sábado, 30 de setembro de 2017


Paz
 
Conservar a paz, em Cristo, não é deter a paz do mundo. É encontrar o tesouro eterno de bênçãos nas obrigações de cada dia. Não é fugir ao serviço; é aceitá-lo onde, como e quando determine a vontade d’Aquele que prossegue em ação redentora junto de nós, em toda a Terra. (V. L.)
 
Não acreditemos em paz ambiencial sem paz dentro de nós mesmos. (R – 12/948)
 
A fortuna suprema do homem é a paz da consciência pelo dever cumprido. (P. E.)
 
Poderá alguém insistir na obtenção da verdadeira paz, quando ainda disputa a ferro e fogo a posse de bens perecíveis? (Ren.)
 
O que verificamos é que, sem a prática da fraternidade verdadeira, todos esses movimentos pró-paz são encenações diplomáticas sem fundo prático, não obstante intenções respeitáveis. (Emm.)
 
Não atingiremos a paz sem desculpar os erros alheios que, em outras circunstâncias, poderiam ser nossos... (Av. C.)
 
 
PALAVRAS  DE  EMMANUEL
 
 
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
EMMANUEL

sexta-feira, 29 de setembro de 2017


Rogativa Fraterna
 
Bendito sejas, coração amigo, que vieste auxiliar-nos.
Sigamos no rumo dos fins a que nos dirigimos.
Não longe, esperam-nos a viúva que ainda não conseguiu trabalho e tem dois filhinhos, em lamentável penúria;
Quatro enfermos abandonados num telheiro;
Dois velhinhos esquecidos e doentes que aguardam a morte;
E uma senhora paralítica e sozinha, requisitando socorro imediato.
Caminhemos!
Se tens alguma queixa a fazer;
alguma discussão a provocar;
certa mágoa a exprimir;
Ou algum mal entendido a desfazer;
Por amor a Jesus, deixa isso para depois.
 
 MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
EMMANUEL
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

quarta-feira, 27 de setembro de 2017


EM NOME DE JESUS

 

Emmanuel

 

A viúva havia perdido o filho que se lhe fizera arrimo, assassinado por um amigo que o tóxico desequilibrara e que fugira a o pronunciamento da justiça.

Depois de alguns meses, estava ela distribuindo refeições a pessoas necessitadas, numa instituição cristã de beneficência, quando alguém lhe apontou um rapaz à mesa e lhe segredou:

- Aquele é o matador do seu filho.

A senhora, com grande terrina às mãos, estremeceu, mas voltando-se para uma parede lateral, como quem desejava ausentar-se daquela situação, esbarrou com a efígie de Cristo Crucificado.

Imediatamente, recordou que o Divino Mestre também fora exterminado sem culpa.

Estranha força lhe surgiu no coração e prosseguiu adiante.

Chegando ao prato do rapaz indicado, passou a servi-lo com gentileza.

O moço surpreendido, perguntou-lhe:

- A senhora sabe que matei seu filho e que sou um assassino...

Como pode me servir com tanta bondade?

- Ela, porém, sorriu levemente e apontado-lhe, com o olhar, a face do Senhor, na tela à frente, respondeu com brandura:

- O Senhor não é o assassino de meu filho.

Em nome de Jesus , o senhor é nosso irmão.

MOMENTOS DE PAZ

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

EMMANUEL

terça-feira, 26 de setembro de 2017


O que fazes?

 

 

Desejas a paz, no entanto o que fazes a fim de obtê-la?

Sonhas com a felicidade doméstica, todavia o que fazes para torná-la realidade?

Queres a alegria inalterável, mas o que fazes no intuito de conquistá-la?

Almejas a saúde perfeita, porém o que fazes na defesa do equilíbrio orgânico?

Anseias servir com Jesus na seara do amor ao próximo, entretanto o que fazes para vencer os obstáculos?

Entre nós e o que buscamos, está situado o que fazemos...

Deus nos concede os pés, mas o esforço de caminhar deve ser nosso.

