quarta-feira, 30 de abril de 2014

Diante da consciência




Diante da consciência

 

A vontade do Criador, na essência, é, para nós, a atitude mais elevada que somos capazes de assumir, onde estivermos, em favor de todas as criaturas.


Que vem a ser, porém, essa atitude mais elevada que estamos chamados a abraçar, diante dos outros? Sem dúvida, é a execução do dever que as leis do Eterno Bem nos preceituam para a felicidade geral, conquanto o dever adquira especificações determinadas, na pauta das circunstâncias.


Vejamos alguns dos nomes que o definem, nos lugares e condições em que somos levados a cumpri-lo:


na conduta — sinceridade;
no sentimento — limpeza;
na ideia — elevação;
na atividade — serviço
no repouso — dignidade;
na alegria — temperança;
na dor — paciência;
no lar — devotamento;
na rua — gentileza;
na profissão — diligência;
no estudo — aplicação;
no poder — liberalidade;
na afeição — equilíbrio;
na corrigenda — misericórdia;
na ofensa — perdão;
no direito — desprendimento;
na obrigação — resgate;
na posse — abnegação;
na carência — conformidade;
na tentação — resistência;
na conversa — proveito;
no ensino — demonstração;
no conselho — exemplo;


Em qualquer parte ou situação, não hesites quanto à atitude mais elevada a que nos achamos intimados pelos Propósitos Divinos, diante da consciência. Para encontrá-la, basta procures realizar o melhor de ti mesmo, a benefício dos outros, porquanto, onde e quando te esqueces de servir em auxílio ao próximo, aí surpreenderás a vontade de Deus que, sustentando o Bem de Todos, nos atende ao anseio de paz e felicidade, conforme a paz e a felicidade que oferecemos a cada um.


Emmanuel


(De “Estude e Viva”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz).

 
Colaboração e envio de Renato Dantas Magalhães.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Jesus Cristo


 
Tiburtino Gomes de Sá
 
Jesus Cristo

 

Jesus, filho do Criador,

esteve aqui a pregar,

sua santa palavra ficou,

ungida de fé e amor,

sua missão era amar.

                            

Crucificado na cruz,

ressuscitou e subiu,

indo ao encontro do Pai,

sua missão foi cumprida!...

todavia, retornará,

o Rei dos Reis é paz, é vida.

 

Autoria do poeta sousense Tiburtino Gomes de Sá pseudônimo de Castelo Sá

Extraído do livro Saudosista e Sonhador.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Rotina




 

Rotina


Alma querida, às vezes, chora
Na rotina que acolhes por dever
Pelo frio das horas
Que o relógio te aponta
No que tens a fazer.

É a profissão que te reclama tempo,
É o lar, pedindo-te atenção,
Através de pequenos compromissos,
E o tempo voa
Qual dádiva do Céu que passa em vão.

Mas a rotina inclui outros problemas:
É o carinho de alguém que chega de improviso,
É o amigo que vem
Recordar quanto é preciso
Trabalhar para o bem.

É o parente que chega para confidências,
Largou-se do trabalho por minutos,
Num estreito intervalo.
Fala das provações que está sofrendo
E faz-se imprescindível conforta-lo.

E o dia passa nas tarefas
E nos encontros com que não contavas...
O Sol se foi e eis que a sombra se inclina
Por toda a casa e ouço-te o lamento:
- “Como é triste a rotina!”

Entretanto, alma irmã, ainda hoje,
Pude cumprimentar pessoas generosas
Aturdidas por amargura imensa...
Desejam trabalhar mas não conseguem,
Algemadas ao peso da doença.

Acompanhei equipes de visita
Aos irmãos que tateiam livros, vasos, flores,
Segregados em rude solidão...
Anseiam abraçar amigos que aparecem
Mas estão cegos de visão.

Diversos companheiros vi de perto,
Mostrando no silêncio
Raciocínios agudos...
Pretendem dialogar, trocando idéias,
Entretanto, estão mudos.

Abeirei-me de muitas criaturas
Em estradas e ermos esquecidos
Aguardando o socorro que não vem...
Recordam com saudade os entes que mais amam
E não surge ninguém!...

Reflete nos irmãos, em grandes provas,
Que vivem sem a mínima esperanças,
Da esperança que adoça os dias teus...
E, louvando a rotina que te guarda,
Rende graças a Deus!...

