domingo, 4 de junho de 2017

Corações venerados

Reunião pública de 10-11-61 1ª Parte, cap. XI, item 12
À medida que os anos terrestres te alongam a experiência, registras, com mais intensidade, na câmara da memória, a presença dos que partiram.
Ah! Os mortos que te guiaram ao bom caminho!... São eles as vozes do passado que te chegam, puras ao coração. Lembram-te o berço perdido, junto às maternas canções que te embalavam para o repouso, os ensinamentos do lar que te guardavam a meninice, o carinho dos irmãos que beijavas na alegria transparente da infância, o sorriso dos mais velhos que te abençoavam em oração!... Falam-te dos passos cambaleantes da idade tenra, das primeiras garatujas que traçaste na escola, dos afetos da juventude, dos laços inolvidáveis dos quais te despediste, chorando, na hora extrema!...
*
Não te rendas, contudo, ao desespero, se o frio da ausência parece constituir a única resposta da vida aos anseios que te fluem da inquietação.
Deixa que a prece te converta o espinheiral da saudade em jardim de esperança, porque todos eles, os corações venerados que te precederam no portal da grande sombra, aguardam-te jubilosos, no imenso país da luz.
Entretanto, para que lhes partilhes o banquete de paz e amor, é necessário perlustres a senda de trabalho e abnegação que te abriram aos pés.
Abraça-lhes o exemplo de sacrifício com que te iluminou o entendimento e pede-lhes para que te inspirem à caminhada.
Não temas, sobretudo, o avanço das horas.
O tempo que traz o inverno cinzento e triste é o mesmo que acende os lumes e ostenta as flores da primavera.
*
A existência, no plano físico, é comparável à travessia de grande mar.
O corpo é a embarcação.
A morte é o porto de acesso a lides renovadoras.
Tudo o que fazes segue à frente de ti, esperando-te, além, na estação de destino.
Vive, assim, a realizar o melhor que puderes, de vez que, se te consagras ao bem, em verdade não fugirás à passagem da noite, mas todos aqueles que, um dia, te conduziram ao bem ser-te-ão novas luzes no instante do alvorecer.



 
Francisco Cândido Xavier
 
Justiça Divina
 
Estudos e dissertações em torno da obra
“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec
 
Ditado pelo Espírito
Emmanuel



 
12. Mas aqui reponta uma outra dificuldade. Se as almas bem-aventuradas não podem deixar a mansão gloriosa para socorrer os mortais, por que invoca a Igreja a assistência dos santos que devem fruir ainda maior soma de beatitude? Por que aconselha invocá-los em casos de moléstia, de aflição, de flagelos? Por que razão e segundo essa mesma Igreja os santos e a própria Virgem aparecem aos homens e fazem milagres? Estes deixam o céu para baixar à Terra; entretanto os que estão menos elevados não o podem fazer!
1ª Parte, cap. XI, item 12º O Céu e o Inferno, Allan Kardec.

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