domingo, 25 de outubro de 2020

 

ORGULHO E HUMILDADE

 

• orgulho e humildade

• malefícios do orgulho para a economia pessoal

• verdadeira humildade.

 

 Texto (1):

Um príncipe, muito orgulhoso de sua realeza, foi certo dia cavalgar por seus domínios. Suas terras eram bastante vastas e ele cavalgou através de vales e montanhas. Andou por colinas e prados, gozando a vaidade de ser senhor de tão larga faixa de terra.

A certa altura de seu caminho, viu um velho eremita, sentado diante de uma gruta. Trazia nas mãos uma caveira humana e a contemplava com atenção.

O príncipe passou pela frente da gruta e ficou indignado por não ter o velho ao menos levantado os olhos para observar a rica caravana que acompanhava o príncipe.

Rude e zombeteiro, aproximou-se a figura real e disse:

“Levanta-te quando por ti passa o teu senhor! Que podes ver de tão interessante nessa pobre caveira, que chegas a não perceber a passagem de um príncipe e seus poderosos acompanhantes?”

O eremita ergueu para ele os olhos mansos e respondeu em voz clara e sonora:

“Perdoa, senhor. Eu estava procurando descobrir se esta caveira tinha pertencido a um mendigo ou a um príncipe. Por mais observe, não consigo distinguir de quem seja.

Nestes ossos nada há que me diga se a carne que os revestiu repousou em travesseiros de plumas ou nas pedras das estradas.

Não há na caveira nenhum sinal que me aponte, com certeza, se ela já carregou um chapéu de fidalgo ou se suportou o sol ardente, na rudeza dos trabalhos de camponês.

Por isso, eu não sei dizer se devo levantar-me ou me conservar sentado diante daquele que em vida foi o dono deste crânio anônimo.”

O príncipe baixou a cabeça e prosseguiu o seu caminho, sem mais nada dizer. Mesmo quando a noite chegou e ele retornou ao seu castelo, continuou pensativo.

A lição da caveira lhe abatera o orgulho.

Que são títulos, honrarias, riquezas ante a enfermidade e a morte?

A enfermidade, ao estabelecer o seu reino no corpo humano, nunca indaga se a criatura é detentora de poder e glória ou se é um simples alguém, perdido na multidão.

A dor, ao fazer morada no coração do homem, jamais se importa se ele tem posses ou se é alguém que simplesmente perambula pelas ruas, sem teto e sem lar.

A morte, ao arrebatar a vida física, não faz distinção de contas bancárias, títulos financeiros ou bolsos vazios. (A partir de texto intitulado A lição da caveira, de autor desconhecido).

 

Observações:

O orgulho é um terrível inimigo da criatura humana. Torna o indivíduo insensível à piedade e ao sofrimento do próximo.

Cria fantasias de força e poder que o ser está longe de possuir.

A verdadeira grandeza está no fato de se reconhecer a própria pequenez.

Verdadeiramente grande é o ser que se sabe frágil, com possibilidade de errar. É o que luta por se manter nobre.

Se algo faz de errado, dá-se conta do erro e se esforça por reparar os danos causados e o mal estar que provocou. (A partir da obra Sob a proteção de Deus/Editora Leal/Divaldo Pereira Franco/Espíritos diversos – cap. 19).

 

Texto (02):

Foi no século dezenove. O arcebispo de Viena resolveu fazer uma visita a alguns dos seus fiéis.

Preparada sua comitiva, aprestou-se para a viagem e o primeiro local que deveria visitar seria o castelo de Vivarais.

Ora, os donos do castelo, avisados antecipadamente, passaram a aguardar o ilustre visitante, esmerando-se em detalhes, a fim de que tudo transcorresse sem qualquer transtorno.

Ao cair da tarde daquele mês de março, apresentou-se no palácio um pobre sacerdote pedindo pousada.

Como todos os aposentos já se encontravam reservados para os visitantes, os donos do castelo pediram aos criados que conduzissem o pedinte para um dos alpendres, junto às cavalariças.

Algum tempo depois, chegaram ao solar os vigários que constituíam a comitiva do arcebispo. Foram recebidos, regiamente, pelo fidalgo e família, mas logo se admiraram em não ver  Sua Excelência.

Perguntando por ele, receberam dos senhores do castelo a resposta de que ele ainda não aparecera.

“Não é possível”, falou um dos padres. “Fomos obrigados a nos retardar um pouco e ele tomou a dianteira. Devia ter chegado, à nossa frente.”

Foi então que os anfitriões se recordaram do sacerdote recolhido próximo às cavalariças. Imaginando que ele poderia ter cruzado, em sua jornada, com o arcebispo, resolveram pedir aos criados que lhe fossem indagar a respeito.

Quando alguns dos integrantes da comitiva ouviram a referência a um outro sacerdote, perguntaram:

“Quem é o religioso a quem se refere o nobre senhor?”.

“Ora”, respondeu o senhor de Vivarais, “é um sacerdote muito pobre que nos bateu à porta, pedindo agasalho por uma noite.”

A um só tempo, falaram os vigários presentes: ”’É ele.”

Verdadeiramente, o pobre recebido, por caridade, no luxuoso castelo não era outro senão o grande Daivan, o arcebispo de Viena.

Assim portava-se e tão humilde era, que não se apresentava jamais com seus títulos e roupas elegantes.

Os homens essencialmente grandes não se importam com honrarias, e suntuosidades. Delas não necessitam para mostrarem seu valor, eis que este é intrínseco e aflora, onde quer que se encontrem.

Assim Jesus, o Divino Mestre, escolheu a quietude de uma noite silenciosa para nascer, num estábulo, tendo como teto a abóbada celeste, como primeiras harmonias as vozes celestiais e como primeiros visitantes os homens simples que pastoreavam no campo.

Nada que lhe denunciasse a glória aos olhos mundanos. E Ele era a luz, o modelo, o guia. (A partir de lenda de autoria de Malba Tahan intitulada A humildade).

 

Observações:

A humildade legítima não se deixa atingir pela vaidade dos elogios, nem se permite humilhar pela zombaria dos que não a entendem.

Por isso mesmo é inatingível pelo mal, de qualquer forma que ele se apresente.

 

 

Bibliografia sugerida:

01. KARDEC, Allan. Bem-aventurados os pobres de espírito. In:___. O evangelho segundo o espiritismo. 97. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987. cap. VII, itens 11 e 12.

02.FRANCO, Divaldo Pereira. Zaqueu, o rico de humildade. In:___. As primícias do reino. Pelo espírito Amélia Rodrigues. Rio de Janeiro: SABEDORIA, 1967.

03.______. Orgulho. In:___. Panoramas da vida. Pelo espírito Ignotus. 2. ed. Salvador:LEAL, 1971. cap. 2.

04.______. Falta e reparação.In:___. Sob a proteção de Deus. Por diversos espíritos. Salvador:LEAL, 1994. cap. 19.

05. SCHUTEL, Cairbar. Parábola do fariseu e do publicano. In:___. Parábolas e ensinos de Jesus. 9. ed. Matão: O CLARIM, 1972.

06.TEIXEIRA, J. Raul. Jesus e Zaqueu. In:___. Vida e mensagem. Pelo espírito Francisco de Paula Vitor. Niterói: FRÁTER, 1993. cap. 21.

Fonte: Federação Espírita do Paraná

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