quarta-feira, 30 de outubro de 2019


A LENDA DO PODER

A assembléia familiar comentava a difícil situação dos Espíritos revoltados que se habituam ao azedume crônico por vasta fieira de encarnações sucessivas, quando João de Kotchana, experimentado instrutor de cristãos desencarnados, nas regiões da Bulgária, contou-nos, entre sensato e otimista:

- Temos nós antiga lenda que adaptarei ao nosso assunto para a devida meditação... Dizem que Deus, quando começou a repartir os dons da vida, entre os primeiros homens dos primeiros grandes agrupamentos humanos constituídos na Terra, decretou fôsse concedido aos Bons o Poder Soberano.

Informados de que o Supremo Senhor estava fazendo concessões, os Corajosos acudiram apressados à Divina Presença, solicitando o quinhão que lhes seria adjudicado.

- Que desejais, filhos meus? – indagou o Eterno.

- Senhor, queremos o Poder Supremo.

- Essa atribuição – explicou o Todo-Misericordioso – já concedi aos Bons; eles unicamente conseguirão governar o reino dos corações, o território vivo do espírito, onde se exerce o poder verdadeiro.

- Ah! Senhor, e nós? Que será de nós, os que dispomos de suficiente ousadia para comandar os distritos da existência e transformá-los?

- Não posso revogar uma ordem que expedi – observou o Onipotente -, entretanto, se não vos posso confiar o Poder Soberano, concedo-vos um encargo dos mais importantes, a Autoridade. Ide em paz.

Espalhou-se a notícia e vieram os Intelectuais ao Trono Excelso.

O Todo-Poderoso inquiriu quanto ao propósito dos visitantes e a resposta não se fêz esperar:

- Senhor, aspiramos à posse do Poder Soberano. 

– Impossível. Essa prerrogativa foi concedida ao Bons. Só eles lograrão renovar as outras criaturas em meu nome.

E porque os Intelectuais perguntassem respeitosamente com que recurso lhes seria lícito operar. Deus entregou-lhes o domínio da Ciência.

Veio, então, a vez dos Habilidosos. Com vasta representação, surgiram diante do Pai e, como fôssem questionados quanto ao que pretendiam, responderam veementemente:

- Senhor, suplicamos para nós o Poder Soberano.

O Todo-Bondoso relacionou a impossibilidade de atender, mas deu-lhes o Engenho.

Depois, acorreram os Imaginosos ao Sagrado Recinto e esclareceram que contavam para eles com a mesma cobiçada atribuição.

O Todo-Amoroso respondeu pela negativa afetuosa; no entanto, brindou-os com a luz da Arte.

Logo após, os Devotados chegaram ao Augusto Cenáculo e rogaram igualmente se lhes conferisse a faculdade do mando, e recolheram a mesma recusa, em termos de extremado carinho; contudo, o Todo-Misericordioso outorgou-lhes o talento bendito do Trabalho.

Em seguida, os Revoltados, que não procuravam senão defeitos e problemas transitórios na obra da Vida – os problemas e defeitos que Deus sanaria com o apoio do Tempo, de modo a não ferir os interesses dos filhos mais ignorantes e mais fracos - compareceram perante o Supremo Doador de Todas as Bênçãos e, em vista de se mostrarem com agressiva atitude, a voz do Pai se fêz mais doce ao perguntar-lhes:

- Que desejais, filhos meus?

Os Revoltados retrucaram duramente:

- Senhor, exigimos para nós o Poder Soberano.

- Isso pertence aos Bons – disse o Todo-Sábio -, pois somente aqueles que dispõem de suficiente abnegação para esquecer os agravos que se lhes façam, prosseguindo infatigáveis no cultivo do bem aos semelhantes, guardarão consigo o poder de governar os corações... No entanto, meus filhos, tenho outros dons para conceder-vos...

Antes, porém, que o Supremo Senhor terminasse, os ouvintes gritaram intempestivamente:

- Não aceitamos outra coisa que não seja o Poder soberano. Queremos dominar, dominar... Fora do poder, o resto é miséria...

O Onipotente fitou cada um dos circunstantes, tomado de compaixão, e declarou, sem alterar-se:

- Então, meus filhos, em todo o tempo que estiverdes na condição de Revoltados, tereis convosco a miséria...

E, desde essa ocasião, rematou Kotchana, todo espírito, enquanto rebelado, não tem para si mesmo senão o azedume da queixa e a penúria do coração.


