sábado, 28 de fevereiro de 2015


Convivência

A Vida vem de Deus, a convivência vem de nós.    

Aqueles companheiros que nos partilham a experiência do cotidiano são os melhores que a Divina Sabedoria nos concede, a favor de nós mesmos.

Se você encontra uma pessoa difícil em sua intimidade, essa é a criatura exata que as leis da reencarnação lhe trazem ao trabalho de burilamento próprio.

 
As pessoas que nos compreendem são bênçãos que nos alimentam o ânimo de trabalhar, entretanto, aquelas outras que ainda não nos entendem são testes que a vida igualmente nos oferece, a fim de que aprendamos a compreender.

 Recordemos: nos campos da convivência é preciso saber suportar os outros para que sejamos suportados.

Se alguém surge como sendo um enigma em seu caminho, isso quer dizer que você é igualmente um enigma para esse alguém.

Nunca diga que a amizade não existe; qual nos acontece, cada amigo nosso tem suas limitações e se algo conseguimos fazer em auxílio do próximo, nem sempre logramos fazer o máximo, de vez que somente Deus consegue tudo em todos.

 Se você realmente ama aqueles que lhe compartilham a estrada, ajude-os a ser livres para encontrarem a si mesmos, tal qual deseja você a independência própria para ser você, em qualquer lugar.

Quem valoriza a estima alheia, procura igualmente estimar.

Se você acredita que franqueza rude pode ajudar a alguém, observe o que ocorre com a planta a que você atire água fervente.

Abençoemos se quisermos ser abençoados.

André Luiz

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015


Defenda-nos

Ante as forças da sombra que, porventura, te ameacem o coração, acalma-te e espera...


Se a serpente da inveja te envenena a alegria, recorda que a criatura invejada, muita vez, carreia consigo dolorosas chagas de angústia sob o manto enganoso das aparências.


Se o dragão do ciúme te espreita os passos, não olvides que todos os nossos afetos pertencem a Deus, Nosso Pai, que no-los empresta, a fim de que, através do desenvolvimento e da renúncia, venhamos a adquirir o verdadeiro amor para a eternidade.


Se a gralha do orgulho te grita mentiras ao pensamento, impelindo-te à evidência indébita, entre aqueles que te rodeiam, não te esqueças de que o tempo tudo renovará, preservando-te unicamente os valores imarcescíveis do espírito.


Se o leão invisível da cólera te absorve a emotividade, obscurecendo-te o raciocínio, certifica-te de que um minuto de desespero pode arrojar-te a muitos séculos de criminalidade e loucura.


Se as larvas da preguiça te invadem a cabeça e te imobilizam as mãos, convence-te de que um dia de inércia no bem é ganho indiscutível para o mal q eu nos cerca e que responderemos, em todo tempo, na Contabilidade Celeste pelo descaso das horas perdidas.


A cada instante, a mudança nos espia a existência, através de mil modos.

Guardemo-nos no serviço incessante do amor puro e simples, compreendendo que tão-só construindo a felicidade para os outros é que alcançaremos a nossa felicidade. E, buscando acender a luz divina em nós mesmos é que nos retiraremos, em definitivo, do largo desfiladeiro da ilusão e do desencanto, da culpa e do resgate, do desequilíbrio e da morte.

Emmanuel

Do livro: Passos da Vida, psicografia de  Francisco Cândido Xavier - Editora IDE

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015


A Hora da Divulgação


Quem possui um tesouro e é sábio investe-o, gerando bênçãos.

Quem conduz claridade esparze luz onde se encontra.

Quem frui felicidade distribui alegria, promovendo esperança.

Quem ama irradia júbilo.

Quem tem conhecimento elucida problemas e auxilia nas dificuldades.

O Espiritismo é um tesouro de alto valor que tem a missão de produzir lucros de amor e juros de paz.

