segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Instinto e Virtude



Seria o amor materno uma virtude ou apenas um instinto que tanto se manifesta na Humanidade quanto nos animais? Kardec propôs essa questão aos Espíritos Superiores e podemos encontrá-la, com a resposta dada, na pergunta 890 de O Livro dos Espíritos. Na reunião a que se refere Chico Xavier, aberto o livro ao acaso, foi essa a questão que caiu para os estudos.

Os Espíritos respondem que o amor materno é instinto nos animais e também na criatura humana, mas nos animais é limitado às necessidades de conservação e desenvolvimento da prole, desaparecendo em seguida. E acrescentam: "Na criatura humana persiste por toda a vida e comporta um devotamento e uma abnegação que constituem virtudes, pois sobrevivem à própria morte, acompanhando o filho além da tumba. Vede que há nele alguma coisa mais do que no animal".



Nas sessões mediúnicas, quando nos defrontamos com espíritos endurecidos, vemos quase sempre que eles são socorridos pelas mães que se desvelam no mundo espiritual a ampará-los e desviá-los do erro. É o amor materno acompanhando-os além da tumba. São fatos assim que nos dão a segurança da verdade espírita, pois de Kardec até hoje os princípios doutrinários são confirmados em todas as experiências sérias e bem dirigidas.

Na mensagem de Emmanuel temos também o problema do amor fraterno, que é essencial para a evolução humana. Esse amor, que abrange a todas as criaturas, depende da nossa capacidade de superação do egoísmo, de nos elevarmos acima de nós mesmos para podermos perdoar e aceitar os outros. É o caso da esposa abandonada pelo marido que a deixa em dificuldades para criar e educar os filhos. Emmanuel lembra a carga de forças negativas procedentes de existências anteriores e a fragilidade da criatura humana para vencê-las em certas circunstâncias. Daí aconselhar à mulher que não condene o trânsfuga, para não aumentar essa carga, auxiliando-o a vencê-la com
os seus bons pensamentos e sentimentos de amor.



A mãe está biológica e espiritualmente mais ligada aos filhos do que o pai. Nela, portanto, o instinto natural e a virtude moral se conjugam de maneira mais profunda.

Grande é a responsabilidade paterna pelos filhos, mas a responsabilidade materna é ainda maior.



Autor: Irmão Saulo

Do livro: Na Era do Espírito, Médium: Francisco C. Xavier e Herculano Pires - Espíritos Diversos



domingo, 30 de dezembro de 2012

Velhos e Moços

Não era raro observar-se, na pequena comunidade dos discípulos, o entrechoque das opiniões, dentro do idealismo quentendos mais jovens. Muitas vezes, o séquito humilde dividia-se em discusões, relativamente aos projetos do futuro.
 
Enquanto Pedro e André se punham a ouvir os companheiros, com a ingenuidade de seus corações simples e sinceros, João comentava os planos de luta no porvir; Tiago, seu irmão, falava do bom aproveitamento de sua juventude, ao passo que o jovem Tadeu fazia promessas maravilhosas.

– Somos jovens! - diziam. - Iremos à Terra inteira, pregaremos o Evangelho às nações, renovaremos o mundo! ...

– Tão logo o Mestre permitisse, sairiam da Galiléia, pregariam as verdades do reino de Deus naquela Jeruzalém atulhada de preconceitos e de falsos intérpretes do pensamento Divino. Sentiam-se fortes e bem dispostos. Respiravam a londos haustos e supunham-se  os únicos discípulos habilitados a traduzir com fidelidade os novos ensinamentos. Por longas horas, questiobavam acerca de suas possibilidades, apresentavem as suas vantagens, debatiam seus projetos imensos. E pensavam consigo: que poderia realizar Simão Pedro, chefe de família e encarcerado nos seus pequeninos deveres? Mateus não estava igualmente enlaçado por inadiáveis obrigações de cada dia? André e o irmão os escutavam despreocupados, para meditarem apenas quanto às lições do Messias.


– Entretanto, Simão, mais tarde chamado o “Zelote”, antigo pescador
do lago, acompanhava semelhantes conversações, humilhado. Algo mais velho que os companheiros, suas energias, a seu ver, já não se coadunavam com os serviços do Evangelho do Reino. Ouvindo as palavras fortes da juventude dos filhos de Zebedeu, peguntava a si mesmo o que seria de seu esforço singelo, junto de Jesus. Começava a sentir mais fortemente o declínio das forças vitais. Suas energias pareciam descer de uma grande montanha, embora o espírito se lhe conservasse firme e vigilante, no ritmo da vida.
– Deixando-se, porém, impressionar vivamente, procurou entender-se com o Mestre, buscando eximir
-se das dúvidas que lhe roíam o coração.


Depois de expor os seu
s receios e vacilações, observou que Jesus o fitava sem surpresa, como se tivesse pleno conhecimento de suas emoções.
– Simão – disse o Mestre com desvelado carinho - , poderíamos acaso
perguntar a idade de Nosso Pai? E se fôssemos contar o tempo, na ampulheta das inquietações humanas, quem seria o mais velho de todos nós? A vida, na sua expressão terrestre, é como uma árvore grandiosa. A infância é a sua ramagem verdejante.A mocidade se constitui de suas flores perfumadas e formosas.A velhice é o fruto da experiência e da sabedoria.Há ramagens que morrem depois do primeiro beijo do Sol, e flores que caem ao primeiro sopro da Primevera.O fruto, porém, é sempre uma benção do Todo-Poderoso. A ramagem é uma esperança; a flor uma promessa; o fruto é a realização. Só ele contém o doce mistério da vida, cuja fonte se perde no infinito da divindade! ...

