segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Desertores

Médiuns desertores não são apenas aqueles que deixam de transmitir com fidelidade sinais e palavras, avisos e observações da Esfera Espiritual para a Esfera Física. 
De criatura a criatura flui a corrente da vida e todos nós, encarnados e desencarnados de qualquer condição, estamos conclamados a lutar pela vitória do Bem Eterno. 
Desertores são igualmente: 
Os que armazenam o pão, sem proveito justo, convertendo cereais em cifrões vazios; 
Os que pregam virtudes religiosas e sociais, acolhendo-se em trincheiras de usura; 
Os que fecham escolas, escancarando prisões; 
Os que transformam as chaves da Ciência em gazuas douradas; 
Os que levantam casas de socorro, desviando recursos que deveriam ser aplicados para sanar as dores do próximo; 
Os que exterminam crianças em formação, garantindo a impunidade, no silêncio das próprias vítimas; 
As mães que, sem motivo, emudecem as trompas da vida no santuário do próprio corpo, embriagando-se de prazeres que vão estuar na loucura; 
Os que aviltam a inteligência, vendendo emoções na feira do vício; 
Os que se afogam lentamente no álcool; 
Os que matam o tempo para que o tempo não lhes dê responsabilidade; 
Os que passam as horas censurando atitudes de outrem, olvidando os deveres que lhes competem; 
Os que andam no mundo com todos os desejos satisfeitos; 
Os que não sentem necessidade de trabalhar; 
Os que clamam contra a ingratidão sem examinar os problemas dos supostos ingratos; 
Os que julgam comprar o céu, entregando um vintém ao serviço da caridade e reservando milhões para enlouquecer os próprios descendentes, nos inventários de sangue e ódio; 
Os que condenam e amaldiçoam, ao invés de compreender e abençoar; 
Os que perderam a simplicidade e precisam de uma torre de marfim para viver; 
Os que se fazem peso morto, dificultando o curso das boas obras... 
Deserção! Deserção! Se trazemos semelhante chaga, corrigenda para nós!... 
E se a vemos nos outros, compaixão para eles!...

Fonte: Seara dos Médiuns - Francisco Cândido Xavier - Ditado pelo Espírito Emmanuel
Reunião pública de 13/5/60 - Questão nº 220 - Parágrafos 1º, 2º e 3º 

domingo, 30 de agosto de 2015


Não Interromper

Você diz que não tem dinheiro para socorrer aos necessitados, mas dispõe de tempo para auxiliar de algum modo.
Você afirma que não retém bastante saúde para alentar essa ou aquela tarefa no bem dos outros, mas dispõe de tempo que lhe faculta ofertar migalha de gentileza no amparo aos semelhantes.


Não interrompa os seus passos, no serviço do bem, porque justamente na execução dos seus próprios encargos é que os Mensageiros de Deus encontrarão os meios de trazerem a você o socorro preciso.

André Luiz

sábado, 29 de agosto de 2015

Morte: Uma janela para a Vida
 

Floriano Legado do Amaral
 

Na Terra, a morte ainda é um fenômeno inexplicável e chocante e difícil de ser aceito. Por mais que se estude ou trabalhe com esse fenômeno, no fundo o homem tem medo dele e deseja vê-lo o mais longe possível. A não certeza do que vem depois da morte é que atemoriza os candidatos à ela, que somos todos nós, os encarnados. Até mesmo as pessoas mais treinadas para enfrentar esse fenômeno preferem adiá-la enquanto podem. Chico Xavier, que convive com os mortos há mais de 70 anos e tem certeza de que do outro lado da morte existe um mundo vivo, dinâmico, vibrante na medida em que é mais descortinado pelo cidadão que já fez sua passagem deixa transparecer que não tem medo da morte, mas também não faz questão de morrer. certa vez, alguém lhe disse: - "Dizem que no mundo espiritual existe uma casinha azul, muito linda e aconchegante. O que você acha dessa idéia?" Em tom de brincadeira ele comentou - "Eu prefiro continuar por aqui numa casinha amarela mesmo". Com a bagagem de conhecimento doutrinário espírita e a ampla experiência que o CHICO XAVIER tem, o indagador talvez esperasse que ele respondesse: - "tudo bem, se assim é, eu estou pronto para partir rumo a Pátria Espiritual. Mas a incerteza que ele também tem, como todos nós temos é que faz ele fincar o pé da Terra. Lembro-me de uma outra personagem de destaque que nunca escondeu o seu medo da morte: O ex-deputado Federal Ulisses Guimarães, baluarte da Democracia Brasileira dizia: - "Se um dia você testemunhar o meu enterro, pode dizer: Ali vai um homem inconformado." O ilustre homem público parece ter profetizado o seu trágico desencarne quando o helicóptero em que viajava foi tragado pelo oceano onde Ulisses jaz, em paz. Poucos são os homens que confessam esse medo publicamente, mas que a maioria da Humanidade encarnada treme diante da possibilidade de ter de deixar este mundo, apesar de todos os seus problemas, não há dúvida. Contudo, nada disso adianta, pois sabemos que quando a hora chega não tem barriga me dói, o fato acontece a pronto...