Ocultá-lo, sem o promover entre as criaturas, é o mesmo que enterrar uma fortuna, que assim perde a finalidade para a qual existe.


Retê-lo, constitui crime de avareza, considerando-se a fome de luz de que padecem as criaturas.

Adiar a sua divulgação, onde se encontre o espírita, representa perda de oportunidade valiosa, que não se repetirá.


Condicioná-lo às circunstâncias e interesses seria desfigurá-lo na legitimidade dos seus conceitos e objetivos edificantes.

Pessoas existem que sofrem hipertrofia dos sentimentos e não se dão conta.


Criaturas movimentam-se, no mundo, fátuas e risonhas, ignorando, porém, porque vivem e para que vivem.


Homens agem sob os automatismos de que se tornaram vítimas.
Indivíduos desajustam-se por desconhecerem os valores do espírito.
Coletividades desarticulam-se, porque vencidas pelo egoísmo e pelas paixões dissolventes.

O Espiritismo é o antídoto eficiente e rápido para os males que grassam, na Terra, derruindo o materialismo e promovendo a vida.


Difundi-lo, a rigor, é tarefa de quantos se identificam com as suas lições e nele encontraram satisfação de viver.


Não é lícito impô-lo, nem justo deixar de apresentá-lo.


A convicção de que ele se faz objeto, favorecendo a pessoa com bênçãos, deve emular o seu beneficiário a levá-lo a quantos o ignoram.


E porque este é o momento da renovação espiritual da Humanidade, que se encontra exaurida por dores superlativas, também é a hora da divulgação, consciente e nobre, da Doutrina que "mata a morte" e alonga a vida, elucidando os enigmas complexos da existência carnal com acenos seguros de felicidade à vista.

Marcelo Ribeiro

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015



A Candeia Viva

"Ninguém acende a candeia e a coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e assim alumia a todos os que estão na casa," - Jesus. (MATEUS, 5:15.)

Muitos aprendizes interpretaram semelhantes palavras do Mestre como apelo à pregação sistemática, e desvairam-se através de veementes discursos em toda parte. Outros admitiram que o Senhor lhes impunha a obrigação de violentar os vizinhos, através de propaganda compulsória da crença, segundo o ponto de vista que lhes é particular.

Em verdade o sermão edificante e o auxílio fraterno são indispensáveis na extensão dos benefícios divinos da fé.

Sem a palavra, é quase impossível a distribuição do conhecimento. Sem o amparo irmão, a fraternidade não se concretizará no mundo.

A assertiva de Jesus, todavia, atinge mais além.

Atentemos para o símbolo da candeia. A claridade na lâmpada consome força ou combustível.

Sem o sacrifício da energia ou do óleo não há luz.

 Para nós, aqui, o material de manutenção é a possibilidade, o recurso, a vida.

Nossa existência é a candeia viva.

É um erro lamentável despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob a medida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.

Coloquemos nossas possibilidades ao dispor dos semelhantes.

Ninguém pode amealhar as vantagens da experiência terrestre somente para si. Cada espírito provisoriamente encarnado, no círculo humano, goza de imensas prerrogativas, quanto à difusão do bem, se persevera na observância do Amor Universal.

Prega, pois, as revelações do Alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teus lábios; insta com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas, não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagem de ti mesmo.

Transforma as tuas energias em bondade e compreensão redentoras para toda gente, gastando, para isso, o óleo de tua boa-vontade, na renúncia e no sacrifício, e a tua vida, em Cristo, passará realmente a brilhar.

Emmanuel


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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015



A Riqueza


A riqueza por si só não é má.

Bom ou mau é o fim para o qual seu possuidor a destina.

Em mãos caridosas reverte-se em bênçãos e em auxílio que a muitos beneficiam.

Em mãos egoístas transforma-se em fonte de tristeza e desilusão.

Constitui-se ferramenta do progresso já que, sem ela, muito não se haveria operado. Não é possível, contudo, ascender às esferas superiores com o coração preso à matéria.

“Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me” disse Jesus.

Não pretendia, com isso, condenar a riqueza e sim alertar quanto aos prejuízos do apego material e que mais rico é aquele que tem menos necessidades.

Desprende-te das necessidades que a moda, a mídia, o consumismo te impõem.

Luta e trabalha pela riqueza, mas roga a Deus que conduza tuas mãos, livrando-te do abuso.

Aceita o pedido de Jesus e segue-o, trabalhando pelo teu aprimoramento moral, para o desenvolvimento das virtudes que te assegurarão a felicidade e a consciência tranquila.


Carina Streda

Mensagem publicada no Seara Espírita, edição nº 100 de MARÇO de 2007.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015


Outra Vez

Desculpaste, edificando,
Mas, se a treva e a insensatez
Voltam de novo a ferir-te,
Perdoa e ajuda outra vez.

Ouviste em prece os agravos
À doutrina em que mais crês;
No entanto, se há mais ofensa,
Perdoa e ajuda outra vez.

Esqueceste duros golpes
Da injúria e da rispidez...
Todavia, se ressurgem,
Perdoa e ajuda outra vez.

Viste mãos das mais queridas,
No sonho que se desfez;
Contudo, segue adiante...
Perdoa e ajuda outra vez.

Ao lamaçal da calúnia
Em dia algum não te dês.
Bendizendo os detratores,
Perdoa e ajuda outra vez.

Se teus pedidos mais justos
Somente encontram surdez,
Esperando sem revolta,
Perdoa e ajuda outra vez.

Recolhes por teu sorriso
Gesto rude e descortês?
O tempo tudo transforma;
Perdoa e ajuda outra vez.

Se queres guardar contigo
A bênção da intrepidez,
À frente de todo mal,
Perdoa e ajuda outra vez.

Injustiçado, não guardes
Nem mágoas e nem porquês;
Trabalhando alegremente,
Perdoa e ajuda outra vez.

Se almejas fazer migalha
Do muito que o Mestre fez,
Mesmo entregue à cruz da morte
Perdoa e ajuda outra vez.

Casimiro Cunha

Do livro: Correio Fraterno, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

domingo, 22 de fevereiro de 2015


Aviso Calmante
O trabalho eficiente deve ser planejado, mas não olvide que as circunstâncias procedem da vida superior.
O tempo é um rio de surpresas.
Use o apoio da bondade e a bateia da tolerância para colher o ouro da Providência Divina no cascalho dos fatos desagradáveis.

A conversa fastidiosa talvez seja o veiculo da valiosa indicação.

A visita que não se espera provavelmente traga uma bênção.

O obstáculo com que não se contava, em muitas ocasiões, traduz o amparo da Espiritualidade Maior, antes que certa dificuldade apareça.
O aborrecimento de um minuto pode ser a pausa de aviso salvador.

A enfermidade súbita, quase sempre, é o processo de que se utiliza o Plano Superior para se impedir uma queda espetacular.

Atenda ao seu programa de ação, conforme os seus encargos, mas não se esqueça da paciência na trilha das suas horas.
Cada um de nós é chamado para a execução de tarefa determinada, mas a habilitação para isso vem de Deus.
André Luiz

sábado, 21 de fevereiro de 2015


Perante os Amigos

O amigo é uma benção que nos cabe cultivar no clima da gratidão. Quem diz que ama e não procura compreender e nem auxiliar, nem amparar e nem servir, não saiu de si mesmo ao encontro do amor em alguém.


A amizade verdadeiira não é cega; mas, se enxerga defeitos nos corações amigos, sabe amá-los e entendê-los mesmo assim. A ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.

Em qualquer dificuldade com as relações afetivas, é preciso lembrar que toda criatura humana é um ser inteligente em transformação incessante, e, por vezes, a mudança das pessoas que amamos não se verifica na direção de nossas próprias escolhas.


