segunda-feira, 30 de novembro de 2015


PRECE DE ACEITAÇÃO

 


Seu eu pudesse, Jesus,

Queria estar contigo

Para ser a esperança realizada

De quem vai pelo mundo, estrada a estrada,

Entre a necessidade e o desabrigo...

 

Desejava seguir-te, humildemente,

Sem méritos embora,

Para erguer-me em consolo de quem chora

Mostrando o coração enfermo e descontente.

 

Queria acompanhar-te nos recintos,

Onde a dor leciona e aperfeiçoa

A fim de ser conforto junto dela

E, manejando a frase terna e boa

Afirmar como a vida é grande e bela!...

 

Se pudesse, Senhor, conversaria

Com todas as crianças

Para dizer que não te cansas

De criar alegria...

E seria feliz ao converter-me

Em modesto recado,

Informando, Jesus, a todos os velhinhos

Que nunca estão sozinhos,

Porque segues conosco, lado a lado...

 

Se dispusesse de recursos,

Queria ser a vela pequenina,

Acesa no clarão do sol que levas,

De modo a socorrer aos que jazem nas trevas,

Fugindo, sem razão, da Bondade Divina...

Entretanto, Senhor,

Sei das deficiências que carrego...

Venho a ti como estou,

Por isto mesmo rogo,

Não me deixes a sós por onde vou...

Se não posso, Jesus,

Ser bondade, socorro, paz e luz,

Toma-me o coração

E, perdoando a minha imperfeição,

Esquece tudo o que meu sonho almeja

E ensina-me, Senhor,

Com o teu imenso amor,

O que queres que eu seja.

Maria Dolores

domingo, 29 de novembro de 2015


INIMIGOS OCULTOS

 

Mencionamos, com muita frequência, que os inimigos exteriores são os piores expoentes de perturbação que operam em nosso prejuízo. Urge, porem, olhar para dentro de nos, de modo a descobrir que os adversários mais difíceis são aqueles de que não nos podemos afastar facilmente, por se nos alojarem no cerne da própria alma.

 

Dentre eles, os mais implacáveis são:

 

- o egoísmo, que nos tolhe a visão espiritual, impedindo vejamos as necessidades daqueles que mais amamos;

- o orgulho, que não nos permite acolher a luz do entendimento, arrojando-nos a permanente desequilíbrio;

- a vaidade, que nos sugere a superestimação do próprio valor, induzindo-nos a desprezar o merecimento dos outros;

- o desânimo, que nos impele aos precipícios da inércia;

- a intemperança mental, que nos situa na indisciplina;

- o medo de sofrer, que nos subtrai as melhores oportunidades de progresso, e tantos outros agentes nocivos que se nos instalam no Espírito, corroendo-nos a energias e depredando-nos a estabilidade mental.

Para a transformação dos adversários exteriores contamos, geralmente, com o amparo de amigos que nos ajudam a revisar relações, colaborando conosco na constituição de novos caminhos; entretanto, para extirpar os que moram em nos, vale tão-somente o auxilio de DEUS, com o laborioso esforço de nos mesmos.

Reportando-nos aos inimigos externos, advertiu-nos JESUS que é preciso perdoar as ofensas setenta vezes sete vezes, e decerto que para nos descartarmos dos inimigos internos – todos eles nascidos nas trevas da ignorância – prometeu-nos o Senhor: “conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres”, o que equivale dizer que só estaremos a salvo de nossas calamidades interiores, através de árduo trabalho na oficina da educação.

 

Emmanuel, do livro Alma e coração, psicografia de Chico Xavier.

