiritismo? Dizei-mo, isso não é o maior milagre: uma cruz que se endireita, tendo em cada um de seus lados a Esperança e a Caridade? - Em verdade, padres da Igreja, crede e vede: os milagres vos cercam!... Como chamareis esse retorno comum à crença casta e pura do Evangelho, por que todas as filosofias se unirão no Espiritismo? O Espiritismo será a glória e o facho que iluminará todo o Universo. Oh! Então o milagre será manifesto e brilhante, porque não haverá mais, neste mundo, senão uma única e mesma família. Quereis milagres! Vede essa pobre mulher sofredora e sem pão; como treme em sua mansarda; o sopro com o qual ela quer aquecer dois pequenos seres que morrem de fome, é mais frio e mais glacial que o vento que se engolfa em sua miserável morada; por que, pois, tanta calma e serenidade sobre seu rosto no meio de tanta miséria? Ah! é que ela viu brilhar uma estrela ardente acima de sua cabeça; a luz celeste se espalhou em seu reduto; ela não chora mais, ela espera! Ela não maldiz mais, não pede somente a Deus que lhe dê a coragem de suportar a prova!... E eis que as portas da mansarda se abrem e que a Caridade vem ali depositar o que a sua benfazeja mão pode distribuir!...


"Que doutrina dará mais sentimento e impulsos ao coração? O Cristianismo plantou o estandarte da igualdade sobre a Terra, o Espiritismo arvora o da fraternidade!... Eis o milagre, o mais celeste e o mais divino que se possa produzir!... Padres, cujas mãos, algumas vezes, estão enlameadas pelo sacrilégio, não peçais milagres físicos, por que então vossas frontes poderiam se quebrar sobre a pedra que pisais para subir ao altar!...


"Não, o Espiritismo não se prende aos fenômenos físicos, não se apoia sobre os milagres que falam aos olhos, mas dá a fé ao coração, e, dizei-mo, não está ainda aí o maior milagre?..."


SANTO AGOSTINHO (Méd. Sr. Vézy).

Nota. - Isto não pode, evidentemente, se aplicar senão aos padres que mancharam o santuário, como Verger e outros.

REVISTA ESPIRITA JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS 5a ANO NO. 2 FEVEREIRO 1862

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

HÁ ESPÍRITOS?

4. A existência da alma e a de Deus, conseqüência uma da outra, constituindo a base de todo o edifício, antes de travarmos qualquer discussão espírita, importa indaguemos se o nosso interlocutor admite essa base. Se a estas questões:
Credes em Deus?

Credes que tendes uma alma?

Credes na sobrevivência da alma após a morte?

responder negativamente, ou, mesmo, se disser simplesmente: Não sei; desejara que assim fosse, mas não tenho a certeza disso, o que, quase sempre, eqüivale a uma negação polida, disfarçada sob uma forma menos categórica, para não chocar bruscamente o a que ele chama preconceitos respeitáveis, tão inútil seria ir além, como querer demonstrar as propriedades da luz a um cego que não admitisse a existência da luz. Porque, em suma, as manifestações espíritas não são mais do que efeitos das propriedades da alma. Com semelhante interlocutor, se se não quiser perder tempo, terse-á que seguir muito diversa ordem de idéias.

Admitida que seja a base, não como simples probabilidade, mas como coisa averiguada, incontestável, dela muito naturalmente decorrerá a existência dos Espíritos.


5. Resta agora a questão de saber se o Espírito pode comunicar-se com o homem, isto é, se pode com este trocar idéias. Por que não? Que é o homem, senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que não há de o Espírito livre se comunicar com o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado? Desde que admitis a sobrevivência da alma, será racional que não admitais a sobrevivência dos afetos? Pois que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha? Enquanto vivo, não atuava ele sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para se fazer compreendido?