Se Jesus nos recomendou Amar os inimigos, imaginemos com que imenso Amor nos compete Amar aqueles que nos oferecem o coração. Quanto mais amizade você der, mais amizade receberá.

André Luiz

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015


Apoio

Não alegues defeitos,
Deixando de servir.

Nem percas vida e tempo,
Fitando os próprios males.

Remédio em teu remédio,
É o bem que distribuas.

Esquece-te e confia,
Serviço é cura e paz.

Cada rosa no barro,
É uma explosão de luz.

Quando te faltes força,
Deus te sustentará.

Emmanuel

Do livro: Recanto de Paz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015


Perante o Sexo

Nunca escarneça do sexo, porque o sexo é manancial de criação divina, que não pode se responsabilizar pelos abusos daqueles que o deslustram.


Psicologicamente, cada pessoa conserva, em matéria de sexo, problemática diferente.

 
Em qualquer área do sexo, reflita antes de se comprometer, de vez que a palavra empenhada gera vínculos no espírito.

 
Não tente padronizar as necessidades afetivas dos outros por suas necessidades afetivas, porquanto o amor seja luz uniforme e sublime em todos, o entendimento e posição do amor se graduam de mil modos na senda evolutiva.

 
Use a consciência, sempre que se decidir ao emprego de suas faculdades genésicas, imunizando-se contra os males da culpa.

 
Em toda comunicação afetiva, recorde a regra áurea: "não faça a outrem o que não deseja que outrem lhe faça".


O trabalho digno que lhe assegure a própria subsistência é sólida garantia contra a prostituição.


Não arme ciladas para ninguém, notadamente nos caminhos do afeto, porque você se precipitará dentro delas.

 
Não queira a sua felicidade ao preço do alheio infortúnio, porque todo desequilíbrio da afeição desvairada será corrigida, à custa da afeição torturada, através da reencarnação.

Se alguém errou na experiência sexual, consulte o próprio íntimo e verifique se você não teria incorrido no mesmo erro se tivesse oportunidade.

 
Não julgue os supostos desajustamentos ou as falhas reconhecidas do sexo e sim respeite as manifestações sexuais do próximo, tanto quanto você pede respeito para aquelas que lhe caracterizam a existência, considerando que a comunhão sexual é sempre assunto íntimo entre duas pessoas, e, vendo duas pessoas unidas, você nunca pode afirmar com certeza o que fazem; e, se a denúncia quanto à vida sexual de alguém é formulada por parceiro ou parceira desse alguém, é possível que o denunciante seja mais culpado quanto aos erros havidos, de vez que, para saber tanto acerca da pessoa apontada ao escárnio público, terá compartilhado das mesmas experiências.


Em todos os desafios e problemas do sexo, cultive a misericórdia para com os outros, recordando que, nos domínios do apoio pela compreensão, se hoje é seu dia de dar, é possível que amanhã seja o seu dia de receber.

