quinta-feira, 30 de abril de 2020


Perante a ciência

Colaborar com as iniciativas que enobreçam as pesquisas e os estudos da inteligência sem propósitos destrutivos.

Toda ciência que objetiva o progresso humano vem do Socorro Celestial.

 Exaltar a contribuição inestimável da medicina terrestre em sua marcha progressiva para a suprema redenção da saúde humana.

O médico, consciente ou inconscientemente, está ligado ao Divino Médico.

Sopitar quaisquer impulsos inamistosos para com os representantes da ciência, sobre temas doutrinários ou problemas assistenciais.

 Na prestação de serviço, temos o exemplo renovador.

Quando chamado a responsabilidades no setor científico, superar limitações e preconceitos, sem perder a simplicidade e a modéstia.

Não há sabedoria real sem humildade vivida.

Desaprovar os procedimentos que, embora rotulados de científicos, venham de encontro aos ensinamentos espíritas.

 À ciência humana sobrepõe-se a Ciência Divina.

“A ciência incha, mas o amor edifica”. — Paulo. (I CORÍNTIOS, 8:1.)


André Luiz

quarta-feira, 29 de abril de 2020


SINAIS DE ALARME.

Há dez sinais vermelhos, no caminho da experiência, indicando queda provável na obsessão:

Quando entramos na faixa da impaciência;

Quando acreditamos que a nossa dor é a maior;

Quando passamos a ver ingratidão nos amigos;

Quando imaginamos maldade nas atitudes dos companheiros;

Quando comentamos o lado menos feliz dessa ou daquela pessoa;

Quando reclamamos apreço e reconhecimento;

Quando supomos que o nosso trabalho está sendo excessivo;

Quando passamos o dia a exigir esforço, sem prestar o mais leve serviço;

Quando pretendemos fugir de nós mesmos, através da gota de álcool ou da pitada de entorpecente;

Quando julgamos que o dever é apenas dos outros;

Toda vez que um desses sinais venha a surgir no trânsito de nossas idéias, a Lei Divina está presente, recomendando-nos, a prudência de parar no socorro da prece ou na luz do discernimento.

SCHEILLA.

terça-feira, 28 de abril de 2020


Perante a enfermidade

Sustentar inalteráveis a fé e a confiança, sem temor, queixa ou revolta, sempre que enfermidades conhecidas ou inesperadas lhe visitem o corpo ou lhe assediem o lar.

Cada prova tem uma razão de ser.

Com o necessário discernimento, abster-se do uso exagerado de medicamentos capazes de intoxicar a vida orgânica.

Para o serviço da cura, todo medicamento exige dosagem.

Desfazer ideias de temor ante as moléstias contagiosas ou mutilantes, usando a disciplina mental e os recursos da prece.

A força poderosa do pensamento tanto elabora quanto extingue muitos distúrbios orgânicos e psíquicos.

Sabendo que todo sofrimento orgânico é uma prova espiritual, dentro das leis cármicas, jamais recear a dor, mas aceitá-la e compreendê-la com desassombro e conformação.

A intensidade do sofrimento varia segundo a confiança na Lei Divina.

Aceitar o auxílio dos missionários e obreiros da medicina terrena, não exigindo proteção e responsabilidade exclusivas dos médicos desencarnados.

A Eterna Sabedoria tudo dispõe em nosso proveito.

Afirmar-se mentalmente em segurança, acima das enfermidades insidiosas que lhe possam assaltar o organismo, repelindo os pensamentos e as palavras de desespero ou cansaço, na fortaleza de sua fé.

A doença pertinaz leva à purificação mais profunda.

Aproveitar a moléstia como período de lições, sobretudo como tempo de aplicação dos valores alusivos à convicção religiosa.

A enfermidade pode ser considerada por termômetro da fé.

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” — Jesus. (MATEUS, 11:28.)

André Luiz

segunda-feira, 27 de abril de 2020


Os precursores

A alma, seguindo a lei de evolução que rege os corpos, se vem desenvolvendo através dos reinos da natureza e através dos séculos até chegar à nossa espécie.