– Ao passo que o discípulo lhe meditava os conceitos, com sincera admiração, Jesus prosseguia, esclarecendo:
 

– -Esta imagem pode ser também a da vida do espírito, na sua radiosa eternidade, apenas com a diferença de que aí as ramagens e as flores não morrem nunca, marchando sempre para o fruto da edificação.
Em face da grandeza espiritual da vida, a existência humana é uma hora de aprendizado, no caminho infinito do Tempo; essa hora minúscula encerra o que existe no todo. É por isso que aí vemos, por vezes, jovens que falam com uma experiência milenária e velhos sem reflexão e sem esperança.
– -Então, Senhor, de qualquer modo, a velhice é a meta do espírito
? - perguntou o discípulo, emocionado.

– -Não a velhice enferma e amargurada que se conhece na Terra, mas a da experiência que edifica o amor e a sabedoria. 
Ainda aqui, devemos recordar o símbolo da árvore, para reconhecer  que o fruto perfeito é a frescura da ramagem e a beleza da flor, encerrando o conteúdo divino do mel e da semente.

– Percebendo que o Mestre estendera seus conceitos em amplas imagens simbológicas, o apóstolo voltou a retrair-se em seu caso particular e obtemperou:

- A verdade
, Senhor, é que me sinto depauperado e envelhecido, temendo não resistir aos esforços a que se obriga a minhalma, na semeadura da vossa doutrina santa.

– -Mas, escuta, Simão – redarguiu-lhe Jesus, com serenidade enérgica -, achas que os moços de amanhã poderão fazer alguma coisa sem os trabalhos dos que agora estão envelhecendo? ... Poderia a árvore viver sem a raiz, a alma sem Deus?!  Lembra da tua parte de esforço e não te preocupes com a obra que pertence ao Todo-Poderoso.
Sobretudo, não olvides que a nossa tarefa, para dignidade perfeita de nossas almas, deve ser intransferível. João também será velho e os cabelos brancos de sua fronte contarão profundas experiências. Não te magoe a palestra dos jovens da Terra. A flor, no mundo, pode ser o princípio do fruto, mas pode também enfeitar o cortejo das ilusões. Quanto te cerque o burburinho da mocidade, ama os jovens que revelem trabalho e reflexão; entretanto, não deixes de sorrir, igualmente, para os levianos e inconstantes: são crianças que pedem cuidado, abelhas que ainda não sabem fazer o mel. Perdoa-lhes os entusiasmos sem rumo, como se devem esquecer os impulsos de um menino na inconsciência dos seus primeiros dias de vida. Esclarece-os, Simão, e não penses que outro homem pudesse efetuar, no conjunto da obra divina, o esforço que te compete. Vai e tem bom  ânimo! ... Um velho sem esperança em Deus é um irmão triste da noite; mas eu venho trazer ao mundo as claridades de um dia perene.

– Dando Jesus por terminado o seu esclarecimento, Simão, o Zelote, se retirou satisfeito, como se houvesse recebido no coração uma energia nova.




Voltando à casa pobre, encontrou Tiago, filho de Cleofas, falando à margem do lago com alguns jovens, apelando ardentemente para as suas força
s realizadoras. Avistando o velho companheiro, o apóstolo mais moço não o ofendeu, porém fez uma pequena alusão à sua idade, para destacar as palavras de sua exortação aos companheiros pescadores. Simão, no entanto, sem experimentar qualquer laivo de ciúme, recordou as elucidações do Mestre e, logo que se fez silêncio, ao reconhecer que Tiago estava só, falou-lhe com brandura:

– Tiago, meu irmão, será que o espírito tem idade? Se Deus contasse o tempo como nós, não seria ele o mais velho de toda a criação?
E que homem do mundo guardará a presunção de se igualar ao Todo-Poderoso? Um rapaz não conseguiria realizar a sua tarefa na Terra, senão tivesse a precedê-lo as experiências de seus pais. Não nos detenhamos na idade, esqueçamos as circunstâncias, para lembrar somente os fins sagrados de nossa vida, que deve ser a edificação do Reino no íntimo das almas.
– O filho de Alfeu
escutou-lhe as observações singelas e reconheceu que eram ditas com uma fraternidade tão pura, que não lhe chegavam a ferir, nem de leve, o coração.Admirando a ternura serena do companheiro e sem esquecer o padrão de humildade que o Mestre cultivava, refletiu um momento e exclamou, comovido:

– Tens razão!
 

– O velho apóstolo não esperou qualquer justificava de sua parte e, dando-lhe um abraço, mostrou-lhe um sorriso bom, deixando perceber que ambos deviam esquecer, para sempre, aquele minuto de divergência, a fim de se unirem cada vez mais em Jesus-Cristo.
 