6. Abstraiamos, por instante, dos fatos que, ao nosso ver, tornam incontestável a realidade dessa comunicação; admitamo-la apenas como hipótese. Pedimos aos incrédulos que nos provem, não por simples negativas, visto que suas opiniões pessoais não podem constituir lei, mas expendendo razões peremptórias, que tal coisa não pode dar-se. Colocando-nos no terreno em que eles se colocam, uma vez que entendem deapreciar os fatos espíritas com o auxílio das leis da matéria, que tirem desse arsenal qualquer demonstração matemática, física, química, mecânica, fisiológica e provem por a mais b, partindo sempre do principio da existência e da sobrevivência da alma:

1º que o ser pensante, que existe em nós durante a vida, não mais pensa depois da morte;

2º que, se continua a pensar, está inibido de pensar naqueles a quem amou;

3º que, se pensa nestes, não cogita de se comunicar com eles;

4º que, podendo estar em toda parte, não pode estar ao nosso lado;

5º que, podendo estar ao nosso lado, não pode comunicar-se conosco;

6º que não pode, por meio do seu envoltório fluídico, atuar sobre a matéria inerte;

7º que, sendo-lhe possível atuar sobre a matéria inerte, não pode atuar sobre um ser animado;

8º que, tendo a possibilidade de atuar sobre um ser animado, não lhe pode dirigira mão para fazê-lo escrever;

9º que, podendo fazê-lo escrever, não lhe pode responder às perguntas, nem lhe transmitir seus pensamentos.


Quando os adversários do Espiritismo nos provarem que isto é impossível, aduzindo razões tão patentes quais as com que Galileu demonstrou que o Sol não é que gira em torno da Terra, então poderemos considerar-lhes fundadas as dúvidas. Infelizmente, até hoje, toda a argumentação a que recorrem se resume nestas palavras: Não creio, logo isto é impossível. Dir-nos-ão, com certeza, que nos cabe a nós provar a realidade das manifestações. Ora, nós lhes damos, pelos fatos e pelo raciocínio, a prova de que elas são reais. Mas, se não admitem nem uma, nem outra coisa, se chegam mesmo a negar o que vêem, toca-lhes a eles provar que o nosso raciocínio é falso e que os fatos são impossíveis.


TRANSCRITO DO CAPÍTULO I HÁ ESPÍRITOS? De O Livro dos Médiuns OU GUIA DOS MÉDIUNS E DOS EVOCADORES - Editora FEB.
Foto - Evangelizandos e Evangelizadores, após evento da Evangelização defronte a Casa da Prece (localizada na Casa Transitória), um dos departamentos da Comunhão Espírita Cristã A Casa do Caminho.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Francisco O Cândido Xavier

2 de Abril

Permita que o meu verso aqui registre
A pura candidez de tuas ternuras
Muito embora o sofrer das amarguras
Que o chão da terra impõe se administre!


Por amor a Jesus, tu te apagaste
Em meio à ignorância deste mundo
Sorvendo a taça escura do contraste
Num esforço sincero e mais fecundo.


Em vão a sombra espessa te envolveu
Acenando com híbridas quimeras...
Estandarte das novas primaveras
Tua fé não vacilou e nem tremeu.

Teu coração se fez em pouso santo
A iluminar os dias da descrença
A enxugar o mais pungente pranto
Dos pequenos do mundo em dor intensa.

A nova era enfim, Jesus de novo!
Trazendo pão e paz, luz e agasalho.
Amar e esclarecer a alma do povo
É o ideal, teu lema de trabalho!

Por isto eu canto o pobre do meu verso
Sabendo que és tudo, menos cisco...
Para nós, tu serás sempre Francisco
O Cândido Xavier, do Universo.

Auta de Souza

Mensagem e poema psicografados por Geraldo Lemos Neto,
em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade em Belo
Horizonte - MG, na noite de 3 de abril de 2009.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A Mulher ante o Cristo

Reunião pública de 3-8-59
Questão nº 817 de “O Livro dos Espíritos”

Pergunta - São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos?
Resposta - “Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?”
Toda vez nos disponhamos a considerar a mulher em plano inferior, lembremo-nos dela, ao tempo de Jesus. Há vinte séculos, com exceção das patrícias do Império, quase todas as companheiras do povo, na maioria das circunstancias, sofriam extrema abjeção, convertidas em alimárias de carga, quando não fossem vendidas em hasta publica.

Tocadas, porém, pelo verbo renovador do Divino Mestre, ninguém respondeu com tanta lealdade e veemência aos apelos celestiais.

Entre as que haviam descido aos vales da perturbação e da sombra, encontramos em Madalena o mais alto testemunho de soerguimento moral, das trevas para a luz; e entre as que se mantinham no monte do equilíbrio domestico, surpreendemos em Joana de Cusa o mais nobre expoente de concurso e fidelidade.