Deus não nos substitui no trabalho que os nossos próprios braço devem realizar.

Quando te queixas da vida, em verdade estás queixando de ti mesmo.

O que fazes dos teus dias?

Como vives as tuas horas?

Movimenta-te em sintonia com o bem e o mal não te alcançará.

Somos e seremos sempre, no espaço e no tempo, exatamente aquilo que fizermos de nós.

Odilon Femandes

 

segunda-feira, 25 de setembro de 2017


Por muito se amarem


"Nisso reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros."

- Jesus, João - 13:35.

 

Não somente pelas muitas reuniões que promovam;

não apenas pelo conhecimento das sagradas escrituras;

não somente pelas lutas que faceiem em nome do ideal;

não apenas pelas atividades assistenciais que inspirem;

não somente pela fidelidade aos compromissos assumidos;

não apenas pelo numero de adeptos que façam;

não somente pelo desprendimento relativo aos bens materiais;

não apenas pela resignação ante o sofrimento;

não somente pelo dom da mediunidade que possuam;

não apenas pelas instituições que edifiquem;

não somente pelo cultivo da verdade;

não apenas pela simplicidade de hábitos.

Acima de tudo, os discípulos do Senhor, em qualquer tempo e lugar, segundo as suas próprias palavras, serão conhecidos por muito se amar...

 Albino Teixeira

 

PALAVRAS DA CORAGEM

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

CARLOS A. BACELLI

ESPÍRITOS DIVERSOS

domingo, 24 de setembro de 2017


No Espiritismo com Jesus

 

Se acordarmos para as responsabilidades que o Espiritismo com Jesus nos impõe, é imperioso não esquecer que ainda nos achamos na Terra encarnados e desencarnados, em vastíssima escola de preparação ante a Vida Maior.

 

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Em seus variados departamentos, encontramos, ainda, a ignorância gerando a penúria, a penúria criando necessidades, as necessidades formando problemas e os problemas plasmando o desespero nos corações.

 

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Desse estranho conjunto de forças negativas, nascem a superstição e o fetichismo, perturbando o caminho das criaturas que, apressadas e invigilantes, muitas vezes, pretendem colher a felicidade sem plantá-la e exigem a paz sem qualquer esforço para se libertarem dos prejuízos a que se acolhem.

 

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Todavia, quanto mais se alonguem a crendice e o fanatismo, operando o extravio das consciências, mais amplo é o trabalho de cooperação que o mundo nos reclama, porquanto, o Cristianismo renascente na construção espírita de hoje é a vitória das forças da luz sobre as energias ocultas da sombra.

 

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Quando surpreendidos por qualquer espécie de culto primitivista, em desacordo com o Evangelho de Jesus, nesse ou naquele círculo religioso, procuremos auxiliar sem alarde as vítimas da fascinação, mergulhadas por enquanto em manifestações impróprias ou inferiores da fé, acentuando a própria diligência no estudo e dilatando a própria capacidade no exercício do bem.

 

**

E, se defrontados por resíduos e objetos de semelhantes manifestações, façamos silêncio no coração e sigamos adiante, porque se não é justo recolher o foco infeccioso da via pública para trazê-lo ao próprio lar e se não é crível que o homem sensato instale deliberadamente um vespeiro na própria morada, claro está que o respeito e a higiene, a prudência e a caridade nos induzem a fugir de qualquer desafio espetaculoso aos elementos enfermiços da sombra, que apenas solicitam bondade e tolerância, compreensão e esquecimento.

 

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Acentuemos, na própria vida, a disposição de aprender e auxiliar!

 

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Que a ignorância encontre conosco a bênção do alfabeto.

Que a penúria receba de nossas mãos o óbolo de carinho a que faz jus.

 

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Que as necessidades humanas nos recolham o concurso fraterno e que os problemas do mundo nos identifiquem na posição de aprendizes de Jesus, sempre dispostos a amparar e socorrer, edificar e instruir.