– Naquela mesma tarde, quando o Messias começou a ensinar a sabedoria do Reino de Deus, Simão, o Zelote, notou que havia na praia duas criancinhas inconscientes.
Dominada pela nova luz que fluía dos ensinamentos do Mestre, a mãe delas não vira que se distanciavam, ao longo,do primeiro lençol raso das águas; o velho pescador, atento à pregação e às demais necessidades da hora em curso, observou os dois pequeninos e acompanhou-os. Com uma boa palavra,tomou-os nos braços, sentando-se numa pedra e, terminada que foi a reunião,os restituiu ao colo maternal, em meio de suave alegria e sincero reconhecimento. Inspirado por uma força estranha à sua alma, o discípulo compreendeu que o júbilo daquela tarde não teria sido completo se duas crianças houvessem desaparecido no seio imenso das águas, separando-se para sempre dos braços amoráveis de sua mãe. No âmago do seu espírito, havia um júbilo sincero. Compreendera com o Cristo o prazer de servir, a alegria de ser útil.
– Nessa noite, Simão, o Zelote, teve um sonho
glorioso para a sua alma simples. Adormecendo de consciência feliz, sonhou que se encontrava com o Messias, no cume de um monte que se elevava em estranhas fulgurações. Jesus o abraçou com carinho e lhe agradeceu o fraterno esclarecimento fornecido a Tiago, em sua lembrança, manifestando-lhe reconhecimento pelo seu terno cuidado com as duas crianças desconhecidas, por amor de seu nome.

– O discípulo sentia-se venturoso naquele momento sublime.
Jesus, do alto da colina prodigiosa,mostrava-lhe o mundo inteiro. Eram cidades e campos, mares e montanhas... Em seguida, o antigo pescador compreendeu que seus olhos assombrados divisavam as paisagens do futuro. Ao lado de seu deslumbramento, passava a imensa família humana. Todas as criaturas fitavam o Mestre, com os olhos agradecidos e refulgentes de amor. As crianças lhe chamavam “amigo fiel”; os jovens, “verdade do céu”; os velhos, ”sagrada esperança”.

– Simão acordou, experimentando indefinível alegria.
Na manhã imediata, antes do trabalho, procurou o Senhor e beijou-lhe a fímbria humilde da túnica, exclamando jubilosamente:

– Mestre, agora vos compreendo!...

– Jesus contemplou-o com amor e respondeu:
 

– Em verdade, Simão, ser moço ou velho, no mundo, não interessa!... Antes de tudo, é preciso ser de Deus!...
 
Autor
Humberto de Campos

sábado, 29 de dezembro de 2012

Os Animais Também Oram?



Da cauda ao focinho, totalmente preto, era aquele cãozinho que chegava vagarosamente, com dignidade, nas sessões públicas do Centro Espírita Luiz Gonzaga, da cidadezinha rural de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e dirigia-se para o canto, onde Chico Xavier estava. Ali ficava, como se estivesse em prece, quieto, olhos fechados. Terminados os trabalhos, desaparecia silenciosamente como chegara. Uma tarde, a dona de Negrito deparou-se com o médium e lhe falou:

"Imagine, meu cachorrinho às sextas e segundas some das 20 às 2 horas da madrugada, e só agora vim a saber que vai para o seu Centro! Como é que ele, sendo um animal, consegue vencer todos os obstáculos e fugir para freqüentar um ambiente sadio, espiritualmente elevado, enquanto eu, por mais que queira, não tenho forças para ir a um Centro Espírita?


Chico ( as multidões de sofredores e enfermos os seguem como outrora seguiam a Jesus) sorriu, escondendo a emoção, e a consolou: Minha filha, não fique triste. Negrito leva para você um pouco de paz e um dia, que já vem perto, há de trazê-la aqui. Jesus há de ajudá-la.


Não se passou muito tempo. Logo, a infeliz meretriz, depois de abandonar sua triste profissão, juntamente com seu leal amigo, Negrito, começaram a freqüentar as aulas de evangelização no "Centro do Chico..."

Relato do Coronel Edynardo Weyne


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Supérfluo



Por toda parte na Terra, vemos o fantasma do Supérfluo enterrando a alma do homem no sepulcro da provação.



Supérfluo de posses estendendo a ambição...


Supérfluo de dinheiro gerando intranqüilidade...


Supérfluo de preocupações imaginárias abafando a harmonia...


Supérfluo de indagações empanando a fé...


Supérfluo de convenções expulsando a caridade...


Supérfluo de palavras destruindo o tempo...


Supérfluo de conflitos mentais determinando o desequilíbrio...


Supérfluo de alimentação aniquilando a saúde...


Supérfluo de reclamações arrasando o trabalho...



No entanto, se o homem vivesse de acordo com as próprias necessidades, sem exigir o que ainda não merece, sem esperar o que não lhe cabe, sem perguntar fora do propósito e sem reprovar nos outros aquilo que ainda não retificou em si mesmo, decerto a existência na Terra estaria exonerada da grande maioria dos tributos que aí se pagam quase diariamente à perturbação.



Se procuras no Cristo o mentor de cada dia, soma as tuas possibilidades no bem, subtrai as próprias deficiências, multiplica os valores do próprio serviço e divide o amor para com todos, a fim de que os que te cercam aprendam com a vida o que convém realmente à própria segurança.

