quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A caminho da Luz

Allan Kardec

Assim, com atribuições de missionário, foi Napoleão Bonaparte, filho de obscura família corsa, chamado às culminâncias do poder.

NAPOLEÃO BONAPARTE

O humilde soldado corso, destinado a uma grande tarefa na organização social do século XIX, não soube compreender as finalidades da sua grandiosa missão. Bastaram as vitórias de Árcole e de Rívoli, com a paz de Campoformio, em 1797, para que a vaidade e a ambição lhe ensombrassem o pensamento.

A expedição ao Egito, muito antes de Waterloo, assinalava para o mundo espiritual a pouca eficácia do seu esforço, considerado o espírito de orgulho e de imperialismo que predominou nas suas energias transformadoras. Assediado pelo sonho de domínio absoluto, Napoleão foi
uma espécie de Maomet transviado, da França do liberalismo. Assim como o profeta do Islã pouco se aproximara do Evangelho, que a sua ação deveria validar, também as atividades de Napoleão pouco se aproximaram das idéias generosas que haviam conduzido o povo francês à revolução. Sua história está igualmente cheia de traços brilhantes e escuros, demonstrando que a sua personalidade de general manteve-se oscilante entre as forças do mal e do bem. Com as suas vitórias, garantia a integridade do solo francês, mas espalhava a miséria e a ruína no seio de outros povos. No cumprimento da sua tarefa, organizava-se o Código Civil, estabelecendo as mais belas fórmulas do direito, mas difundiam-se a pilhagem e o insulto à sagrada emancipação de outros, com o movimento dos seus exércitos na absorção e anexação de vários povos.

Sua fronte de soldado pode ficar laureada, para o mundo, de tradições gloriosas, e verdade é que ele foi um missionário do Alto, embora traído em suas próprias forças; mas, no Além, seu coração sentiu melhor a amplitude das suas obras, considerando providencial a pouca piedade da Inglaterra que o exilou em Sta. Helena após o seu pedido de amparo e proteção. Santa Helena representou para o seu espírito o prólogo das mais dolorosas e mais tristes meditações, na vida do Infinito.

ALLAN KARDEC

A ação de Bonaparte, invadindo as searas alheias com o seu movimento de transformação e conquistas, fugindo à finalidade de missionário da reorganização do povo francês, compeliu o mundo espiritual a tomar enérgicas providências contra o seu despotismo e vaidade orgulhosa. Aproximavam-se os tempos em que Jesus deveria enviar ao mundo o Consolador, de acordo com as suas auspiciosas promessas.

Apelos ardentes são dirigidos ao Divino Mestre, pelos gênios tutelares dos povos terrestres. Assembléias numerosas se reúnem e confraternizam nos espaços, nas esferas mais próximas da Terra. Um dos mais lúcidos discípulos do Cristo baixa ao planeta, compenetrado de sua missão consoladora, e, dois meses antes de Napoleão Bonaparte sagra-se imperador, obrigando o papa Pio VII a coroá-lo na igreja de Notre Dame, em Paris, nascia Allan Kardec, aos 3 de outubro de 1804, com a sagrada missão de abrir caminho ao Espiritismo, a grande voz do Consolador prometido ao mundo pela misericórdia de Jesus-Cristo.

Extraído do livro A CAMINHO DA LUZ
EMMANUEL, psicografia de Chico Xavier














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