 

sábado, 28 de novembro de 2015


Agressões

Muitas vezes, na vida, sentes o coração visitado pela agressão gratuita e pelo desprezo de pessoas que julgavas amigas, e, nestes momentos, a mágoa te envolve o ser, ameaçando-te a tranqüilidade e a paz.
Sentes, então, o desânimo e o desejo de te isolares de tudo e de todos, numa atitude fuga.
Nestes momentos de tormento íntimo, recorre à prece antes de qualquer atitude menos feliz.
Recorda os ensinos de Jesus e, fortalecido pela humildade, arma-te da coragem de seguir adiante, sem deixar de servir e trabalhar.
Se a árvore deixasse de produzir frutos a cada agressão que sofresse dos homens, provavelmente a humanidade viesse a experimentar grande carência de alimentos.
Se o rio secasse a cada atitude de agressão dos homens, em lhe poluindo com dejetos de todo tipo, provavelmente já não mais haveria água potável na Terra.
Assim, também, se nos isolamos e deixamos de servir a cada agressão que sofremos, extinguiremos da Terra as possibilidades de progresso em direção ao Bem.
Diante disso, medita e segue adiante, na confiança de que Deus tem sido infinitamente misericordioso com a humanidade e em particular com cada um de nós, razão pela qual devemos lançar ao esquecimento as agressões e, numa atitude cristã, abençoarmos e servirmos, cumprindo a nossa parte no processo de evolução em favor da humanidade e em favor da nossa própria redenção.
Um Amigo

sexta-feira, 27 de novembro de 2015


Embainha Tua Espada
"Embainha tua espada." - Jesus (JOÃO. 18:11.)

A guerra foi sempre o terror das nações.

Furacão de inconsciência, abre a porta a todos os monstros da iniquidade por onde se manifesta. O que a civilização ergue, ao preço dos séculos laboriosos de suor, destrói com a fúria de poucos dias.

Diante dela, surgem o morticínio e o arrasamento, que compelem o povo à crueldade e á barbaria, através das quais aparecem dias amargos de sofrimento e regeneração para as coletividades que lhe aceitaram os desvarios.

Ocorre o mesmo, dentro de nós, quando abrimos luta contra os semelhantes.
 . .
Sustentado a contenda com o próximo, destruidora tempestade de sentimentos nos desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda da evolução.

Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corrigir as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insânia...

Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor:
 
- "Embainha tua espada. . ."

Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
 
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz.
 
De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos.
 
A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo.

Recordemos, assim que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação.
Emmanuel
 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015


O Senhor Vem...

E eis que Ele chega sempre de mansinho.
Haja sol, faça frio ou tempestade;
Veste o manto do amor e da verdade,
E percorre o silêncio do caminho.

Vem ao nosso amargoso torvelinho,
Traz às sombras da vida a claridade,
E os próprios sofrimentos da impiedade
São as bênçãos de luz do seu carinho,

Como o Sol que dá vida sem alarde,
Vem o Senhor que nunca chega tarde,
E protege a miséria mais sombria.

Ele chega. E o amor se perpetua...
É por isso que o homem continua
Ressurgindo da treva a cada dia.

Auta de Souza

Do livro: Parnaso de Além Túmulo, Médium: Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 25 de novembro de 2015