O problema da felicidade não está em sermos possuídos pelas posses humanas, quaisquer que elas sejam, mas em possuí-las, com prudência e serenidade, usando-as no bem para os semelhantes, que resultará sempre em nosso próprio benefício.



Alija o supérfluo de teu caminho e acomoda-te com o necessário à tua paz.

Somente assim encontrarás em ti mesmo o espaço mental indispensável à comunhão clara e simples com o nosso Divino Mestre e Senhor.



Emmanuel

Do livro: Plantão de Paz, Médium: Francisco Cândido Xavier


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012






Sinal Espírita
 




Quando a pessoa entrou no Espiritismo, é fácil verificar: basta perquirir um fichário ou escutar uma indicação. Entretanto, a fim de positivar se o Espiritismo entrou na pessoa, é indispensável que a própria criatura faça menção disso, através de manifestações evidentes.
 
Vejamos dez das inequívocas expressões do sinal espírita na individualidade, que sempre se representa pelo designativo "mais", nos domínios do bem:

mais serviço espontâneo e desinteressado aos semelhantes;
mais empenho no estudo;
mais noção de responsabilidade;
mais zelo na obrigação;
mais respeito pelos problemas dos outros;
mais devotamento à verdade;
mais cultivo de compaixão;
mais equilíbrio nas atitudes;
mais brandura na conversa;
mais exercício de paciência.


Ser espírita de nome, perante o mundo, decerto que já significa trazer legenda honrosa e encorajadora na personalidade, mas, para que a criatura seja espírita, à frente dos Bons Espíritos, é necessário apresentar o sinal espírita da renovação interior, que, ante a Vida Maior, tem a importância que se confere na Terra às prerrogativas de um passaporte ou ao valor de uma certidão.

 

Albino Teixeira, psicografia de Chico Xavier



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sessão Comemorativa na Sociedade de Paris



No início da sessão uma prece especial para a circunstância substituiu a invocação geral, que serve de introdução às sessões ordinárias. Ela foi assim concebida:



Glória a Deus, soberano senhor de todas as coisas!

Senhor, pedimos que espalheis vossa santa bênção sobre esta Assembléia.

Nós vos glorificamos e vos agradecemos porque vos aprouve esclarecer nosso caminho pela divina luz do Espiritismo.

Graças a esta luz, a dúvida e a incredulidade desapareceram do nosso espírito e também desaparecerão deste mundo; a vida futura é uma realidade e marchamos sem incerteza para o porvir que nos está reservado.

Sabemos de onde viemos e para onde vamos, e por que estamos na Terra.

Conhecemos a causa de nossas misérias e compreendemos que tudo é sabedoria e justiça em vossas obras.



Sabemos que a morte do corpo não interrompe a vida do Espírito, mas que lhe abre a verdadeira vida; que não destrói nenhuma afeição sincera; que os que nos são caros não estão perdidos para nós e que os encontraremos no mundo dos Espíritos. Sabemos que enquanto esperamos, eles estão ao nosso lado; que nos vêem e nos ouvem e podem continuar suas relações conosco.

Ajudai-nos, Senhor, a espalhar entre os nossos irmãos da Terra, que ainda estão na ignorância, os benefícios desta santa crença, porque ela acalma todas as dores, dá consolação aos aflitos, coragem, resignação e esperança nas maiores amarguras da vida.

Dignai-vos estender vossa misericórdia sobre nossos irmãos falecidos e sobre todos os Espíritos que se recomendam às nossas preces, seja qual for a crença que tenham tido na Terra.

Fazei que o nosso pensamento benevolente leve alívio, consolação e esperança aos que sofrem.

A seguir o Presidente dirige a seguinte alocução aos Espíritos:

Caros Espíritos de nossos antigos colegas: Jobard, Sanson, Costeau, Hobach e Poudra:

Convidando-vos a esta reunião comemorativa, nosso objetivo não é apenas vos dar uma prova de nossa lembrança, que, como sabeis, é sempre cara à nossa memória; viemos, sobretudo, felicitar-vos pela posição que ocupais no mundo dos Espíritos e agradecer as excelentes instruções que, de vez em quando, nos vindes dar desde a vossa partida.

A Sociedade se rejubila por vos saber felizes; ela se honra por vos haver contado entre os seus membros, e de vos contar agora entre os seus conselheiros do mundo invisível.



Apreciamos a sabedoria de vossas comunicações e seremos sempre felizes todas as vezes que julgardes por bem vir participar de nossos trabalhos.

A esse testemunho de gratidão associamos todos os Espíritos bons que, habitual ou eventualmente, vêm trazer-nos o tributo de suas luzes: João Evangelista, Erasto, Lamennais, Georges, François-Nicolas Madeleine, Santo Agostinho, Sonnet, Baluze, Vianney – o cura d’Ars, Jean Raynaud, Delphine de Girardin, Mesmer e os que apenas tomam a qualificação de Espírito.

Devemos um particular tributo de reconhecimento ao nosso guia e presidente espiritual, que na Terra foi São Luís. Nós lhe agradecemos por ter-se dignado a tomar a nossa sociedade sob o seu patrocínio e pelas marcas evidentes de proteção que nos tem dado. Nós lhe rogamos, igualmente, que nos assista nesta circunstância.

