domingo, 31 de janeiro de 2016


Ponderação
 
Bezerra de Menezes
 
Diante do mal quantas vezes!...
Censuramos o próximo...
Desertamos do testemunho da paciência...
Criticamos sem pensar...
Abandonamos companheiros infelizes à própria sorte...
Esquecemos a solidariedade...
Fugimos ao dever de servir...
Abraçamos o azedume...
Queixamo-nos uns dos outros...
Perdemos tempo em lamentações...
Deixamos o campo das próprias obrigações...
Avinagramos o coração...
Desmandamo-nos na conduta...
Agravamos problemas...
Aumentamos o próprios débitos...
Complicamos situações...
Esquecemos a prece...
Desacreditamos a fraternidade...
E, às vezes, olvidamos até mesmo a fé viva em Deus...
Entretanto a fórmula da vitória sobre o mal ainda e sempre é aquela senha de Jesus:
“Amai-Vos Uns Aos Outros Como Eu Vos Amei”!!...
 

sábado, 30 de janeiro de 2016


 O ESPANTALHO.

 

Espírito: HILÁRIO SILVA.

 

O astuto comandante de entidades das trevas reuniu a pequena expedição de companheiros que voltavam da esfera física, onde haviam ido a combate aos espíritos, e lhes tomava contas.

 

- Eu, - dizia um dos perseguidores, sarcásticos, - torturei a cabeça de fervoroso pregador de Kardec, impedindo-lhe o acesso à tribuna por mais de dois meses.

- Ótimo! – falou o chefe – entretanto, isso terá trazido muitos benfeitores ao socorro preciso.

- Eu - chacoteou um deles – consegui provocar a queda de uma criança anulando o concurso de operosa médium passista por duas semanas.

- Excelente! – concordou o diretor das sombras – mas não resolve porque muita gente do plano superior terá vindo...

Outros relacionaram atividades inferiores diversas sem que o mentor cruel demonstrasse encantamento maior.

Um deles informou, porém:

- Eu encontrei um grupo de espíritas convictos e devotados, mas passei a frequentar-lhes o pensamento, dizendo-lhes que eles eram imperfeitos, imperfeitos e imperfeitos, até que todos acreditaram não valer mesmo nada...

Então ai todos cruzou os braços e começaram a dormir em abatimento e desânimo.

O tenebroso dirigente deu enorme gargalhada e recomendou a turma sombria a levantar, com urgência, em cada sementeira do Espiritismo, o espantalho da imperfeição...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016


HERANÇA DO MESTRE

Perdoa setenta vezes sete cada dia.

Esquece todo mal.

Serve sem recompensa.

Não amealhes riquezas, acessíveis à traça ou à inconsciência de malfeitores.

Procura a verdade para que a verdade te encontre.

Bate à porta da Luz, através do esforço reiterado no bem, a fim de que a Luz te responda.

Tem ânimo no círculo de todas as vicissitudes.

Persevera na bondade até o fim.

Se teu irmão exige a caminhada de mil passos, avança dois mil.

A quem te pedir a capa, cede igualmente a túnica.

Ora pelos que te perseguem.

Ajuda os adversários.

Não permitas que a treva te domine.

Abençoa os que te caluniam.

Sê a claridade do mundo que espera de teu concurso uma vida melhor.

Compadece-te dos doentes.

Auxilia as crianças e os velhos.

Não recuses o copo d'água ao sedento.

Divide o teu pão com o vizinho necessitado.

Cura os enfermos e ensina-lhes a direção do Reino de Deus.

Não desencorajes o companheiro.

Sacrifica-te pelo engrandecimento comum.

Abre o coração aos avisos celestiais.

Olvida todas as vacilações, crê no Poder Divino e santifica-te nas boas obras.

Sê o abençoado servidor de todos.

Não procures os primeiros lugares nas assembléias, mas aprende a ser útil em toda parte.

Ama o próximo, até o sacrifício, porque perdendo a vida, em favor dos outros, ganhá-la-ás, abundantemente, na Eternidade; e, se abandonado de alguns, em tua devoção à justiça, receberás a glória de partilhar as alegrias da Família Universal.

Eis, meus amigos, alguns tesouros da herança sublime do Mestre Crucificado, cuja suprema renunciação hoje lembramos.

Usemos semelhantes valores em todos os ângulos do caminho evolutivo e o Senhor estará conosco tanto quanto necessitamos permanecer com Ele.