Ela traz, portanto, ao entrar na vida humana, resíduos milenários, e daí a selvageria, o egoísmo, a fereza, os sentimentos inferiores que parecem constituir os caracteres da grande maioria dos seres.

Para acelerar o nosso progresso espiritual vem o Criador enviando ao planeta os seus Instrutores e eles nos comunicam as leis divinas, que são pauta de nossa conduta, que são os ensinos que nos devem encaminhar ao bem e aos bons sentimentos.

O Bramanismo, cujas raízes se perdem no tempo, recomenda aos homens a coragem moral, a sabedoria, o amor às criaturas, o sacrifício, a retidão, a austeridade.

No Prasada se atribui a Krishna as máximas que estabelecem a moral dos povos; elas nos dizem que o orgulho, a avareza, a crueldade, a cólera, o tédio, as paixões vergonhosas e os vícios tornam os homem desprezível.
Zoroastro, há muitos séculos, fundava na Pérsia uma religião digna de respeito.

Jeremias toma a defesa dos oprimidos, clama pela paz, prega contra a tirania, a veniaga, o assassínio, os maus costumes. Deixa ao mundo uma grande lição e um grande exemplo. Era um homem que chorava, como choram todos aqueles que percebem as fraquezas do povo, a falência da humanidade.

Buda, 600 anos antes do Cristo, apresenta uma religião fundada na misericórdia, no bem, na instrução, no desprendimento, no altruísmo, na mansidão, no respeito mútuo, na fraternidade, na ausência de desejos e paixões.

Recomendava a ação reta, a existência reta, a linguagem reta, a aplicação reta, o pensamento reto, a meditação reta. Em síntese, era o não pequeis por pensamentos, palavras e obras. Por toda parte aconselhava e repetia a máxima bramânica – “Sede como o sândalo que perfuma o machado que o corta”.

No Oriente, fulguram três grandes estrelas: Lao-Tse, Mêncio e Confúcio.
Lao-Tse apresenta o Livro da Razão Suprema e estabelece os princípios morais que os dois astros, mais tarde, espalham e desenvolvem.

Mêncio, ou Meng-Tse, em seu Tratado de Moral, aponta aos homens a sua verdadeira conduta.

Confúcio resume o seu longo ensino na frase – “Não faças aos outros o que não queres que te façam”.

Detenhamo-nos agora nos dois gigantes nascidos naquele país onde floresceu o gênio antigo, onde a Literatura, a Arte, a Filosofia e a Política foram de uma ousadia que ainda causam admiração aos séculos que se seguiram.

Dir-se-iam os precursores do Cristianismo e as suas idéias se ajustam às que nos trazem os Espíritos, hoje englobadas na obra imorredoura de Allan Kardec.

Foram eles: Sócrates e Platão. Sócrates deixa a Platão a sua filosofia:
“O homem é uma alma encarnada. Existe antes de tomar um corpo na Terra, à qual deseja voltar. Não é no corpo, porém, que encontramos a verdade; nele estamos sempre cheios de desejos, apetites, temores, ambições, quimeras, frivolidades.

A alma impura vive presa ao mundo e persevera no mal. São longos e numerosos os períodos da vida. Só os bons podem esperar tranquilamente a passagem deste a outro plano, ou seja, a passagem da morte. A maior infelicidade é conservar a alma cheia de pecados.

Mais vale receber uma injúria que cometê-la. Devemos ser homens de bem. O bem é que eleva o homem. Não se deve fazer mal algum por muito mal que nos façam.

A árvore se conhece pelo fruto.”

Como o Cristo, já Sócrates falava no perigo das riquezas.

“Pouco valem as preces – ensinava ele – se a alma não é virtuosa. E não é virtuoso aquele que prefere os prazeres do corpo às belezas da alma. É o amor que ornamenta a natureza e é o amor que dá paz aos homens. O amor e a dor contribuem para o progresso.

Costumamos ver os erros alheios, esquecendo os nossos. E o homem, na sua existência, espalha mais o mal que o bem.

Será sábio não supor saber o que não sabe.”

A vida de Sócrates foi um apostolado. “Conhece-te a ti mesmo” – aconselhava sempre. É o nosce te ipsum de que os romanos fizeram uma divisa. “É preciso conhecer – dizia ele –. O conhecimento nos leva ao caminho da verdade.”