***

Ouvi a lenda, retiro o ensinamento que me toca e ofereço a peça aos companheiros reencarnados na Terra, que porventura sejam ainda inutilmente revoltados quanto tenho sido e já não quero mais ser.

IRMÃO X

Estante da Vida 
Francisco Candido Xavier. 

terça-feira, 29 de outubro de 2019


 O ENCONTRO DIVINO.

Quando o cavaleiro D´Arsonval, valoroso senhor em França, se ausentou do
medievo domicílio, pela primeira vez, de armadura fulgindo ao Sol, dirigia-se à Itália para solver urgente questão política.

Eminente cristão trazia consigo um propósito central – servir ao Senhor,
fielmente, para encontra-lo.

Não longe de suas portas, viu surgir, de inesperado, ulceroso mendigo a
estender-lhe as mãos descarnadas e súplices.

Quem seria semelhante infeliz a vaguear sem rumo?

Preocupava-o serviço importante, em demasia, e, sem se dignar fixa-lo, atirou-lhe a bolsa farta.

O nobre cavaleiro tornou ao lar e, mais tarde, menos afortunado nos negócios, deixou de novo a casa.

Demandava a Espanha, em missão de prelados amigos, aos quais se devotara.
No mesmo lugar, postava-se o infortunado pedinte, com os braços em rogativa.

O fidalgo, intrigado, revolveu grande saco de viagem e dele retirou pequeno
brilhante, arremessando-o ao triste caminheiro que parecia devora-lo com o olhar.

Não se passou muito tempo e o castelão, menos feliz no círculo das finanças,
necessitou viajar para a Inglaterra, onde pretendia solucionar vários problemas, alusivos à organização doméstica.

No mesmo trato de solo, é surpreendido pelo amargurado leproso, cuja velha
petição se ergue no ar.

O cavaleiro arranca do chapéu estimada jóia de subido valor e projeta-a sobre o conhecido romeiro, orgulhosamente.

Decorridos alguns meses, o patrão feudal se movimenta na direção de porto
distante, em busca de precioso empréstimo, destinado à própria economia, ameaçada de colapso fatal, e, no mesmo sítio, com rigorosa precisão, é interpelado pelo mendigo, cujas mãos, em chaga abertas, se voltam ansiosas para ele.

D´Arsonval, extremamente dedicado à caridade, não hesita. Despe fino manto e entrega-o, de longe, receando-lhe o contacto.

Depois de um ano, premido por questões de imediato interesse, vai a Paris
invocar o socorro de autoridades e, sem qualquer alteração, é defrontado pelo mesmo lázaro, de feição dolorida, que lhe repete a antiga súplica.

O Castelão atira-lhe um gorro de alto preço, sem qualquer pausa no galope, em que seguia, presto.

Sucedem-se os dias e o nobre senhor, num ato de fé, abandona a respeitada
residência, com séquito festivo.

Representará os seus, junto à expedição de Godofredo de Bouillon, na cruzada com que se pretende libertar os Lugares Santos.

No mesmo ângulo da estrada, era aguardado pelo mendigo, que lhe reitera a
solicitação em voz mais triste.

O ilustre viajor dá-lhe, então, rico farnel, sem oferecer-lhe a mínima atenção.

E, na Palestina D´Arsonval combateu valorosamente, caindo, ferido, em poder dos adversários.

Torturado, combalido e separado de seus compatriotas, por anos a fio, padeceu miséria e vexame, ataques e humilhações, até que um dia, homem convertido em fantasma, torna ao lar que não o reconhece.

Propalada a falsa notícia de sua morte, a esposa deu-se pressa em substituí-lo, à frente da casa, e seus filhos, revoltados, soltaram cães agressivos que o dilaceraram, cruelmente, sem comiseração para com o pranto que lhe escorria dos olhos semimortos.
Procurando velhas afeições, sofreu repugnância e sarcasmo.

Interpretado, agora, à conta de louco, o ex-fidalgo, em sombrio crepúsculo,
ausentou-se, em definitivo, a passos vacilantes...

Seguir para onde? O mundo era pequeno demais para conter-lhe a dor.

Avançava, penosamente, quando encontro o mendigo.

Relembrou a passada grandeza e atentou para si mesmo, qual se buscasse
alguma coisa para dar.