André Luiz

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015


Insegurança e Medo
O homem é as suas memórias, o somatório das experiências que se lhe armazenam no inconsciente, estabelecendo as linhas do seu comportamento moral, social, educacional.
Essas memórias constituem-lhe o que convém e o que não é lícito realizar.
Concorrem para a libertação ou a submissão aos códigos estabelecidos, que propõem o correto e o errado, o moral, o legal, o conveniente e o prejudicial.
Face a tais impositivos desencadeiam-se, no seu comportamento, as fobias, as ansiedades, as satisfações, o bem ou o mal-estar.
Neste momento social, o medo assume avantajadas proporções, perturbando a liberdade pessoal e comunitária do indivíduo terrestre.
 Procurando liberar-se desse terrível algoz, as suas vítimas intentam descobrir-lhe as causas, as raízes que alimentam a sua proliferação. Todavia, estas são facilmente detectáveis. Estão constituídas pela insegurança gerada pela violência; pelo desequilíbrio social vigente; pela fragilidade da vida física - saúde em deterioramento, equilíbrio em dissolução, afetividade sob ameaça; receio de serem desvelados ao público os engodos e erros praticados às escondidas; e, por fim, a presença invisível da morte...
Mais importante do que pensar e repensar as causas do medo é a atitude saudável, ante uma conduta existencial tranquila, pelo fruir cada momento em plenitude, sem memória do passado - evitando o padrão atemorizante - nem preocupação com o futuro.
A existência humana deve transcorrer dentro de um esquema atemporal, sem passado, sem futuro, num interminável presente.
Não transfiras para depois a execução de tarefas ou decisões nenhumas.
Toma a atitude natural do momento e age conforme as circunstâncias, as possibilidades.
Cada instante, vive-o, totalmente sem aguardar o que virá ou lamentar o que se foi.
Descobrirás que assim agindo, sem constrições, nem pressas ou postergações, te sentirás interiormente livre, pois que somente em liberdade o medo desaparece.
Não aguardes, nem busques a liberdade. Realiza-a na consciência plena que age de forma responsável e tranqüiliza os sentimentos.
O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e avoluma insignificâncias, produzindo fantasmas onde apenas suspeitas se apresentam.
É responsável pela ansiedade - medo de perder isto ou aquilo - sem dar-se conta que somente se perde o que se não tem, portanto, o que não faz falta.
A ação consciente, prolongando-se pelo fio das horas, anula o medo, por não facultar a medida do comportamento nas memórias pessoais ou sociais.
Simão Pedro, por medo dos poderosos do seu tempo, negou o Amigo que o amava e a Quem amava.
Judas, por medo que Ele não levasse a cabo os compromissos assumidos, vendeu o Benfeitor.
Os beneficiários das mãos misericordiosas de Jesus, por medo se omitiram, quando Ele foi levado ao sublime holocausto.
Pilatos, por medo, indeciso e pusilânime, lavou as mãos quanto à vida do Justo.
 ...E Anás, Caifás, a turbamulta, com medo do Homem Livre, resolveram crucificá-lO, através do hediondo e covarde conciliábulo da própria miséria moral, que os caracterizava.
Ele porém, não teve medo. Pensa e busca-O, libertando-te do medo e seguindo-O, em consciência tranqüila, mediante cujo comportamento te sentirás pleno, em harmonia.
Joanna de Ângelis

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015


Conquista e Liberdade

Quase todas as criaturas guardam ciosamente as disposições da avareza. Seja entre as possibilidades do dinheiro ou da inteligência, do favor público ou da autoridade, a tendência de amontoar caracteriza a maioria dos homem. O tirano congrega fâmulos e turiferários, como os magnatas monopolizam os grandes negócios materiais. Os pregadores, quase sempre, estimam os ouvintes, não pela qualidade, mas pelo número. Os escritores, em geral, sentem-se desvanecidos com as gentilezas da multidão. Não importa se o simpatizante de suas obras é algum êmulo de José do Telhado. Sabem apenas que a lista de seus leitores relaciona mais um. Madame de Staël reunia admiradores para a sua inteligência. Ninon de Lenclos arrebanhava adoradores para a sua beleza.

Minúsculos sóis revestidos de lama, quase todos os Espíritos encarnados exigem satélites para a sua órbita. Quanto maior a côrte de pessoas, situações, problemas e coisas, maior importância atribuem a si mesmos. No entanto, em vista da exatidão da Contabilidade Divina, os conquistadores humanos convertem-se, aos poucos, em escravos das próprias conquistas. Exigem as grandes naus para singrarem o mar da vida, mas Deus, à medida que lhes satisfaz os caprichos, decuplica-lhes as obrigações e tormentos. Alexandre Magno, rei da Macedônia, submeteu a Grécia, venceu a Pérsia, conquistou o Egito, tomou Babilônia e morreu, atacado de febre maligna, aos trinta e três anos, dividindo-se-lhe o vasto império entre os generais de suas aventuras sangrentas. Napoleão Bonaparte, após distribuir coroas na Europa, improvisando príncipes e administradores, sob as volutas de incenso do poder, morre, melancolicamente, em Santa Helena, como fera acuada num cárcere defendido pela extensão do mar.