 

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Que o Amor do Cristo se irradie conosco, em nós e por nós, porque amar e servir constitui a missão do bem diante do mal, sem que mudança alguma consiga alterar semelhante imperativo da vida.

TRILHA DE LUZ

 

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

ESPÍRITO EMMANUEL

sábado, 23 de setembro de 2017





Ponderação

 

Bezerra de Menezes

 

Diante do mal quantas vezes!...

Censuramos o próximo...

Desertamos do testemunho da paciência...

Criticamos sem pensar...

Abandonamos companheiros infelizes à própria sorte...

Esquecemos a solidariedade...

Fugimos ao dever de servir...

Abraçamos o azedume...

Queixamo-nos uns dos outros...

Perdemos tempo em lamentações...

Deixamos o campo das próprias obrigações...

Avinagramos o coração...

Desmandamo-nos na conduta...

Agravamos problemas...

Aumentamos o próprios débitos...

Complicamos situações...

Esquecemos a prece...

Desacreditamos a fraternidade...

E, às vezes, olvidamos até mesmo a fé viva em Deus...

Entretanto a fórmula da vitória sobre o mal ainda e sempre é aquela senha de Jesus:

“Amai-Vos Uns Aos Outros Como Eu Vos Amei”!!...

("Visão Nova", de Francisco Cândido Xavier, por Autores Diversos)
 
 

sexta-feira, 22 de setembro de 2017


Felicidade

Emmanuel

 

Enquanto houver um gemido na paisagem em que nos movimentamos, não será lícito cogitar de felicidade isolada para nós mesmos.

(Reformador - 9/1949)

 

Usemos o silêncio, a desculpa e a compreensão, com o exemplo vivo do nosso próprio esforço na edificação do bem e o tempo se incumbirá de tudo transformar, em auxílio de nossa felicidade, dentro dos imperativos inevitáveis da constante renovação.

(Reformador - 3/1951)

 

A felicidade tem base no dever cumprido.

(Renúncia)

 

O homem renovado para o bem é a garantia substancial da felicidade humana.

(Prefácio da Agenda Cristã)

 

Facilidades materiais costumam estagnar-nos a mente, quando não sabemos vencer os perigos fascinantes das vantagens terrestres.

(Reformador - 10/1953)

 

O problema da felicidade pessoal nunca será resolvido pela fuga ao processo reparador.

(Fonte Viva)

 

PALAVRAS  DE  EMMANUEL

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

EMMANUEL

 

quarta-feira, 20 de setembro de 2017


Legenda espírita



O cultivador é conduzido ao pântano para convertê-lo em terra fértil.

O técnico é convidado ao motor em desajuste para sanar-lhe os defeitos.

O médico é solicitado ao enfermo para a benção da cura.

O professor é trazido ao analfabeto para auxiliá-lo na escola.

Entretanto, nem as feridas da terra, nem os desequilíbrios da máquina, nem as chagas do corpo e nem as sombras da inteligência se desfazem à custa de conversas amargas e, sim, ao preço de trabalho e devotamento.

O espírita cristão é chamado aos problemas do mundo, a fim de ajudar-lhes a solução; contudo, para atender em semelhante mister, há que silenciar discórdia e censura e alongar entendimento e serviço.

É por essa razão que interpretando o conceito “salvar” por “livrar da ruína” ou “preservar do perigo”, colocou Allan Kardec, no luminoso portal da Doutrina Espírita, a sua legenda inesquecível:

– ”Fora da caridade não há salvação.”

Bezerra de Menezes

 

Francisco Cândido Xavier

O Espírito da Verdade

Estudos e dissertações em torno da obra “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec 

Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

 

 

 

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec - Cap. XV – Item 10

 

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

 FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

 10. Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará. Dedicai- -vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as consequências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as aplicações. Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação. Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. – Paulo, o apóstolo. (Paris, 1860.)

terça-feira, 19 de setembro de 2017


Corrupção

 “(...) prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor. Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro.” (2 Pedro, 2:19-20.)

