quarta-feira, 31 de outubro de 2018


TAREFAS PRIORITÁRIAS NA CASA ESPÍRITA

      Nunca é demais repetir.

      Dias atrás, conversando com Odilon Fernandes, fundador e diretor do "Liceu da Mediunidade", ele me disse:
      Doutor, nós não podemos esquecer as tarefas prioritárias de uma casa espírita.

      - Quais seriam elas, meu caro? - perguntei - Por ordem de importância, como você as enumeraria?

      O amigo então respondeu:

      1º - Evangelização Infantil

      2º - Mocidade

      3º - Atividade Assistencial

      4º - Estudo da Doutrina

      5º - Mediunidade

      - Por que você coloca a atividade assistencial antes do Estudo da Doutrina? - inquiri, no diálogo que se desdobrou.
      - Doutor, o problema é que muita gente começa pelo estudo e não sai do estudo. Vejamos  recomendação do Espírito da Verdade: "Amai-vos e Instruí-vos"! A vivência do amor deve vir em primeiro lugar.

      - De fato - concordei. - Tem muito espírita se transformando em doutor da lei... Outros, inclusive da tribuna, estão combatendo a prática da Caridade.
      - A Caridade aos outros Doutor é Caridade a nós mesmos! Em realidade, a Caridade é pretexto para que possamos trabalhar os nossos sentimentos. Todo espírita sincero, empenhado verdadeiramente em melhorar, sai à procura da oportunidade de servir.

      - Outra pergunta  - disse-lhe. - E por que a mediunidade em último lugar? Logo você, fundador  e diretor do "Liceu"?...

      - Porque, em geral, as pessoas estão querendo começar por onde deveriam terminar! Infelizmente, temos muitos candidatos ao serviço mediúnico com os desencarnados, mas poucos candidatos ao serviço mediúnico com os encarnados. A mediunidade, por assim dizer, é o fruto da árvore - antes dele, vem à renovação das folhas e as flores! Sem a semente, que se transforma em árvore, não se tem fruto!

      - Você, então, aconselha?...

      -... que, na casa espírita, se dê prioridade à Evangelização Infantil e a Mocidade!

      - Menos mediunidade e...?

      - Mais cuidado com a criança e o jovem, que, nos centros espíritas, infelizmente, não estão encontrando espaço.
      - É o que tenho dito: estamos fazendo um Espiritismo só para marmanjos...

      - E o senhor está certo, Doutor!

      - É que cuidar de criança e de jovem não dá Ibope.
 Odilon! As pessoas, com exceções, querem é se mostrar...

      - Pode não dar Ibope na Terra, mas o senhor sabe que em "Nosso Lar", por exemplo, quem lida com crianças recebe bônus-hora em dobro!

      - É verdade!

      - Jesus encontrou tempo para as crianças... Os Apóstolos queriam afastá-las, mas Ele as chamou para mais perto de si.

      - O que você acha dessa história de centro se especializar?
      - Se especializar em quê? Só se for especializar-se em amar! É a única especialização que, numa casa espírita, eu consigo conceber.

      - Especializar-se em mediunidade - mediunidade de cura, como muitos dizem ter-se especializado?

      - Doutor, de que adianta um telhado bonito na construção, sem alicerce para escorá-lo?! Digam o que quiserem dizer, mas o que segura um centro espirita é a Caridade - a Caridade que nos aproxima do próximo, que é a nossa ponte para Deus! O resto...

      - Deixe que eu conclua por você: o resto é balela...


