Merecimento e Aceitação
Pergunta dirigida a Francisco Cândido Xavier: Existem pessoas que têm acorrido a todos os recursos terrenos e espirituais na espera de uma cura para sua enfermidade, que não tendo resolvido seu problema, acabam chegando à descrença. Mesmo sem fé, muitas vezes ainda procuram você como um recurso. Essas pessoas podem chegar a receber uma cura?
Chico: Acredito que a pessoa está no merecimento natural da cura, tenha ela fé ou não tenha fé, a misericórdia divina permite que essa criatura encontre a restauração de suas forças. Isso em qualquer religião, ou em qualquer tempo; agora, os espíritos nos aconselham um espírito de aceitação. Primeiramente, em qualquer caso de doença que possa ocorrer em nós, em nosso mundo orgânico, o espírito de aceitação, torna mais fácil para o médico deste mundo ou para os benfeitores espirituais do outro, atuarem em nosso favor. Agora, a nossa aflição ou a nossa inquietação, apenas perturbam os médicos neste mundo ou no outro, dificultando a cura. E podemos ainda acrescentar: que muitas vezes temos conosco determinados tipos de moléstia, que nós mesmos pedimos, antes de nossa reencarnação, para que nossos impulsos negativos ou destrutivos sejam treinados. Muitas frustrações que sofremos neste mundo são pedidas por nós mesmos, para que não venhamos a cair em falhas mais graves do que aquelas que já caímos em outras vidas. Mas, como estamos num regime de esquecimento – como uma pessoa anestesiada para sofrer uma operação –, então nos desmandamos em rebeldia, em aflição desnecessária, exigindo uma cura, que se tivermos, será para a nossa ruína, não para o nosso benefício.
Uma infância sofrida. Doente dos pulmões aos 12 e aos 40 anos. Gravemente enfermo de um olho desde 1931. Cinco cirurgias de alto risco. Dois enfartes. Nunca reclamou.
Das enfermidades, quando apareciam, costumava dizer:
- Aqui estamos bem com a rinite fiel. Achei melhor tratá-la por amiga e, com isso, tenho a impressão de que ela e eu nos harmonizamos de maneira melhor. Quero ser amigo da doença.
Das cirurgias sofridas:
- Como ficaria diante de tanto sofredor que me procura e que vai a caminho do bisturi como o boi para o matadouro? E eu vou querer facilidades? Eu tenho que me operar como os outros, sofrendo como eles.
Sobre os médicos espirituais:
-Chico, cadê o Dr. Bezerra de Menezes? Ele não te ajuda não?
-Ajuda muito. Toda tarde ele vem me visitar.
Quando lhe perguntavam:
- Como alguém tão bom como você, Chico, sofre tanto?
- Minha irmã, eu sei o que devo ser e ainda não sou, mas rendo graças a Deus por estar trabalhando, embora lentamente, por dentro de mim próprio, para chegar, um dia, a ser o que devo ser.
Fontes: Chico de Francisco; Adelino da Silveira; pág.86. As vidas de Chico Xavier; Marcel Souto Maior; pág. 186; Minutos com Chico Xavier; José Carlos de Lucca; pág.57
Fonte: Blog do NEPT Núcleo Espírita Paulo de Tarso
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