sexta-feira, 30 de outubro de 2020

 

 É VERDADE, ACONTECEU NA CASA DO CAMINHO (08)


Uma sublime Escola, de nome A Casa do Caminho, cujo Mestre é Jesus, o Nazareno

“Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse O SERMÃO DA MONTANHA, nada estaria perdido.”
Mahatma Gandhi



No livro “O SERMÃO DA MONTANHA”, de HUBERTO ROHDEN, nos adverte e orienta:

- “Mas, não se iluda”! Quem vive 24 horas plenificado pelas coisas do ego — ganâncias, egoísmos, luxúrias, divertimentos profanos — não pode esvaizar-se desegoficar-se, em meia hora de meditação; esse se ilude e mistifica a si mesmo por um misticismo estéril. É indispensável que o homem que queira fazer uma meditação fecunda e eficiente, viva habitualmente desapegada das coisas supérfluas e se sirva somente das coisas necessárias para uma vida decentemente humana. Luxo e luxúria é lixo e tornam impossível uma vida em harmonia com o espírito do Cristo e do Evangelho.
O homem que queira ser crístico, não apenas cristão, necessita de viver uma vida 100% sincera consigo mesmo, e não se iludir com paliativos e camuflagens que lhe encubram a verdade sobre si mesmo.
Vai, leitor, conhece-te a ti mesmo! Realiza-te a ti mesmo! “E serás profundamente feliz.”

Realmente, observando a existência de Casimiro, viveu 102 anos, dos quais 35 anos na Casa do Caminho - Sousa (PB), nascido em Esperança (PB), quando criança o seu sonho era frequentar uma escola primária, aprender a lê e escrever para realizar seu sonho de pertencer a Igreja Católica como um sacerdote. Entretanto, seu pai não permitia seu acesso a Escola, alegando que o seu sustento vinha da enxada, nunca tinha visto leitura encher a barriga de ninguém. E, segundo seu irmão João da Mata, todos os dias, Casimiro pedia a seu pai para frequentar a escola, em contrapartida, todo dia era uma surra que levava. E assim viveu Casimiro, exímio trabalhador da enxada, sem nunca aprender a ler ou escrever.

Contudo, nunca deixou de reverenciar a Igreja Católica, onde ao assistir as missas aos domingos, sempre o fazia de joelhos, olhos fechados e a mão direita sobre o coração. Sempre questionava porque os padres não realizavam missas na Casa de Jesus, era assim que ele se referia a Casa do Caminho.

Fazia parte da Evangelização infantil.


Vamos relatar um fato verídico, acontecido na década de oitenta, quando uma colega do Banco do Brasil, muito católica, colaborava mensalmente com alimentos para manutenção do Albergue de Idosos. Numa manhã de segunda feira, um pouco triste, veio a relatar que não mais iria colaborar com a Casa, em função de que seu Pároco, Padre Dagmar, falou na missa que:

- Quem estivesse contribuindo para a Casa de Satanás, por favor, não entrasse em sua Igreja.

Compreendi a apreensão da colega e disse que não se preocupasse, pois entendia a sua religiosidade. Perguntei se poderia falar com o Padre, se haveria algum problema.

Assim sendo, resolvi ir à Casa Paroquial falar com o Padre Dagmar, me apresentando como presidente da Casa do Caminho e funcionário do Banco do Brasil.

Fui bem recebido, conversamos bastante, não obstante, eram muitos telefonemas recebidos e pessoas adentrando a sala de recepção. Observando a harmonia e a sua alegria, aproveitei o momento para convida-lo a visitar a Casa do Caminho. Aceitou o convite para o próximo sábado.

Sua visita a nossa Casa do Caminho, após vários sábados adiados sempre chegando na hora acordada, às 9 horas, finalmente aconteceu.

- Chegamos após as 11 horas da manhã, o sol quase a pino, e acontecendo a prece da manhã, com os Idosos, cada um fazendo sua prece, de olhos fechados, quando terminou, anunciou a chegada do representante da Paróquia do Bom Jesus. Para surpresa, um dos Idosos de nome Casimiro se dirige ao Padre Dagmar e beija-lhe os pés. De imediato, ele reagiu dizendo que não era digno que alguém lhe beijasse os pés e, emocionado, chorando convulsivamente, o padre abaixa-se e beija os pés de Casimiro.

É feito um cerimonial católico pelo Padre Dagmar, em seguida, todos em prantos se abraçavam e agradeciam a Jesus por ter enviado um santo representante de Deus na terra. Ninguém queria soltar o padre, o envolvimento espiritual foi sublime, bençãos e graças fluíam de todos os corações presentes.