DIVALDO FRANCO E O PADRE


Certa vez, fui a um padre confessar (antes de tornar-me espírita). Contei-lhe sobre minhas comunicações com os mortos. Para ele eram forças demoníacas tentando me afastar da Igreja. Veio-me uma mágoa de Deus e comecei a questionar:
- Sou um bom católico, bom sacristão, adoro a Igreja, faço jejum, passo a semana da Páscoa sem comer até o meio-dia. Se Deus não pode com o diabo, eu vou aguentar? O diabo vai me vencer. Como um garoto de 17 anos, do interior, ingênuo, pode vencer o diabo se nem Deus consegue?
Entrei em depressão e fiquei com mágoa de Deus. Confessei-me ao padre:
- Eu vou me matar. Nossa Senhora do Carmo vai ter pena de mim, vai me colocar o escapulário e me tirar do inferno.
Ele me olhou demoradamente e respondeu:
- Não tome nenhuma atitude agora. O demônio às vezes nos perturba para testar a nossa fé; quando não consegue, abandona. Volte para a Igreja.
Era um homem honesto, acreditava piamente em suas ideias.
Um dia, ao confessar-me a ele, vi aproximar-se um Espírito. Tive outro conflito:
- Como pode o diabo entrar na sacristia?
Aliás eu via sempre os Espíritos. no momento da eucaristia a hóstia tornava-se luminosa quando colocada na minha boca. Às vezes, em Feira de Santana, via o cônego Mário Pessoa aureolado. No meu entendimento (católico), ele era um santo. As pessoas na hora da fé se iluminavam e eu julgava tudo alucinação.
Quando o Espírito entrou, exclamei:
- Olha, o diabo está vindo, e é mulher!
- Você vê algum sinal particular no rosto dela? - indagou-me o padre.
- Vejo uma verruga acima do lábio.
- E o que mais?
- O cabelo está partido ao meio, penteado com um coque atrás.
- E o que mais?
- Vejo um xale sobre os ombros, com pontas, um xale negro de xadrez.
- Pode ficar tranquilo, é mamãe.
Ela "incorporou" e conversou com o padre. Quando despertei, ele me esclareceu:
- Divaldo, mamãe veio me alertar. A sua missão não é aqui, vá seguir a tarefa que Deus lhe confiou, porque o bem está em todo lugar.
Fiquei mais tumultuado, porque eu não era espírita, tinha medo, sentia-me de certo modo alijado da Igreja, mas continuava a frequentá-la e ao Centro Espírita.
Tinha conflitos de fé, principalmente quando morreu minha irmã, por suicídio. Mamãe foi encomendar missa a esse mesmo sacerdote, um homem bom, e ouviu dele:
- Dona Ana, não posso celebrar, porque o suicida está no inferno e Deus não o tira de lá.
Foi quando aprendi a primeira lição de lógica e de psiquiatria, com uma mulher iletrada - a minha mãe:
- Padre, então eu renego o seu Deus. Se Ele não é capaz de perdoar não é digno de ser Deus. Sou lavadeira modesta e analfabeta, mas a filha que perdi, eu a perdôo; como é que Deus, que a tem, não a perdoa? Digo mais, quem se mata não está no seu juízo.
Mais tarde eu viria saber que muitos portadores de psicose maníoco depressiva PMD, vão ao suicídio.
Aprendi muito com esse homem, com mamãe, e quando eu lhe disse que não iria mais à igreja, ela me respondeu:
- Deus está em todo lugar. Se você for justo e agir com retidão, Ele estará com você. Faça o bem, meu filho, porque a verdadeira religião é aliviar o sofrimento alheio.
A partir desse acontecimento integrei-me lentamente ao Espiritismo.


(Divaldo Pereira Franco)

terça-feira, 24 de novembro de 2015


O Mundo em Nossas Mãos

No esforço de manter-se ocupado, há algo muito importante:

Não deixe passar um só dia sem o emprenho de aprender.

Nossa mente, se assim posso dizer, tem propriedades elásticas. Quanto mais coisas botamos dentro dela, mas cresce, mais poderosa fica, mais capaz.

E quanto mais aprendemos, melhor compreendemos a vida, mais equilibrados ficamos, mais felizes vivemos.

Sócrates, que foi um grande sábio da Antiguidade dizia :

Só ha um mal – a ignorância.

Só há um bem – o conhecimento.

Ele queria dizer que os males em que nos envolvemos nascem sempre de não sabermos como lidar com a Vida.

Mais exatamente, nascem de nossa ignorância.

Analisando friamente a questão você fatalmente reconhecerá que se conhecesse melhor as coisas, se tivesse uma visão mais clara sobre a Vida, certamente não estaria numa prisão.

Por isso Sócrates afirma que o único bem é o conhecimento.

Quem adquire conhecimento fica sabendo o que é realmente importante em favor de sua felicidade.

Nessa busca de conhecimento há um amigo muito especial, disposto a nos acompanhar onde estivermos, até na prisão.

Está sempre pronto a nos atender e ensinar, a qualquer momento.

Nunca se cansa.

Nunca se aborrece.

Nunca se recusa.

Esse amigo de todas as horas é o livro.

Com ele aprendemos as coisas mais interessantes, aumentamos a nossa capacidade de pensar, viajamos...

Nesse momento, enquanto lê estas linhas, você não está na prisão. Em pensamento, livre como um pássaro, viaja comigo no maravilhoso país das idéias.

Talvez você não goste de ler.

