domingo, 8 de julho de 2012

A Estrada de Luz



A Estrada de Luz


Quando o primeiro

homem desceu aos vales e aos montes da Terra, sentiu que a miséria lhe entravava todos os passos. Entristecido, ante a contemplação de pântanos e desertos, voltou, receoso, ao Trono do Senhor e rogou em voz súplice:

- Pai misericordioso, compadece-te de mim! A indigência persegue-me, socorre a minha extrema- pobreza!...

E o Todo-Bondoso, prometendo-lhe proteção e carinho, recomendou-lhe o trabalho das mãos.

O
homem
tornou à gleba escura e triste e agiu, corajosamente.

Improvisando utensílios rústicos, distribuiu as águas, drenou os charcos, selecionou as plantas frutíferas e conseguiu edificar o primeiro ninho doméstico.

Instalado, porém, na casa simples, reconhec
eu que a ignorância
lhe ensombrava a Imaginação. Amedrontado com as inibições espirituais que o sufocavam, regressou ao Céu, Implorando:

- Senhor, Senhor, minha cabeça jaz em
trevas
... Auxilia-me! Dá-me claridade ao entendimento!...

E o Todo-Sábio, reafirmando-lhe o s
eu amor infinito, aconselhou-lhe o trabalho do pensamento
.

Atendendo a indicação, o
homem passou a observar com redobrada paciência os fenômenos que o cercavam, adquirindo preciosas lições da Natureza e criando, com o esforço
próprio, os primeiros livros de pedra.

Ilhado, todavia, em tarefas e
estudos, experimentou o anseio de exteriorizar-se e voar... A solidão amargava-lhe o espírito
. Aspirava à comunhão com os outros seres, anelava penetrar os segredos do firmamento. Depois de muitas lágrimas, retomou ao Paraíso e pediu em pranto:

- Pai, estou sozinho... Ampara-me! Ajuda-me a fugir do
cárcere
de mim mesmo!...

O Todo-Poderoso, afagando-lhe a fronte, abençoou -lhe a presença e receitou-lhe o trabalho dos sentidos.

O
homem, surpreso, mobilizou os recursos dos olhos e dos ouvidos e, contemplando as estrelas luzentes, mirando as flores, auscultando a beleza das pedras e dos metais e ouvindo as vozes das fontes e dos ventos, descobriu a arte, em cuja companhia pôde afastar-se do mundo, em espírito
, na direção das Esferas Superiores.

Rodeado de enorme descendência, passou a ser visitado pelo cortejo de variadas
enfermidades. Espantado com a ruína física dos filhos e dos netos, recorreu, aflito, ao Senhor, suplicando, lacrimo
so:

- Pai Amado, as moléstias devastam-me a casa... Que será de mim? Assiste-nos com a tua com
paixão
!...

O Todo-Amoroso sorriu, compassivo, reiterou-lhe a promessa de auxílio e recomendou-lhe o trabalho do raciocínio.

Examinando detidamente as plantas e os minerais, o
homem
conseguiu a formação de numerosos remédios para combater as doenças que o vergastavam.

Mais tarde, com o apr
imoramento da paisagem e com a prosperidade dos seus bens, foi assaltado por diversas tentações. A inveja, o orgulho
e a vaidade sopravam-lhe aos ouvidos os mais estranhos proj etos.

Aflito, procurou o Trono Divino e solicitou, amargurado:

- Senhor,
gênios perverso
s me atormentam a vida!...

Fortalece-me contra a loucura!...

O Todo-Generoso acariciou-lhe a cabeça trêmula e indicou-lhe mais trabalho para a
atenção
.

O
homem tornou à Terra imensa e procurou fugir de si mesmo, através da atividade incessante, instituindo novas colônias de serviço para a multiplicação das tarefas gerais, garantindo, com isso, a sua harmonia
mental.

Dias rolaram sobre dias... Depois de muitos anos, já encanecido, notou que os s
eus inúmeros descendentes surgiam irritados e desarmônicos, a propósito de inutilidades e ilusões. A discórdia
armava entre eles perigosos abismos...

Torturado, o infeliz demandou à Casa do Senhor, mas reparou com surpresa que o Paraíso elevara-se
além
das estrelas. . .

Triste e cansado, orou em lágrimas ardentes.

O Todo-Compassivo não veio
pessoalmente ouvir-lhe a súplica, mas enviou-lhe um mensageiro, aureolado de bondade
e de luz, que lhe falou carinhosamente:

- Volta ao mundo, em nome do Senhor, e trabalha constantemente. Se t
eus filhos e netos se desentendem uns com os outros, dá trabalho ao teu
coração, amando, perdoando, servindo e ensinando sempre...

E, porque o
homem indagasse sobre a ocasião sublime em que lhe caberia repousar na companhia do Eterno Pai, o emissário respondeu
, delicado e solícito:

- Vai e constrói. Segue e atende ao
progresso. Avança, marcando atua romagem com os sinais imperecíveis das boas obras!... O trabalho, entre as margens do amor e da reta consciência, é a estrada de luz que te reconduzirá ao Paraíso, a fim de que a Terra se transforme no divino espelho da Glória de Deus.

Irmão X

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