Os índices de corrupção no mundo são assustadores. Isso tem suscitado muitos questionamentos sobre as razões desse comportamento do homem.

Como o Cristianismo ensina um comportamento diametralmente oposto, o índice de corrupção deveria ser muito pequeno nos países cristãos.

O apóstolo Pedro, em sua segunda carta aos cristãos, aborda dois aspectos desse comportamento. Num deles, coloca a corrupção como vencedora e o que a pratica como vencido por ela, consequentemente seu escravo. No outro, aborda a responsabilidade do cristão que não resiste à sedução dos interesses materiais. Envolve-se em ato de corrupção e fica numa situação pior, devido à consciência de estar agindo em desacordo com os ensinamentos evangélicos e, portanto, contrariamente às leis de Deus.

O Espiritismo nos apresenta uma explicação lógica para esse comportamento humano inadequado. Sem dúvida, a prática da corrupção é uma das consequências do egoísmo, tema que é estudado nas questões 913 até 917 de O Livro dos Espíritos.

Ensinam-nos os Espíritos que todos os males decorrem do egoísmo, imperfeição moral que não diminui com o desenvolvimento intelectual. Ao contrário, pode até fortalecer-se, porque o homem vislumbra a possibilidade de usar a sua inteligência, conhecimentos e habilidades para atender aos seus interesses pessoais, portanto, de satisfazer ao egoísmo.

Como pode a Doutrina Espírita colaborar na erradicação da corrupção?

O conhecimento espírita desperta no homem a consciência de que reencarna para progredir, principalmente no campo moral. Ele compreende que não progredirá se não combater as imperfeições, os defeitos morais, sobretudo o egoísmo.

Enquanto o egoísmo exercer forte influência sobre as ações do ser humano, dificilmente a corrupção deixará de existir.

No futuro, quando a Humanidade conhecer os ensinamentos de Jesus e praticá-los, a corrupção desaparecerá e a justiça social deixará de ser um sonho, uma esperança, para se transformar em realidade.

 

UMBERTO FERREIRA

 

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Republicando o artigo, em homenagem ao irmão Hélio Zenaide (foto, o primeiro à esquerda, com a mão no joelho de Ascendino), que retornou hoje, 18.09.2017, ao plano espiritual, aos 91 anos de idade e com um serviço inquestionável como discípulo de Jesus. Realizou um trabalho meritório no soerguimento da Casa do Caminho, em Sousa-PB.


PERDÃO E PAZ
 O refúgio de amor da Boa Nova,
Denominado Casa do Caminho,
Albergava um montão de pessoas em prova,
Entremostrando, fartamente,
Doença, Inquietação, cansaço, desalinho...


O Sol se despedia no poente.
Tudo, em Jerusalém, no entardecer,
Requeria parada de lazer
Depois do dia quente.


Entretanto, na Casa do Senhor,

Intensa, prosseguia,

A tarefa de paz, de compreensão e amor...

Enfermos sem família que os quisesse,

Débeis mentais em desvalia,


Mulheres desoladas,

Crianças de ninguém, colhidas nas calçadas,

Junto dos companheiros de Jesus,

Alinhavam-se em prece,

Rogando aos Céus socorro, amparo e luz...


No transcurso do dia,

Simão Pedro suara e trabalhara tanto,

Que se acolhera, a sós, em singelo recanto,

Tentando se esquivar à estafa que sentia...

Mas, um dos assessores,

Veio apressado pelos corredores,

E disse-lhe, através da voz tremente:

– “Irmão Pedro, chegou à nossa porta

Um velhinho em feridas...

Geme e grita com dores incontidas.

É o rabino Joaz que conheceis,

Antigo fazedor de nossas leis”.

Pedro aprumou-se e respondeu:

Como quem se arrojara a intenso asco:

– “Joaz, filho de Aquim, o terrível carrasco,

Que odeia o mundo galileu”?

Em seguida indagou do jovem emissário:

-– “Não conheces a trama do Calvário?

Pois não sabes, nos textos em que estudas,

Que foi ele um dos vários matadores

Que aconselharam Judas

A complicar o Mestre Inesquecível”?