Atraídas pelo amor puro, conduziam à presença do Senhor os aflitos e os mutilados, os doentes e as crianças. E, embora não lhe integrassem o circulo apostólico, foram elas - representadas nas filhas anônimas de Jerusalém - as únicas demonstrações de solidariedade espontânea que o visitaram, desassombradamente, sob a cruz do martírio, quando os próprios discípulos debandavam.

Mais tarde, junto aos continuadores da Boa-Nova, sustentaram-se no mesmo nível de elevação e de entendimento.

Dorcas, a costureira jopense, depois de amparada por Simão Pedro, fez-se mais ativa colaboradora da assistência aos infortunados. Febe é a mensageira da epistola de Paulo de Tarso aos romanos. Lidia, em Filipos, é a primeira mulher com suficiente coragem para transformar a própria casa em santuário do Evangelho nascituro. Lóide e Eunice, parentas de Timóteo, eram padrões morais da fé viva.

Entretanto, ainda que semelhantes heroínas não tivessem de fato existido, não podemos olvidar que, um dia, buscando alguém no mundo para exercer a necessária tutela sobre a vida preciosa do Embaixador Divino, o Supremo Poder do Universo não hesitou em recorrer à abnegada mulher, escondida num lar apagado e simples...

Humilde, ocultava a experiência dos sábios; frágil como o lírio, trazia consigo a resistência do diamante; pobre entre os pobres, carreava na própria virtude os tesouros incorruptíveis do coração, e, desvalida entre os homens, era grande e prestigiosa perante Deus.

Eis o motivo pelo qual, sempre que o raciocínio nos induza a ponderar quanto à glória do Cristo - recordando, na Terra, a grandeza de nossas próprias mães -, nós nos inclinaremos, reconhecidos e reverentes, ante a luz imarcescível da Estrela de Nazaré.

Fonte : Religião dos Espíritos, Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.
Foto: Laurita Pires de Sá(84), mãe(9 filhos) exemplar e abnegada nesta existência.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

JESUS

Agradecemos, Jesus,
Ao teu amor infinito,
Esse recanto bendito,
Que nos ergueste por lar,
O pão que nos dás à mesa,
A confiança, a harmonia,
O entendimento, a alegria
E a bênção de trabalhar.

Agradecemos o apoio
De tua força divina,
Que nos ampara e nos ilumina,
Desde a Terra ao Mais Além;
Os aguilhões do caminho
E o duro rigor da prova,
Que nos eleva e renova
Para a conquista do Bem.

Agradecemos, ainda,
O culto vivo da prece
Que em tudo nos enriquece
De paz, união e luz!...
Permite que te roguemos:
Nunca nos deixes a sós...
Seja onde for, vem a nós,
Fica conosco, Jesus!...