A História, entretanto, nos dá conta de que alguns povos se preparavam melhor para enfrentar o fenômeno morte. Eis, por exemplo, o que diz Leon Denis em seu livro "O Gênio Céltico e o Mundo Invisível", pág. 177, Edição CELD:

"Uma das características da filosofia céltica, é a indiferença pela morte. Sob esse ponto de vista a Gália era um objeto de admiração para os povos pagãos, os quais não possuíam, no mesmo grau, a noção da imortalidade. Nossos antepassados, não receando a morte, certos de viver no além-túmulo, estavam libertos de todo temor.

"Em nenhuma crença encontra-se um sentimento tão intenso do invisível e da solidariedade que une o mundo dos vivos ao dos espíritos. Todos aqueles que deixaram a Terra eram carregados de mensagens destinadas aos mortos. Diodoro de Sicília nos deixou esta passagem preciosa: "Nos funerais, eles depositavam as cartas escritas aos mortos, pelos seus parentes, para que elas lhes fossem transmitidas". A comunicação dos dois mundos era coisa comum. Pompônio Mela, Valério Máximo e todos os autores latinos que nós citamos dizem que entre os gauleses "emprestava-se o dinheiro para ser reembolsado no outro mundo".

Curiosidades em torno da morte


Valmiro Rodrigues Vidal, autor de quase 30 livros, recolheu na História universal interessantes casos relacionados com o fenômeno chamado morte. Selecionamos alguns deles, narrados por esse autor para que os leitores do Correio também os conheçam. Morte é tema árido e até indesejável. Mas bem urdido também pode ser cultura. Senão vejamos o que Valmiro tem para nos contar:

  • Maomé enriqueceu pelo casamento com a viúva Kadidja. Aos 25 anos de idade, era seguido por grande massa humana. Depois de uma meditação de mais de 15 anos nas florestas da Arábia, Maomé fugiu para não ser assassinado (ano 622, data que narra o começo da Era Muçulmana). Faleceu de uma febre maligna, na cidade de Medina, onde se acha sepultado.
  • O poderoso Dario, rei dos Persas, morreu de ódio. Por haver Atenas ajudado seus inimigos. Dario durante 10 anos teve um criado cuja obrigação principal era dizer-lhe três vezes por dia: "Lembra-te dos Atenienses". Reinou com grande influência na Ásia, onde se apoderou de Babilônia (558-485 a.C.) Era conhecido como "Reis dos Reis".
  • Marco Túlio Cícero foi um dos maiores oradores da Antiguidade. Condenaram-no à morte por ordem de Marco Antônio porque escreveu um livro (suas celebres Filípicias). Foi degolado perto de Fórmias, sendo depois expostas ao público sua cabeça e sua mão direita. Cícero viveu nos anos 106-43 antes de Cristo.
  • Caio Júlio César, no ápice das glórias, tombou nas escadarias do Fórum, no dia 15 de março do ano 44 da Era Romana, abatido com 23 punhaladas, junto da estátua de Pompeu. Uma das armas assassinas fora um lápis de aço, dos que se usavam para escrever sobre papel encerado. Foram suas últimas palavras": Tu quoque, fili me Brute" (Também tu, Bruto, meu filho!) César referia-se a Bruto (Marco Júnio Bruto, que morreu no ano 42 a.C., perseguido por Antônio e Otávio, suicidando-se na cidade de Filipes, Macedônia).
  • Alexandre, O Grande (também conhecido por Alexandre Magno), expirou em conseqüência de violenta febre, na cidade de Babilônia, onde se deteve para consolidar o seu vasto Império. A morte surpreendeu-o em meio de uma festa. Dois dias antes de seu desaparecimento, uma cigana fora condenada à morte por ter-lhe previsto o desenlace. Nasceu em 356 a.C., na Macedônia (Grécia). Aos 18 anos, com a morte de seu pai, subiu ao trono. Chegou a conquistar ¾ da Terra. Com 20 anos apenas, à testa da Cavalaria, lançou-se às maiores conquistas de que há notícia na História. Atravessou a Ásia e conquistou a Ásia Menor. Marchando ao longo do mar Cáspio, apossou-se de Turquestão ocidental, e invadiu a Índia. Derrotou o exército de Dario III. Apossou-se do Egito e dominou os persas. Conquistou Babilônia e aí numa orgia, pôs fogo ao palácio do poderoso Dario.
  • Aristóteles, condenado à morte, morreu antes de ser executada a sentença, no ano 322 a.C. Escreveu 400 obras, entre as quais: Órganon, Metafísica, História dos Animais, Da Geração e da Corrupção. Nasceu em Estagura, na antiga Grécia, no ano 384 a.C. Teve a honra de educar Alexandre, o Grande.
  • Arquimedes, um dos maiores geômetras de todas as épocas, morreu assassinado. Absorto na resolução de um problema, nem dera pela vitória do inimigo, e foi morto por não receber respostas às perguntas que lhe fazia. Nasceu esse gênio em Siracusa, no ano 287 a.C. Inventou as roldanas, o parafuso sem fim, as rodas dentadas. Descobriu o princípio da alavanca. Com o auxílio de espelhos parabólicos, refletindo e concentrando a luz solar, incendiou a esquadra do general Marcelo, que mesmo assim ordenou fosse poupada a sua vida; pois necessitava do cérebro desse geômetra.
  • Aníbal, o Cartagnês (247-183 a.C.), não querendo se render a Cipião, o Africano, e sabendo que estava perdido, envenenou-se com um tóxico que sempre trazia oculto num anel.
  • Carlos I, rei da Inglaterra, três minutos antes de morrer no cadafalso, dirigindo-se ao bispo Juxon, disse: "Remember!"(Lembra-te).
  • Abraão Lincoln sucumbiu com um tiro à altura da nuca, disparado pelo ator John Wilkes Booth, no dia 14 de abril de 1965, durante um espetáculo no Teatro Ford, nos Estados Unidos. Morreu às 7 horas da manhã do dia 15. Ao exalar o último suspiro. Lincoln exclamou: "Deixe-me que vou morrer".
  • Beethoven morreu de tristeza, por não poder mais ouvir. Acabou surdo. Foram suas últimas palavras: "É já tarde; não posso ouvir..."
  • O sábio francês Lavoisier foi levado à guilhotina durante a Revolução Francesa, em 1794. Os carrascos o guilhotinaram exclamando: "A França não precisa de sábios".
  • Luís XVI também foi guilhotinado, com sua esposa Maria Antonieta. Antes que a Lâmina caísse sobre o pescoço, Luís XVI exclamou: "Franceses! Morro inocente e não quero que o meu sangue recaia sobre vós!".
  • Victor Hugo viveu 20 anos exilado e morreu de tristeza. Ao expirar, balbuciou: "Adeus, Jeanne" (sua neta de estimação).
  • Liszt não esqueceu o piano amigo: "Adeus, meu piano adorado".
  • Elizabeth da Inglaterra não queria morrer: "Todo o meu reino, Senhor, por mais um minuto de vida".
  • Guilherme de Nassau morreu pensando no seu povo: "Meu Deus! Tende piedade de mim e do meu povo; estou mortalmente ferido".
  • Bocage pensou um minuto em Deus e dissera ao partir para o Além: "Rasga meus versos. Crê na Eternidade".
  • Frederico I, da Prússia, foi realista na hora da morte, exclamando: "Nu vim ao mundo e nu partirei. Não quero vestir o meu uniforme".
  • Frederico, O grande, não acreditava nos homens, e dissera: "Enterre-me junto ao meu cão".
  • Richard Wagner expirou subitamente de emoção, em 1883. Ao acabar de tocar a mais bela de suas óperas (Ouro do Reino), caiu junto ao piano dizendo: "No céu ainda poderei compor as minhas músicas!".
  • Ricardo III, da Inglaterra, exclamara, mortalmente ferido: : A horse! A horse! My kington for a horse! (Um cavalo! Um cavalo! Meu reino por um cavalo!).
  • Antônio Carlos Gomes levou para o túmulo alguma mágoa. No seu testamento, deixou escrito: "Antônio Carlos Gomes, brasileiro e patriota". Morreu na cidade de Belém do Pará, em 1896.
  • Augusto Comte, ao expirar exclamou: "Que perda irreparável!".
  • Jorge IV, da Inglaterra, dissera: "É só isso a morte?"
  • Tiradentes, o mártir da Independência: "Cumpri minha palavra. Morro com a Liberdade!"
  • Estando Jesus já cravado na cruz, nos últimos instantes de sua agonia, olhando para baixo viu ao pé da cruz Maria de Magdala, Maria de Cleophas, Maria, sua genitora, e João, um de seus discípulos, então disse, dirigindo-se à sua mãe: "Mulher, eis aí o teu filho, referindo-se a João. Em seguida, ele acrescentou, olhando nos olhos de João e de sua mãe: "Eis aí tua mãe". Instantes depois Ele disse: "tenho sede". Os carrascos lhe deram vinagre para saciar a sede> Ele tomou o vinagre e disse: "Está consumado". E aí inclinou a cabeça para um lado e expirou pela última vez no seu corpo físico. ( João de 25 a 30).