Nosso pensamento se estende a todos os adeptos e apóstolos da nova doutrina, que deixaram a Terra, em especial aos que nos são pessoalmente conhecidos, a saber: N. N...

A todos aqueles a quem Deus permite nos venham ouvir, dizemos:

Caros irmãos em crença, que nos precedestes no mundo dos Espíritos: unimo-nos em pensamento para vos dar um testemunho de simpatia e atrair sobre vós as bênçãos do Todo-Poderoso.

Nós lhe agradecemos a graça que ele vos fez de serdes esclarecidos pela luz da verdade antes de deixardes a Terra, porque esta luz vos guiou à entrada na vida espiritual. A fé e a confiança em Deus, que ela vos deu, vos preservaram da perturbação e das angústias que acompanham a separação daqueles a quem afligem a dúvida e a incredulidade.



Ela vos deu a coragem e a resignação nas provas da vida terrestre; mostrou o objetivo e a necessidade do bem, as conseqüências inevitáveis do mal, e agora colheis os seus frutos.

Deixastes a Terra sem pesar, sabendo que íeis encontrar bens infinitamente mais preciosos que aqueles que aqui deixastes; vós a deixastes com a firme certeza de reencontrar os objetos de vossas afeições e de poder voltar, em Espírito, para sustentar e consolar os que ficavam na retaguarda. Enfim, estais no mundo dos Espíritos, como num país que vos era conhecido antecipadamente.

Estamos muito felizes por ter visto nossas crenças confirmadas por todos aqueles dentre vós que vieram comunicar-se; nenhum veio dizer que tinha sido iludido em suas esperanças e que estávamos equivocados sobre o futuro. Ao contrário, todos disseram que o mundo invisível tinha esplendores indescritíveis, e que suas expectativas tinham sido ultrapassadas.

A vós, que gozais agora da felicidade de ter tido fé, e que recebeis a recompensa de vossa submissão à lei de Deus, vinde em auxílio dos nossos irmãos da Terra que ainda se encontram nas trevas. Sede os missionários do Espírito de Verdade, para o progresso da Humanidade e para o cumprimento dos desígnios do Altíssimo.

Nosso pensamento não se limita aos nossos irmãos em Espiritismo; todos os homens são irmãos, seja qual for a sua crença.

Se fôssemos exclusivos, nem seríamos espíritas, nem cristãos. É por isto que incluímos em nossas preces, em nossas exortações e em nossas felicitações, conforme o estado em que se achem, todos os Espíritos aos quais nossa assistência pode ser útil, tenham ou não partilhado de nossas crenças quando encarnados.

O conhecimento do Espiritismo não é indispensável à felicidade futura, porque não tem o privilégio de fazer eleitos. É um meio de chegar mais facilmente e com mais segurança ao objetivo, pela fé raciocinada que dá e pela caridade que inspira; ilumina o caminho, e o homem, não seguindo mais às cegas, marcha com mais segurança; por ele se compreende melhor o bem e o mal, pois dá mais força para praticar um e evitar o outro. Para ser agradável a Deus, basta observar suas leis, isto é, praticar a caridade, que as resume todas. Ora, a caridade pode ser praticada por todo o mundo. Despojar-se de todos os vícios e de todas as inclinações contrárias à caridade é, pois, a condição essencial da salvação.



REVISTA ESPÍRITA

DEZEMBRO DE 1864


Allan Kardec

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Irmão do Caminho

O Irmão do Caminho

Simeão era muito moço ainda
Quando escutou a história de Jesus
E, acendendo esperanças na
alma linda
Inflamou-se de
, amor e luz...

Morando numa choça da montanha
Junto de antiga estrada, sem vizinho,
Era a
bondade numa vida estranha,
O amigo dedicado aos irmãos do caminho.

Lia os ensinamentos do Senhor,
Mas afirmava precisar
De ação que lhe exprimisse o grande
amor
Na
que decidira praticar.

Na pequena morada, pobre e agreste,
Cavou no solo um poço... Água de mina,
Que ele, olhos em luz e sorriso na face
Oferecia a quem passasse
Por lembrança de paz da Bondade Divina...

Simeão alcançara os oitenta janeiros,
Trabalhando e servindo dia a dia,
Sem quaisquer outros companheiros
Que não fossem viajantes
A pedirem pousada, companhia,
Uma noite de paz ou um copo de água fria.

Alta noite, uma voz chamou, baixinho:
-"Simeão, Simeão!... M
eu irmão do caminho!..."
-"Quem sois vós?" Respond
eu o interpelado.
-"Um peregrino desacompanhado...
Rogo pousada, irmão!" -Chamou o forasteiro.
Ergu
eu-se devagar o cansado hospedeiro,
Fez luz, abriu a porta.
Mas o vento avançou a chama semi-morta.
-"Entrai!..." disse o velhinho.
-"Agora sei que não estou sozinho."

O velhinho, entre passos
mal firmados,
Sempre movimentando a luz acesa,
Trouxe a bacia de água morna e leve
Mergulhando-lhe os pés ensangüentados...
Ao ver-lhe os dedos
maltratados,
Disse ao viajor, tomado de surpresa:
-"Quanto sangue verteis!... Como tendes andado!...
D
eu-lhe o estranho viajante esta resposta leve:
-"D
eus te abençoe, amigo, a assistência bem-vinda!...
creio que devo andar por muito tempo ainda!..."