Maria Dolores

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sofrê

Sofrê

O calendário marcava o mês de março de 1933.
Chico achava-se hospedado na casa do senhor José Álvaro Santos, morador em Lagoa Santa, cidade de Minas Gerais.
O senhor José trouxera Chico consigo, de Pedro Leopoldo, para ajudá-lo a encontrar trabalho em Belo Horizonte, capital mineira. Mas as dificuldades eram inúmeras. Chico precisava retornar a Pedro Leopoldo e o senhor José, seu amigo e benfeitor, precisava ir ao Rio de Janeiro, cumprir encontro familiar.
Chico, muito agradecido ao senhor José, partiu para a cidade de Vespasiano e de lá retornaria a Pedro Leopoldo. Voltava preocupado porque não conseguira o emprego tão desejado.Enquanto ele aguardava o trem da Central do Brasil, já em Vespasiano, foi procurado por duas pessoas, que já o conheciam. Um deles, sabedor da vinda de Chico para candidatar-se ao emprego em Belo Horizonte, após cumprimentá-lo alegremente,disse-lhe que o emprego já o esperava na capital mineira. Continuava dizendo que os recursos que Chico teria seriam excelentes e toda sua família seria também beneficiada.
Chico mostrou-se radiante e lembrou-se de quanto seu pai ficaria feliz por ter aumento no orçamento doméstico. Mas, o portador da boa notícia, ao ver Chico disposto a ir imediatamente para Belo Horizonte e assumir o emprego, comunicou-lhe que havia condições para que a proposta fosse aceita. Chico, olhando calmamente para o interlocutor, indagou:
—Qual seria a condição?
E a resposta causou grande tristeza para o médium:—Chico, dizia a pessoa, para você aceitar o emprego, que já é seu, você terá de renunciar ao Espiritismo e dizer a todos que o livro Parnaso de Além-Túmulo, é de sua autoria e não dos Espíritos.
Chico, de imediato, negou-se a essa proposta e explicou como o livro fora escrito pelos Espíritos, tomando suas mãos, da qual ele não participara com nenhum pensamento. O livro jamais fora escrito por ele e sim pelos poetas que nele deixaram seus pensamentos. Ele, Chico, nunca seria capaz de escrever nem uma simples trova. Diante disso, o amigo lhe perguntou:
—Chico, você conhece um pássaro chamado “sofrê”?
—Não, respondeu-lhe.
E, logo em seguida, o outro responde:
—O “sofrê” é um pássaro que imita os outros pássaros. Assim é com você. Sua vocação é como a desse pássaro. Você tenta imitar os poetas. Não acredito em Espíritos, Chico. Isso não existe. Os poemas são seus e não como você julga serem psicografados. E rindo, como que zombando por ver Chico continuar afirmando que eram dos Espíritos os poemas, os “amigos” se afastaram, dizendo-lhe que, então, voltasse a Pedro Leopoldo.
Chico, muito triste, ouviu Emmanuel dizer-lhe:
— Volte, Chico, para Pedro Leopoldo e continuemos no trabalho do Senhor. Você não é um “sofrê”, mas precisa sofrer para aprender.



Érica


Bibliografia: No Mundo de Chico Xavier - Elias Barbosa, EditoraIDE - 8ª ed., 1992.
Jornal Espírita on-line SEAREIRO.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

No livro “Inesquecível Chico”, dos autores Romeu Grisi e Gerson Sestini, trabalhadores e divulgadores da DoutrinaEspírita, encontramos um esclarecimento feito por Chico a esses companheiros, com respeito ao citado Cárcere Mamertino, em Roma. Contam os autores que, numa das ocasiões em visita ao médium Chico Xavier, no Grupo Espírita da Prece em Uberaba, após a reunião noturna, o famoso cafezinho tão esperado era o início dos abraços e conversações com o médium, que se estendiam até a madrugada. Porém, Chico, vendo o aglomerado de pessoas naquela noite, vindas em muitas caravanas de diversos locais, pediu-nos acompanhá-lo ao Hotel Zote, que se situava próximo ao Grupo da Prece, diante da rodovia BR-50. Ali, dizia-nos


Chico, ficaríamos mais à vontade para o nosso cafezinho. Esse local servia de parada de ônibus para Brasília e outras cidades do Brasil Central. O extenso salão era movimentado pelos passageiros que aguardavam seus respectivos ônibus, mas a chegada de Chico, com todas as pessoas, chamou a atenção e um grande aglomerado formou-se ao seu redor. Com isso, o guarda Xexéu foi despertado para que se mantivesse a ordem pública. Ele era muito conhecido e Chico sempre o estimulava para exercer, com paciência, a sua sagrada profissão de saber lidar com o povo. E Xexéu tinha profundo respeito para com o médium. Diante da preocupação em manter a ordem, pelo guarda Xexéu, Romeu lembrou-se do cartão postal que ele e Gerson mandaram ao Chico, quando estiveram em Roma. E ambos,dirigindo-se ao médium, indagaram:




— Chico, você está se lembrando do cartão postal, com vista do “Cárcere Mamertino”, em Roma, que enviamos a você?




Chico, muito atento e brincalhão, disse aos amigos:




— Vocês querem testar minha memória? Claro que lembro e tão bem quanto ao ano de 1951 e que, na época, eu residia em Pedro Leopoldo. Mas por que vocês se lembraram desse fato? Romeu, meio constrangido pela resposta de Chico, falou:




— Não, Chico, de modo nenhum queremos testá-lo, pois sabemos que estaremos em pior condição mental. O fato nos ocorreu, agora, porque gostaríamos de ouvi-lo e nos elucidar sobre o citado local, que é o mencionado nos livros, “Há Dois Mil Anos” e “Paulo e Estevão”, romances de Emmanuel. Chico, demonstrando satisfação em falar sobre o assunto, relatou:




— Foi com muita alegria que recebi o cartão postal com a vista do “Cárcere de Mamertino”, pois era a confirmaçãode sua existência, descrita nos livros “Há Dois Mil Anos” e “Paulo e Estevão”, romances recebidos por nós, de seu ilustre autor, o senhor Emmanuel. Podemos dizer que éramos iniciantes na mediunidade psicográfica e, quando vimos que esse local existia e não era fruto denossa imaginação, foi-nos muito agradável.


