segunda-feira, 30 de junho de 2014

História Ligeira


 
História Ligeira

O candidato ao ministério cristão penetrou o templo do serviço e proclamou-se transformado.


Na primeira semana, afirmou-se favorecido pela divina luz e, depois de solene profissão de fé, assinalou fronteiras entre ele e o pecado, entre a sua perfeição e o mundo envilecido.


Na segunda semana, discursou, ardentemente, conclamando o povo à salvação com o Cristo.


Na terceira, traçou programas e promessas, na esfera da beneficência, mostrando-se inclinado a socorrer infelizes, curar os doentes e asilar criancinhas abandonadas.


Na quarta, declarou-se vítima da incompreensão e da discórdia, entre pesadas nuvens de tristeza e insubmissão.


Na quinta, apareceu cansado e desiludido, indicando os males do mundo e os defeitos dos irmãos.


Na sexta, rogou ao Senhor licença para descansar.


Na sétima, deitou-se e dormiu por duzentos anos.


Nesse candidato às bênçãos do Evangelho, temos a história de milhões.

“MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS”.


Oportunidades para todos e serviço de raros.


Em verdade, o Divino Amigo continua curando, levantando, consolando, reanimando e convidando almas para o banquete do Reino de Deus, mas os seguidores e discípulos começam a tarefa no calor fervente do entusiasmo, elevado à tensão mais alta. Pronunciam votos comovedores, gesticulam e ensinam, entretanto, em poucos dias, antes mesmo de marcharem dez passos, na senda da elevação, reclamam férias espirituais para o repouso de vários séculos.

André Luiz

sábado, 28 de junho de 2014

Definições


 
Definições

Trabalho – bênção do Pai Celeste pela qual expugnemos as próprias imperfeições.

Socorro – ação de auxílio indireto a nós mesmos, através do auxílio direto aos outros.

Estudo – armazém de recursos para o nosso aperfeiçoamento incessante.

Oração – apelo de nossa fé, trazendo a Luz Divina sobre a névoa de nossas limitações humana.

Caridade – luz santificante que revela a Presença do Criador, entre a bondade e a necessidade das criaturas.

Hoje – oportunidade insubstituível para a execução de nossos deveres no campo da Vida Eterna.

Disciplina – lição que podemos aprender com a Natureza em toda parte, sem a qual não estaremos tranquilos em parte alguma.

Verdade – conhecimento relativo acerca do Universo, do Destino e do Ser, que podemos guardar no degrau evolutivo em que nos colocamos.

Perdão – alimento vital de que todos somos necessitados.

Exemplo – prova externa daquilo que somos na intimidade da própria alma.

Perseverança – altar de nossa fidelidade à própria consciência.

Espiritismo – chave de libertação espiritual que Jesus nos oferece, a fim de que nos habilitemos, desde hoje, às conquistas da Imortalidade Vitoriosa.

André Luiz

Do livro Ideal Espírita, psicografia de Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Campanha da Benção


Washington, palestrante espírita.
 
Campanha da Benção

A campanha continua:
A caridade em trabalho,
O pão, o teto, o agasalho
E a frase de luz a expor...
Os Mensageiros da Bênção
Retornam do Céu em bando,
A cada um convidando
Para a seara do amor.

Em nossos campos de ação,
Nos mais estranhos caminhos,
Ciladas, pedras e espinhos
São entraves como são...
Vem às tarefas do auxílio,
Qualquer peça de consumo
Serve aos que avançam sem rumo
Calcando as urzes do chão.

Em outras faixas de vida,
Eis que a treva se condensa
Nos enganos da descrença
Que só desditas produz;
Fala o verbo que alimente
O amor que jamais se cansa.
Planta consolo e esperança,
Espalha bondade e luz.

Olvida nódoas e chagas,
Se a provação te aguilhoa,
Trabalha, serve e perdoa,
Guarda a fé que te mantém.
Se algo te fere, silêncio!...
Deixa o mal na sombra externa,
Deus sabe como governa
A força viva do Bem.

Maria Dolores

Do livro Caminhos do Amor, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Trios Importantes



 
Trios Importantes

Três verbos existem que, bem conjugados, serão lâmpadas luminosas em nosso caminho:
Aprender, Servir, Cooperar.
Três atitudes exigem muita atenção:
Analisar, Reprovar, Reclamar.
De três normas de conduta jamais nos arrependeremos:
Auxiliar com a intenção do bem, Silenciar, Pronunciar frases de bondade e estímulo.