Conhecemos a vida e os ensinos de Sócrates pelos Diálogos de Platão e Xenofonte. Viveu ensinando e morreu pelos seus ensinos. Foi vítima da ignorância e da maldade humana. Os fanáticos não poderiam compreendê-lo, como, ainda hoje, muitos não compreendem os princípios de lógica nem a lógica dos princípios que os Arautos do Senhor nos trazem.

Teve a sorte de quase todos os que se destacam da craveira comum e procuram, no bem, pelo bem e nos ensinos do bem, a felicidade de seus semelhantes.

Fizeram-no morrer. Mas aplainou, com seu trabalho, seu esforço, suas penas e seu sangue, o caminho que estamos palmilhando.

Finalmente o Cristo. Este legou à humanidade um Evangelho de paz, de harmonia, de perdão, de amor. Sua maior máxima era um resumo de toda a sua pregação messiânica: “Amai-vos uns aos outros”.

E para Ele os apodos, o opróbrio, o flagício, o açoite, os espinhos, a cruz.

Carlos Imbassahy

Do livro A Missão de Allan Kardec

domingo, 26 de abril de 2020


SEJAMOS SIMPLES.

 “Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque deles é o reino de Deus“. – Jesus. (LUCAS, 18:16)”.

Surge o progresso da sucessão constante de labores variados em todas as frentes de atividade humana.

Um esforço acompanha outro, um objeto mais aperfeiçoado modifica os movimentos da criatura.

Vida após vida, geração a geração, a Humanidade caminha recebendo luz e burilamento.

Toda a vida futura, no entanto, depende inevitavelmente da vida presente, como toda colheita próxima se deriva da sementeira atual.

A infância significa, por isso, as vibrações da esperança nos dias porvindouros, muito embora a fragilidade com que se caracteriza.
A ingenuidade dos pensamentos e a meiguice dos modos dão à criança os traços da virgindade sentimental necessária ao espírito para galgar os estágios superiores da evolução.

Eis, porque, o Senhor, com muita propriedade; elegeu na infância o símbolo da pureza indispensável à sustentação do ser na Vida Maior.

No período infantil encontramos as provas irrecusáveis de que as almas possuem, no âmago de si mesmas, as condições potenciais para a angelitude.

Urge, pois, saibamos viver com a simplicidade dos pequeninos, na rota da madureza renunciando às expressões inferiores do egoísmo e do orgulho, da astúcia e da crueldade, que tantas vezes se nos ocultam nos gestos de fidalguia aparente.

No reino de Deus ninguém cresce para a maldade.

Sejamos simples, vivendo o bem espontâneo.

Observa, portanto, em ti, os sinais positivos que conservas da infância, com índice de valores morais para a excursão, monte acima.

Seja criança em relação ao mal que perturba e fere, realizando a maturação de teus sentimentos na criação do amor puro, porque somente no amor puro encontraremos acesso à Eterna Sublimação a que estamos destinados.

EMMANUEL.

sábado, 25 de abril de 2020


AVISE A VOCÊ.

Aprenda a admoestar-se, antes que a vida admoeste a você.

Se o seu problema é alimentar-se excessivamente, exponha na mesa está legenda escrita, diante dos olhos:
- Devo moderar meu apetite.

Se a sua luta decorre da preguiça, dependure este dístico à frente do próprio leito para a reflexão cada manhã:
 - Devo trabalhar honestamente.

Se a sua intranquilidade surge da irritação sistemática, coloque este aviso em evidência na lar para observação incessante:
- Devo governar minhas emoções.

Se o seu impedimento irrompe de vícios arraigados, carregue consigo um cartão com esta lembrança breve:
- Devo renovar-me.

Se o seu caso difícil é a inquietação sexual, traga no pensamento este aviso constante:
- Devo controlar meus impulsos.

Se o seu ponto frágil está na palavra irrefletida, espalhe este memorando em torno de seus passos:
- Devo falar caridosamente.

Não acredite em liberdade incondicional. Todo direito está subordinado a determinado dever. Ninguém abusa sem consequências.

