NEM TUDO É OBSESSÃO
É relativamente comum ouvirmos, no ambiente espirita, tanto vindo de leigos quanto de trabalhadores espiritas, a afirmativa, ante um determinado problema que alguem apresente, sobretudo de natureza emocional, que a causa seria uma obsessão, ou seja, uma constrição ou perseguição de um ou mais espirito sobre aquela pessoa. Já estive em instituições que, conforme depoimento dos que lá estavam em tratamento, quase a totalidade dos casos ali eram diagnosticados como "obsessão". Ora, embora saibamos que este "mal" atinja uma extraordinária parcela da humanidade, precisamos utilizar um pouco mais a prudencia que o codificador Allan Kardec recomendou sabiamente. Disse ele, judiciosamente, que só após esgotarmos uma possível explicação de natureza física é que deveríamos seguir na direção de possíveis influencias espirituais.
Outro fator que deve desencadear a prudencia citada é o de que esse diagnóstico generalizado, quase sempre parece retirar um pouco a sensação de responsabilidade das pessoas para com sua própria vida. Se estou sofrendo, não é por minha culpa e sim, de um espirito, pensam alguns. Outros , por não entender que a própria obsessão tem o componente de responsabilidade da vítima face ao fato de que a sintonia ou elementos que "plugam" espiritos e encarnados, são desencadeados a partir do comportamento dos individuos nesta ou em outra encarnação.
Muitos dos problemas emocionais, psicológicos, que apresentamos na atualidade podem, perfeitamente, ser creditados a nós mesmos. A ausencia de um maior nível de espiritualização, a dependencia emocional que apresentamos como consequencia de nossa fragilidade íntima, o nível de egoísmo ou de ansiedade elevados, favorecem o surgimento de um estado de infelicidade e frustração, tão frequentes nos dias de hoje. Não combatemos a concepção de nossa infelicidade e entregamos nossa existencia a possiveis soluções externas. E os centros espiritas necessitam estar atentos para que não alimentem um exército de eternos dependentes de soluções "mágicas", instantâneas e que prendem as pessoas num círculo vicioso de um doloroso quadro auto obsessivo que, aí sim, pode desencadear a famosa obsessão de espiritos, atraídos estes pelas vibrações derrotistas e negativas cultivadas.
O espiritismo é um corpo de pensamento capaz de emancipar a criatura humana, de empurrá-la a um nível mais elevado de consciencia, ampliando seus poderes pessoais e gerando o otimismo e um estado de segurança interior maravilhoso. Soluciona os problemas não pelas vias mágicas ou excepcionais, mas auscultando-lhes as lições, absorvendo-lhes os ensinamentos e direcionando a própria existencia no rumo da harmonia interior. Escapa-se, assim, das chamadas más influencia pela influencia sadia de nossos propósitos. Obsessão existe? sim, claro. Sem dúvida alguma, em um mundo como a Terra, é algo que, lamentavelmente, compoe a atmosfera psíquica da nossa sociedade, no entanto, o que fazemos com o objetivo maior da nossa encarnação, nosso crescimento espiritual? Como temos propiciado o desenvolvimento de nossas potencialidades, sob o amparo dos inúmeros recursos que nos são dados pela Suprema Providência?
Não culpemos os espiritos infelizes por tudo o que nos desagrada na experiencia planetária. Temos nossa parte por fazer. Eles, os espiritos infelizes, não podem agir a seu bel prazer, como pensam alguns. Precisam, sim, de nossa colaboração infeliz, de nossos pensamentos inconsequentes e de nossas atitudes desajustadas. Mas aí, como vemos, já é um caso de parceria, não é mesmo ?
Blog de Frederico Menezes
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