Três diretrizes manter-nos-ão, invariavelmente, em rumo certo:
Ajudar sem distinção, Esquecer todo mal, Trabalhar sempre.
Três posições devemos evitar em todas as circunstâncias:
Maldizer, Condenar, Destruir.

Possuímos três valores que, depois de perdidos, jamais serão recuperados:
A hora que passa. A oportunidade de elevação. A palavra falada.

Três programas sublimes se desdobram à nossa frente revelando-nos a glória da Vida Superior:
Amor, Humildade, Bom ânimo.

Que o Senhor nos ajude, pois, em nossas necessidades, a seguir sempre três abençoadas regras de salvação.
Corrigir em nós o que nos desagrada em outras pessoas.
Amparar-nos mutuamente.
Amar-nos uns aos outros.

André Luiz

Do livro Nosso Livro, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Ao Amanhecer


 
Ao Amanhecer

Dia novo, oportunidade renovada.


Cada amanhecer representa divina concessão, que não podes nem deves desconsiderar.


Mantém, portanto atitude positiva em relação aos acontecimentos que devem ser enfrentados; otimismo diante das ocorrências que surgirão coragem nos confrontos das lutas naturais; recomeço de tarefa interrompida; ocasião de realizar o programa planejado.
Cada amanhecer é convite sereno à conquista de valores que parecem inalcançáveis.


À medida que o dia avança, aproveita os minutos, sem pressa nem postergação do dever.


Não te aflijas ante o volume de coisas e problemas que tens pela frente.


Dirige cada ação à finalidade específica.


Após concluir um serviço, inicia outro e, sem mágoa dos acontecimentos desagradáveis, volve à liça com disposição, avançando passo a passo até o momento de conclusão dos deveres planejados.


Não tragas do dia precedente o resumo das desditas e dos aborrecimentos.


Amanhecendo, começa o teu dia com alegria renovada e sem passado negativo, enriquecido pelas experiências que te constituirão recurso valioso para a vitória que buscas.

Joanna de Ângelis

terça-feira, 24 de junho de 2014

Doações



 
Doações

Não digas possa existir alguém sem necessidade de ti.


Precisamos dos outros, tanto quanto outros se valem de nós.


Os doentes te pedem amparo e companhia.


Os fracos te requisitam apoio.


Os tristes procuram em tua presença essa ou aquela migalha de alegria.


Os injuriados te esmolam simpatia e defesa.


Os infelizes contam com a força de tua proteção e consolo.


Os companheiros abastados aguardam inspiração de tua influência.

As vítimas da penúria te rogam assistência e socorro.


Os agressores te solicitam desculpa e esquecimento.


Os amigos te reclamam solidariedade.


Os adversários te requisitam entendimento.


As crianças te pedem segurança e carinho.


Com todos aqueles aos quais possas doar algo do que tenhas ou algo do que sejas, para que as tuas dádivas não se percam na esterilidade da incompreensão, não te esqueças de envolvê-las em teu amor na embalagem da paciência.

Meimei

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Família e Vida


Lauro, Evinha,
Letícia e Lais.
 
Família e Vida

Família é o ponto de encontro,
Que a vida, em si, nos oferta,
Para a conta viva e certa
Do que se tem a fazer;
Às vezes, indica empresas
De amor, renúncia e talento,
De outras, é o pagamento
De débitos a vencer.

No lar, ressurgem afetos,
Dedicações incontidas,
Riquezas em luz de outras vidas
No tempo, a se recompor;
Mas também, dentro de casa,
É que o ódio de outras eras,
Abre feridas austeras,
Reconduzindo ao amor.


Vemos pais largando os filhos
Com desprezo e indiferença,
E os filhos em turba imensa
Combatendo os próprios pais,
Parentes contra parentes,
Lembrando aversões em brasa,
Unidos na mesma casa
Sob direitos iguais.

Se sofrimento em família
É o quadro em que te renovas,
Tolera farpas e provas,
Aceitando-as, tais quais são!...
Não fujas!...Suporta e avança!...
Seja tolerância, aonde vás,
Segurança pede paz
E a paz é luz do perdão.

Maria Dolores

Do livro: Alma e Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier.

domingo, 22 de junho de 2014

Revolução



 
Revolução

Espalha a Revelação Divina, entretanto não olvides ajustar a própria boca ao verbo santificante.


