HISTÓRIA DE UMA SESSÃO
Organizado a sessão de estudo
evangélico, os Espíritos Benfeitores, através das doces intimações da prece,
foram convidados à execução de regular empreitada.
520 orientações a companheiros
doentes com especificações e conselhos técnicos.
50 passes magnéticos, em
benefício de enfermos encarnados.
200 intervenções de socorro a
entidades sofredoras, ausentes do equipamento físico.
35 visitas de assistência a lares
distantes.
150 notas socorristas para
desligamento de obsessores e inimigos inconscientes. E devem ainda eliminar
dois suicídios potenciais, evitar um homicídio provável, afastar as
possibilidades de dois divórcios infelizes e ajustar mais de cem entendimentos,
em favor da fraternidade, da harmonia e da reencarnação.
*
Em troca, os componentes da
assembléia deviam dar de si mesmos um pouco de alegria, de fé viva, de
serenidade e de paciência, com algumas palavras de carinho e amizade para
sustentarem o clima vibratório, necessário à realização das tarefas indicadas
aos colaboradores invisíveis que começaram a atuar.
*
Iniciada a empresa, porém, depois
de alguns raros amigos haverem atendido heroicamente aos encargos que lhes
competiam, eis que a reunião se veste de sombras.
*
O nevoeiro da ociosidade mental
invadiu quase todos os departamentos da casa. Dois prestimosos cooperadores
passaram a visitar o pensamento dos companheiros encarnados, rogando concurso
urgente, mas o silêncio e a inércia continuaram operando. Consultando, em
espírito, com respeito à contribuição de que se faziam devedores, cada qual
respondia a seu modo, falando mentalmente. Um cavalheiro deu-se pressa em
esclarecer que era ignorante e imprestável. Um jovem tribuno do Evangelho afirmou-se
doente e incapaz. Um companheiro de serviço alegou que se sentia envergonhado e
inapto para qualquer comentário construtivo.
*
Uma senhora perguntou se os
Espíritos Amigos não poderiam solucionar os compromissos da sessão em cinco
minutos. Um lidador juvenil explicou que se sentia diminuído à frente dos
mentores e experimentava o receio de falar sem brilho, depois deles. Um antigo
beneficiário solicitou a concessão de maca em que pudesse confiar-se ao
repouso. Um ouvinte preocupado adiantou-se consultando o relógio e bocejou
entediado. Uma robusta irmã pediu fosse colocada uma cadeira preguiçosa em
lugar do banco áspero que a servia. E quase todos, incluindo jovens e adultos
letrados e indoutos, necessitados ou curiosos, descansaram na improdutividade,
acreditando que é sempre melhor observar sem responsabilidade, à espera do fim.
*
E a sessão, que deveria ser
manancial cantante de bênçãos com alegria e paz, união e entendimento de
corações fraternos e calorosos na fé, prosseguiram até à fase final, qual se os
companheiros estivessem situados num velório de grande estilo, cercados pelo
crepe arroxeado da tristeza e do luto, queimando o incenso precioso do tempo em
câmara funerária.
*
Que entre nós, meus amigos, assim
não aconteçam.
Espiritismo é amor e contentamento.
Sempre que desejardes a vitória do bem, auxiliai o bem e plantai-o. Trazei até
nós o concurso da boa vontade, que é a alavanca de todos os prodígios do
progresso, enriquecendo-nos o santuário comum com os dons da saúde e da
esperança, do otimismo e da fé. Permutemos experiências e corações.
Amparemo-nos aos outros. A nossa Doutrina Consoladora é Sol e não devemos
esquecer que a vida é ação permanente, porque a inércia, em toda parte, é
sempre a antecâmara da estagnação ou da morte.
Da Obra “Apostilas da Vida” - Espírito:
André Luiz - Médium: Francisco Cândido Xavier.
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