Não está sozinho.

Muitas pessoas jamais abriram um livro.

Não sabem o que estão perdendo...

Mas não é tão difícil cultivar a
leitura.

Basta criar o hábito.

Hábito é aquilo que a gente está acostumado a fazer.

Fazemos automaticamente, com facilidade, sem esforço...

Por exemplo:

Falar mal da vida alheia.

Muita gente gosta disso. Basta se reunirem duas ou mais pessoas e dali a pouco estão fofocando.

É um mau hábito.

Não traz nenhum proveito. Ao contrário, só gera confusão, desentendimento, discórdia, brigas...

Ler é um bom hábito.

No começo é meio enjoado, cansativo. A gente não consegue prestar atenção, tem dificuldade para entender.

Mas se insistirmos, lendo todo dia um pouco, acabaremos gostando, e leremos cada vez mais, e entenderemos cada vez melhor.

Experimente.

Em princípio faça como um dever.

Assuma perante você mesmo um compromisso:

Ler, todos os dias, algumas páginas de um bom livro, aquele que lhe ofereça conhecimento.

Aos poucos você começará a ler mais páginas e haverá de gostar.

Verá que é muito bom.

Richard Simonetti

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

 
PÁGINA DE ANÁLIA
À doente se queixava em desespero, a senhora que lhe velava o leito perguntou:
- Permite que eu leia para seu reconforto algum pequeno trecho de Allan Kardec?
- Deus me livre! - gritou a enferma, cuspindo-lhe aos pés.
Ainda assim, as mãos abnegadas da companheira continuaram ajeitando-lhe os lençóis...
- Quero água! - exigiu a doente.
A amiga trouxe-lhe água pura e fresca.
De copo às mãos, a enferma, num ímpeto, atirou-lhe todo o líquido à face, vociferando:
- Água imunda!...
como se atreve a tanto?
Quero outra!
Paciente e humilde, a senhora enxugou o rosto molhado e, em seguida, trouxe mais água.
- Quero chá.
E o chá surgiu logo.
- Chá malfeito! Chá frio! O conteúdo da taça foi projetado ao peito da outra, ensopando-lhe a blusa.
- Traga chá quente! Foi a ordem obedecida.
- Você aceita agora o remédio? - indagou a assistente.
- Que venha depressa.
Ao tomar, contudo, a poção, a dama inconformada agarra a colher e vibra um golpe no braço da amiga.
 
 
Surge pequeno ferimento, mostrando sangue.
E a enferma cai em crise de lágrimas.
Chora, chora e depois diz:
- Anália, se a religião espírita que você abraçou é o que lhe ensina a me suportar com tanta calma, leia o que quiser.
A interpelada sentou-se.
Tomou "O Evangelho segundo o Espiritismo" e leu a formosa página intitulada A Paciência,
no capítulo IX, que começa afirmando:
"A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos..."
Acalmou-se a doente, que acabou aceitando o socorro do passe e o benefício da água fluída.
Conversaram ambas.
A enferma, asserenada, ouviu da companheira os planos que arquitetava para o futuro, em benefício dos meninos abandonados à rua.
No dia seguinte, ao despedir-se, a obsidiada em reequilíbrio beijava-lhe as mãos e dava-lhe
os primeiros dois contos de réis para começar a grande obra.
Essa enfermeira admirável de carinho e devotamento era Anália Franco, a heroína da Seara espírita paulista, que se fez sublime benfeitora das criancinhas desamparadas.
 
 
EMMANUEL do livro a vida escreve, psicografia de Chico Xavier

domingo, 22 de novembro de 2015

 
Cultivando um novo olhar para uma nova ordem de conhecimentos.
Por Rita Foelker
 
 
Os livros vêm guardando, há séculos, as bases das mais diversas doutrinas e religiões no mundo todo. Temos assim o Bhagavad gitã, para os hindus; o Corão, para os muçulmanos; a Bíblia para católicos e protestantes; a Torá para os judeus; a Codificação para os espíritas, apenas para citar alguns dos mais conhecidos entre nós.