Encarece a necessidade do silêncio diante do mal, contudo garante os próprios ouvidos contra o assalto das trevas.


Salienta o valor do trabalho, como base do progresso, mas não relegues as próprias mãos às teias da ociosidade.


Define os recursos do bem para os companheiros da estrada, no entanto não condenes os próprios olhos aos espinheiros e detritos da marcha.


Destaca a beleza do perdão, todavia não tisnes a própria alma com o lodo da ofensa.


Engrandece os talentos da simplicidade e da paz, contudo não te confies às algemas da vaidade e do orgulho.


Cristo, o divino renovador, endossou, sim, a revolução espiritual em nós mesmos, expressando movimentos regenerados de nossa própria consciência, empresa essa com a qual nos compete adaptar o próprio espírito às bênçãos da Lei de Deus.


Contempla o Senhor em sua trajetória da Manjedoura até a Cruz e reconhecerás nEle, não apenas a palavra e o conselho, mas o exemplo e a lição.

Emmanuel

Do livro Semeador Em Tempos Novos, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sábado, 21 de junho de 2014

Mais e Mais









 
Mais e Mais

A multiplicação é um
Dom de Deus à vida.


Semente que cultives
Produzirá sem conta.

Mais recursos retidos,
Mais as preocupações.


Quanto mais distribuas
Tanto mais colherás.

Quem mais ampara os outros
Mais auxílio recebe.


Do que dês, terás mais,
- Esta é uma Lei de Deus.

Emmanuel

Do livro Assim Vencerás, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Nota de Fé


 

Nota de Fé


Em qualquer fase da vida,
Quando a prova te apareça,
Tempestade ou mágoa espessa
Ao peso de férrea cruz,
Recorda que o Céu te envia
Mais amparo do que pensas,
Mesmo nas trevas mais densas,
Deus te acende nova luz.

Conflitos, problemas, lutas
Nas sendas por onde vamos,
São lições que precisamos,
A fim de saber servir;
Não há desprezo ante os Céus,
Olha o charco que se enflora,
Pensa na noite e na aurora
E guarda a fé no porvir.

Sofrimento é igual à nuvem ...
Estrondo, fúria, ameaça ...
Depois ... é chuva que passa,
Frutos ganhando apogeus;
Se hoje sofres, não te esqueças,
Que amanhã, no Espaço Infindo,
O dia virá mais lindo,
Brilhando no amor de Deus.

Maria Dolores

quinta-feira, 19 de junho de 2014

 
Amável de Menezes Sá, estudiosa e
admiradora do trabalho incansável do
apóstolo Paulo de Tarso.
 
 
 

Ama, Trabalha, Espera e Perdoa


Abigail, por sua vez, apertava-lhe as mãos com imensa ternura. O ex-rabino desejaria prolongar a deli­ciosa visão para o resto da vida, manter-se junto dela para sempre; contudo, a entidade querida esboçava um gesto de amoroso adeus. Esforçou-se, então, por catalo­gar apressadamente suas necessidades espirituais, dese­joso de ouvi-la relativamente aos problemas que o de­frontavam. Ansioso de aproveitar as mínimas parcelas daquele glorioso, fugaz minuto, Saulo alinhava mental­mente grande número de perguntas. Que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do Cristo?


— Ama! — respondeu Abigail espontaneamente.
 

Mas, como proceder de modo a enriquecermos na virtude divina? Jesus aconselha o amor aos próprios inimigos. Entretanto, considerava quão difícil devia ser semelhante realização. Penoso testemunhar dedicação, sem o real entendimento dos outros. Como fazer para que a alma alcançasse tão elevada expressão de esforço com Jesus-Cristo?

— Trabalha! — esclareceu a noiva amada, sorrindo bondosamente.

Abigail tinha razão. Era necessário realizar a obra de aperfeiçoamento interior. Desejava ardentemente fa­zê-lo. Para isso insulara-se no deserto, por mais de mil dias consecutivos.
Todavia, voltando ao ambiente do esforço coletivo, em cooperação com antigos companhei­ros, acalentava sadias esperanças que se converteram em dolorosas perplexidades.

Que providências adotar contra o desânimo destruidor?

— Espera! — disse ela ainda, num gesto de terna solicitude, como quem desejava esclarecer que a alma deve estar pronta a atender ao programa divino, em qualquer circunstância, extreme de caprichos pessoais.