Do Livro "O pensamento Vivo do Dr. Inácio”.


terça-feira, 30 de outubro de 2018


Peregrinação cristã


Se aceitaste o evangelho por abençoado roteiro de aperfeiçoamento, não te esqueças da representação que nos cabe em toda parte.
A fé nos confere consolação, mas nos reveste de responsabilidade a que não podemos fugir.
Somos embaixadores de Jesus onde estivermos, se a luz d'ele é o clarão que nos descortina o futuro.
Não te esqueças de semelhante realidade para que a tua experiência religiosa não se reduza a simples adoração improdutiva.
A estrada permanece descerrada a nós todos. Cada dia é uma revelação para que exerçamos a sublime investidura.
Se o senhor desceu até nós, partilhando-nos a senda obscura e viciosa a fim de que nos levantássemos, aprendamos também a representá-lo nas regiões inferiores à nossa posição do conhecimento.
Onde fores defrontado pela calúnia, sê a palavra amiga do esclarecimento benéfico.
Se o mal te avista, improvisa o bem com tua capacidade de ajuizar as situações de planos mais altos.
Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.
Se a infantibilidade te busca, não a abandones, porque o cristão sincero é o bom semeador que tudo aperfeiçoa para a glória do infinito bem.
Se a leviandade vem ao teu encontro, ajuda o companheiro de jornada, orientando-lhe o pensamento para o justo equilíbrio em que a nossa fé se inspira e vive sempre.
Se a treva tenta envolvê-lo, faze a claridade do otimismo, com as bênçãos do amor que auxiliam em todos os instantes.
Mas se o embaixador humano é obrigado a longo curso de compreensão e tolerância na ciência do tato e da gentileza para não falharem seus compromissos, não creias que o emissário do cristo deva agir sem os princípios de serenidade e do bom ânimo.
Colaboremos e ajudemos sem alardear notas de superioridade perturbadora.
Quanto mais clara a nossa luz, mais alta a nossa dívida para com as sombras. Quanto mais sublimes nossas noções do bem, mais imperiosos os nossos deveres de socorro às vítimas do mal. O mensageiro de cristo é o braço do evangelho.
Emmanuel

segunda-feira, 29 de outubro de 2018


Semeadura


Sua generosidade chamará a bondade alheia em seu socorro.

Sua simplicidade solucionará problemas para muita gente.

Sua complexidade provocará muita dissimulação no próximo.

Sua indiferença fará manifesta frieza nos outros.

Seu desejo sincero de paz garantirá tranquilidade no caminho.

Seu propósito de guerrear dará frutos de inquietação.

Sua franqueza contundente receberá frases rudes.

Sua distinção edificará maneiras corretas naqueles que o seguem.

Sua espiritualidade superior incentivará sublimes construções espirituais.

Diariamente, semeamos e colhemos.

A vida é também um solo que recebe e produz eternamente.