Maria Dolores

domingo, 27 de abril de 2014

•Trabalhemos também


 
  • Trabalhemos também

“E dizendo: Varões, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões.” — (ATOS, CAPÍTULO 14, VERSÍCULO 15.)
 
O grito de Paulo e Barnabé ainda repercute entre os aprendizes fiéis.

A família cristã muita vez há desejado perpetuar a ilusão dos habitantes de Listra.

Os missionários da Revelação não possuem privilégios ante o espírito de testemunho pessoal no serviço. As realizações que poderíamos apontar por graça ou prerrogativa especial, nada mais exprimem senão o profundo esforço deles mesmos, no sentido de aprender e aplicar com Jesus.

O Cristo não fundou com a sua doutrina um sistema de deuses e devotos, separados entre si; criou vigoroso organismo de transformação espiritual para o bem supremo, destinado a todos os corações sedentos de luz, amor e verdade.

No Evangelho, vemos Madalena arrastando dolorosos enganos, Paulo perseguindo ideais salvadores, Pedro negando o Divino Amigo, Marcos em luta com as próprias hesitações; entretanto, ainda aí, contemplamos a filha de Magdala, renovada no caminho redentor, o grande perseguidor convertido em arauto da Boa Nova, o discípulo frágil conduzido à glória espiritual e o companheiro vacilante transformado em evangelista da Humanidade inteira.

O Cristianismo é fonte bendita de restauração da alma para Deus.

O mal de muitos aprendizes procede da idolatria a que se entregam, em derredor dos valorosos expoentes da fé viva, que aceitam no sacrifício a verdadeira fórmula de elevação; imaginam-nos em tronos de fantasia e rojam-se-lhes aos pés, sentindo-se confundidos, inaptos e miseráveis, esquecendo que o Pai concede a todos os filhos as energias necessárias à vitória.

Naturalmente, todos devemos amor e respeito aos grandes vultos do caminho cristão; todavia, por isto mesmo, não podemos olvidar que Paulo e Pedro, como tantos outros, saíram das fraquezas humanas para os dons celestiais e que o Planeta Terreno é uma escola de iluminação, poder e triunfo, sempre que buscamos entender-lhe a grandiosa missão.
 
Extraído do livro “Pão Nosso”

sábado, 26 de abril de 2014

O Servidor Negligente


Candeia
 
O Servidor Negligente

À porta de grande carpintaria, chegou um rapaz, de caixa às costas, à procura de emprego.


Parecia humilde e educado.


O diretor da instituição compareceu, atencioso, para atendê-lo.

— Tem serviço com que me possa favorecer? — indagou o jovem, respeitoso, depois das saudações habituais.


— As tarefas são muitas — elucidou o chefe.


— Oh! por favor! — tornou o interessado — meus velhos pais necessitam de amparo. Tenho batido, em vão, à porta de várias oficinas. Ninguém me socorre. Contentar-me-ei com salário reduzido e aceitarei o horário que desejar.


O diretor, muito calmo, acentuou:


—Trabalho não falta...


E, enquanto o candidato mostrava um sorriso de esperança, acrescentou:

—Traz suas ferramentas em ordem?


—Perfeitamente — respondeu o interpelado.


—Vejamo-las.

O moço abriu a caixa que trazia. Metia pena reparar-lhe os instrumentos.

A enxó se achava deformada pela ferrugem grossa.


O serrote mostrava vários dentes quebrados.


O martelo tinha cabo incompleto.


O alicate estava francamente desconjuntado.

Diversos formões não atenderiam a qualquer apelo de serviço, tal a imperfeição que apresentavam seus gumes.


Poeira espessa recobria todos os objetos.


O dirigente da oficina observou... observou... e disse, desencantado:

—Para o senhor, não temos qualquer trabalho.


—Oh! porquê? — interrogou o rapaz, em tom de súplica.


O diretor esclareceu, sem azedume:


—Se o senhor não tem cuidado com as ferramentas que lhe pertencem, como preservará nossas máquinas? Se é indiferente naquilo em que deve sentir-se honrado, chegará a ser útil aos interesses alheios? Quem não zela atentamente no “pouco” de que dispõe, não é digno de receber o “muito”. Aprenda a cuidar das coisas aparentemente sem importância. Pelas amostras, grandes negócios se realizam neste mundo e o menosprezo para consigo é indesejável mostruário de sua indiferença perniciosa. Aproveite a experiência e volte mais tarde.