Para que não se diga que não falamos de flores, como bem lembrou, um dia, um poeta dos Festivais da Música Popular Brasileira, encerro este mosaico póstumo com algumas pinceladas doutrinárias, procurando, com isso, desmistificar o fenômeno que erradamente chamamos de morte. Melhor seria que hoje, com tão amplo cabedal de conhecimento, tivéssemos a coragem de rebatizá-lo como "Uma Janela para a Vida".

Na essência, não finamos. Apenas ressurgimos num mundo novo, onde novas experiências nos aguardam.

O desaparecimento físico dá-se pela transformação de nossa massa corpórea em água, sais, oxigênio, azoto e outros gazes, mas jamais significa a extinção da personalidade, entendida como a essência espiritual,. Esta se reveste imediatamente, falando em termos relativos, com um outro corpo menos denso e transporta-se, ou é transportado, para o ambiente espiritual que lhe é próprio. Continua ali detentor de seus atributos como a inteligência, a memória, o pensamento, as virtudes, as mazelas. Continua enxergando, articulando palavras, isto, agora, por um mecanismo específico e muito mais perfeito do que se conhece na Terra, continua locomovendo- se, sentindo, como antes, ama, odeia, emociona- se, tudo como dantes, e busca estar junto daqueles que sempre lhe foram afins. Não há, portanto, como querem alguns, o esfacelamento dos círculos de amizades e nem dos círculos familiares. Pelo contrário, conforme ensinam nossos Instrutores Maiores diretamente à nossa consciência, ou através de mentes intermediárias: a partir da ausência de qualquer um de nós na Terra, as afinidades tornam-se ainda mais coesas e os laços que às vezes se tornaram frouxos se refazem com muito mais responsabilidade.

Assim sendo, não há porque desatarmos em desespero ante a convocação inexorável de um irmão. Cantemos hosanas a Deus por tê-lo libertado do jugo da carne mais cedo do que nós e encaremos a morte como uma necessidade da vida. Nada se acaba, tudo se transforma, diz o aforismo científico, indicando-nos uma das verdades que compõem o mecanismo da evolução.

Diante da morte, depositemos buquês feitos com nossas preces. Esta é a melhor homenagem que se pode prestar a alguém que viaja para o mundo espiritual.
 
(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 370 de Novembro de 2001)

sexta-feira, 28 de agosto de 2015


CAPÍTULO 26 - DESENCARNAR NÃO ADIANTA
 
DOUTOR - disse-me Anastácia -, esta cartinha é de uma senhora que, segundo informa, foi desenganada pela Medicina...

— Por favor, leia-a! - solicitei, interessado.

— Dr. Inácio - começou Anastácia, com a dicção cada vez mais clara -, fui desenganada pelos médicos, que chegaram à conclusão de que o meu problema cardíaco é grave... Sinto que o meu coração bate descompassado, várias vezes durante o dia. Tomo muitos medicamentos. Eu sou médium de incorporação há muitos anos - trabalho em reunião de desobsessão! Não sei se devo me afastar agora - os meus filhos insistem para que eu fique em casa. Mas, se eu ficar em casa, a minha consciência não ficará tranquila. No ano pas¬sado, caí e quebrei uma perna... De lá para cá, o meu problema cardíaco piorou um pouco. Acho que posso desencarnara qualquer hora, mas não ligo, não... Sei que o espírito não morre e não tenho medo da morte. Não estou tão velha assim, mas... A verdade é que o fardo desta vida está me pesando muito! 0 senhor acha errado a gente desistir de lutar para viver? Eu estou quase entregando os pontos...

— Não entregue, não, minha irmã! - exclamei com veemência, na esperança de que as minhas palavras, ecoando de uma Vida a outra, lhe alcançassem os ouvidos diretamente. - Não entregue, não! Desencarnar não adianta!...

— Coitada dessa senhora!

— Anastácia - narrei -, eu não sei se você já ouviu falar num amigo de nome Jerônimo Mendonça, que atuava na cidade de Ituiutaba, Minas Gerais.

— Não, nunca ouvi qualquer referência a ele.

— Nosso Jerônimo, valoroso companheiro de Ideal Espírita, vivia em cima de uma cama - ele ficou tetraplégico! Dentro de uma perua Kombi, os amigos o transportavam para todos os lugares... Ele apenas falava e escutava - foi perdendo todos os movimentos e, por fim, não conseguia movimentar sequer um dedo!