Demonstrando ainda alegria pela recordação do cartão, ele prosseguiu na descrição do local:




— O Cárcere Mamertino possui dois pavimentos ligados por uma escada. Consta na tradição cristã que, quando Pedro, o Apóstolo, foi preso, os guardas o atiraram violentamente pela escada abaixo. O rosto do Apóstolo bateu na parede rochosa e nela deixou um sinal, que permanece até hoje.




E quando Deus nos permitiu que viajássemos para a Europa, passamos por Roma, pois nosso desejo era o de visitarmos o local do Cárcere Mamertino, vimos que lá está o sinal deixado por Pedro, o Apóstolo, na rocha, protegido por um vidro, para que não haja dúvidas sobre o acontecimento da prisão de Pedro.


Érika


Bibliografia: Adaptação do livro “Inesquecível Chico” - Romeu Grisi e Gerson Sestini,Editora GEEM, 1ª ed., 2008.


fONTE: JORNAL ON-LINE SEAREIRO

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Felicidade

Se Deus colocou nos corações esta necessidade tão grande de felicidade, é que esta deve existir em alguma parte. Sim, tende confiança nele, mas sabei que tudo o que Deus promete deve ser divino como ele, e que a felicidade que procurais não pode ser material.

Vinde a nós, vós todos que sofreis; vinde a nós, todos vós que tendes necessidade de esperança, porque quando tudo na Terra vos faltar, enfraquecer, nós aqui, teremos mais do que as vossas necessidades pedirem. Mães desesperadas, que vos lamentais sobre uma tumba, vinde aqui: O anjo que chorais vos falará, vos protegerá, vos inspirará a resignação para as penas que tendes sofrido na Terra. Todos vós que tendes a necessidade insaciável da ciência, dirigi-vos a nós, só nós podemos dar ao vosso Espírito o alimento de que ele necessita. Vinde, saberemos encontrar para cada ferida uma doçura, e por desamparados que vos pareçam, há Espíritos que vos amam e que estão prontos para vo-lo provar. Eu falo em nome de todos. Desejo ver virem nos pedir conselhos, porque estou segura que vós, com isto, tereis a esperança no coração. STAEL.

Nota. - Um instante depois, o Espírito escreveu de novo, espontaneamente:

O sorriso vem mais de uma vez aos lábios de certos ouvintes, e se escapa ao médium, não escapa aos Espíritos; mas não tendes medo; são aqueles que mais riem que crêem mais depois, e nós vos perdoamos, porque um dia podereis vos arrepender de vossa ironia. Estou segura que se, junto de cada um de vós, senhoras, viesse um ser perdido e que amastes vos lembrar uma recordação, mudaríeis o vosso sorriso de uma incredulidade em um suspiro, e serieis ou felizes ou ansiosas. Sede tranqüilas, vosso dia virá, e sereis tocadas pelo coração, porque é a vossa corda mais sensível: eu a conheço.
STAEL.

Foto - Cátia Moreira(24) e Vovö Casimiro(95).

sábado, 28 de novembro de 2009

“Não obstante, o Espiritismo não é uma descoberta moderna. Os fatos e os princípios, sob os quais ele repousa, se perdem na noite dos tempos, pois seus traços se acham nas crenças dos povos, em todas as religiões, na maior parte dos escritores sacros e profanos. Apenas que, incompletamente observados, os fatos foram freqüentemente interpretados conforme as idéias supersticiosas da ignorância e sem que dos mesmos tivessem sido deduzidas todas as conseqüências.