Ouvindo-a, Saulo considerou que a esperança fora sempre a companheira dos seus dias mais ásperos. Sa­beria aguardar o porvir com as bênçãos do Altíssimo. Confiaria na sua misericórdia. Não desdenharia as opor­tunidades do serviço redentor. Mas... os homens? Em toda parte medrava a confusão nos espíritos. Reconhecia que, de fato, a concordância geral em torno dos ensina­mentos do Mestre Divino representava uma das realiza­ções mais difíceis, no desdobramento do Evangelho; mas, além disso, as criaturas pareciam igualmente desinteressadas da verdade e da luz. Os israelitas agarravam-se à Lei de Moisés, intensificando o regime das hipocrisias farisaicas; os seguidores do “Caminho” aproximavam-se novamente das sinagogas, fugiam dos gentios, subme­tiam-se, rigorosamente, aos processos da circuncisão. Onde a liberdade do Cristo? Onde as vastas esperanças que o seu amor trouxera à Humanidade inteira, sem exclusão dos filhos de outras raças? Concordavam em que se fazia indispensável a mar, trabalhar, esperar; entre­tanto, como agir no âmbito de forças tão heterogêneas? Como conciliar as grandiosas lições do Evangelho com a indiferença dos homens?

Abigail apertou-lhe as mãos com mais ternura, a indicar as despedidas, e acentuou docemente:

— Perdoa!...

Em seguida, seu vulto luminoso pareceu diluir-se como se fosse feito de fragmentos de aurora.

Empolgado pela maravilhosa revelação, Saulo viu-se só, sem saber como coordenar as expressões do próprio deslumbramento. Na região, que se coroava de claridades infinitas, sentiam-se vibrações de misteriosa beleza. Aos seus ouvidos continuavam chegando ecos longínquos de sublimes harmonias siderais, que pareciam traduzir men­sagens de amor, oriundas de sóis distantes... Ajoe­lhou-se e orou! Agradeceu ao Senhor a maravilha das suas bênçãos. Daí a instantes, como se energias impon­deráveis o reconduzissem ao ambiente da Terra, sentiu-se no leito rústico, improvisado entre as pedras. Incapaz de esclarecer o prodigioso fenômeno, Saulo de Tarso contemplou os céus, embevecido.

O infinito azul do firmamento não era um abismo em cujo fundo brilhavam estrelas... A seus olhos, o espaço adquiria nova significação; devia estar cheio de expressões de vida, que ao homem comum não era dado compreender. Haveria corpos celestes, como os havia terrestres. A criatura não estava abandonada, em par­ticular, pelos poderes supremos da Criação. A bondade de Deus excedia a toda a inteligência humana. Os que se haviam libertado da carne voltavam do plano espiritual por confortar os que permaneciam a distância. Para Estevão, ele fora verdugo cruel; para Abigail, noivo ingrato. Entretanto, permitia o Senhor que ambos regressassem à paisagem caliginosa do mundo, reani­mando-lhe o coração. A existência planetária alcançava novo sentido nas suas elucubrações profundas. Ninguém estaria abandonado, Os homens mais miseráveis teriam no céu quem os acompanhasse com desvelada dedicação. Por mais duras que fossem as experiências humanas, a vida, agora, assumia nova feição de harmonia e beleza eternas.


A Natureza estava calma. O luar esplendia no alto em vibrações de encanto indefinível. De quando em quan­do, o vento sussurrava de leve, espalhando mensagens misteriosas. Lufadas cariciosas acalmavam a fronte do pensador, que se embevecia na recordação imediata de suas maravilhosas visões do mundo invisível.


Experimentando uma paz até então desconhecida, acreditou que renascia naquele momento para uma exis­tência muito diversa. Singular serenidade tocava-lhe o espírito. Uma compreensão diferente felicitava-o para o reinício da jornada no mundo. Guardaria o lema de Abigail, para sempre. O amor, o trabalho, a esperança e o perdão seriam seus companheiros inseparáveis. Cheio de dedicação por todos os seres, aguardaria as oportu­nidades que Jesus lhe concedesse, abstendo-se de pro­vocar situações, e, nesse passo, saberia tolerar a ignorân­cia ou a fraquezas alheias, ciente de que também ele carregava um passado condenável, que, nada obstante, merecera a compaixão do Cristo.
Emmanuel, extraído do livro Paulo e Estevão, psicografia de Chico Xavier.


 


terça-feira, 17 de junho de 2014

Meus amigos!



 
Meus amigos!