Contemplou o infeliz pela primeira vez e, cruzando com ele o olhar angustiado, sentiu que aquele homem, chegado e sozinho, devia ser seu irmão. Abriu os braços e caminhou para ele, tocado de simpatia, como se quisesse dar-lhe o calor do próprio sangue. Foi, então, que, recolhido no regaço do companheiro que considerava leproso, dele ouviu as sublimes palavras:

- D´Arsonval, vem a mim! Eu sou Jesus, teu amigo. Quem me procura no serviço ao próximo, mais cedo me encontra... Enquanto me buscavas à distância, eu te aguardava, aqui tão perto! Agradeço o ouro, as jóias, o manto, o agasalho e o pão que me deste, mas há muitos anos te estendia os meus braços, esperando o teu próprio coração!...

O antigo cavaleiro nada mais viu senão vasta senda de luz entre a Terra e o Céu...

Mas, no outro dia, quando os semeadores regressavam às lides do campo, sob a claridade da aurora, tropeçaram no orvalhado caminho com um cadáver.

D´Arsonval estava morto.

IRMÃO X.

FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIÙNICA DO NATAL –
Psicografia: Francisco Cândido Xavier.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019



O Evangelho no Coração


Quando o Evangelho vive somente em nossa cabeça, sofremos o perigo de queda nas discussões infindáveis, porque a intemperança mental e a vaidade sempre fazem a boa vizinhança.
Quando se localiza, exclusivamente, em nossos olhos, é provável desçamos da luminosa posição de companheiros para a condição de inquisidores e fiscais dos nossos melhores amigos, porquanto, é sempre mais fácil descobrir os erros alheios que surpreender os nossos.
Quando jaz situado simplesmente em nossos ouvidos, somos suscetíveis de perder valiosas sementeiras de fraternidade, de vez que a nossa vigilância imperfeita, sem qualquer dificuldade, se converte em suspeita.
Quando palpita, entretanto, em nosso coração, o Evangelho renova-nos a vida. Brilha dentro de nós, por abençoada estrela de compreensão e misericórdia.
Seus raios divinos apagam a malícia em nosso olhar, santificando-nos a audição e sublimando-nos os impulsos, intenções e motivos; elevam nossos sentimentos para o Céu, projetando-os simultaneamente na Terra, através de nossos braços, em obras genuínas de amor, fraternidade e sabedoria.
Quando encontrarmos o discípulo do Senhor, sem oportunidades de fixar as cicatrizes e defeitos do próximo, sem horas para guardar os tóxicos da maledicência e sem ocasião para salientar os males dos outros mantendo-se tranqüilamente no santo serviço da caridade e da luz, a bem de todos, estejamos convencidos de que esse companheiro terá colocado o Testamento Redentor, no imo do peito, vivendo entre os necessitados e sofredores do caminho terrestre, na condição de abençoada lâmpada acesa que sombra alguma alcançara.

Simplifiquemos...

Há ricos de ouro tão inutilmente preocupados com os patrimônios que lhes não pertencem, como há pobres flagelados sem proveito pela obsessão da necessidade.

 EMMANUEL

PERANTE JESUS

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

domingo, 27 de outubro de 2019



DA  UNIÃO  COM  DEUS




“Por isso também os que sofrem, segundo a vontade de Deus, encomendam
 as suas almas ao fiel Criador, na prática do bem”. I Pedro,4:19.
  
Basta que o sofrimento nos alcance de leve e sentimo-nos para logo necessitados da Assistência Divina.

*
Ainda quando filosofias negativistas nos tenham desfigurado o raciocínio ou a palavra, se o perigo nos ameaça, secreta intuição nos afirma que Deus zela por nós e para Deus nos voltamos de imediato.
Enquanto isso ocorre, vale pensar na forma aconselhável e justa de nos encomendarmos ao Criador.
Decerto que muitas maneiras existem de preparar semelhante ato de confiança, tais como a oração que sublima e o estudo que esclarece, o trabalho que realiza e o entendimento que reconforta; entretanto, o processo mais alto de nos dirigirmos corretamente ao Pai que está nos Céus é aquele da prática do bem.

*
Não nos iludamos.
Mais dia, menos dia, todos sofrem.
Há, no entanto, quem sofra com revolta, desânimo, desespero e rebeldia, perdendo o valor da prova em que se vê.
Convençamo-nos, sejam quais forem as circunstâncias em que nos achemos, que a maneira exata de nos entregarmos à Providência Divina será, na essência, auxiliar, abençoar, desculpar e servir, sempre e sempre, em toda parte, porquanto o serviço ao próximo é o ponto certo de nossa ligação com Deus.

