quinta-feira, 29 de outubro de 2020

 É VERDADE, ACONTECEU NA CASA DO CAMINHO (07)



O Sr. Ozório, cuja vida foi de muitas lágrimas e sofrimento. Ele afirmava que ficou doente desde que o levaram a João Pessoa, sendo interno em hospital para doentes mentais. Segundo Osório, lá aplicaram uns choques fortes que queimaram todos os seus nervos. Era comum, logo pela manhã, encontrar o nosso irmão atirando, para todos os lados, com uma arma de fogo fictícia, contra os seus inimigos desencarnados.

Era incapaz de agredir fisicamente qualquer pessoa, pois, além do mais, era enfermo, descontrolado, articulista, dramático e megalomaníaco, quando, por diversas vezes, esteve na concessionária Chevrolet “Rio Vale” da cidade de Sousa e adquiriu de uma só vez quarenta carros. A princípio, o rosto do vendedor era todo de alegria, sendo para entregar, de imediato, dois Vectra, cujo pagamento seria efetuado em dólar (vendedor?), moeda corrente em todas as suas transações. Essa compra rendeu uma discussão com o vendedor que acionou a Polícia Militar da Paraíba e fomos avisados/convocados deste episodio que após explicar o comportamento de Ozório, foi desfeito o negócio.

Algumas semanas após o episódio da Rio Vale, Ozório vai a sua terra natal “Campo Alegre”, distrito de Vieiropólis. Lá chegando, dirigiu-se a uma residência por trás da Capela católica e, rispidamente, solicita a viúva, proprietária da residência que a desocupe, pois aquela residência era propriedade sua. Diante da dona da casa residencial, alteradamente, exigia que desocupasse a residência.
A senhora comunicava, chorando, que a casa foi herança do seu falecido marido. Ozório, em contrapartida, agressivo na voz, dizia que aquela casa lhe pertencia, pois tinha comprado de seu compadre, o presidente do Brasil Juscelino Kubitsheck.

Após esse dialogo a Senhora percebeu que Ozório tinha problemas.

Mais uma vez fomos atrás de Ozório para felicidade da Viúva de Campo Alegre.

São dezenas de casos de Ozório de compras e vendas de boiada de 500 até 1000 cabeças de gado, compra de terras, pagamento de lanches, almoço, com pedaço de papel jornal, aluguel de vários taxis, cujo pagamento era para receber em seu escritório (Casa do Caminho) agressão ao gerente Élcio do Banco do Brasil, por não lhe pagar em dólar, dentre tantos outros eventos constrangedores.

Percebíamos, assim, pelo comportamento inconsciente, inconsequente, de Ozório, a confirmação de uma sublime verdade de que a sede do ouro corrompe os mais sublimes ensinamentos.

Esses relatos, digitado apressadamente, sem preocupação com o vernáculo e sem nenhuma intenção de deixar nódoas na imagem de nossos amados amigos, apenas, registramos uma faísca de sua valorosa personalidade, da fraternidade, de seus sofrimentos, físicos e morais, que os acompanharam nesta existência, consciente de que todos eles realizaram trabalhos de realce em outras existências, para serem nesta tão requisitados a adentrarem em provas difíceis a que se submeteram. Alguns ainda persistiam em manter um poder invisível que já não possuíam, pois não registramos em sua alma a arrogância, peculiar a muitos poderosos na Terra. Como ensina a sabedoria judaica: “A arrogância é o reino – sem a coroa”.

- Walter Sarmento de Sá Filho

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