sábado, 1 de janeiro de 2011

ESPÍRITAS DESCOMPROMETIDOS COM O ZELO DOUTRINÁRIO



Jorge Hessen





ESPÍRITAS DESCOMPROMETIDOS COM O ZELO DOUTRINÁRIO



Lamentamos por alguns espíritas que não fazem mal, mas também não praticam nenhum bem, e que por invigilância precipitam no ridículo, obstando a difusão do Espiritismo que se dizem adeptos. Divulgam teorias estranhas, que perturbam a boa marcha doutrinária, sedimentam a dúvida em uns e o separatismo em outros. São espíritas que agem com frieza e sarcasmo, estampando no semblante variadas aparências enganadoras. Por imaturidade e descompromisso moral, idolatram "mentores" (divindades) que passam a evocar com seus esgares, e lhes brindam com rituais, sacrifícios, oferendas de todos os tipos; ofertam-lhes promessas vãs, entregam a alma(?), desejosos de obter vantagens para cuja conquista nada realizaram.

Aspiram sempre com a revogação dos Estatutos Divinos para suas conveniências. Creem, cegamente, que seus "mentores" se encarregam de tudo, e prosseguem, esses títeres das obsessões, abrindo espaços n'alma para a instalação dos processos perturbadores que oxigenam o fanatismo. Sofrem profundos entraves intelectuais, quando se trata de assuntos doutrinários, mostram-se drasticamente emocionais. Não simpatizam com as propostas racionais, o que os impõem à anuência fácil de esdrúxulas fantasias, sem senso de ridículo, dependentes que se acham da fantasia mística e do pensamento concreto, com dificuldade para elaborar abstrações inteligentes.


A princípio, tais confrades dissimulam estar compreendendo os fundamentos, os conceitos e as conseqüências morais do projeto kardeciano, até o instante em que passamos a observar-lhes o comportamento em relação à Doutrina Espirita. Aguilhoam-se a "guias poderosos", passando a venerá-los e prestar-lhes culto irracional, deixando a eles (os "tais guias poderosos") a tarefa de equacionar questões e interferir em assuntos nas quais a fobia fá-los indiferentes e omissos, impedindo-os de atuar de maneira coerente. É comum esses irmãos adotarem rituais, cantorias estranhas, enxertias tóxicas que aleijam o corpo doutrinário codificado por Allan Kardec. São aqueles que definitivamente não são da jurisdição espírita, que fomentam questiúnculas e antagonismos que ensombram a marcha do Movimento Espírita.

Em verdade perturbamos a marcha do Espiritismo quando não lutamos pela reforma íntima. "Quando não trabalhamos nas obras assistenciais. Quando não estudamos Kardec. Quando exigimos privilégios. Quando fugimos dos carentes para não ofertar-lhes alguns serviços. Quando especulamos com a Doutrina em matéria política [partidária]. Quando sacrificamos a família aos trabalhos da fé. Quando nos afligimos pela conquista de aplausos. Quando nos julgamos indispensáveis. Quando abdicamos do raciocínio, deixando-nos manobrar por movimentos ou criaturas que tentam sutilmente ensombrar a área do esclarecimento espírita com preconceitos e ilusões."(1)

O que aqui expomos é a identificação de aterrador espírito de descomprometimento, de falta de zelo para com o Espiritismo. Como pode isso ocorrer quando sabemos que o Espiritismo nos apresenta um conjunto de princípios intrísecamente impressionantes e vigorosos, capazes de dar sentido à vida, explicando a excelsitude do Criador diante da Sua criação, a exigir-nos mente aberta (embora atenta e cautelosa), amor à verdade e espírito de liberdade, para que consigamos penetrar e aprofundar os seus ensinamentos?

Os confrades descomprometidos com a fidelidade doutrinária permitem que vigorem os achismos, os guiismos e os personalismos nas hostes espiritas, tão-somente para não ter que enfrentar as vaidades e o orgulho humanos, para não ter que se submeter ao "sim, sim, não, não", cosoante a ensinou o Cristo, para não se perturbar frente a ignorância ou perante outros descomprometidos.


Para quem se empenha pela pulcritude doutrinária vale o sacrifício, sem contender com o mal, jamais. Porém, consciente quanto às atitudes a tomar no momento devido, quando falar e quando calar, sempre visando o aprimoramento, a iluminação, a ascensão, fugirá de errar por mero comodismo, omissão, e confirmará Jesus onde esteja, por meio dos roteiros de amor e luz que o Espiritismo aponta.

Enquanto os dias de bom senso e de fidelidade a Kardec e a Jesus não chegam, cabe aos espíritas moralizados , conscientes e convictos, aqueles que sabem o porquê da própria crença, os que conseguem dimensionar as próprias necessidades e adotar ou manter posição íntegra, sem medo de pôr as coisas nos seus devidos lugares, vivenciar os conteúdos da extraordinária Doutrina, ainda que isso lhes custem agressões e ataques, indiferença e zombarias, sempre advindos de confrades moralmente apequenados em seus estágios de ilusão.


Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net
Blog: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com
FONTES:
(1) Xavier, Francisco Cândido / Vieira Waldo . Opinião Espirita, ditado pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz, São Paulo: Ed. Boa Nova, 2009



















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