Após esses momentos de amor e paz, convidamos o Padre e fomos conversar sobre o Espiritismo e Jesus. Ele compreendeu a nossa mensagem e disse que ali era uma Casa de Deus e iria falar de bem da Casa, liberando as pessoas que desejassem contribuir com a Obra.

Ao final, fez um pedido, que colocassem num papel, quantos idosos tinham na Casa, quantos funcionários e voluntários, quanto era consumido de alimentos e todas as despesas necessária ao funcionamento do Abrigo, pois, dizia:

- Vou construir um Abrigo para Idosos e sempre que precisarem de auxilio me procurem.

Após três dias, entregamos a documentação com tudo que se fazia no Abrigo, tendo o Padre Dagmar comunicado que já tinha conseguido um local no bairro do Angelim, em Sousa, cujos trabalhos já estavam iniciados. Ficamos felizes com a notícia.

A vida nos informa com sabedoria, a existência de uma lei Universal de Causa e Efeito, qual motivo à existência de Casimiro não logrou os píncaros da fama, do conhecimento e pungência. Poderíamos supor que dificuldades em outras existências, tais orgulho, vaidade, poder e sentir-se superior aos iguais o levou a bancarrota. Certamente possuía conhecimentos e pensava que era um Deus. Achava-se acima de tudo e de todos. Explicações existem. Quem viver. Verá.

Uma das maiores vergonha que Casimiro carregava, era as pessoas descobrirem de que ele não sabia lê. Nas reuniões públicas que participava, todos recebiam um “O Livro dos Espíritos” para acompanhar as perguntas e respostas. Ele recebia seu livro e fazia de conta que lia. Era uma alegria incontida no seu rosto segurando seu livro, com todos que estudavam.

Certamente, Casimiro não recordou das palavras de Jesus Cristo, em Mateus 10:26, quando disse:
- “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não venha a ser relevado, e nada há de escondido que não venha a ser conhecido.”

Chegando lá em cima compreendeu sua preocupação dos homens lhe julgarem.

Para falar de Casimiro tivemos que pedir ajuda a poetisa Cecília Meireles quando disse:
“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos;
há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam.
Mas há pessoas que simplesmente aparecem
em nossa vida e nos marcam para sempre.”



O Casimiro orou muito nessa existência, participou de muitas reuniões, tinha uma sensibilidade, percebia a proximidade de entidades sofredoras e de seres angelicais.

Certa feita, uma Entidade superior utilizou suas cordas vocais e falou conceitos de Jesus sublimados e esclarecedores tais como: “Quem dentre vós quiser ser grande seja o servidor de todos”.

Ao conversar comumente, sua linguagem era pobre e corriqueira, não obstante, ao entrar em colóquio com a prece e vibrar pedindo auxilio a Jesus, seus conceitos amadurecem, crescem e ficam distantes do Casimiro do dia a dia.

Certa feita, sem titubear, inspirado no Oráculo de Delfos; “Conhece-te a Ti mesmo” assim se expressou:

- Irmãos do Caminho! Irmãos que pertencem à Casa do Caminho!
- Lembre-se: Orar na Casa é dádiva dos Céus.
- Vamos pensar sempre no bem. Sejamos bons para com todos!
- Aproveite essa escola de AMOR, chamada A Casa do Caminho!
- Trabalhe com amor!
- Ame sem nada exigir!
- Jesus é nosso modelo e guia!

Essa mensagem veio num dos momentos mais difíceis e de maiores aprendizados para os Irmãos do Caminho.

Na sua adolescência, conheceu uma moça por quem se apaixonou, durante mais de três anos, visitava sua casa, diariamente, ficava no terraço conversando com o pai da moça, apesar de noivo, nunca viu o seu rosto, apenas observava, quando ela dentro de sua casa caminhava de uma sala para outra. Esse noivado foi encerrado, pois a noiva fugiu com outro. Mais uma vez a Lei de Causa e efeito, burilando o seu coração.

Eram inúmeras as virtudes de Casimiro, tinha habilidade em tocar gaitas e manuseava muito bem o fole de sete baixo, passava horas tocando, era incansável, além de conhecer de memória todas as músicas da Casa do Caminho, ele se referia as músicas, afirmando:

- Vamos cantar uma "bendita" da Casa, dentre tantas, tinha uma bendita especial chamada "De uniforme branco" que adorava cantar.

“O amor não faz mal ao próximo, de sorte, que a vivência da Lei é o Amor, o cumprimento da Lei é o Amor.” Cap.13, item 10, de Paulo aos Romanos,

“Nos últimos tempos, diz o Senhor, espalharei do meu espírito por sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.” (Atos, II: 17 e 18).

- Walter Sarmento de Sá Filho

Nenhum comentário:

Postar um comentário