Emmanuel

NÓS
Francisco Cândido Xavier

sábado, 26 de outubro de 2019


O PODER DA MIGALHA

Não desprezes o poder da migalha na obra do auxílio.

 O prato simples que partilhas com o irmão em penúria não resolve o problema da fome; entretanto, ele em si não é apenas favor providencial para quem o recebe, mas também mensagem de fraternidade expedida na direção de outras almas, que se inclinarão a repartir as alegrias da mesa.

A peça de roupa com que atendes ao viajor, estremunhado de frio, não extingue o flagelo da nudez; todavia, ela em si não constitui valioso abrigo para quem a recolhe, mas também apelo silencioso para que amigos que esperam, unicamente, um sinal de amor para se entregarem aos júbilos do serviço.

Acontece o mesmo com a moeda humilde que ajustada à beneficência, faz pensar no valor da cooperação, e com o livro edificante que, funcionando no apoio a companheiros necessitados de esclarecimento e consolo, nos obriga a meditar no impositivo da cultura espiritual.

Em muitas circunstâncias, é um gesto só de tua compreensão que salvará alguém de calamidade eminente e, em muitos casos, uma só frase de tua parte representa a segurança de comunidades inteiras.

Bem aventurado todo aquele que estende milhões à supressão dos problemas de natureza material e bem aventurado todo aquele que cede algo de si próprio, a benefício dos outros, ainda que seja tão-somente uma palavra de bênção para o conforto de uma criança esquecida.

*
Não desprezes o poder da migalha na obra do auxílio.

Por dádiva de sustentação e misericórdia para felizes e infelizes, sábios e ignorantes, justos e injustos, Deus entrega o Sol por atacado, mas por dom inefável, capaz de conduzir as criaturas com harmonia e discernimento, no rumo das perfeições divinas, Deus dá o tempo, trocado em miúdo, através das migalhas dos minutos, iguais para todos.

O coração humano é comparável a cofre repleto de riquezas incalculáveis, e ninguém o possui impenetrável ou inacessível... Habitualmente, resistirá a golpes de martelos, à ação de gazuas e até mesmo ao impacto de explosivos e provas de fogo; mas, quase sempre,é a tua migalha de humildade e paciência, bondade e cooperação que simboliza a chave capaz de abri-lo.

CORAGEM

Coragem também é caridade.

Hesitação do conhecimento – poder à ignorância.

Debilidade da retidão – apoio desequilíbrio.

Decisão firme – leme seguro.

Vontade frágil – barco à matroca.

Irresolução dos bons – garantia dos maus.

*
Nada se realiza de útil e grande sem a coragem.

Descobertas e inventos não se consolidariam nos fastos da civilização material, sem os sacrifícios daqueles que lhes hipotecaram a existência.

Harvey torturou-se até a morte, a fim de provar a circulação do sangue.

Jesus não foi mais feliz, procurando revelar a verdade...

*
Em Doutrina Espírita, sabemos o que seja o bem, como fazer o bem, de vez nos achamos informados de que o maior bem para nós nasce, invariavelmente, da obrigação nobremente cumprida de formar o bem para os outros.

Não vale pedir alheia orientação, se a orientação desse modo se nos estampa, luminosa, na consciência.

Esqueçamos os antigos chavões “não sei se vou” e “não sei se posso”, ante os deveres que as circunstâncias nos traçam. Timidez não é humildade.

Para que haja luz não bastará temer a presença da sombra. É preciso acendê-la.

Emmanuel
Do livro Estude e viva

sexta-feira, 25 de outubro de 2019


FÉ E CARIDADE.

Dizem que toda pessoa de fé viva sofre, incessantemente, nas obras da caridade, em nome do Cristo, no entanto, vale explicar porque isso acontece.

Espíritos pessimistas aceitam a derrota de quaisquer iniciativas, antes de começa-las.

Egoístas moram nas próprias conveniências.

Tíbios desrespeitam as horas.

Frívolos vivem agarrados à casca das situações e das coisas.

Oportunistas querem vantagens e lucros imediatos.

Vaidosos desconhecem, propositadamente, a necessidade dos outros.

Impulsivos criam problemas.

Toda pessoa, porém, que confia no Cristo é, consequentemente, alguém que procura servir, assimilando-lhe exemplos e lições, e, por isso mesmo, é indicada por Ele ao trabalho do bem, de vez que chamar preguiçosos e indiferentes não adianta.