Não valeram petitórios do moço necessitado. Foi compelido a retirar-se, em grande abatimento, guardando a dura lição.


Assim também acontece no caminho comum.


Quem deseja o corpo iluminado e glorioso na espiritualidade, além da morte, cuide respeitosamente do corpo físico.

Quem aspira à companhia dos anjos, mostre boas maneiras, boas palavras e boas ações aos vizinhos.


Quem espera a colheita de alegrias no futuro, aproveite a hora presente, na sementeira do bem.


E quantos sonharem com o Céu tratem de fazer um caminho de elevação na Terra mesma.

Neio Lúcio

Do Livro Alvorada Cristã, psicografia Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O MÉTODO DE KARDEC


 
O MÉTODO DE KARDEC
 
- J. Herculano Pires in A Pedra e o Joio
 
Kardec nasceu no início do século XIX, numa fase de aceleramento do processo cultural em nosso mundo. Formou-se na cultura do século, sob a orientação de Pestalozzi, o mestre por excelência. Especializou-se em Pedagogia, que podemos chamar de Ciência da Cultura, e até aos cinquenta anos de idade exerceu intensas atividades pedagógicas, tornando-se o sucessor de Pestalozzi na Europa. Não se fez padre nem pastor, mas cientista e filósofo, na despretensão e na humildade de quem não procurava elevadas posições, mas aprimorar os seus conhecimentos. Adquiriu no estu­do, nas atividades teóricas e na prática, o mais amplo conhecimento dos problemas culturais do seu tempo.
 
Vivendo em Paris, considerada então como o cérebro do mundo, impôs-se ao consenso geral como homem de elevada cultura, um intelectual por excelência. Colocado num mo­mento crucial da evolução terrena, viu e viveu o drama cultural da época. E só aos 50 anos de idade, maduro e culto, deparou com o problema nodal do tempo e procurou solucioná-lo em termos culturais. Esse problema se resumia no seguinte: a cultura clássica, religiosa e filosófica, desabava ao impacto do desenvolvimento das Ciências, sem a menor capacidade para enfrentar o realismo científico e salvar os seus próprios valores fundamentais.
 
Formado na tradição cultural do Século XVIII, herdeiro de Francis Bacon, René Descartes e Rousseau, compreendeu claramente que o problema do seu tempo repousava na questão do método. Os fenômenos espíritas se verificavam com intensidade, como uma espécie de reação natural aos excessos do empirismo, no bom sentido do termo, que era a aplicação do método experimental a todo o Conhecimento. A tradição espiritual rejeitava esses excessos mas não dispu­nha de armas para combatê-los. Kardec resolveu aplicar o método experimental ao estudo dos fenômenos espíritas.
 
Logo aos primeiros resultados verificou que o nó do problema estava no seguinte: o método experimental se aplicava apenas à matéria, excluindo-se o espírito que era considerado como imaterial e portanto inverificável.
 
Mas se havia fenômenos espíritas era evidente que o espírito, manifestando-se na matéria, tornava-se acessível à pesquisa. Tudo dependia, pois, do método. Era necessá­rio descobrir um método de investigação experimental dos fenômenos espíritas. Era claro que esse método não podia ser o mesmo aplicado à pesquisa dos fenômenos materiais, considerados como os únicos naturais. Mas porque os únicos? Porque as manifestações do espírito eram consideradas como sobrenaturais, regidas por leis divinas.
 
Já Descartes, no Século XVII, lutando contra o dogmatismo escolástico, mostrara a unidade de alma e corpo na manifestação do ser humano e advertira contra o perigo de confusão entre esses dois elementos constitutivos do homem. Kardec se sentia bem esteiado na tradição metodológica e conseguiu provar que os fenômenos espíritas eram tão naturais como os fenômenos materiais. Ambos estavam na Natureza, espírito e matéria correspondiam a força e ma­téria, os dois elementos fundamentais de tudo quanto existe.
 
Daí sua conclusão, até hoje inabalada, e confirmada na época pelas manifestações dos próprios Espíritos que o assistiam: a Ciência do Espírito correspondia às exigências da época. Mas era necessário desenvolvê-la segundo a orientação metodológica da Ciência da Matéria, pois essa orientação provara a sua eficiência. A questão era simples: na investigação dos problemas espirituais o método dedutivo teria de ser substituído pelo método indutivo. Mas essa questão se tornava complexa porque a tradição espiritualista, cristalizada nos dogmas das igrejas, repelia como herética e profanadora a aplicação da pesquisa científica aos problemas espirituais.
 