***

Júlio Dantas em “Rosas de todo o ano”: A felicidade é qualquer coisa que depende mais de nós mesmos do que das contingências e das eventualidades da vida.
 
EMMANUEL

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016


TÓPICOS DA TENSÃO

 

I

 

A luta prossegue, entretanto, é na luta que consolidamos a paz – paz íntima pelo dever cumprido.

Mantenhamos a nossa confiança viva em Jesus, na certeza de que o nosso Divino Mestre é o companheiro e o Amigo, o Mentor e o Guardião de nossos corações e de nossos caminhos.

Guardemos calma e segurança.

A fé ser-nos-á luz na estrada a percorrer, por mais sombra se nos acumule na senda.

Descansemos o pensamento, o coração, os nervos e as energias em repouso edificante.

Nossas forças serão restauradas com a Bênção do Senhor.

 

II

 

“ACALMAR-SE” – é a senha.

Asserenemos as próprias forças!

Quanto possível abandonemos a tensão.

O trabalho é o preço da benção.

Ajudemos os companheiros no desempenho de seus nobres deveres, encorajando-lhes o coração, sempre que possível.

A luta cederá lugar a bonança.

Confiemos pois em Deus, e que Jesus nos abençoe!

 

III

 

Esquecer a doença orgânica.

Distrair-se em recursos sadios de arejamento íntimo, aliviando a tensão.

Consagrar-se aos trabalhos espirituais na certeza de que Deus não nos abandona e de que, em todas as circunstâncias, precisamos buscar, acima de tudo, os desígnos de Deus.

 

IV

 

Despreocupação é a palavra.

Repouso construtivo.

Paz com as próprias obrigações.

Não exigir de nós mesmos qualquer rigor no cumprimento de nossas obrigações, quando faltar-nos a saúde.

Fazer o possível em benefício de nossa tranquilidade doméstica.

Manter o coração sensível e afetuoso na fé viva e segura, na certeza de que o Senhor nos abençoará, hoje e sempre.

 

V

 

Confiemos na bênção Divina em nosso benefício!

Guardemos a calma e a coragem porque o Amor de Jesus nunca está pobre e com o Mestre Sublime podemos contar sempre.

Serenidade! Fortaleza! Bom ânimo!

 

VI

 

Tranquilize o campo nervoso.

Descanse o pensamento na prece e trabalho do bem e use a serenidade mental com o remédio edificante.

Cuidado para consigo mesmo no sentido de preservar a paz, em favor da própria saúde!

 

Espírito Bezerra de Meneses

 

Orando cada dia

 

Senhor!...

Faze-me perceber que o trabalho do bem me aguarda em toda parte.

Não me consintas perder tempo, através de indagações inúteis.

Lembra-me, por misericórdia, que estou no caminho da evolução, com os meus semelhantes, não para consertá-los e sim para atender à minha própria melhoria.

Induze-me a respeitar os direitos alheios a fim de que os meus sejam preservados.

Dá-me consciência do lugar que me compete, para que não esteja a exigir da vida aquilo que não me pertence.

Não me permitas sonhar com realizações incompatíveis com meus recursos, entretanto por acréscimo de bondade, fortalece-me para a execução das pequeninas tarefas ao meu alcance.

Apaga-me os melindres pessoais, de modo que não me transforme em estorvo diante dos irmãos, aos quais devo convivência e cooperação.

Auxilia-me a reconhecer que o cansaço e a dificuldade não podem converter-me em pessoa intratável, mas mostra-me, por piedade, quanto posso fazer nas boas obras, usando paciência e coragem, acima de quaisquer provações que me atinjam a existência.

Concede-me forças para irradiar a paz e o amor que nos ensinastes.

E, sobretudo, Senhor, perdoa as minhas fragilidades e sustenta-me a fé para que eu possa estar sempre em ti, servindo aos outros.

Assim seja.

 

Meimei

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016


O Irmão Lobo

 

Na floresta de Gubbio, um lobo se fizera

Uma espécie de monstro aterrador,

Mais astuto e mais hábil que uma fera

Parecia um terrível salteador,

Matando qualquer homem desarmado,

Espalhando pavor e aniquilando o gado...

Mas, Francisco de Assis foi procurá-lo, um dia,

E, em plena solidão,

Ao encontrá-lo, em vasta ramaria,

Começou a chamá-lo por irmão...

Em seguida, falou-lhe da bondade,

Da paz, da caridade, do carinho...