Francisco Cândido Xavier - Agenda Cristã - pelo Espírito André Luiz

domingo, 28 de outubro de 2018


Pobres

Mal clareia o Sol a serra,
 Toca a vida a despertar:
O pobre se pôs há muito,
Sem descanso, a labutar.
Ao levantar-se da cama,
 Inda é espessa a escuridão,
A fome lhe bate à porta,
Persegue-lhe a precisão.
Ao acordar, ele escuta
O coração a gritar:
“Quem não trabuca não come,
Já chega de repousar!”
Busca, então, o seu trabalho,
Tudo ajeita, tudo faz,
Rasga a terra, corta os matos,
Luta e sua, não tem paz.
Planta o milho, planta a cana,
 Batatas, couves, feijão;
Três quartas partes de tudo
Pertencem ao seu patrão.
Quando a semente germina
E os ramos querem crescer,
Vem a seca sem piedade
E o pobre espera chover.
Não vem a chuva, porém;
Nada existe no paiol,
As plantas já se amarelam,
Arde a terra, queima o Sol.
Quando o pobre vai à mesa,
O estômago pede mais,
Mas se quer repetições,
Que cuide dos mandiocais.
Redobra o pobre os serviços,
 Espalha o pé nos gerais,
Ah! que a água já está pouca
Nos rios, nos seringais.
Contudo, ele espera sempre
Do Deus que o ama, que o vê,
E sempre resignado,
O pobre nunca descrê.
O certo é que ao fim do tempo
De constante batalhar,
Aguarda a minguada espiga
Que decerto há de ficar.
Plenamente contentado
Com o pouco do seu suor,
Deus lhe dará no outro ano
Uma colheita melhor.
Se geme, se sofre dor,
Não possui um só real
Pra consultar um doutor.
Então, resolve pedir
Ao patrão que sempre o tem,
Mas o patrão avarento
Não adianta vintém.
Arrasta-se e vai ao médico
E lhe expõe o seu sofrer:
“Não tem recomendações?
Então não posso atender.”
 O pobre, humilde e paciente,
Regressa para o seu lar,
 E pensa nos outros meios
Da saúde lhe voltar.
E põe em prática os meios:
As beberagens, o chá,
As promessas aos seus santos,
Os vinhos de jatobá.
Ai! que sorte rude e amarga
Do pobre sempre a sofrer:
Se vive para o trabalho,
Trabalha para comer.
Se a morte vem ao seu ninho
E lhe rouba o filho, os pais,
Não lhes pode dar a missa,
Que o padre cobra demais.
Dá-lhes porém seu tesouro,
Sublime estrela que brilha
Da mais rica devoção –
A prece que nasce d'alma,
Que fulge no coração.
Mesmo assim, quanta tortura,
Que amargosa a sua dor!
A todo o instante da vida
Luta o pobre sofredor.
Se tem pão não tem saúde,
Se tem saúde, não tem
Quem o ampare, quem o ajude,
O braço amigo de alguém
Se outrem lhe ofende e ele pede
Da Justiça a punição,
A Justiça o encarcera
Com a sua reprovação.
Não tem casas de morada,
Nem terrenos, nem ovil;
Se lhe falta o pão do dia
Falta azeite no candil.
Se bate à porta do rico,
 Mormente dum rico mau,
Os cães o tocam da porta,
E em vez de pão, ganha pau.
O pobre só tem na vida
A doce mão de Jesus,
Que o cura na enfermidade,
Que na treva lhe dá luz.
Mal do pobre se não fora.
 O carinho dessa mão,
Que o conforta na desgraça
E ampara na provação.
Mal dele se não houvesse
A vida depois da dor,
Após a morte, onde existem
Justiça, ventura, amor.

Juvenal Galeno
NASCIDO em Fortaleza e desencarnado na mesma cidade, em 1931, com 95 anos de idade.

sábado, 27 de outubro de 2018


Amigos e Inimigos



O amigo é uma bênção.
O inimigo, entretanto, é também um auxílio, se nos dispomos a aproveitá-lo.
O companheiro enxerga os nossos acertos, estimulando-nos na construção do melhor de que sejamos capazes.
O adversário identifica os nossos erros, impelindo-nos a suprimir a parte menos desejável de nossa vida.
O amigo se rejubila conosco, diante de pequeninos trechos de tarefa executada.
O inimigo nos aponta a extensão da obra que nos compete realizar.
O companheiro nos dá força.
O adversário nos mede a resistência.
Quem nos estima, frequentemente categoriza nossos sonhos por serviços feitos, tão-só para induzir-nos a trabalhar.
Quem nos hostiliza, porém, não nos nega valor, porquanto não nos ignora e sim nos combate, reconhecendo-nos a presença em ação.
Na fase deficitária da evolução que ainda nos caracteriza, precisamos do amigo que nos encoraja e do inimigo que nos observa.
Sem o companheiro, estaremos sem apoio e, sem o adversário, ser-nos-á indispensável enorme elevação para não tombar em desequilíbrio. Isso porque o amigo traz a cooperação e o inimigo forma o teste.
Qualquer servidor de consciência tranquila se regozija com o amparo do companheiro, mas deve igualmente honrar-se com a crítica do adversário que o ajuda na solução dos problemas do reajuste.
Jesus foi peremptório em nos recomendando:
"Amai os vossos inimigos". Saibamos agradecer a quem nos corrige as falhas, guardando-nos o passo em caminho melhor.

Emmanuel

sexta-feira, 26 de outubro de 2018


Oração

Pai Nosso, que estás nos Céus,
Na luz dos sóis infinitos,
Pai de todos os aflitos
Deste mundo de escarcéus.