Kardec enfrentou a questão com extraordinária cora­gem. Enfrentou sozinho, sem o apoio de nenhum poder terreno, todo o poderio religioso da época. Teve então de co­locar-se entre os fogos cruzados da Religião, da Filosofia e da Ciência. Os teólogos o atacavam na defesa de seus dogmas, a Filosofia o considerava um intruso e a Ciência o con­denava como um reativador de superstições que ela já havia praticamente destruído. A vitória de Kardec definiu-se bem cedo. A Ciência Psíquica Inglesa, a Parapsicologia Alemã e a Metapsíquica Francesa nasceram da sua coragem e das suas pesquisas. Mais de cem anos depois, Rhine e Mac Dougal fundariam nos Estados Unidos a Parapsicologia moderna, seguindo a mesma orientação metodológica de Kardec. E a sua vitória se confirmou plenamente em nossos dias, quando as pesquisas parapsicológicas endossaram as conclusões de Kardec e logo mais a própria Física e a Biologia fizeram o mesmo. A palavra paranormal, criada por Frederic Myers e hoje adotada na Parapsicologia, substituiu em definitivo, no campo científico, a classificação errônea de sobrenatural dada aos fenômenos espirituais.
 
O espírito como objeto
 
Kardec transformou o espírito, entidade metafísica, em objeto específico da pesquisa científica. Nem mesmo a reação kantiana, nos séculos XVIII e XIX, com a crítica da razão, estabelecendo os supostos limites do conhecimento em termos do Empirismo inglês, impediu essa transformação. Na própria Alemanha o Prof. Frederico Zollner, da Universidade de Leipzig, submeteu o espírito à investigação kardeciana e Schrenck Von Notzing, em Berlim, instalou o primeiro la­boratório de pesquisa espírita do mundo. Hoje os cientistas soviéticos, na maior fortaleza ideológica do materialismo no mundo, provaram sem querer a existência do espírito e de seu corpo espiritual, a que passaram a chamar de corpo bioplasmático. As pesquisas realizadas com o fenômeno da morte mostrou-lhes que o corpo material é vitalizado por ele e por ele mantido em função. A última novidade da Biologia soviética é essa descoberta que atenta contra o ma­terialismo de Estado.
 
O  espírito convertido em objeto de investigações físicas e biológicas é hoje a prova inegável da vitória de Kardec. Mas Kardec avançou além dessa posição atual. Ele não se limitou a pesquisar o espírito como objeto acessível à percepção sensorial. Da mesma maneira por que o pensamento, na Lógica, é um objeto não-físico - e hoje na Parapsicologia um objeto extrafísico - Kardec submeteu o espírito a pesquisas psicológicas e provou a sua realidade energética, a sua natureza dupla, de energia espiritual pura manifestada no corpo espiritual, de natureza semimaterial. Os instrumentos de que se serviu para essa audaciosa pesquisa constituem hoje os campos de força da percepção extra-sensorial, cuja realidade palpável foi demonstrada pelas experiências de laboratório dos mais eminentes parapsicólogos. A aparelhagem mediúnica das pesquisas de Kardec, ridicularizadas pelos sabichões do tempo, como Richet os classificou, é hoje cientificamente reconhecida, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, na Alemanha quanto na URSS.
 
Kardec desenvolveu o seu método de pesquisa tendo por base o processo de comunicação. Hoje estamos na época da comunicação e essa palavra adquiriu um valor científico de importância básica. Mas a palavra comunicação já era, no tempo de Kardec, uma categoria da Filosofia Es­pírita e designava um elemento fundamental da pesquisa espírita. A comunicação mediúnica abriu para o homem uma nova dimensão na sua concepção do mundo e da vida. E Kardec dedicou-lhe todo um tratado, com O Livro dos Médiuns, estabelecendo as regras metodológicas da comunicação entre os vivos da Terra e os supostos mortos do Além. Nenhum tratado atual de Parapsicologia conseguiu superar o que Kardec descobriu e expôs nesse volume.
 