De joelhos, Simeão,
Em lhe lavando os pés com
infinito carinho,
A refletir nas pedras do caminho,
Ao lhe tocar nas
crostas das feridas
A fim de removê-las,
Viu as chagas abertas
Eram duas estrelas...
O velhinho assombrado
Buscou fitar-lhe as mãos com ternura e respeito
E viu que estavam nelas
Grandes marcas da cruz, luminosas e belas,
Ampliando o fulgor que lhe envolvia o peito...
Ele grita, chorando de
alegria:
-"Jesus!... Sois vós Jesus?!..."
E o Senhor, levando as mãos em luz,
Disse, abraçando o ancião:
-"Vem a mim, Simeão,
É chegado o t
eu dia
De repouso e de luz no Mais Além..."

Simeão esquec
eu a velhice e o cansaço
E pousou a cabeça em s
eu regaço...

Depois do amanhecer, outros viajantes
Chegaram como dantes,
Pedindo água, descanso, reconforto,
Mas viram que Simeão o irmão do caminho
De joelhos, para, ali sozinho,
Muito embora sorrisse, estava morto...

Maria Dolores
Fonte: Centro Espírita Caminhos de Luz

domingo, 23 de dezembro de 2012

Morte

A morte é simples mudança de plano existencial.

Em a Natureza, nada desaparece para sempre.

A semente volta a ser árvore, a noite volta a ser dia, o velho volta a ser jovem...

Vida e morte são apenas estados que se alternam e se sucedem no caminho da evolução.

É necessário que os homens se conscientizem de que estão na Terra para breve tempo e que todos, sem distinção, mais cedo ou mais tarde serão chamados à Grande Mudança.

A vida na matéria é ilusão, porque tudo o que é material é transitório, sujeito a inevitáveis transformações.

Ninguém tenha receio de morrer; antes, tenha receio de viver iludido quanto à Verdade.

Ninguém se desespere pelos entes queridos que partiram; em obediência às suas necessidades cármicas, eles simplesmente viajaram mais cedo.

Apenas tem medo da morte quem desconhece a Vida.

Além do túmulo, continuamos a ser nós mesmos, porque se a morte nos despoja do corpo, não nos altera a individualidade.

Portanto, ninguém espere alcançar na morte a auréola de santidade que não logrou alcançar na vida...



Irmão José

sábado, 22 de dezembro de 2012

Atenção na Hora

Atenção na Hora

Quando tudo te pareça,
Na tristeza que te invade,
Infortúnio, desencanto,
Amargura e tempestade;

Quando a saúde escasseia
E o companheiro deserta,
Quando o grito dos credores
Lembra garra que te aperta;

Quando notas que perdeste
O que tenhas por melhor
E enxergas apenas sombra
A envolver-te em derredor;

Quando os deveres te obrigam
A sorrir e a suportar,
Enquanto desejarias
Reagir e espernear,

Quando a corrente contrária
E angústia a esmagar-te o dia
Com o punhal do sofrimento
Que em tudo te desafia;

Recorda que Deus te deu,
Perante qualquer pesar,
A fé que te guarda e ensina
A nunca desanimar.

Por trás da noite de espinhos,
Na provação vexatória,
Quem sabe? Talvez estejas
No alvorecer da vitória.

Insiste na tolerância,
Nada reclames de alguém,
O Céu renova os caminhos
De quem persiste no bem.

Por isso, serve e não temas,
Nada te faça fugir,
Quando tudo segue mal
É hora de resistir.


Jair Presente

Do livro: Seguindo Juntos, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sinais

Sinais

Sua conversação dirá das diretrizes que você escolheu na vida.


Suas decisões, nas horas graves, identificam a posição real de s
eu espírito.


Seus gestos, na luta comum, falam de seu clima interior.

S
eu
s impulsos definem a zona mental em que você prefere movimentar-se.
S
eus pensamentos revelam suas companhias espirituais.

Suas leituras definem os seus sentimentos.
 

Seu trato pessoal com os outros esclarece até que ponto você tem progredido.
 
Suas solicitações lançam luz sobre os seus objetivos.
 

Suas opiniões revelam o verdadeiro lugar que você ocupa no mundo.
 

Seus dias são marcas no caminho evolutivo. Não se esqueça de que compactas
assembléias de companheiros encarnados e desencarnados conhecem-lhe a personalidade e seguem-lhe a trajetória pelos sinais que você está fazendo.



André Luiz


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Na Noite de Natal

Na Noite de Natal

- "Minha Mãe, por que Jesus
Cheio de Amor e Grandeza,
Preferiu nascer no mundo
Nos caminhos da pobreza?

Por que não veio até nós,
Entre flores e alegrias,
Num berço todo enfeitado
De sedas e pedrarias?"

- "Acredito, meu filhinho,
Que o Mestre da Caridade
Mostrou, em tudo e por tudo,
A Luminosa Humildade!...

Às vezes, penso também
Nos trabalhos deste mundo,
Que a Manjedoura revela
Ensino bem mais profundo!"