Repare os sistemas penalógicos da vida funcionando espontaneamente.

Enfermidades compartilham excessos...
Obsessões cavalgam desequilíbrios...
Cárceres segregam a delinquência...
e encarnações expiatórias acompanham desatinos...

Corrijamos a nós mesmos, antes que o mundo nos corrija.
Todos sabemos proclamar os méritos do pensamento positivo, entretanto, não há pensamento positivo para o bem sem pensamento reto.

O tempo é aquele orientador incansável que ensina a cada um de nós, hoje, amanhã e sempre que ninguém pode realmente brincar de viver.

ANDRÉ LUIZ.

sexta-feira, 24 de abril de 2020


EM CASA.

Ninguém foge à lei da reencarnação.

Ontem, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral.

Hoje, guardamo-la na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.

***
Ontem, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício.

Hoje, temo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.

***
Ontem, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes.

Hoje, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção.

***
Ontem, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.

Hoje, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.

***
Ontem, abandonamos a companheira inexperiente, a míngua de todo auxílio, situandoa nas garras da delinquência.

Hoje, achamo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigirnos a permanência no curso infatigável da tolerância.

***
Ontem, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, apunhalado de ingratidão.

Hoje, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinhos e fidelidade.

À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faz o melhor que possas.

Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorria para os que te ferem e desculpam todos aqueles que te injuriam...

A humanidade é chave de nossa libertação.

E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.

EMMANUEL.

quinta-feira, 23 de abril de 2020


ANTES, PORÉM...

Você pede melhoras de saúde.
Antes, porém, socorra o enfermo em condições mais graves.

Você pede, em favor do seu filho.
Antes, porém, proteja a criança alheia em necessidade maior.

Você pede providência determinada.
Antes, porém, alivia a preocupação de outra pessoa, em prova mais contundente que a sua.

Você pede concurso fraterno contra a obsessão que o persegue.
Antes, porém, estenda as mãos ao obsidiado que sofre sem os recursos de que você já dispõe.

Você pede perdão pela falta cometida.
Antes, porém, desculpe incondicionalmente aqueles que lhe feriram o coração.

Você pede apoio à existência.
Antes, porem, seja consolo e refúgio para o irmão que chora em seu caminho.

Você pede felicidade.
Antes, porém, semeie nalgum gesto simples de amor a alegria do próximo.

Você pede solução a esse ou àquele problema.
Antes, porém, busque suprimir essa ou aquela pequenina dificuldade dos semelhantes.

Você pede cooperação.
Antes, porém, colabore a benefício dos que suam e gemem na retaguarda.

Você pede a assistência dos bons espíritos.
Antes, porém, seja você mesmo um espírito bom, ajudando aos outros.

Toda solicitação assemelha-se, de algum modo, à ordem de pagamento, que, para ser atendida, reclama crédito.

A casa não se equilibra sem alicerce.

Uma fonte ampara outra.

Se quisermos auxílio, aprendamos a auxiliar.

ANDRÉ LUIZ

quarta-feira, 22 de abril de 2020


A PROVA ÚLTIMA

Emmanuel

E porque o aprendiz indagasse sobre o currículo dos exames a respeito do aperfeiçoamento da alma, o mentor esclareceu, paciente:
- Na Espiritualidade Superior, as avaliações de aproveitamento são muitas. Temos as de paciência, de disciplina, de espírito de serviço e de auxílio aos semelhantes, no entanto, ao que me parece, a última é a mais difícil de todas.
E qual é a última?
- Indagou o discípulo atento.
O mentor respondeu, em tom decisivo:
- A última prova, no aperfeiçoamento de cada um de nós é a humildade.

terça-feira, 21 de abril de 2020


O PROGRAMA DO SENHOR

A frente da turba faminta, Jesus multiplicou os pães e os peixes, atendendo à necessidade dos circunstantes.

O fenômeno maravilhara.

O povo jazia entre o êxtase e o júbilo intraduzíveis.

Fora quinhoado por um sinal do Céu, maior que os de Moisés e Josué.

Frêmito de admiração e assombro dominava a massa compacta.

Relacionavam-se, ali, pessoas procedentes das regiões mais diversas.