Pediu-lhe, por Jesus, alterar o caminho

Em que o pobre animal

Vivera até então

E terminou, rogando ao lobo atento

Fosse morar com ele no convento

E a fera obedeceu,

Sem demonstrar qualquer hesitação.

 

Seguindo o Irmão Francisco, achou-se em novo lar,

E, ao mudar de atitude, entregou-se, feliz,

No trabalho do bem, nas tarefas de Assis.

Era um guarda-noturno dos melhores

E, carregando um cesto aos dentes,

Buscava pães nos arredores.

Mas o chefe ocupado, muitas vezes,

Por semanas ou meses,

Ausentava-se em serviço,

Quase sempre reunido a Frei Leão,

Saía em sacrifício e peregrinação,

A fim de semear o ensino do Senhor,

Atento a inolvidável compromisso.

Nessas ocasiões,

O Irmão Lobo sentia

A carência de amor

E a fome de alegria.

 

Longe do Irmão Francisco, em todas as estradas

Era seguido a insultos e pedradas...

Mesmo entre os servidores do convento

Sofria ele o impacto violento

De varadas cruéis...

Chamavam-no "covarde", "lobo vil",

"Carniceiro feroz..."

E de tanto agüentar o tratamento hostil,

Vendo-se, um dia, a sós,

O Irmão Lobo voltou para a vida selvagem,

Na antiga sede de carnagem;

Tornando à condição a que dantes se dera

Nos instintos de fera...

Voltando o Irmão Francisco

À morada de amor que presidia,

Depois de longa ausência,

Teve noticia da ocorrência

Mas, embora cansado

E prematuramente envelhecido,

A lastimar o acontecido,

Ante as muitas saudades do animal,

Embrenhou-se no verde da floresta...

E reencontrou o Irmão Lobo, como em festa

Na vastidão da natureza,

Perseguindo, sem pausa, uma lebre indefesa.

 

- "Irmão lobo, o que é isto?"

Disse o recém-chegado.

- "Já não te lembras mais dos ensinos de Cristo?"

O lobo veio a ele, abatido e humilhado,

E respondeu, tristonho:

"Santo amigo, não pude suportar

As dores que sofria em vossa ausência,

Acreditei que o vosso sonho

Fosse uma realidade na existência,

Mas tenho ainda as marcas doloridas

De profundas feridas

Que os homens me fizeram...

Toda vez que deixáveis nossa casa

Tratavam-me com vara, pedra e brasa...

Não vi qualquer pessoa a não ser vós

Nos ensinos sagrados

Que trazeis a nós...

Deixai-me, santo amigo,

Sou lobo, apenas lobo no serrado,

Fera solta nas trilhas em que sigo ".

 

Francisco, então, enfermo e fatigado,

Replicou-lhe, porém:

- "Irmão lobo, recorda!... O caminho do bem

É aquele de Jesus...

Devemos aceitar a própria cruz...

Recorda as instruções que estudaste comigo,

Sentença por sentença!

Deixe que eu te interprete:

A lei é perdoar setenta vezes sete

Qualquer ofensa recebida...

A presença de Cristo é o sol de nossa vida...

Volta, comigo, irmão,

Eu também, já sofri calunia, provação...

Sinto-me fatigado,

Mas a fé no Senhor é uma luz em meu peito,

Continua, Irmão Lobo, de meu lado,

Resguarda-me, com Deus, na pedra

Em que me deito...

Necessito de ti na casa de onde venho,

As tuas grandes cicatrizes

Dos momentos que julgas infelizes

São feridas irmãs das ulceras que eu tenho!..."

 

O lobo cabisbaixo acompanhou o amigo,

Fez-se-lhe guardião na aspereza do abrigo,

Onde Francisco, dantes forte,

Pôs-se em chaga e oração

Para aguardar a morte...

Finda aquela existência engrandecida e bela,

O Irmão Lobo fugiu para um bosque vizinho,

Algo desatinado,

Como alguém que se vê desamparado

Sem rumo e sem caminho,

Em súbita carreira...

Ouvido no convento

Notou-se que ele uivava a noite inteira;

E porque se calara, de repente,

Quando o Sol regressou, resplandecente,

Um irmão de Francisco foi à mata,

Decidido a trazê-lo,

No máximo de zelo,

Para a vida de paz, de serviço e conforto...

Mas, surpreso, encontrou nas pedras do serrado

Um corpo de animal abandonado:

O lobo de Francisco estava morto.

 

Maria Dolores