quarta-feira, 17 de junho de 2020


Os Espíritos

A morte do corpo liberta o Espírito do laço que o prendia à Terra e lhe causava sofrimento. Liberto desse fardo, só lhe resta o corpo etéreo, que lhe permite percorrer os espaços e vencer distâncias com a rapidez do pensamento.

Alma, perispírito e corpo unidos constituem o homem; alma e perispírito separados do corpo constituem o ser que chamamos Espírito.


Observação: Assim, é a alma um ser simples, o Espírito um ser duplo e o homem um ser triplo. Seria mais preciso reservar o vocábulo alma para designar o princípio inteligente; espírito para o semi material, constituído desse princípio e do corpo fluídico. Como, porém, não é possível conceber o princípio inteligente isolado da matéria, nem o perispírito sem que esteja animado pelo princípio inteligente, alma e espírito são, em geral, empregados indistintamente: é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma maneira por que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila constituída de tantos fogos. Entretanto, filosoficamente é essencial que se faça a diferença.


Revestidos de corpos materiais, os Espíritos constituem a Humanidade, ou mundo corpóreo visível; despojados desses corpos, constituem o mundo espiritual, ou invisível; este enche o espaço. Vivemos em seu meio, sem disso nos apercebermos, assim como vivemos no mundo dos infinitamente pequenos, do qual não suspeitávamos antes que tivesse sido inventado o microscópio.


Assim, os Espíritos não são seres abstratos, vagos e indefinidos, mas concretos e circunscritos; só lhes falta a faculdade de serem vistos, para que sejam semelhantes aos homens. Disso decorre que, se de momento fosse levantado o véu que no-los oculta, constituiriam eles uma população em redor de nós.


Assim, há no homem três elementos essenciais:

I - a alma ou Espírito, princípio inteligente, no qual residem o pensamento, a vontade e o senso moral;

II - o corpo, envoltório material, que põe o Espírito em relação com o mundo exterior;

III - o perispírito, envoltório fluídico, leve, imponderável, que serve de ligação e de intermediário entre o Espírito e o corpo.



Quando o envoltório exterior se acha usado e não pode mais funcionar, cai; o Espírito o abandona, assim como a noz se despe da casca, a árvore da cortiça, a serpente da pele; numa palavra, do mesmo modo que deixamos uma roupa que não nos serve mais. A isto chamamos morte.


A morte é somente a destruição do envoltório corporal, abandonado pela alma, como a borboleta abandona a crisálida. Mas o Espírito conserva o corpo fluídico, ou perispírito.


Allan Kardec – O Principiante Espírita

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