Nem todos passam no mundo, agraciados pelo favor das armas, como Alexandre e Napoleão, todavia, copiando-lhes o impulso, quase todos os homens e mulheres da Terra são teimosos conquistadores a se mergulharem, cada dia, nas pesadas e angustiosas preocupações por novos troféus. Reclamam incessantemente mais tesouros, garantias, facilidades, distrações e prazeres. As aquisições a que se agarram, porém, efetuam-se no campo da morte. Intensificam a satisfação egoística do corpo jovem, obtendo a velhice prematura. Amontoam dinheiro para serem escravos de sua defesa.


Raríssimos Espíritos encarnados se recordam da conquista de si mesmos, na posse gradual da virtude santificante e da sabedoria libertadora. E é por isso que, terminada a lição carnal, penetram no pórtico do túmulo, como grandes desesperados, lastimando a perda do instrumento físico.


É necessário libertarmo-nos, para que compreendamos a liberdade. E, sem luz no coração, é impossível fugir ao jogo de sombra das conquistas exteriores. Não preconizamos a impassibilidade que alguns budistas aconselham, a distância dos ensinamentos reais do Gautama. Proclamamos a necessidade do trabalho das mãos com a iluminação do entendimento.

A morte esperará todas as criaturas em seu campo de verdade. E ao influxo de sua luz, devemos restituir ao mundo todos os patrimônios exteriores que ajuntamos, em nossa mania de conquistar ao inverso, revelando o que amontoamos, dentro de nós, para a verdadeira vida.

Terá bastante força a palavra dos mortos para despertar a consciência dos vivos? Não acredito. Mas se Jesus, que é o Divino Senhor da Humanidade, continua semeando a verdade e o bem, porque deixaríamos, nós outros, de semear?


O mundo de carne é vasta esfera, cheia de berços luminosos, onde a vida é provável, e repleta de sepulturas sombrias, onde a morte é fatal.

Bias, o sublime cidadão de Priene, viveu para a bondade e para a sabedoria, no serviço aos semelhantes. Filósofo eminente e sábio generoso, era o amigo de todas as classes, e nunca se escravizara às posses efêmeras, nem conspurcara a consciência ouvindo as sugestões do mal.


Quando os soldados de Ciro ameaçavam a cidade com invasão e ruínas, seus compatriotas amealhavam, apressadamente, seus pequenos tesouros domésticos para a retirada. Homens e mulheres, velhos e crianças, atropelavam-se uns aos outros, tentando salvar, com êxito, as jóias e haveres, os perfumes e tapetes custosos. Observando, porém, que o sábio se mantinha calmo e indiferente às inquietações da hora, interpelaram-no quanto à carga que deveria conduzir, mas, com espanto, ouviram-no informar :“Eu trago tudo comigo!”


Guardava o nobre cidadão seus patrimônios inalienáveis de bondade, retidão e inteligência.


No supremo instante da morte, quando nos sitiam as armas invisíveis da realidade, ai daqueles que não puderem repetir a inesquecível informação do filósofo aos companheiros em desesperação!


A ignorância estabelece o cativeiro, mas a sabedoria oferece a liberdade.

Se as conquistas do homem restringem-se ao plano das aquisições externas, com o desconhecimento do caráter transitório da existência humana, chegado o momento decisivo em vão tentara carregar alfaias e adornos, vestuários e depósitos terrestres, porque, em verdade, não ficará pedra sobre pedra.

Irmão X

Do Livro: Lázaro Redivivo, psicografia de Francisco Cândido Xavier.