Com essa descoberta Kardec revolucionou o campo central das estruturas religiosas. O problema da Revelação, que representava uma fortaleza aparentemente inexpugnável da Religião, o seu mistério essencial e fundamental, foi cruamente esclarecido. E a posição metodológica de Kardec enriqueceu-se com a possibilidade de investigar as próprias bases da Religião. Mostrando que a fonte da Revelação é a comunicação mediúnica, Kardec pôde estabelecer a relação entre Ciência e Religião de maneira definitiva. Existe, explicou ele, a Revelação Espiritual, que consiste no ensino de leis do mundo espiritual através da comunicação mediúnica, e existe a Revelação Científica, que consiste na explicação de leis do mundo material através da comunicação científica, feita pelos pesquisadores. A Ciência Espírita utilizou-se dessas duas formas de revelação e estabeleceu a conjugação de ambas para o controle do conhecimen­to da realidade, que é o objetivo direto da Ciência.
 
Foi assim que Kardec, adotando uma orientação metodológica segura e nunca dela se afastando, conseguiu, finalmente, desdobrar a moderna concepção do mundo, reve­lando a face oculta da própria Terra em que vivemos e aniquilando o último reduto do maravilhoso ou sobrenatural. Graças a ele, ao seu trabalho gigantesco e ao sacrifício total da sua existência, os cientistas atuais poderão prosseguir no desenvolvimento das Ciências, sem tropeçar nas barreiras supersticiosas, mitológicas, mágicas e teológicas do passado. Kardec completou a Ciência com a sua contribuição espantosa. Fez, praticamente sozinho, no campo do espírito, e em apenas quinze anos de trabalho, o que milhares de equipes de cientistas, no campo da matéria, realizaram através de pelo menos três séculos.
 
E a precisão do seu método se confirma nas conclusões inabaladas e inabaláveis a que chegou sozinho, muitas vezes criticado pelos seus próprios companheiros, que o acusavam de personalismo centralizador. Faltava aos próprios companheiros o espírito científico que o sustentou na batalha sem tréguas. Os que hoje desejam confundir as coisas, ignorando o problema metodológico em Kardec, aceitando mistificações grosseiras de espíritos pseudo-sábios, ser­vem apenas para provar, ainda em nossos dias, como e quan­to Kardec avançou no futuro, superando de muito o seu tempo e o nosso tempo.
 
Só a ignorância orgulhosa ou a inteligência vaidosa e interesseira podem hoje querer superar Kardec, quando a própria Ciência e a própria Filosofia atuais estão ainda rastreando as conquistas de Kardec, nos rumos de futuras descobertas. O Espiritismo evolui, como tudo evolui no Universo. Esse é um axioma espírita. Mas a obra de superação de Kardec pertence às gerações do amanhã, pois a geração atual não revelou ainda condições sequer para compreender Kardec. Por outro lado, é bom lembrar que a superação de Kardec não será mais do que o prosseguimento do seu trabalho, o desdobramento da sua obra, na medida em que o homem se torne mais apto a compreender o que Kardec ensinou. O atraso atual do movimento espírita nos sugere, mesmo, que talvez o próprio Kardec tenha de voltar à Terra, como os Espíritos lhe disseram na ocasião em que esteve entre nós, para completar a sua obra, que homem nenhum foi capaz até o momento de ampliar em qualquer sentido.
 
Os leitores que desejarem verificar as comprovações parapsicológicas atuais das pesquisas de Kardec poderão fazê-lo em duas fontes: a nossa tradução anotada de O Livro dos Médiuns e o nosso livro Parapsicologia Hoje e Amanhã, em sua quarta edição. Neste último encontrarão um capitulo especial sobre a descoberta do corpo bioplasmático pelos físicos e biólogos soviéticos.
 
Fotografias da aura das coisas e dos seres têm sido apre­sentadas como fotografias da alma e justamente rejeitadas pelas pessoas de bom senso. Essas fotos pertencem à fase da efluviografia nas experiências com as câmaras Kyrillian. As fotografias do corpo bioplasmático são as que realmente correspondem à alma.

 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A Escola de Jesus Convida


Frederico Menezes,
palestra em 19.04.2014.
 
A Escola de Jesus Convida

Se desejas luz e paz,
Eis, meu amigo, que insisto,
Na tua vinda, hoje mesmo,
A Escola de Jesus Cristo.

Ruge ainda a tempestade?
Não te perturbes, não temas.
O Evangelho é o templo vivo
Que nos resolve os problemas.

Perdeste tudo em derrotas
Da ambição arrasadora?
Vem renovar teus caminhos,
Partindo da Manjedoura.