 Esses livros adquiriram grande importância cultural e histórica, como fontes de conhecimento destinado aos seres humanos que buscam aproximar-se de Deus e pautar sua conduta por ideais elevados de vida, no âmbito pessoal, familiar e social. Sua influência nos costumes de cada povo é inquestionável.

 Uma base doutrinal ou filosófica reunida especialmente em livros supõe uma comunidade de adeptos ou seguidores aptos a lerem e a compreenderem o que leem.

 Ler, por sua vez, é muito mais que decodificar símbolos gráficos e visualizar palavras. Ler é um processo que envolve compreensão de significados e percepção de sentidos do texto; recurso a conteúdos gravados na memória, libertação de muitos preconceitos, tudo isso para assimilação do conteúdo da forma  mais límpida e pura possível.

 Nós, contudo, raramente nos lembramos de tudo isso. Ao depor nosso olhar sobre uma frase, carregamos este olhar com estilos de pensar e crenças preexistentes, com nossos preconceitos e gostos pessoais, com nossas noções rígidas de certo e errado que contaminam a leitura, comprometendo a compreensão do trecho lido.

 Assim é que, hoje, ao ler as obras de Kardec, a fim de atingir um bom grau de entendimento das ideias e conceitos ali presentes, precisamos nos libertar de formas de pensar trazidas de meios de onde viemos e de textos anteriormente lidos.

Um exemplo
A Torá, o livro sagrado dos judeus
 










A ideia de uma punição após a morte física, reservada aos seguidores que não cumprem certos preceitos de comportamento e moral, e de recompensa pela conduta adequada, é comum a várias religiões.

 Mas, e quanto aos livros de kardec, o que eles dizem? Que a alma, ao desencarnar, irá vivenciar as condições inerentes ao seu grau de evolução e ao estado de consciência moral em que se encontre. E que estas condições íntimas o aproximarão de criaturas afins do plano espiritual e, mesmo, entre os encarnados.

 O que existe, portanto, não é um decreto divino de prisão, sofrimento, paz ou felicidade, mas a própria dinâmica das leis divinas que define a situação do espírito desencarnado o qual, acrescente-se, também não é estático, mas condicionado ao arrependimento e à procura da melhoria interior, sempre acessível em qualquer momento da jornada e estágio evolutivo alcançado.

 Tudo o que foi dito pressupõe, então, a transformação intima como chave para se entender o sentido das afirmações da doutrina espírita em seus livros básicos, ainda quando a linguagem deste ou daquele espírito fale de penas e recompensas, pois é preciso capturar o sentido dessas expressões dentro do contexto geral do espiritismo e não, como se fosse um texto católico, judaico ou outro.

Logo...
O Corão ou Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos
Quando procuramos conhecer outros pensamentos filosóficos ou religiosos, quando lemos o Gitã ou a Torá, a mesma atitude deveria prevalecer, com abertura de entendimento para significados e sentidos diversos daqueles aos quais o conhecimento espírita nos possa ter habituado. As concordâncias e discordâncias entre visões distintas precisam ser objetivas e, não, forçadas por pontos de vista parciais.

 A observação de Kardec nos "Prolegômenos" de O livro dos espíritos, segundo a qual "o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado", aplica-se a qualquer ordem de conhecimento novo para nós, que desejemos adentrar.

sábado, 21 de novembro de 2015


A Grande Transição
Opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo.

O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral.

Isto porque, os espíritos que o habitam, ainda caminhando em faixas de inferioridade, estão sendo substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.

Os espíritos renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e vileza, estão sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as conseqüências dos seus atos ignóbeis, assim renovando-se e predispondo-se ao retorno planetário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de amor.

Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões inferiores estão sendo trazidos à reencarnação, de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de aprendizado, modificando os hábitos infelizes a que se têm submetido, podendo avançar sob a governança de Deus.

Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo temporário para regiões primárias entre as raças atrasadas, tendo o ensejo de serem úteis e de sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.

Concomitantemente, espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os retinham na retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução da sociedade, então fiel aos desígnios divinos.