Santificado, Senhor,
Seja o teu nome sublime,
Que em todo o Universo exprime
Concórdia, ternura e amor.

Venha ao nosso coração
O teu reino de bondade,
De paz e de claridade
Na estrada da redenção.

Cumpra-se o teu mandamento
Que não vacila e nem erra,
Nos Céus, como em toda a Terra
De luta e de sofrimento.

Evita-nos todo o mal,
Dá-nos o pão no caminho,
Feito na luz, no carinho
Do pão espiritual.

Perdoa-nos, meu Senhor,
Os débitos tenebrosos,
De passados escabrosos,
De iniquidade e de dor.

Auxilia-nos, também,
Nos sentimentos cristãos,
A amar nossos irmãos
Que vivem longe do bem.

Com a proteção de Jesus,
Livra a nossa alma do erro,
Sobre o mundo de desterro,
Distante da vossa luz.

Que a nossa ideal igreja
Seja o altar da Caridade,
Onde se faça a vontade
Do vosso amor... Assim seja

José Silvério Horta
Francisco Cândido Xavier - Parnaso de Além-Túmulo - pág.308

quinta-feira, 25 de outubro de 2018


Os mortos falam e a Humanidade está ansiosa, aguardando a sua palavra.

Conta-se que na guerra russo-japonesa, terminada a batalha de Tsushima, o grande Togo reuniu os seus soldados no cemitério de Oogama, e na tristeza majestosa do ambiente. em nome da nacionalidade, dirigiu-se aos mortos em termos comovedores; concitou-os a auxiliar as manobras militares, a visitar os cruzadores de guerra, levantando o ânimo dos companheiros que haviam ficado nas pelejas.

Uma claridade nova cantou as energias espirituais do valente adversário da pátria de Stoessel e os filhos de Yoritomo venceram.

Na atualidade, afigura-se-nos que os brados de todos os sofredores e infelizes da Terra se concentram numa súplica grandiosa que invade as vastidões como o grito do valoroso almirante.

 – De pé, os mortos!... – exclama-se – porque os vivos da Terra se perdem nos abismos tenebrosos.

Os institutos da Civilização têm sido impotentes para resolver o problema do nosso ser e dos nossos destinos.

As filosofias e as religiões estenderam sobre nós o manto carinhoso das suas concepções, mas esses mantos estão rotos!... Temos frio, temos fome, temos sede!

E os considerados mortos falam ao mundo na sua linguagem de estranha purificação. A Ciência, zelosa de suas conquistas, ainda não ouviu a sua vibração misteriosa, mas os filhos do infortúnio sentem-se envolvidos na onda divina de um novo Glória in excelsis, e a Humanidade sofredora sente-se no caminho consolador da sublime esperança.

Humberto de Campos 

quarta-feira, 24 de outubro de 2018


Sonetos

 1

Tudo passa no mundo. O homem passa
Atrás dos anos sem compreendê-los;
O tempo e a dor alvejam-lhe os cabelos,
À frouxa luz de uma ventura escassa.

Sob o infortúnio, sob os atropelos
Da dor que lhe envenena o sonho e a graça,
Rasga-se a fantasia que o enlaça,
 E vê morrer seus ideais mais belos!...

Longe, porém, das ilusões desfeitas,
Mostra-lhe a morte vidas mais perfeitas,
Depois do pesadelo das mãos frias...

E como o anjinho débil que renasce,
Chora, chora e sorri, qual se encontrasse
A luz primeira dos primeiros dias.

2

Ah!... se a Terra tivesse o amor, se cada
Homem pensasse no tormento alheio,
Se tudo fosse amor, se cada seio
De mãe nutrisse os órfãos... Se na estrada

Do contraste e da dor houvesse o anseio
 Do bem, que ampara a vida torturada,
Que jamais viu um raio de alvorada
Dentro da noite eterna que lhe veio

Do sofrimento que ninguém conhece...
Ah! se os homens se amassem nessa estância
A dor então desapareceria...

A existência seria a ardente prece
Erguida a Deus do seio da abundância,
Entre os hinos da paz e da alegria.