Além dos peregrinos, em grande número, que se adensavam habitualmente em torno do Senhor, buscando consolação e cura, mercadores da Iduméia, negociantes da Síria, soldados romanos e cameleiros do deserto ali se congregavam em multidão, na qual se destacavam as exclamações das mulheres e o choro das criancinhas.

O povo, convenientemente sentado na relva, recebia, com interjeições gratulatórias, o saboroso pão que resultara do milagre sublime.

Água pura em grandes bilhas era servida, após o substancioso repasto, pelas mãos robustas e felizes dos apóstolos.

E Jesus, após renovar as promessas do Reino de Deus, de semblante melancólico e sereno contemplava os seguidores, da eminência do monte.

Semelhava-se, realmente, a um príncipe, materializado, de súbito, na Terra, pela suavidade que lhe transparecia da fronte excelsa, tocada pelo vento que soprava, de leve...

Expressões de júbilo eram ouvidas, aqui e ali.

Não fornecera Ele provas de inexcedível poder? não era o maior de todos os profetas? não seria o libertador da raça escolhida?

Recolhiam os discípulos a sobra abundante do inesperado banquete, quando Malebel, espadaúdo assessor da Justiça em Jerusalém, acercou-se do Mestre e clamou para a multidão haver encontrado o restaurador de Israel. Esclareceu que conviria receber-lhe as determinações, desde aquela hora inesquecível, e os ouvintes reergueram-se, à pressa, engrossando fileiras, ao redor do Messias Nazareno.

Jesus, em silêncio, esperou que alguém lhe endereçasse a palavra e, efetivamente, Malebel não se fez rogado.

– Senhor – indagou, exultante –, és, em verdade, o arauto do novo Reino?

– Sim – respondeu o Cristo, sem, titubear.

– Em que alicerces será estabelecida a nova ordem? – prosseguiu o oficial do Sinédrio, dilatando o diálogo.

 – Em obrigações de trabalho para todos.

O interlocutor esfregou o sobrecenho com a mão direita, evidentemente inquieto, e continuou:

– Instituir-se-á, porém, uma organização hierárquica?

– Como não? – acentuou o Mestre, sorrindo.

– Qual a função dos melhores?

– Melhorar os piores.

– E a ocupação dos mais inteligentes?

– Instruir os ignorantes.

– Senhor, e os bons? Que farão os homens bons, dentro do novo sistema?

Ajudarão aos maus, á fim de que estes se façam igualmente bons.

– E o encargo dos ricos?

 – Amparar os mais pobres para que também se enriqueçam de recursos e conhecimentos.

– Mestre – tornou Malebel, desapontado –, quem ditará semelhantes normas?

– O amor pelo sacrifício, que florescerá em obras de paz no caminho de todos.

– E quem fiscalizará o funcionamento do novo regime?

– A compreensão da responsabilidade em cada um de nós.

– Senhor, como tudo isto é estranho! – considerou o noviço, alarmado – desejarás dizer que o Reino diferente prescindirá de palácios, exércitos, prisões, impostos e castigos?

– Sim – aclarou Jesus, abertamente –, dispensará tudo isso e reclamará o espírito de renúncia, de serviço, de humildade, de paciência, de fraternidade, de sinceridade e, sobretudo, do amor de que somos credores, uns para com os outros, e a nossa vitória permanecerá muito mais na ação incessante do bem com o desprendimento da posse, na esfera de cada um, que nos próprios fundamentos da Justiça, até agora conhecidos no mundo.

Nesse instante, justamente quando os doentes e os aleijados, os pobres e os aflitos desciam da colina tomados de intenso júbilo, Malebel, o destacado funcionário de Jerusalém, exibindo terrível máscara de sarcasmo na fisionomia dantes respeitosa, voltou as costas ao Senhor, e, acompanhado por algumas centenas de pessoas bem situadas na vida, deu-se pressa em retirar-se, proferindo frases de insulto e zombaria...

O milagre dos pães fora rapidamente esquecido, dando a entender que a memória funciona dificilmente nos estômagos cheios, e, se Jesus não quis perder o contacto com a multidão, naquela hora célebre, foi obrigado a descer também.