E a pobre Mãe de olhos fixos
Na Luz do Céu que sorria,
Concluiu com sentimento
Em terna melancolia:

-" Por certo, Jesus ficou
Nas palhas, sem proteção,
Por não Lhe abrirmos na Terra
As portas do Coração."


João de Deus


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Solução Natural

Solução Natural



Os espíritos benfeitores já não sabiam como atender à pobre senhora obsidiada.

Perseguidor e perseguida estavam mentalmente associados à maneira de polpa e casca no futuro.


Os amigos desencarnados tentaram afastar o obsessor, induzindo a jovem senhora a esquecê-lo, mas debalde.


Se; tropeçava na rua, a moça pensava nele...


Se; alfinetava um dedo em serviço, atribuía-lhe o golpe...


Se o marido estivesse irritado, dizia vítima do verdugo invisível...


Se; a cabeça doía, acusava-o...


Se; uma xícara se espatifasse no trabalho doméstico, imaginava-se atacada por ele...


Se aparecesse leve dificuldade econômica, transformava a prece em crítica ao desencarnado infeliz...


Reconhecendo que a interessada não encontrava libertação por teimosia, os instrutores espirituais, ligaram os dois – a doente e o acompanhante invisível – em laços fluídicos mais profundos, até que ele renasceu dela mesma, por filho necessitado de carinho e de compaixão.


Os benfeitores descansaram.


O obsessor descansou.


A obsidiada descansou.


O esposo dela descansou.


Transformar obsessores em filhos, com a bênção da Providência Divina, para me haja paz nos corações e equilíbrio nos lares, muita vez, é a única solução.

Hilário Silva
Médium: Francisco Cândido Xavier


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Evolução e Responsabilidade Espírita

Evolução e Responsabilidade Espírita


Ao adquirirmos conhecimentos tornamo-nos responsáveis por nossos atos. Consolidando estes conhecimentos estamos aptos a transmiti-los para outros, vivenciando-os.


Durante a evolução sobre a Terra, nós seres humanos, vimos desenvolvendo aos poucos nossas capacidades intelectuais e espirituais. Passamos do ‘ser totalmente instintivo’, que lutava animalescamente por sua sobrevivência num mundo hostil, para um ‘ser mais sensível’, que busca criar melhores condições de sobrevivência para si mesmo e sua prole. Nesta evolução passamos pela idade do fogo, da pedra, do ferro e chegamos ao que chamamos de período civilizado. Enquanto ser gregário, agrupamo-nos socialmente para vivermos em comunidades, em cidades.

Grandes civilizações desenvolveram-se, atingiram o apogeu e decaíram.



Crescemos intelectualmente e espiritualmente, uns mais rapidamente, outros tantos lentamente; cada um de nós em um ritmo próprio. Alguns povos especializaram-se no desenvolvimento do intelecto, outros nos valores espirituais. Em muitas destas fases, o primitivismo predominou através de guerras ou do domínio dos fortes sobre os mais fracos, tanto física como psicologicamente.


Há dois mil anos, Jesus trouxe à Terra o amor pelas criaturas, ensinando a todos nós que somente através do amor o homem atingirá seu apogeu evolutivo. No entanto recebemos estes ensinos divinos e mal percebemos a sua grandeza. Mesmo na época de Jesus, muitos de nós não conseguimos perceber estes ensinos, além da sua utilidade prática, momentânea, de cura de nossos males físicos ou emocionais.


Como diz Amélia Rodrigues, através da mediunidade de Divaldo Franco, “Jesus aparece-lhes e abre-lhes um elenco de novas possibilidades, oferecendo-lhes recursos incomuns, oportunidades antes jamais imaginadas e causa uma rápida mudança de conduta. ...A mensagem Dele, de renovação e de libertação interior, no entanto passava quase despercebida...”
No entanto, a mudança ocorre. A semente do amor estava plantada. Assim, apesar de momentos históricos negros, a arte e a cultura ressurgem para nos mostrar a beleza do mundo e sensibilizar o nosso espírito primitivo para as coisas mais elevadas.


Deixamos de apenas lutar pela sobrevivência. Agora ainda trabalhamos para viver, mas apreciamos algumas comodidades e, alguns de nós, já desenvolvemos o espírito crítico: político, científico e artístico; outros, o ético-moral-religioso.
As guerras e revoluções continuaram e continuam, mas de tempos em tempos, espíritos mais elevados renascem entre nós para iluminar todos os campos da nossa cultura. Nestas ocasiões, o saber aprimora-se e o conhecimento científico utilizado positivamente proporciona-nos cada dia mais comodidades.


No final do século 19, os espíritos oferecem-nos a sua doutrina, através de Allan Kardec. No mundo ocidental, vivíamos a revolução industrial. Desenvolvíamos cada vez mais o conhecimento científico e a nossa indústria sofreu forte impulso e desenvolveu-se. Estávamos também aptos a adquirirmos mais conhecimentos sobre a vida espiritual. E a verdade da vida espiritual surgiu através de manifestações em várias partes do mundo. Allan Kardec iniciou o trabalho de codificação da doutrina dos espíritos e esta espalhou-se pelo mundo.