Da mesma forma, missionários do amor e da caridade, procedentes de outras Esferas estarão revestindo-se da indumentária carnal para tornar essa fase de luta iluminativa mais amena, proporcionando condições dignificantes que estimulem ao avanço e à felicidade.

Não serão apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a folhagem das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa, renascendo exuberantes com a chegada da primavera, mas também os de natureza moral, social e humana que assinalarão os dias tormentosos, que já se vivem.

Os combates apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com hecatombes inimagináveis.

A loucura, decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os no abismos da violência e da sensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as direções.

Esfacelam-se os lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição desleal, as ruas do mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando de roldão os sentimentos de solidariedade e de respeito, de amor e de caridade...

A turbulência vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a fraternidade.

... Mas essas ocorrências são apenas o começo da grande transição.

A fatalidade da existência humana é a conquista do amor que proporciona plenitude. Há, em toda a parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a presença de uma Consciência Cósmica atuante.

A rebeldia que predomina no comportamento humano elegeu a violência como instrumento para conseguir o prazer que lhe não chega de maneira espontânea, gerando lamentáveis consequências, que se avolumam em desvaires contínuos.

É inevitável a colheita da sementeira por aqueles que a fez, tornando-se rico de grãos abençoados ou de espículos venenosos.

Como as leis da vida não podem ser derrogadas, toda objeção que lhes faz converte-se em aflição, impedindo a conquista do bem-estar.

Da mesma forma, como o progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do dever, sê-lo-á pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.

A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto.

Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas quais estão instalados os hábitos. Esses, de natureza perniciosa, devem ser substituídos por aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.

Na mente está a chave para que seja operada a grande mudança. Quando se tem domínio sobre ela, os pensamentos podem ser canalizados em sentido edificante, dando lugar a palavras corretas e a atos dignos.

O indivíduo, que se renova moralmente, contribui de forma segura para as alterações que se vêm operando no planeta.

Não é necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa contribuir eficazmente com os espíritos que operam em favor da grande transição.

Dispondo das ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em razão de trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convicção em torno dos objetivos existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de felicidade para todos.

O bem fascina todos aqueles que o observam e atrai quantos se encontram distantes da sua ação, o mesmo ocorrendo com a alegria e a saúde.

São eles que proporcionam o maior contágio de que se tem notícia e não as manifestações aberrantes e afligentes que parecem arrastar as multidões. Como escasseiam os exemplos de júbilo, multiplicam-se os de desespero, logo ultrapassados pelos programas de sensibilização emocional para a plenitude.

A grande transição prossegue, e porque se faz necessária, a única alternativa é examinar-lhe a maneira de como se apresenta e cooperar para que as sombras que se adensam no mundo sejam diminuídas pelo Sol da imortalidade.

Nenhum receio deve ser cultivado, porque, mesmo que ocorra a morte, esse fenômeno natural é veículo da vida que se manifestará em outra dimensão.

A vida sempre responde conforme as indagações morais que lhe são dirigidas.

As aguardadas mudanças que se vêm operando trazem uma ainda não valorizada contribuição, que é a erradicação do sofrimento das paisagens espirituais da Terra.

Enquanto viceje o mal, no mundo, o ser humano torna-se-lhe vítima preferida, em face do egoísmo em que se estorcega, apenas por eleição espiritual.

A dor momentânea que o fere, convida-o por outro lado, à observância das necessidades de seguir a correnteza do amor no rumo do oceano da paz.

Logo passado o período de aflição, chegará o da harmonia.

Até lá, que todos os investimentos sejam de bondade e de ternura, de abnegação e de irrestrita confiança em Deus.
Joanna de Ângelis
Publicada na revista ‘Presença Espírita’, Setembro/Outubro 2006, Nº 256, páginas 28 e 29.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015


Agradece

Agradece as mãos que te constroem a existência, decorando-a com as tintas da alegria e da esperança, mas endereça os teus pensamentos de gratidão àquelas outras que te ferem com os espinhos da incompreensão, ensinando-te a conviver e a servir.


Agradece as vozes que te embalam os anseios, entretecendo hinos de paz e amor com que te inspiram as melhores realizações, no entanto, envia as tuas vibrações de reconhecimento àquelas outras que te exageram essa ou aquela falha, induzindo-te a compreender e a perdoar.