       Sem caridade não há salvação.

    Sem fraternidade não pode haver união.

        Uni-vos, pois, pela fraternidade debaixo das vistas do bom Ismael, vosso Guia e protetor. Salvai-vos pela Caridade, distribuindo o bem por toda a parte, indistintamente, sem pensamento oculto. Aquele que vos pedem lhes deis da vossa crença ao menos um testemunho moral, que os possa obrigar a respeitar em vós o indivíduo bem intencionado e verdadeiramente cristão.
        Sobre a propaganda que procurais fazer, exclusivamente para ao vosso seio maior de adeptos, direi: se os meios mais fáceis que tendes encontrado são a cura dos vossos irmãos obsessos, são as visitas domiciliares e a expansão dos fluidos, aí tendes um modesto trabalho para vossa meditação e estudo.
        E, lendo, compreendendo, chamai-me todas as vezes que for do vosso agrado ouvir a minha palavra e eu virei esclarecer os pontos que achardes duvidosos.

*   Virei, em novos termos, se for preciso, mostrar-vos que esse lado que vos parece fácil para a propaganda da vossa doutrina é o maior escolho lançado no vosso caminho, é a pedra colocada às rodas do vosso carro triunfante e será, finalmente, o motivo da vossa queda desastrosa, se não empenham numa tão grande causa.

        Permita Deus que os espíritas, a quem falo, que os homens, a quem foi dada a graça de conhecerem em Espírito e verdade a doutrina de Nosso senhor Jesus Cristo, tenham a boa vontade de me compreender, a boa vontade de ver nas minhas palavras unicamente o interesse do amor que lhe consagro.

ALLAN KARDEC

INSTRUÇÕES DE ALLAN KARDEC AOS ESPÍRITAS DO BRASIL, NA SOCIEDADE ESPÍRITA FRATERNIDADE, PELO MÉDIUM FREDERICO JÚNIOR.

Fonte: www.guia.heu.nom.br

segunda-feira, 16 de junho de 2014

CALÚNIA



 

CALÚNIA





Sou uma das vítimas da língua, não conforme acontece na existência humana, em que os caluniados caem na Terra para se erguerem no Céu, em sublime triunfo, mas, segundo os padrões da vida real, em que os caluniadores que triunfaram entre os homens experimentam, além, do sepulcro, a extrema derrota do espírito.

Determinam nossos amigos espirituais vos ofereça minha história.

Contá-la-ei, sintetizando tanto quanto possível, para não fatigar-vos a atenção.

Há quase trinta anos, nossa família, chefiada por pequeno comerciante, no varejo do Rio, era serena e feliz.

Em casa, éramos quatro pessoas.

Nossos pais, Afrânio e o servidor que vos fala.

Entre meu irmão e eu, contudo, surgiam antagonismos irreconciliáveis.

Afrânio era a bondade.

Eu era a maldade oculta.

Meu irmão era a brandura, eu era a crueldade...

Nele aparecia a luz da franqueza aberta.

Escondia-se em mim a mentira torpe.

Afrânio era a virtude, eu era o vício contumaz.

Na época em que figuro o principio de meu relato, meu irmão desposara Celina, uma jovem reta e generosa que lhe aguardava o primeiro filhinho.

Quanto a mim, entregue às libações da irresponsabilidade, encontrara na jovem Marcela, tão leviana quanto eu mesmo, uma companheira ideal para o meu clima de aventura.

Entretanto, tão logo a vi, aguardando uma criança, sob minha responsabilidade direta, abandonei-a, desapiedado, embora lhe vigiasse os menores movimentos.

Foi assim que, em nublada manhã de junho, observei um automóvel a procurar-lhe o refúgio.

Coloquei-me de atalaia, reparando o homem de fronte descoberta que lhe buscava a moradia e reconheci meu próprio mano.

Surpreso e estarrecido, dei curso aos maus sentimentos que geraram, em minhas idéias, a infâmia que passou a dominar-me a cabeça.

Encontrara, enfim - concluí malicioso -, a brecha por onde solapar-lhe a reputação, e afastei-me apressado.

Joguei e beberiquei, voltando à noite para o santuário doméstico, onde encontrei aflitiva ocorrência.

Afrânio, em se ausentando de nossa pequena loja para depositar num banco a expressiva importância de cinqüenta contos de réis - fruto de nossas economias de dois anos, para a realização do nosso velho plano de casa própria -, perdera a soma aludida, sem conseguir justificar-se.