Tens aflições, amargura,
Tristezas, enfermidade?
Vem ouvir os pareceres
Do Médico de Verdade.

O sofrimento, o cansaço,
Parecem longos, sem fim?
Escuta o convite eterno,
Repetindo: – “Vinde a Mim!...”

Tens sede de compreensão
Carinhosa e compassiva?
Recorda que, há dois mil anos,
Corre a Fonte da Água Viva.

Queres a vida risonha
Num mar de alegria e flores?
Procura a simplicidade
Dos filhos dos Pescadores.

Sentes dúvidas, anseias,
Quanto à luz dos fins supremos?
Volve ao Messias, embora
No impulso de Nicodemos.

Caíste? Esquece a mentira
Com que ainda te aconselhas.
Coloca os pés noutro rumo,
Busca a Porta das Ovelhas.

Se te envolve a sombra extensa
Da lágrima tormentosa,
Lembra os bens que floresceram
Sobre a Via Dolorosa.

Se padeces a tortura
Do espírito solitário,
Console-te a glória eterna
Que resplendeu no Calvário.

A luta tem sido um fardo
Para a tua alma oprimida?
Atende a Cristo e acharás
Caminho, Verdade e Vida.

Vem à Escola do Evangelho
Da caridade e da luz,
O livro é teu coração,
O Mestre Amado é Jesus.

Apenas recomendamos
Que, antes de entrar, meu irmão,
Deixes, lá fora, as sandálias
Com que adoraste a ilusão.

Casimiro Cunha

Do Livro: Cartas do Evangelho, Médium: Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O Livro - Libelo


 
O Livro - Libelo

O distinto causídico não ocultava a ojeriza que experimentava pela Doutrina Espírita. Fosse onde fosse, se a conversa versasse sobre algum tema de Espiritismo, escorregava deliberadamente para o sarcasmo. “Essa história de Espiritismo só num tratado psiquiátrico”. – dizia irônico -, e destilava pequenas difamações como quem debulhava espigas de brasas. Tão azedo adversário se fizera, que aproveitou largo período de férias, em fazenda silenciosa, para escrever um livro contra os postulados espíritas. Livro-acusação. Livro de ódio. Nos serões caseiros, costumava ler para os amigos esse ou aquele trecho, em que médiuns eram denunciados de maneira cruel. E riam-se, ele e os companheiros, entre um e outro gole de uísque, salpicando a lama esfogueante em forma de letras.



O distinto advogado assumia as primeiras responsabilidades para enviar o volume à editora, quando sobreveio o inesperado.

Dirigia o carro elegante, nas proximidades de um Grupo escolar, quando atarantado pequeno, a correr desorientado, lhe cai sob as rodas.



Um passarinho sob um trator não morreria mais depressa.



Tumulto. Autoridades em cena.



Ele mesmo, suportando os impropérios do povo, apanha o cadáver minúsculo e, de coração agoniado, busca a residência da vítima.



Em sã consciência não é culpado, mas tem o coração alanceado de intensa dor.



Chorando copiosamente, entrega o menino morto aos pais em pranto, que o recebem sem a mínima queixa.



O pai acaricia os cabelos da criança, em silêncio, e a mãezinha ora em lágrimas.



Deseja ser humilhado, acusado, ferido. Isso, decerto, lhe diminuiria a tensão. Encontra ali, porém, apenas resignação e a serenidade.



O advogado consulta então a família sobre a instauração do processo de indenização, mas o chefe da família responde firme:

- Nada disso. O doutor não teve culpa alguma. Ninguém faria isso por querer... Os desígnios de Deus foram cumpridos...

E a mãe do menino enxugando o rosto, acrescenta:



- Choramos, como é natural, mas não desejamos indenização alguma. Deus sabe o que faz.



O causídico, de olhos vermelhos, considerou:



- Então...



- Doutor, não se preocupe... Compreendemos perfeitamente que o senhor não tem culpa... O senhor está sofrendo tanto quanto nós... Ore conosco, a fim de acalmar-se.



Admirando-lhes a paciência cristã, indagou vacilante:

- Que religião professam?



- Nós somos espíritas – informou o pai da pequena vítima.



O advogado baixou a cabeça e ali permaneceu sensibilizado e prestimoso, até a realização dos funerais.



E à noite, em casa, de coração opresso e transformado, fechou-se no quarto e rasgou o livro-libelo que havia escrito.

Hilário Silva

Do Livro: A Vida Escreve, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.