Raimundo Correia
Francisco Cândido Xavier - Parnaso de Além-Túmulo

terça-feira, 23 de outubro de 2018


Aos companheiros da Doutrina

Examinada de perto,
A luz da nossa Doutrina
É sempre a lição que ensina
A paz do caminho certo.

Necessário é discernir
A mistura, a ganga, o véu;
Muita vez a água do céu
Torna-se em lama, ao cair.

O mal vem de ouvidos moucos
Ou de olhos nevoados,
Há sempre muitos chamados;
Escolhidos? muito poucos.

Verdade é que o coração,
Que abrace a nossa Doutrina,
Penetra numa oficina
De esforço, luta, e ação.

Já não deve andar a esmo
Nas estradas da ilusão,
Mas buscando a perfeição
Na perfeição de si mesmo.

 Portanto, é nossa divisa
Oração e Vigilância,
No bem que é bem substância
Da crença que diviniza.

No Evangelho de Jesus,
Feliz quem pode guardar
A força de realizar
Os grandes feitos da Luz.

Que no altar do coração
Tenhamos o amor profundo
Daquele que é a Luz do Mundo,
– Eis meu desejo de irmão.

Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier - Parnaso de Além-Túmulo

segunda-feira, 22 de outubro de 2018


O PODER DA FÉ
(diante das tempestades da vida)
O barco de Simão singrava, lento,
O mar da Galiléia quando o vento
Furioso agitou seu braço enorme.
Desaba, impiedosa a tempestade,
Dos discípulos é grande a ansiedade,
Enquanto o Mestre dorme...
Encresparam-se as ondas, bruscamente,
A água invadiu tudo de repente,
E o pânico se fêz na embarcação.
É chamado Jesus com impaciência,
Todos querem saber que providência
tomará Ele então.
"Não te importa , Senhor que pereçamos?
Não vês, que aflitos todos nós estamos,
Ante a fúria cruel da tempestade?"
O Rabi de Judá põe-se de pé,
A todos demonstrando a sua Fé
E a sua autoridade.


"Por que ficais meus filhos tão aflitos,
Quando tendes poderes infinitos,
Que o Pai Celestial vos outorgou?
Acaso sois mais fracos que o vento,
Que sacudindo o mar neste momento,
Vos atemorizou?
Acaso a vossa fé é tão pequena,
Que a fúria da borrasca não serena,
Escutando de perto a vossa voz?
O Pai nunca abandona os filhos seus,
No próprio vento, em tudo existe Deus,
Principalmente em nós!
"Jesus levanta a sua destra augusta,
Erguendo, então, a voz severa e justa
E diz ao mar. Acalma-te, emudece!"
Queda-se o mar, como que por encanto,
E a tempestade , ante o geral espanto,
Então desaparece...
"Quem será esse a cuja voz o vento
Torna-se fraco e manso, de momento,
Como por nós, foi neste instante visto?"
Calam-se todos, logo pressentiram:
Só faria por certo, o que eles viram,
Quem fosse o próprio Cristo!
Ainda agora a todo mundo encanta
A lição por demais sublime e santa
Que nos legou Jesus de Nazaré
Por ela muito claro percebemos
O quanto um dia todos nós faremos,
Quando tivermos Fé!
Poema de: José Soares Cardoso

domingo, 21 de outubro de 2018


TELAS DE SERVIÇOS

O lavrador chega ao campo e, em muitos casos, observa no plano da tarefa a cumprir:

A secura do solo;
A lama do charco;
A brutalidade do espinheiro;
A praga na plantação;
A enfermidade nos animais;

Contudo, se acordado para a execução dos compromissos que lhe competem, atira-se à atividade pacífica com o propósito de trabalhar e servir.

Também na lavoura do Cristo, muitas vezes o seareiro do bem encontra no quadro da própria ação:

A aspereza de muitas almas;
O vício triunfante;
Os golpes da ingratidão;
A hostilidade ambiente;
A sombra da ignorância;

A necessidade das criaturas.