Ouvi-lhe as alegações inquietantes, simulando preocupação, mas, dando largas aos meus projetos delituosos, arquitetei a mentira que deveria arruiná-lo.

Chamei meu pai a íntimo entendimento e envenenei-o pelos ouvidos.

Com a minha palavra fácil, teci a calúnia que serviu para impor ao meu irmão irremediável infortúnio, contando a meu pai que o vira, em companhia de mulher menos respeitável, perdendo toda a nossa fortuna numa casa de jogo, e acrescentei que observara o quadro lamentável com os meus próprios olhos.

Minha mãe e Celina, a reduzida distância, sem que eu lhes reparasse a presença, anotaram-me a punhalada verbal, e todos os nossos, dando crédito ao meu verbo delinqüente, passaram da confiança ao menosprezo, dispensando ao acusado o tratamento cruel que lhe desmantelou a existência.

Por seis dias Afrânio, desesperado, procurou debalde o dinheiro.

E, ao fim desse tempo, incapaz de resistir ao escárnio de que era vítima, preferiu o suicídio à vergonha, ingerindo o veneno que lhe roubou a vida física.

A desgraça penetrou-nos a luta diária.

Todos, menos eu, que me regozijava com a escura vingança, renderam-se à tensão e ao desespero.

Inquirida Marcela por meu pai, viemos, porém, a saber, que Afrânio lhe visitara o abrigo por solicitação dela mesma, que se achava em extrema penúria.

Nosso espanto, contudo, não ficou aí, porque findos três dias após os funerais, um chofer humilde procurou-nos, discreto, para entregar uma bolsa que trazia os documentos de Afrânio, acompanhados pelos cinqüenta contos, bolsa essa que meu irmão perdera inadvertidamente no carro que o servira.

Minha cunhada, num parto prematuro, faleceu em nossa casa.

Minha mãe, prostrada no leito, não mais se levantou e, findos três meses, após a morte dela, ralado por infinito desgosto, meu pai acompanhava-lhe os passos ao cemitério do Caju.

Achava-me, então, sozinho.

Tinha dinheiro e busquei a vida fácil, mas o remorso passara a residir em minha consciência, atormentando-me o coração.

Alcoolizava-me para esquecer, mas, entontecida a cabeça, passava a ver, junto de mim, a sombra de meus pais e a sombra de Celina, perguntando-me, agoniados:

- Caim, que fizeste de teu irmão?

A loucura que me espreitava dominou-me por fim...

Conduzido ao casarão da Praia Vermelha, ali gastei quanto possuía para, depois de um ano de suplício moral e irremediável tormento físico, abandonar os meus ossos exaustos na terra, em cujo seio, debalde, imploro consolação, porque o sofrimento e a vergonha sitiaram-me a vida, destruindo-me a paz.

Tenho amargado, através de todos os processos imagináveis, as conseqüências do meu crime.

Tenho sido um fantasma, desprezado em toda parte, sorvendo o fel e o fogo do arrependimento tardio.

Somente agora, ouvindo as lições do Evangelho, consegui acender em minhalma leves fagulhas de esperança...

E à maneira do mendigo que bate à porta do reconforto e do alívio, encontro presentemente um novo caminho para a reencarnação, que, muito breve, me oferecerá a bênção sagrada do esquecimento.

Entretanto, não sei quando poderei encontrar, de novo, meu pai e minha mãe, meu irmão e minha cunhada, credores em meu destino, para resgatar, diante deles, o debito imenso que contraí.

Por enquanto, serei apenas internado na carne para considerar os problemas que eu mesmo criei, em prejuízo de minha alma...

Brevemente, voltarei ao campo dos homens, mas reaparecerei, entre eles, sem a graça da família a fim de valorizar o santuário doméstico, e renascerei mudo para aprender a falar.

Que Deus nos abençoe.


 



pelo Espírito A. Ferreira - Do livro: Vozes do Grande Além, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.

domingo, 15 de junho de 2014

Segue com Deus

 
Segue com Deus
 
Não temas o caminho
Onde o bem permanece "Deus está"
Trabalhe e serve sempre,
Deus te inspira e resguarda.
Não receies perigos, Deus te garante a paz.
Sangram-te os pés na marcha
Deus te trará descanso.
Companheiros se foram,
Deus jamais te abandona
Por nada te amedrontes
Segue e confia em Deus.


Emmanuel
        Francisco Cândido Xavier