O que há de moderno é a explicação lógica dos fatos, o conhecimento mais completo da natureza dos Espíritos, de sua missão e de seu modo de agir; a revelação do nosso estado futuro e, enfim, a constituição dele num corpo científico e doutrinário e suas múltiplas aplicações. Os antigos conheciam o princípio; os modernos conhecem as minúcias.
Na Antigüidade o estudo desses fenômenos era privilégio de certas classes, que só o revelavam aos iniciados nesses mistérios; na Idade Média os que com ele se ocupavam ostensivamente eram tidos como feiticeiros e queimados vivos; hoje, porém, já não há mais mistérios para ninguém, ninguém é queimado, tudo se faz à luz meridiana e todo o mundo está disposto a instruir-se e praticar. Porque em toda parte se encontram médiuns e cada um pode sê-lo mais ou menos.
A doutrina hoje ensinada pelos Espíritos nada tem de novo; seus fragmentos são encontrados na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e se completam nos ensinos de Jesus Cristo. A que vem, pois, o Espiritismo? Vem confirmar com novos testemunhos e demonstrar com os fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas e restabelecer em seu verdadeiro sentido aquelas que foram mal interpretadas ou deliberadamente alteradas.
O que é certo é que nada de novo ensina o Espiritismo. Mas será pouco provar de modo patente e irrecusável a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade após a morte, sua imortalidade, e as penas e recompensas futuras?”
Allan Kardec
– O que é o Espiritismo – Introdução
Foto (Wilton e Wellington, dois estudiosos e divulgadores da Doutrina Espírita)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO I
NÃO VIM DESTRUIR A LEI

O Espiritismo

5. O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domino do fantástico e do maravilhoso. E a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e dai vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil.



6. A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.


7. Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

ALLAN KARDEC
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
DEPARTAMENTO EDITORIAL


Foto: Chico Xavier de mãos dadas com crianças.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CONSELHOS

Há um dito popular que afirma que: "se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia..."

A assertiva parece um pouco exagerada, pois deixa transparecer a ineficácia ou a inutilidade de um conselho. Cremos que não se deva tomar a questão com tal extremismo.


Há conselhos que, realmente, são nefastos, principalmente quando as suas recomendações são de má índole: quando se aconselha a fazer o mal a alguém, a matar, a mentir, a abandonar compromissos assumidos, a usar determinados vícios, etc. São maus conselhos e merecem reprovação.


Porém, temos visto conselhos que refletem o pensamento de Deus na boca de Seus filhos, orientando para a Luz e para a ventura: os conselhos para que alguém estude, trabalhe, faça as pazes, retorne ao seio da família, para que perdoe alguma ofensa, dentre outros.


Cada vez que você seja chamada a aconselhar, medite na responsabilidade de que se revistirá a sua sugestão, e recomende para o bem e para o progresso. Jamais dê conselhos que degenerem, que infelicitem, que perturbem, que desconsiderem a ética ou o respeito à vida.


Os seus conselhos serão sempre, uma vez seguidos, a sua presença junto ao aconselhado. Pense no que Jesus seria capaz de aconselhar perante o problema em questão, e não trepide em aconselhar como Ele. Mesmo estando consciente de que nem sempre as suas sugestões serão seguidas, ofereça sempre o melhor em forma de idéias e de comportamentos, uma vez que aquele que aconselhar se converte em "autor intelectual" para aquele que obedece, e o "autor intelectual" costuma ser o mais responsabilizado em circunstâncias nefastas, mas o mais homenageado pela sociedade e pela consciência quando de sua autoria surge o bem e o belo.


Dê bons conselhos sempre, e não se agaste nem se pertube com o dito popular. Aliás, nem sempre "a voz do povo é a voz de Deus."


Do livro "Ações corajosas para viver em Paz", pelo Espírito de Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira.


“Fale pouco e faça muito.”
Pirkê Avot (Ética dos Pais) 1:15


“Um tolo diz aquilo que sabe; um sábio sabe aquilo que diz.” Rabi Simcha Bunim.


"Na profusão de palavras o pecado não falta; mas aquele que fecha seus lábios é um sábio.”
Mishlê (Provérbios) 10:19.


"Devemos orar pelos políticos, pelos administradores da vida pública. A tentação do poder é muito grande. Eu não gostaria de estar no lugar de nenhum deles. A omissão de quem pode e não auxilia o povo, é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira. Tenho visto muitos espíritos dos que foram homens públicos na Terra em lastimável situação na Vida Espiritual...".


Do livro Diretrizes de Segurança - Palavras de Chico Xavier