Entretanto, se ele consciente das obrigações que lhe cabem, não perde tempo com desânimo e queixa, desespero ou censura, porque abraça o trabalho, em silêncio, e passa automaticamente a servir.

Albino Teixeira

sábado, 20 de outubro de 2018


IDENTIFICAÇÃO ESPÍRITA

Pelo Espírito Albino Teixeira.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Caminho Espírita. Lição nº 22. Página 55.


O espírita é aquele servidor do Evangelho que, no campo da observação:
- lê tudo;
- ouve tudo;
- vê tudo;
- e analisa tudo;
mas retém apenas a substância que lhe seja de proveito real;
- na esfera da vivência;
- respeita a todos;
- serve a todos;
- lida com todos;
- e trabalha na senda de todos;
mas permanece tão somente com aqueles que estão procurando o caminho de acesso ao Reino de Deus.
Entre a observação e a vivência, ele pratica:
- todo o bem que pode;
- onde pode;
- como pode;
e quando pode.
Em suma, é possível identificar o espírita como um companheiro de Jesus Cristo na experiência humana, que nem sempre faz aquilo que quer, mas faz constantemente aquilo que deve.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018


Consciência

Tenho aprendido aqui muitas lições inesperadas.
Jamais pensei que uma criança preguiçosa pudesse fazer tanto mal.
Desde que reconheci isso, meu irmão, tenho chorado muito.
Lembra-se de Bichaninho, o gato de dona Susana, que eu matei a pedradas?
Oh!... como me custa contar tudo a você!...
Aqui, nas aulas do Parque, à medida que fui recebendo os ensinos do nosso professor de obrigações humanas, fui recordando minha falta mais nitidamente. O conhecimento de nós mesmos diante do Universo e da Vida, ao que me parece, acende uma luz, muito forte nas zonas ,mais íntimas de nosso ser. Com essa claridade misteriosa, minhas recordações dos dias que se foram surgem completas e movimentadas em minha imaginação. É assim que, penetrando o fundo de mim mesmo, revi minha vítima, ouvindo-lhe, de novo, os gemidos angustiosos. Inundada pela luz da verdadeira compreensão, minha visão interior permanecia como que alterada. Comecei a ver Bichaninho, em toda a parte. Trazia-o comigo no estudo e no recreio, no serviço e no descanso.
Chegou um momento em que eu não pude mais. Gritei com toda a força. Pedi socorro ao professor e aos colegas. Nosso instrutor falava, justamente nesse instante, sobre o amor e a gratidão que devemos aos animais e, dentro de minha consciência, nesse minuto inesquecível, os olhos aflitos do gatinho pareciam procurar os meus, suplicando piedade.
Vencido, ajoelhei-me em pranto, confessei minha falta grave em alta voz e supliquei ao orientador das lições me afastasse daquele quadro terrível.
Voltaram-se para mim os companheiros, assustados, quando cai, gritando.
O instrutor, todavia, sorriu, benévolo como sempre, aproximou-se, abraçando-me paternalmente, e disse:
- Já sei o que lhe ocorre, meu filho! Tenha calma e paciência. Você está melhorando, porque já descobre as próprias faltas por si mesmo.
Reparei que ele se achava igualmente comovido. Mostrava os olhos rasos d’água.
Depois de longa pausa, afagou-me a cabeça e explicou:
Porque você matou esse gato trabalhador e inocente, sem necessidade, a imagem da vítima está profundamente associada às suas lembranças.
Compreendendo que o professor enxergava quanto se achava oculto em minhas recordações, abracei-me a ele e supliquei:
Meu protetor, meu amigo, ajude-me por piedade!
Ouviu-me com emoção a súplica e compadeceu-se efetivamente de mim, porque impôs as mãos acolhedoras sobre a minha cabeça e orou com sentimento tão sublime, em favor de minha tranquilidade, que senti repentina renovação. Aquelas mão carinhosas irradiaram intensa luz que me penetrou todo o ser, e aquele banho de energias novas, aliado ao alívio da confissão diante de todos, apaziguou-me o espírito.

Neio Lúcio