E, dando um murro à mesa,

Ajuntou: “É impossível!...

Aqui não entrará semelhante traidor...

Que ele sofra, por lei da Natureza,

Remorso e enfermidade, entre gritos de dor...


Cumpro o que penso e falo,

Eu mesmo irei à porta, a fim de despachá-lo”...


Descia a noite devagar,

A penumbra invadia o grande lar.


Pedro avançava para a entrada,

Mostrando na expressão a alma rude e agitada

Mas, quase rente à porta, um homem sereno

Nele cravou o olhar calmo e profundo...

O apóstolo excitado o reconheceria

Fosse onde fosse, em todo o mundo...

Era Jesus, o Mestre Nazareno...


Empolgado de pranto e de alegria,

Simão interrompeu, atarantado,

“A que vindes, Senhor?

Ordenai o que for de vosso agrado”...


O Cristo replicou, carregando de amor

As palavras sublimes que trazia:

– “Compreendo, Simão, a repulsa que sentes,

Não pudeste esquecer as horas de agonia

Dos nossos dias diferentes...

Mas escuta, Simão:

É preciso abrandar o coração...

Olvidar toda ofensa é prosseguir em paz.

Pedro, venho pedir-te por Joaz,

Ele já não é mais o duro algoz de outrora,

É um pobre penitente que se escora

Nas chagas que carrega,

Um enfermo infeliz

De alma cansada e cega


Que a si mesmo se acusa e se maldiz...

Recorda a nossa fala de outras vezes,

Se Joaz te feriu a alma fraterna e boa, Pedro, escuta!...

Perdoa Setenta vezes sete vezes...

Não te detenhas, vai,

Lembra o Infinito Amor de Nosso Pai...

Cada qual pagará pelas culpas que tem

Na justiça que vela sem cessar,

Quanto a nós cabe sempre a tarefa do bem:

Aprender e servir, compreender e amar...

Auxilia-me, enfim,

Faze o bem a Joaz, qual o fazes por mim”!...


Dissolveu-se na sombra a divina figura;

O apóstolo chorou, tocado de amargura...

Depois, ganhou a porta em ritmo apressado.

Um homem seminu jazia esfarrapado,

Estirado na pedra à sua própria frente.

O antigo pescador contemplou o doente

E inquiriu sobre ele ao tristonho rapaz

Que se punha a assistí-la. O moço esclareceu:

– “Amigo, este é Joaz

Que pede proteção ao teta deste asilo,

Está mudo, febrento, desprezado...

Recebei-o, por Deus, ao vosso lado

Por tutelado e amigo,

O rabino de outrora hoje é um triste mendigo”...


Transformado, Simão,

Alçou Joaz


Ao nível de seu próprio coração.

Depois falou para o interlocutor:

– “Ide em paz,Deixai Joaz conosco, é nosso irmão,

Ele pertence agora ao nosso amor,

Tal qual se fez e tal qual se apresenta”...


E enquanto o jovem sai como quem não se atrasa

A fim de obedecer aos seus chefes hebreus,

Pedro ainda aditou em voz tranquila e atenta,

– “Ele será mais nosso em nossa casa,

Que esta casa é de Deus”!...


Do livro A Vida Conta.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Foto: Helio Zenaide, Ascendino, Zé Maria e Valdir, na Casa Transitória, no ano de 1984, em conversa fraterna com os dois primeiros albergados da Casa do Caminho em Sousa(PB).


 

Renascença da alma
 
(Versos de carinho e gratidão a um chefe e amigo de outras reencarnações, que hoje reencontrei, sob o amparo de um manicômio.)
 

Lembro-te, Soberano, as incursões bizarras...

Ordenas invasões... Feres, vences, dominas!...

Deixas a estrada em fogo, os castelos em ruínas,

Agonia e pavor nas terras onde esbarras!...

 

Tudo a morte levou... Os troféus e algazarras,

As armas, os brasões e as tropas libertinas...