Irmão X
FRANCISCO CANDIDO XAVIER
PONTOS E CONTOS

segunda-feira, 20 de abril de 2020


DÍVIDAS.

“Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes”. – Paulo. (ROMANOS, 1:14).

O Apóstolo da Gentilidade frisou claramente a sua condição de legítimo devedor de todos e essa condição é a de qualquer outro ser da comunidade humana.

A criatura em si, não é apenas a soma das próprias realizações, mas também o produto de débitos inumeráveis para com o grupo a que pertence.

Cada um deve incalculáveis tributos às almas com quem convive.

Não nos esqueçamos de que vivemos empenhados à boa vontade dos corações amigos...

A sabedoria dos mais experientes...

Ao carinho dos companheiros próximos...

Ao apoio e ao estímulo dos familiares...

Aos nobres impulsos das relações fraternais...

Portanto, pelo reconhecimento das nossas dívidas comuns, provamos a real inconsequência do orgulho e da vaidade em qualquer coração e a impraticabilidade do insulamento em nosso passo evolutivo.

A dívida importa em compromisso e compromisso significa resgate natural ou compulsório.

Todos somos devedores uns dos outros.

Se ainda alimentas algum laivo de superioridade egoística, à frente dos semelhantes, lembra-te das dívidas numerosas, que ainda não saldaste, a começar pelo próprio instrumento físico que te foi emprestado temporariamente.

EMMANUEL.

domingo, 19 de abril de 2020


DIVINO AVISO.

A luz do conhecimento que já atingiste, pode ser estendida à sombra dos outros.

O dinheiro que ajuntaste, pode ser amparo à necessidade dos semelhantes.

A fé que possuir, pode ser refúgio aos que desfalecem.

A doença que sofres, pode ser motivo de paciência, a valer entre os seres queridos por sustento moral.

A ofensa que recebeste, pode ser testemunho de humildade, confortando a todos aqueles que te partilham a experiência.

A hora de que dispões, pode ser trabalho a favor do próximo.

A palavra que falas, pode ser auxilio na luta alheia.

A atitude que tomes, pode ser diretriz do levantamento da caridade.

Ah, meu irmão da Terra!

Toda situação pode ser apoio à vitória do bem e todo serviço prestado ao bem é riqueza da alma, que malfeitores não furtam e que as traças não roem.

Escuta o relógio coração do tempo que te orienta o caminho – e o tempo, qual mensageiro da Eterna Sabedoria, te revelará, por fim, que o seu tique-taque, incessante e sempre novo tique-taque, é divino aviso da Vida, recomendando:

- Serve-serve, serve-serve!

ALBINO TEIXEIRA.

sábado, 18 de abril de 2020


ENTENDAMOS.

***
O objetivo da sua vida na Terra não constitui a autoridade, a beleza ou o conforto efêmeros.

É o aperfeiçoamento espiritual.

***
A fraternidade pura não expressa facciosismo de classe ou crença, pátria ou partido.

É bênção de amor e de entendimento.

***
A finalidade da educação não se resume no respeito cego a tradicionalismo e preconceito.

É disciplina aos impulsos próprios.

***
A máquina não existe para automatizar a experiência.

É recurso à prosperidade geral.

***
A evangelização da infância não consiste em seu acondicionamento às nossas idéias.

É o processo da emancipação infantil para a compreensão da justiça e do bem.

 ***
O exercício profissional não consubstancia concorrência desonesta em louvor da ambição.

É ensejo de auxílio a todos.

***
O conhecimento maior não representa ingresso à felicidade contemplativa.

É libertação do erro com responsabilidade na consciência.

***
A caridade não exprime virtude, conforme a nossa inclinação afetiva.

É solução a qualquer problema.

***
A sua fé não significa exclusivo ideal para o futuro.

É força construtiva para hoje.

***
O seu estudo não se restringe à padronização de sua existência à existência dos outros.

É arma viva para a reforma de você mesmo.

***
A melhoria moral não transparece desse ou daquele título honroso alcançado entre os homens.

É luz manifesta em seu bom exemplo.

ANDRÉ LUIZ.