Agradece aos amigos que te proporcionam mesa farta, impulsionando-te a pensar na abastança da Terra, mas não recuses respeito àqueles que, em algum tempo, te sonegaram o pão, levando-te a prestigiar a fraternidade e a beneficência.


Agradece aos irmãos que te reconhecem a nobreza de sentimentos, louvando-te o trabalho, entretanto, não olvides o apreço que se deve àqueles outros que te menosprezam, auxiliando-te a descobrir os tesouros da humildade e da tolerância.


Certa feita, um pedaço de carbono sumido no monturo pediu a Deus o levasse para a superfície da Terra, a fim de ser mais útil. O Supremo Senhor ouviu-lhe a súplica e determinou fosse ele detido no subsolo para a devida maturação.


O minério humilde aceitou a resposta e permaneceu na clausura, por séculos e séculos, suportando a química da natureza com o assalto constante dos vermes que habitavam o chão.


Chegou, por fim, o tempo em que o Criador mandou arrancá-lo para atender-lhe aos ideais. Instrumentos de perfuração exumaram-no a golpes desapiedados e o lapidário cortou-lhe o corpo, de vários modos, em minucioso burilamento.

Mas quando o carbono sublimado surgiu, de todo, aos olhos do mundo, Deus o havia transformado no brilhante, que passou a brilhar, entre os homens, parecendo uma flor do arco-íris com o fulgor das estrelas.

Meimei

quarta-feira, 18 de novembro de 2015


Um livro esquecido: A Gênese, de Allan Kardec
Tesouros imensos de conhecimentos estão presentes nas páginas luminosas do último das cinco obras básicas da Codificação Espírita organizada por Allan Kardec. Seja pelo extraordinário capítulo I – Caráter da Revelação Espírita, com considerações de grave importância para o entendimento da proposta do Espiritismo, seja pelos capítulos II – Deus e III – O bem e o mal, ou pelos preciosos textos do subtítulo Os Milagres (capítulos XIII ao XV) e do subtítulo As Predições (capítulos XVI ao XVIII), a obra precisa ser mais estudada e divulgada.

Embora os capítulos VI a XII possam requerer mais persistência do leitor, não podemos esquecer os capítulos IV – Papel da Ciência na Gênese e V – Antigos e modernos sistemas do mundo e nem dispensar a valiosa Introdução.

Incessante desejo de fazer o bem.

Todavia, para motivar o leitor, transcrevo parcialmente o item 2 do capítulo XV – Os Milagres do Evangelho, capítulo onde estão os fenômenos ligados à vida de Jesus durante sua permanência no planeta, como as curas (com diversas descrições e comentários de Kardec), os sonhos, a estrela dos magos, dupla vista, o beijo de Judas, a pesca milagrosa, os casos de possessos e das ressurreições de da filha de Jairo, da viúva de Nai; o caminhar sobre as águas, a transfiguração, a tempestade acalmada, a multiplicação de pães, entre outras maravilhosas anotações. Submeto ao leitor a referida transcrição parcial, comentando sobre a superioridade da natureza de Jesus:


“(...) não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. (...) como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. (...) Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem. Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderosos médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude de seu poder pessoal (...) Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus.”


Não é extraordinário pensar no alcance da transcrição acima? Nesses tempos de desarmonia, de dificuldades atrozes que assolam o planeta, como não pensar no Modelo e Guia da Humanidade? Como não buscá-lo, seguí-lo?




Conforto patente

Por isso busquemos também os capítulos XVI a XVIII de A Gênese, especialmente para nos embasarmos nas lições vivas do Evangelho, ali transcritas e comentadas pela lucidez de Kardec, culminando no último capítulo com a expressiva e confortadora página A geração nova, em texto estruturado na lógica, no bem e na patente presença de Jesus junto à humanidade, indicando a natural condução do amor que nos dirige a caminhada.


Nestes 140 anos de A Gênese, voltemos a estudá-la e divulgá-la, como ela bem merece, assim como as demais mais conhecidas.
Orson Carrara