E encontrei-te, hoje, oh rei!... Clamas e desatinas,

Reencarnado no hospício a que, louco, te agarras...

 

Dói ver-te inerme, assim, lívido e descomposto

Na laje celular por trono de recosto!...

Mas louva as provações ditoso por sofrê-las!...

 

Findo o resgate justo, um dia, tempo afora,

Terás de novo um reino e os amigos de outrora,

Nos impérios do amor, para além das estrelas!...
 
Epiphanio Leite
Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas redivivos. Diversos Espíritos. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. Cap. 59, p. 89.

domingo, 17 de setembro de 2017


A casa de Ismael

 

Um dia, reunindo o Senhor seus Apóstolos, ao pé das águas claras e alegres do Jordão, descortinou-lhes o panorama imenso do mundo.

Lá estavam as grandes metrópoles, cheias de faustos e grandezas.

Alexandria e Babilônia, junto Roma dos Césares, acendiam na terra o fogo da luxúria e dos pecados.

E Jesus, adivinhando a miséria e o infortúnio do Espírito mergulhado os humanos tormentos, alçou a mão compassiva em direção à paisagem triste do Planeta, declarando aos discípulos:

“Ide e pregai! Eu vos envio ao mundo como ovelhas ao meio de lobos, mas não vim senão para curar os doentes e proteger os desgraçados.”

E os Apóstolos partiram, no afã de repartir as dádivas do seu Mestre.

Ainda hoje, afigura-se-nos que a voz consoladora do Cristo mobiliza as almas abnegadas, articulando-as no caminho escabroso da moderna civilização. Os filhos do sacrifício e da renúncia abrem clareiras divinas no cipoal escuro das descrenças humanas, constituindo exércitos de salvação e de socorro aos homens, que se debatem no naufrágio triste das esperanças; e, se a vida pode cerrar os nossos olhos e restringir a acuidade das nossas percepções, a morte vem descerrar-nos um mundo novo, a fim de que possamos entrever as verdades mais profundas do plano espiritual.

Foi Miguel Couto que exclamou, em um dos seus momentos de amargura, diante da miséria exibida em nossas praças públicas:

“Ai dos pobres do Rio de Janeiro, se não fossem os Espíritas.”

E hoje que a morte reacendeu o lume dos meus olhos, que aí se apagava, nos derradeiros tempos de minha vida, como luz bruxuleante dentro da noite, posso ver a obra maravilhosa dos espíritas, edificada no silêncio da caridade evangélica.

Eu não conhecia somente o Asilo São Luís, que se derrama pela enseada do Caju como uma esteira de pombais claros e tranquilos, onde a velhice desamparada encontra remanso de paz, no seio das tempestades e das dolorosas experiências do mundo, como realização da piedade pública, aliada à propaganda das idéias católicas.Conhecia, igualmente, o Abrigo Teresa de Jesus, o Amparo Teresa Cristina e outras casas de proteção aos pobres e desafortunados do Rio de Janeiro, que um grupo de criaturas abnegadas do proselitismo espírita havia edificado. Mas, meu coração, que as dores haviam esmagado, trucidando todas as suas aspirações e todas as suas esperanças, não podia entender a vibração construtora da fé dos meus patrícios, que Xavier de Oliveira tachara de loucos no seu estudo mal avisado do Espiritismo no Brasil.

A verdade hoje é para mim mais profunda e mais clara. Meu olhar percuciente de desencarnado pode alcançar o fundo das coisas, e a realidade é que a organização das consoladoras doutrinas dos Espíritos, no Brasil, não está formada à revelia da vontade soberana, do amor e da justiça que nos presidem aos destinos. Obra estreme da direção especializada dos homens, é no Alto que se processam as suas bases e as suas diretrizes.

Por uma estranha coincidência defrontam-se, na Avenida Passos, quase frente a frente, o Tesouro Nacional e a Casa de Ismael.