— E, mesmo assim, viajava?...

— Aliás, ele pouco parava em Ituiutaba, onde desenvolvia um belo serviço assistencial. Era convidado para palestras...

— Ele fazia palestras, Doutor?! Doente como se encontrava?!...

— Sim e com muito bom humor. Suas palestras eram eloquentes! Ele contava histórias, brincava com a sua própria situação de paralítico, sorria sempre... Embora, certamente, o seu carma - do qual nenhum de nós consegue fugir -, foi um companheiro que nos deu muitos exemplos de perseverança e de autossuperação.

Fiz uma pausa e prossegui:

— Pois bem. Numa ocasião, o Jerônimo ficou muito mal - ele foi perdendo as forças, a voz soando cada vez mais baixa... Talvez tenha ficado deprimido. Devido à sua imobilidade, ele tinha constantes infecções urinárias e um simples resfriado costumava virar pneumonia...

— Que prova a dele, não ?!

— Sempre que podia, porém, conduzido pelos amigos, ele estava em Uberaba, visitando Chico Xavier, que, ao término das reuniões, conversava com ele. Nessa época, muito mais abatido, Jerônimo disse ao Chico que estava para desencarnar - ele sentia que estava para desencarnar! Depois de escutar o amigo, o médium, em pé rente ao seu leito, tomou a palavra e falou incisivo: — Jerônimo, você sabe o que está matando a você?!...

— Ah, Chico - respondeu ele -, o meu quadro geral está se complicando muito... 0 coração está fraco! Eu não tenho mais vontade de comer...

— Não tem nada disso - retrucou o nosso Benfeitor. - 0 que está matando a você é o "coitadinho"... Quase todos que o vêem nessa situação aproximam-se e dizem: — "Coitadinho do Jerônimo! Coitadinho!..." E você está acreditando!...

— Que visão, a do Chico!

— E ele, praticamente, enxergava de um olho só, pois, desde jovem, a visão de seu olho esquerdo ficara comprometida...

— Como Jerônimo reagiu?!

— Ficou em silêncio, e o Chico continuou: — "Não acredite nisso, não! Pois, se você acreditar, vai morrer mesmo, e desencarnar não adianta! 0 que está matando a você - repetiu - é o "coitadinho"! Reaja! Se cu for dar crédito ao que as pessoas me dizem, que estou ,.i usado e doente, eu vou parar em cima de uma cama ou no cemitério! Não, pois eu ainda preciso trabalhar muito, como você também precisa!...".

— Doutor, o Chico era enérgico!

— As vezes, Anastácia, ele trovejava, sim, mas, logo depois, deixava cair aquela chuva mansa de seus lábios...

A companheira sorriu e, então, uma vez mais, pude perceber quanta mudança, espontaneamente, estava acontecendo em sua fisionomia, demonstrando que, em verdade, somos reflexo de nosso mundo interior.

— Verdade! - confirmei. - O Jerônimo estava introjetando o "coitadinho"... Chico como que o despertou daquela auto-hipnose! Depois disto, ele melhorou muito e ainda pôde trabalhar por largo tempo em suas tarefas assistenciais e doutrinárias.

— Será, Doutor, que o Jerônimo, assimilando cada vez mais o "coitadinho", poderia vir a desencarnar ?

— Claro! É a nossa própria mente que nos desencarna - algumas vezes, o corpo nos expulsa, mas... Quantas pessoas, que não sabem de diagnóstico a respeito de sua condição de saúde, vivem doentes durante muito tempo?! Outras, assim que ficam sabendo da gravidade de sua situação orgânica, como que apressam o próprio desenlace?!...

— É verdade!
— Quando nosso Odilon Fernandes ficou doente, o Chico disse a alguns familiares dele: — Não contem para ele, não. O Dr. Odilon tem mente muito poderosa e, se ele souber, irá desencarnar mais depressa...
— Nossos pensamentos...

— Anastácia, permita-me perguntar: Você tem se olhado no espelho, ultimamente?!

— Mulher, mesmo morta, Doutor, se olha no espelho todos os dias! - sorriu a devotada irmã.

— E o que você tem percebido em si mesma?!

— Não sei... Ultimamente, eu não tenho me reconhecido - estou mais jovem, emagreci muito - até meus pés parecem ter diminuído de tamanho! - voltou a sorrir. - Dias atrás, uma amiga que há muito não me via não me reconheceu...

— Esse, Anastácia, é o processo de rejuvenescimento que a desencarnação enseja a muitos de nós - a renovação de nossos pensamentos promove a renovação de nosso corpo espiritual!