ANDRÉ LUIZ.
LIVRO “IDEAL ESPÍRITA”
PSICOGRAFIA: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

ANTOLOGIA DA AMIZADE

Quando a noite se adensa no caminho, envolvendo todos os ângulos do espaço, uma vela acesa tem o esplendor de uma estrela que descesse do Céu para varrer na Terra a força negativa da escuridão.


Aspiras a vencer e vencerás, mas lembra-te de que vencer sem abrir os caminhos da vitória para os outros é avançar para o tédio da inutilidade sob o frio da solidão.


Não condenes pessoa alguma.


Somos todos irmãos ante a Providência Divina, interligados no trabalho do dia-a-dia em função de nosso aperfeiçoamento mútuo.


Haja o que houver, adianta-te e faze o melhor que possas.


Recorda que é preciso semear o bem por dentro de nós e por fora de nós, onde estivermos, de vez que, nessas diretrizes, o bem se nos fará alegria e paz, coragem e esperança nas áreas de cada hora.


Se pessoas estimáveis caíram em erro, não lhes aumentes o peso da culpa, destacando-lhes esse ou aquele gesto infeliz.


Recorda que toda conversação está carregada de poder criativo. Usa o verbo para o bem e faze com ele a felicidade de quantos te compartilham a vida.


Nada sucede à revelia da Providência Divina.


Não abandones o instrumento de trabalho que os Mensageiros do Senhor te colocaram nas mãos.


Asserena-te e espera. Ama e ensina com paciência.



Não esmoreças. A vida reserva prodígios para quem segue adiante, trabalhando e servindo...


Não permitas que a idéia de fracasso anule os créditos de tempo em tuas mãos. Não abandones a certeza de que podes trabalhar e servir, auxiliar e melhorar, renovar e reconstruir.


Não digas que a grandeza de Deus te dispensa do bem a realizar. Deus é a Luz do Universo, mas podes acender uma vela e clarear o caminho para muita gente dentro da noite.


Os companheiros são sempre alavancas de apoio que devemos agradecer a Deus. Diante, porém, das tarefas a realizar, não exijas tanto dos amigos queridos que te estendem amparo.


Ergue-te, enquanto é tempo, e faze, por ti mesmo, o bem que possas.


Auxiliando a outros, obterás igualmente auxílio. É por esta razão que no Serviço ao Próximo encontrarás sempre o endereço exato do Socorro mais Urgente de Deus.


Tranqüiliza quantos te desfrutam a convivência e faze-os felizes, tanto quanto puderes.


As boas obras nascem do amor temperado pelo sofrimento.


Serve e medita. É possível que a Divina Providência haja permitido a tua queda em erro para que aprendas a tolerar e a perdoar.


Admiráveis são todos os espíritos nobres e retos que militam com grandeza na Causa do Bem. Entretanto, não menos admiráveis são todos aqueles que se reconhecem frágeis e imperfeitos, caindo e erguendo-se muitas vezes nas trilhas da existência sob críticas e censuras, mas sempre resistindo à tentação do desânimo, sem desistirem de trabalhar.


Ninguém se eleva, sem esforço máximo da vontade, dos campos do hábito para as regiões iluminadas da experiência.


Entretanto, ninguém atinge as múltiplas regiões da experiência sem passaportes adquiridos nas agências da dor.

Não penses tanto sobre o que os outros possam imaginar a teu respeito. Raramente isto acontece. Na maioria dos casos, quando notas alguém a observar-te, essa pessoa, provavelmente, deseja saber o que estás pensando a respeito dela. Em qualquer situação, mentalizemos o bem o sigamos para a frente.


No domínio das possibilidades materiais, as lições são diversas. O que guardas, talvez te deixe. O que desperdiças, com certeza te acusa. O que emprestas te experimenta. Em verdade, só te pertence aquilo que dás.


Enquanto cultivarmos melindres e ressentimentos; enquanto não pudermos aceitar os próprios adversários na condição de filhos de Deus e irmãos nossos, tão dignos de amparo quanto nós mesmos; enquanto sonegarmos serviço fraterno aos que ainda não nos estimem; e enquanto nos irritarmos inutilmente, a felicidade para nós é impossível.


Se trabalhas com fé em Deus, na Seara do Bem, não precisas articular muitas perguntas acerca daquilo que te compete fazer.


Prossegue agindo com paciência e, através do próprio serviço a que te dedicas, a Sabedoria de Deus te esclarecerá.


Repara o sol que é luz sublime e infatigável... O céu a constelar-se em turbilhões de estrelas, novas pátrias de luz, exaltando a esperança...