Tesouros da Terra e do Céu, guardam-se no primeiro as caixas fortes do ouro tangível, ou das suas expressões fiduciárias; e, no segundo, reúnem-se os cofres imortalizados das moedas do Espírito.

De um, parte a corrente fertilizante das economias do povo, objetivando a vitalidade física do país; e, do outro, parte o manancial da água celeste que sacia toda sede, derramando energias espirituais e intensificando o bendito labor da salvação de todas as almas.

A Obra da Federação Espírita Brasileira é a expressão do pensamento imaterial dos seus diretores do plano invisível, indene de qualquer influenciação da personalidade dos homens. Semelhantes àqueles discípulos que partiram para o mundo como o “Sal da Terra”, na feliz expressão do Divino Mestre, os seus administradores são intérpretes de um ditame superior, quando alheados de sua vontade individual para servir ao programa de amor e de fé ao qual se propuseram. O roteiro de sua marcha é conhecido e analisado no mundo das verdades do espírito e a sua orientação nasce da fonte das realidades superiores e eternas, não obstante todas as incompreensões e todos os combates. A história da Casa de Ismael nos espaços está cheia de exemplos edificantes de sacrifícios e dedicações.

Se Augusto Comte. afirmou que os vivos são cada vez mais governados pelos mortos, nas intuições do seu positivismo, nada mais fez que refletir a mais sadia de todas as verdades. A Federação que guarda consigo as primícias de sede do Tesouro espiritual da terra de Santa Cruz não está de pé somente à custa do esforço dos homens, que por maior que ele seja será sempre caracterizado pelas fragilidades e pelas fraquezas. Muitos dos seus sempre diretores desencarnados aí se conservam como aliados do exército da salvação que ali se reúne.

Ainda há poucos dias, enquanto a Avenida fervilhava de movimento, vi às suas portas uma figura singela e simpática de velhinho, pronto para esclarecer e abençoar com as suas experiências.

- Conhece-o? – disse-me alguém rente aos ouvidos.

- ?

- Pedro Richard...

Nesse ínterim passa um companheiro da humanidade, cheio de instintos perversos que a morte não conseguiu converter à piedade e ao amor fraterno.

E Pedro Richard abre os seus braços paternais para a entidade cruel.

– Irmão, não queres a bênção de Jesus? Entra comigo ao seu banquete!...

– Por quê? – replica-lhe o infeliz, transbordando perversidade e zombaria – eu sou ladrão e bandido, não pertenço à sociedade do teu Mestre.

– Mas não sabes que Jesus salvou Dimas, apesar de suas atrocidades, levando em consideração o arrependimento de suas culpas? – diz-lhe o velhinho com um sorriso fraterno.

– Eu sou o mau ladrão, Pedro Richard. Para mim não há perdão nem paraíso...

Mas o irmão dos infe1izes abraça em plena rua movimentada o leproso moral e me diz suavemente aos ouvidos :

– Jesus salvou o bom ladrão e Maria salvou o outro...

 E o que eu vi foi uma lágrima suave e clara rolando na face do pecador arrependido.

***

Senhor, eu não estive aí no mundo na companhia dos teu a servos abnegados e nem comunguei à mesa de Ismael onde se guarda o sangue do teu sangue e a carne da tua carne que constituem a essência de luz da tua doutrina.

Eu não te vi senão com Tomé, na, sua indiferença e na sua amargura, e como os teus discípulos no caminho de Emaús, com os olhos enevoados pelas neblinas da noite; todavia podia ver-te na tua casa, onde se recebe a água divina da fé portadora de todo o amor, de toda a crença e de toda esperança. Mas não é tarde, Senhor!... Desdobra sobre o meu espírito a luz da tua misericórdia e deixa que desabrochem ainda agora, no meu coração de pecador, as açucenas perfumadas do teu perdão e da tua piedade para que eu seja incorporado às falanges radiosas que operam na sua casa, exibindo com o meu esforço de espírito a mais clara e a mais sublime de todas as profissões de fé.

 

Humberto de Campos

(Diário da Noite, do Rio Janeiro de 13 de junho de 1936)