domingo, 28 de novembro de 2010

SERVIÇO E TEMPO


SOS. O TEMPO URGE!
 IRMÃOS do Caminho de SOUSA! 
SERVIÇO E TEMPO. UM LEMBRETE.
SERVIÇO E TEMPO



A senhora Juvercina Trajano era um prodígio de minudencias.

Aos quase sessenta de idade, reafirmava a sua condição de missionária do Cristo, no amparo à infância, com particularidades preciosas de informação.

Espírita fervorosa, sabia-se reencarnada para o desempenho de grande tarefa. Cabia-lhe socorrer crianças desprotegidas. Antevia a obra imensa. Mentalizava-se rodeada de pequeninos a lhe rogarem ternura.

Enternecia-se ao narrar às próprias recordações da sua vida de Espírito, antes do berço, pois dona Juvercina chegava a lembrar-se do tempo em que se via, no Plano Espiritual, preparando a existência física em que se reconhecia habilitada ao grande empreendimento.

Revia-se em companhia de vários benfeitores desencarnados, visitando instituição assistencial de zonas inferiores e anotando dezenas de Espíritos, positivamente desorientados e infelizes, aos quais prestaria auxilio eficiente, depois de reinstalada na Terra.

E a senhora Trajano explicava, vezes e vezes, para os amigos admirados:

- Torno a ver o sitio escuro e esquisito, como se fosse agora ... Um vale extenso, repleto de almas agoniadas, necessitando retomar a experiência do mundo, à feição de alunos aguardando ansiosamente os benefícios da escola. Creiam que ouço ainda a voz do instrutor paternal que me dizia ser o Irmão Ambrosio, a falar-me confiantemente: "- Sim, minha irmã, você renascera' na terra com a missão de patrocinar crianças em abandono, será benfeitora maternal dos filhinhos da expiação e do sofrimento ... Deste recanto de aprendizado, partirão oitenta Espíritos transviados, mas sequiosos de esclarecimento e de amor, ao encontro de seus braços ...

Você organizara para eles um lar regenerador. Não lhe faltarão recursos para situá-los no ambiente preciso. Volte à Terra e trabalhe ...

Compreenda que para assegurar os alicerces de sua obra, você carregara à responsabilidade sobre o reajuste de oitenta irmãos nossos, desorientados e enfermos que tomarão, depois de você, o corpo carnal para o esforço restaurativo ... Seguirão eles, a pouco e pouco, sob nossa vigilância, na direção do seu carinho ..."

A senhora Trajano alinhava reminiscências, entre entusiasmada e comovida. E, realmente, desde os trinta e dois anos de idade, iniciara, com êxito, a construção de um lar para os rebentos do infortúnio.

O empreendimento, lançado por ela em terreno fértil, encontrara a melhor acolhida. Corações nobres haviam chegado, colocando-lhe nas mãos os recursos imprescindíveis. Facilidades, ofertas, dinheiro e cooperação.

Em cinco anos, erguera-se o vasto domicilio, simples sem penúria e confortável sem excesso. Juvercina, todavia, se fizera exigente e, por isso, conquanto a casa se patenteasse digna e pronta, prosseguia descobrindo detalhes que considerava de especial importância. Nunca se sentia com bastante conforto para albergar as dezenas de crianças desventuradas que lhe batiam 'as portas. Depois do edifício acabado, quis aumentá-lo. Efetuados numerosos acréscimos, reclamou mais terras. Compradas as terras, decidiu a formação de pomares.

Multiplicaram-se campanhas, projetos, apelos e doações. Mas não ficou nisso. Resolveu modificar, por varias vezes, o sistema de água, a iluminação, a estrutura das paredes, os tetos e os pisos. Deliberou experimentar sementeiras diferentes, em hortas e jardins, reformando as, insatisfeita. Quando tudo fazia prever a inauguração, solicitou varandas e pérgulas, alem de galpões e caprichosas calcadas. Se a obra não se alterava por dentro, surgiam as novidades de fora. E vinte e seis anos passaram na expectativa...

Todo esse tempo se desdobrara em pormenores e pormenores, quando, na reunião mediúnica semanal de que era companheira solicita, compareceu, por um dos médiuns psicofonicos, o Irmão Ambrosio em pessoa.

Partilhando a surpresa dos circunstantes, Dona Juvercina chorou, empolgada. Aquela voz ... Conhecia aquela voz ...

O mensageiro exortou-se ao cumprimento da promessa e explanou, com elegância e beleza, sobre as necessidades da infância, no estagio da reencarnação terrestre.

Juvertina escutou e escutou, mas, percebendo que a palavra do instrutor continha para ela expressiva inflexão de advertência, indagou, respeitosa, quando o comunicante se dispunha despedir-se:

- Irmão Ambrosio, não estarei sendo leal a mim mesma? O irmão admite que me mantenho fiel às obrigações que abracei?

O interlocutor fixou inesquecível gesto de brandura e respondeu com a bondade de um pai que aconselha uma filha:

- Sim, minha irmã, você tem sido muito exata no programa traçado, tem trabalhado e sofrido pela obra, mas não se esqueça do tempo ... As horas são empréstimos preciosos!...

E acrescentou sob o espanto geral:

- Trinta Espíritos necessitados de recondução e assistência, dos oitenta que você se comprometeu a socorrer e reeducar, são agora delinqüentes de novo ... Dois são obsidiados perigosos na vida pública, seis estão fichados por doentes mentais em penitênciarias e os restantes vinte e dois se encontram internados em diversas cadeias.



Irmão X, transcrito do Livro Cartas e Crônicas, psicografado por Francisco Xavier

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