— Depois, então, que o senhor me convidou para trabalhar com as correspondências... Nossa! Como me têm feito bem estes nossos diálogos!...

— E também porque você está estudando, minha cara! Você está lendo, pensando mais... Creio que, por conta disso, eu vou acabar perdendo uma excelente cozinheira! - gracejei.

— De maneira alguma - retrucou.

— Sim, senhora! - respondi. - Em breve, você irá executar outra tarefa. Não - repeti - que cozinhar seja demérito, mas o espírito, em seu aprendizado, necessita se diversificar.

Entrementes, à passagem de Manoel pela sala, comentei com voz provocativa:

— Eu só não consigo isso com esse aí...

— Não consegue o quê, Doutor?!

— Você será o eterno Enfermeiro-Chefe do Sanatório! Estudar, ele até que está estudando, Anastácia, mas aprender...

— Não, isso não é verdade - defendeu a amiga.

— Não é, mas vai ficar sendo, porque eu não posso perder a piada...

— Que vulto do Evangelho o senhor vai arranjar para que eu seja agora? - inquiriu o prestimoso confrade. - Ao que me conste, no Evangelho não aparece ninguém assim a quem o senhor possa me comparar...

— Quem lho disse?! - respondi em português desafiador. - E o que você me diz dos "Pobres de Espírito"?! Você foi um deles - um anônimo "Pobre de Espírito", quiçá o mais pobre de todos!...
— Manoel, é melhor você desistir - disse Anastácia, sorrindo, complacente.

— Ah! Eu já desisti faz tempo!

— Voltemos à carta que nossa irmã nos escreveu - convidei. - "Desencarnar não adianta"\ - foi o que Chico disse a Jerônimo e é o que nós sabemos. Quanto mais tempo ela puder se demorar no corpo, melhor!

— Desencarnar para quê, não é, Doutor?!

— Um repórter - contei - vendo que Chico tomava muitos remédios, à semelhança de sagaz Doutor da Lei, fez a ele a seguinte pergunta: — Chico, se o senhor crê na imortalidade da alma, qual é o motivo de tomar tantos remédios?!... O médium, porém, muito mais sagaz, respondeu: — Ora, meu filho, desencarnar para quê?! Para voltar a entrar na fila por um novo corpo na Terra?! Se eu sei que vou ter que voltar, por que ir embora antes do tempo?! Eu quero aproveitar ao máximo, para ver se, quando chegar a hora de regressar, eu o faça em melhores condições!...

— Então, a estimada missivista não deve entregar os pontos?!...

— Absolutamente! - repliquei, - guando se trata do bem - ensinou Chico, noutra ocasião -, uma pessoa cansada ainda pode ir muito longel Nada de entregar os pontos?! Mesmo doente, que ela continue incorporando...

— Incorporando espíritos, Doutor?! - indagou a companheira.

— Por que não?! Se não mais se sentir em condições de incorporar como antes, incorpore menos... Se não puder continuar concedendo passividade a espíritos mais rebelados, conceda a espíritos mais calmos... Os espíritos, igualmente, têm que
se adaptar às condições de saúde do instrumento!


— Isso pode ser, Doutor?!

— Claro! Se o espírito encarnado é obrigado a se adaptar às limitações de seu corpo, por que o espírito comunicante é que não se adaptaria?! Aqui, o médium pode e deve impor mentalmente sua vontade: — Você quer se incorporar em mim, tudo bem, mas venha com calma, porque agora eu estou doente...

— E se ela, por exemplo, sofrer uma síncope en¬quanto incorpora e vier a desencarnar?!

— Então, Anastácia, será uma beleza, porque na incorporação ela já está semidesencarnada... Os laços que a prendem ao corpo, estando mais afrouxados, a libertarão com maior facilidade! O Chico dizia que desejava desencarnar no meio de um transe... Não foi bem assim, mas quase, porque, ao deixar o corpo, ele, praticamente, já nem tinha corpo mais - era um fiapo de gente!...

Efetuei nova pausa e concluí:

— Se nossa irmã não puder caminhar, que ela rasteje, mas rasteje para a frente, porque, rastejando, a gente também chega! Feliz daquele que desencarna no clima do trabalho, sem se deitar para ficar esperando a morte chegar! Conheço gente que se deitou antes da hora e ficou esperando pela desencarnação por mais de dez anos!...