Tudo no altar da natureza é prazer de auxiliar e alegria de servir.


Dar o pano que sobra em nosso guarda-roupa é dever, mas vestir o próximo de novas idéias, através dos nossos bons exemplos, é caridade.


... Não bastará, portanto, crer na sobrevivência do homem. É indispensável clarear o porvir, antecipando edificações iluminadas para o amanhã de nossas almas eternas.


O Espiritismo com Jesus, entretanto, não é somente o corredor de acesso ao paraíso das consolações. Representa, acima de tudo, movimento libertador da consciência encarnada, oficina de instalação do Reino Divino no campo humano.


Não basta sentir simplesmente a bênção da Verdade Soberana. É imprescindível dilatá-la ao círculo de nossos semelhantes, através do bem que concretize a divina palavra de que somos portadores.


Ante o mundo moderno, em doloroso e acelerado processo de transição, procuremos em Cristo Jesus o clima de nossa reconstrução espiritual para a Vida Eterna.


Imprescindível renovar o coração convertendo-o em vaso de graças divinas para a extensão das dádivas recebidas.


Indaguemos, estudemos, movimentemo-nos na esfera científica e filosófica, todavia, não nos esqueçamos do “amemo-nos uns aos outros” como o Senhor nos amou.
Lembremo-nos de que somos os herdeiros diretos da confiança e do amor daqueles que tombaram nos circos do martírio por trezentos anos consecutivos.


Sem a humildade não há progresso possível.

EMMANUEL
ANTOLOGIA DA AMIZADE


FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

quarta-feira, 23 de outubro de 2019


Iluminemos o Coração

Iluminemos o coração, com a lâmpada acesa do amor, cada vez que a nossa palavra se dirija aos irmãos desencarnados, ainda presos à turvação de consciência.
Lembremo-nos de que nos achamos, à frente de enfermos, requisitando-nos compreensão e carinho.
Quem se atreveria, em nome da bondade, a cercar um náufrago desditoso com o manto opressivo da curiosidade descaridosa, ao invés de oferecer-lhe pronto socorro? Não lhe bastaria o tormento da inquietação nas ondas escuras da morte?
Quem se dispõe ao amparo dos espíritos amargurados, em desânimo e desespero, precisará erguer a própria alma à sublimidade do amor mais puro, a fim de socorrer com proveito.
Muitas vezes, as objurgatórias e reprimendas dos grandes juízes não conseguem, junto dos irmãos transviados, um centímetro de renovação edificante, suscetível de ser alcançada pelo estímulo carinhoso de uma simples frase paternal.
Todos possuímos desafetos do passado.
A Terra ainda não é residência das almas quitadas com a Lei.
Todos somos devedores ou doentes em reajuste.
Por isso mesmo, em nos comunicando com os adversários ou companheiros do pretérito ou do presente, mergulhemos a alma na fonte cristalina da boa vontade com Jesus, para que as nossas palavras não soem debalde.
Só o amor atravessa as paredes compactas do cárcere em que a ignorância se aguilhoa à penúria de espírito, conduzindo aos antros sombrios de nossos débitos a santificante claridade da libertação.

MEIMEI
SENTINELAS DA ALMA


FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A Oração da Serva Cristã

    Pai de Infinita Bondade, sustenta-nos o coração no caminho que nos assinalaste! Infunde-nos o desejo de ajudar àqueles que nos cercam, dando-lhes das migalhas que possuímos para que a felicidade se multiplique entre nós.

    Dá-nos a força de lutar pela nossa própria regeneração, nos círculos de trabalho em que fomos situados por Teus sábios desígnios.

    Auxilia-nos a conter nossas próprias fraquezas, para que não venhamos a cair nas trevas, vitimados pela violência.

    Pai, não deixes que a alegria nos enfraqueça e nem permitas que a dor nos sufoque.

    Ensina-nos a reconhecer Tua bondade em todos os acontecimentos e em todas as coisas.

    Nos dias de aflição, faze-nos contemplar Tua luz, através de nossas lágrimas.

    E nas horas de reconforto, auxilia-nos a estender Tuas bênçãos com os nossos semelhantes.

    Dá-nos conformação no sofrimento, paciência no trabalho e socorro nas tarefas difíceis.

    Concede-nos, sobretudo, a graça de compreender a Tua vontade seja como for, onde estivermos, a fim de que saibamos servir, em Teu nome, e para que sejamos filhos do Teu infinito amor.

    Assim seja. 
    Agar