O século 20, século das grandes descobertas científicas, de Einstein, Madame Curie e outros tantos nomes que contribuíram para o desenvolvimento da nossa Ciência em todos os seus ramos, também nos traz uma outra revolução - a da comunicação. Já não vivemos isolados numa região, pois somos co-participantes no dia a dia da vida planetária. Acompanhamos os acontecimentos no planeta e co-participamos, observando, criticando. E isto virá a ser um dos fatores importantes no nosso processo evolutivo como ser humano: participar para entender; compreender para que possamos nos modificar interiormente e mudar também o mundo à nossa volta.


Facilidade de locomoção terrestre, marítima e aérea ajuda o redescobrimento de culturas milenares, como a da Índia, do Japão e da China. A medicina tradicional, que faz transplantes de coração, microcirurgias via computador, também é desafiada pelas práticas milenares destas culturas. A medicina alternativa propaga-se e começa a surgir a medicina vibracional.


Nós queremos ser co-participantes em todas áreas de nosso desenvolvimento!
Estamos, portanto, em meio a uma revolução em nossa história. De um lado o materialismo oriundo da revolução industrial e científica. De outro, a busca de conhecimento espiritual e do autodescobrimento, a busca da força interior. Já não lutamos contra as feras para sobreviver. Mas lutamos conosco mesmo, num esforço supremo para nos conhecermos e libertarmos-nos dos grilhões de ferro a que nos atamos ao longo dos séculos.
Hoje temos o conhecimento científico e espiritual à mão. Os espíritos trouxeram a vida espiritual à luz do nosso conhecimento. E não-somente através do Espiritismo, pois em todas as religiões os fenômenos mediúnicos estão presentes. É o mundo espiritual ajudando o mundo terreno a progredir, ajudando-nos a nos libertarmos através do conhecimento; ajudando-nos a galgar degraus evolutivos mais rapidamente.
Temos, portanto, tempo para pensar e capacidade para analisar. Temos à nossa disposição o conhecimento científico e o conhecimento mundano. E nós, espíritas, temos à disposição os ensinamentos morais e espirituais lançados por Jesus e agora analisados a luz do Espiritismo.


Ganhamos muito nestes milênios de nossa evolução de homens e mulheres primitivos à civilizados. Ganhamos bem estar social, vivemos mais. Temos à nossa disposição na prateleira do supermercado a alimentação para o corpo; entretemo-nos com o rádio, a televisão, o vídeo. Podemos nos comunicar com o mundo pelo telefone e até pelo computador. Temos ainda à nossa disposição alimento para a alma nos centros espíritas, nos livros espíritas.
E o que o fazemos? Repetimos automaticamente, como se a palavra, o conhecimento trazido pelos espíritos não fossem para nós mesmos, mas para outros. Propagamos nosso conhecimento, mas não o aplicamos a nós mesmos. Esquecemos que Jesus advertiu: “Pedir-se-á muito àquele que muito recebeu, e prestará contas aquele a quem foram confiadas muitas coisas (Lucas 12:47-48)”.


Onde está a nossa responsabilidade de espíritas?


Adquirimos muito conhecimento. É nos dado conhecer as diferentes facetas dos ensinamentos de Jesus, explicados pelos espíritos, através de Allan Kardec, Chico Xavier, Divaldo Franco, Raul Teixeira e tantos outros que nos apresentam as leis divinas, a moral cristã e a vida espiritual, em seus livros psicografados ou não. Temos ainda a oportunidade de discutir e analisar estas verdades nas reuniões e palestras nos centros espíritas, diariamente.


E o que fazemos com este conhecimento? Engavetamos no armário da sala, na cristaleira fechada a sete chaves, onde todos vêem mas ninguém toca? Ou vivenciamos o que já conhecemos, no nosso dia a dia, dando aos outros o que já adquirimos?


Vivenciar o Espiritismo é vivenciar o Cristianismo, é colocar em prática o que aprendemos com Jesus! É preocupar-se com os conselhos dos espíritos,em cada comunicação, em cada palestra que assistimos ou que proferimos, para entender como eles se aplicam na nossa vida e então praticá-los. Praticá-los na nossa casa, no nosso trabalho, na nossa comunidade, na cidade, no país em que vivemos.


O conhecimento que adquirimos é antes para nós mesmos; depois de consolidado, pode vir a ser exemplificado e transmitido para outros. É por isto que Jesus adverte-nos: “Por que vedes o argueiro no olho do vosso irmão, vós que não vedes uma trave no vosso? (Mateus 7:3)”. Muitas vezes recebemos o conhecimento e o colocamos como exemplo para alguém que está ao nosso lado, esquecendo de analisar o nosso próprio comportamento à vista deste ensinamento. Que ilusão! É a ilusão dos fariseus que se achando sábios esqueceram de praticar, para somente tagarelar! Seremos nós como os antigos fariseus? Estaremos somente repetindo as palavras sem a preocupação de colocá-las em prática na nossa vida?
Seremos nós como aqueles homens que viveram com Jesus e não O conheceram?
Já não somos cegos. Recebemos muito conhecimento. Temos, portanto, o dever e a responsabilidade de espalhar esta luz, não através das palavras que proferimos, mas das ações que praticamos!


Comunicar é a palavra do momento!


No entanto, comunicar somente não basta; é preciso dar o exemplo!



Rejane Spiegelberg Planer - Rie