INÁCIO FERREIRA

quinta-feira, 27 de agosto de 2015


Trabalho Maior na Casa Espírita

Walter Barcelos

 

"Urge, contudo, que os espiritistas, esclarecidos no Evangelho, procurem compreender afeição educativa dos postulados doutrinários, reconhecendo que o trabalho imediato dos tempos modernos é o da iluminação interior do homem, melhorando-se-lhe os valores do coração e da consciência. "


Emmanuel
“O Consolador", Francisco Cândido Xavier, questão n. 255, cap. V - "Evolução", Editora FEB

 

A missão primordial do Espiritismo é a melhoria moral da Humanidade.

A evangelização das criaturas constitui a função mais importante dentro do centro espírita. Com este entendimento, cabe aos trabalhadores espíritas colocarem o Evangelho como instrução básica e fonte de iluminação de si mesmos, visando primeiramente: sua transformação moral, sua renovação íntima, seu aprimoramento do coração, sua educação cristã dos hábitos, seu desenvolvimento dos sentimentos de caridade e fraternidade, antes de se entregarem às tarefas de divulgação junto ao povo.

Todo espírita atuante, mormente os dirigentes, os expositores doutrinários, os explicadores do Evangelho, os evangelizadores da criança, os samaritanos abnegados da caridade nas atividades de assistência e os cooperadores na divulgação doutrinária necessitam refletir, seriamente, quanto à finalidade do Evangelho no mundo.

Inadiável ao espírita educar-se no Evangelho, transformando sua vida para melhores padrões de espiritualidade superior. Reformados em Jesus Cristo, possamos ensinar e iluminar, esclarecer e compreender, trabalhar e servir, objetivando a elevação da moral e do caráter das pessoas que adentram a casa espírita - a grande oficina do Bem na educação das almas.

Cultuemos Kardec e Jesus no santuário da consciência e do coração. Esta tarefa individual de kardequização do raciocínio e cristianização dos sentimentos em nós não é conquista muito fácil, pois demanda muita força de vontade e esforço perseverante para aprender e desenvolver-se nas linhas mestras do Evangelho de Luz Eterna.

Kardec é o mestre maior do pensamento lógico, do conhecimento doutrinário e dos tesouros inestimáveis da fé raciocinada.

Jesus é o mestre por excelência dos corações. Ofertou-nos, em seu Evangelho de tesouros celestes, os fundamentos do amor universal, as normas de boa conduta, as regras para correção de nossos defeitos, os princípios fraternais das boas maneiras, as disciplinas de aprimoramento dos sentimentos e os processos profundos de reeducação da alma, de modo livre e consciente.

Casa espírita é lar cristão dos trabalhadores de boa vontade, cujo Comandante Supremo é Jesus. E escola sublime das almas, é oficina abençoada do Bem Eterno e hospital atencioso aos espíritos atormentados.

Quem chega à casa espírita, pedindo apoio, não é mais um elemento, nem mais um adepto, nem mais um paciente, nem mais um doente, nem mais um cliente, nem mais um contribuinte financeiro, nem mais uma pessoa pobre: é, especialmente e acima de tudo, um irmão que Jesus enviou aos nossos corações, esperando a migalha do amor.

Toda movimentação de amor, verdade e luz na casa espírita, mais cedo ou mais tarde, provocará o despertar do espírito humano, por mais descrente e embrutecido seja, favorecendo suas necessidades de renovação e reforma íntima perante o Evangelho.

Condensado do livro: "Aprendendo, Amando e Servindo", ed. Didier, Votuporanga-SP
Aliança Espírita – Junho

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015



Caminho de Elevação

Se aspiras a servir, alma querida,
Não deixes de aprender, ante as lições da vida.


Lenha para expulsar o frio que há lá fora,
Converte-se na chama que a devora.

Ouro para vencer em prestígio e valor,
Sofre a depuração, sublimado em calor.


Para chegar de longe, e atender-nos, de todo,
Muita fonte atravessa imensidões de lodo.

Tronco para formar refúgio organizado,
Padece a intromissão da serra e do machado.


Se procuras também, a benção de elevar-te,
Esquece-te amparando o mundo em qualquer parte.

Quem procure por Deus aceite por dever
Trabalhar e servir, suportar e esquecer.

Maria Dolores

Do livro: Coração e Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier


 

A Casa do Caminho  ·  Estatísticas  ›  Visão geral

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terça-feira, 25 de agosto de 2015



Tragédia no Circo

Naquela noite, da época recuada de 177, o “concilium” de Lião regurgitava de povo.


Não se tratava de nenhuma das assembléias tradicionais da Gália, junto ao altar do Imperador, e sim de compacto ajuntamento.

Marco Aurélio reinava, piedoso, e. Embora não houvesse lavrado qualquer rescrito em prejuízo maior dos cristãos, permitira se aplicassem na cidade, com o máximo rigor, todas as leis existentes contra eles.


A matança, por isso, perdurava, terrível.


Ninguém examinava necessidades ou condições. Mulheres e crianças, velhos e doente, tanto quanto homens válidos e personalidades prestigiosas, que se declarassem fiéis ao Nazareno, eram detidos, torturados e eliminados sumariamente.

Através do espesso casario, a montante da confluência do Ródano e do Saône, multiplicavam-se prisões, e no sopé da encosta, mais tarde conhecida como colina de Fourviére, improvisara-se grande circo, levantando-se altas paliçadas em torno de enorme arena.


As pessoas representativas do mundo lionês eram sacrificadas no lar ou barbaramente espancadas no campo, enviando-se os desfavorecidos da fortuna, inclusive grande massa de escravos, ao regozijo público.


As feras pareciam agora entorpecidas, após massacrarem milhares de vítimas, nas mandíbulas sanguinolentas. Em razão disso, inventavam-se tormentos novos.


Verdugos inconscientes ideavam estranhos suplícios.


Senhoras cultas e meninas ingênuas eram desrespeitadas antes que lhes decepassem a cabeça, anciães indefesos viam-se chicoteados até a morte. Meninos apartados do reduto familiar eram vendidos a mercadores em trânsito, para servirem de alimárias domésticas em províncias distantes, e nobres senhores tombavam assassinados nas próprias vinhas.


Mais de vinte mil pessoas já haviam sido mortas.


Naquela noite, a que acima nos referimos, anunciou-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do Imperador por se haver distinguido contra a usurpação do general Avídio Cássio, e que se inclinava agora a merecido repouso.

Imaginaram-se, para logo, comemorações a caráter.


Por esse motivo, enquanto lá fora se acotovelavam gladiadores e jograis, o patrício Álcio Plancus, que se dizia descendente do fundador da cidade, presidia a reunião, a pedido do Propretor, programando os festejos.


- Além das saudações, diante dos carros que chegarão de Viena – dizia, algo tocado pelo vinho abundante -, é preciso que o circo nos dê alguma cena de exceção... O lutador Setímio poderia arregimentar os melhores homens; contudo, não bastaria renovar o quadro de atletas...


- A equipe de dançarinas nunca esteve melhor – aventou Caio Marcelino, antigo legionário da Bretanha que se enriquecera no saque.


- Sim, sim... – concordou Álcio –instruiremos Musônia para que os bailados permaneçam à altura...


- Providenciaremos um encontro de auroques – lembrou Pérsio Níger.


- Auroques! Auroques!... – clamou a turba em aprovação.


- Excelente lembrança! – falou Plancus em voz mais alta – mas, em consideração ao visitante, é imperioso acrescentar alguma novidade que Roma não conheça...


Um grito horrível nasceu da assembléia;


- Cristãos às feras! cristãos às feras!


Asserenado o vozerio, tornou o chefe do conselho:


- Isso não constitui novidade! E há circunstâncias desfavoráveis. Os leões recém-chegados da África estão preguiçosos...

Sorriu com malícia e chasqueou:


- Claro que surpreenderam, nos últimos dias, tentações e viandas que o própio Lúculo jamais encontrou no conforto de sua casa...


Depois das gargalhadas gerais, Álcio continuou, irônico:



- Ouvi, porém, alguns companheiros, ainda hoje, e apresentaremos um plano que espero resulte certo. Poderíamos reunir, nesta noite, aproximadamente mil crianças e mulheres cristãs, guardando-as nos cárceres... E, amanhã, coroando as homenagens, ajuntá-las-emos na arena, molhada de resinas e devidamente cercada de farpas embebidas em óleo, deixando apenas passagem estreita para a liberação das mais fortes. Depois de mostradas festivamente em público, incendiaremos toda a área, deitando sobre elas os velhos cavalos que já não sirvam aos nossos jogos... Realmente, as chamas e as patas dos animais formarão muitos lances inéditos...


- Muito bem! Muito bem! – reuniu a multidão, de ponta a ponta do átrio.


- Urge o tempo – gritou Plancus – e precisamos do concurso de todos... Não possuímos guardas suficientes.


E erguendo ainda mais o tom de voz:


- Levante a mão direita quem esteja disposto a cooperar.

Centenas de circunstantes, incluindo mulheres robustas, mostraram destra ao alto, aplaudindo em delírio.


Encorajado pelo entusiasmo geral, e desejando distribuir a tarefa com todos os voluntários, o dirigente da noite enunciou, sarcástico e inflexível:


- Cada um de nós traga um... Essas pragas jazem escondidas por toda a parte... Caçá-las e exterminá-las é o serviço da hora...

Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.


Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.

Irmão X

Do livro: Cartas de Crônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier


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18/08/2015 15:00 – 25/08/2015 14:00

 

 

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