sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lembranças





Laurita Pires de Sá,  declamava com precisão e
emoção a poesia A FLOR E A FONTE, que
aprendeu
nos anos de 1930, quando estudava no
Colégio das Dorotéias, em Cajazeiras (PB).

A FLOR E A FONTE





"Deixa-me, fonte!" Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!
" Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!...
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
"Adeus, sombra das ramadas,
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr do sol;
"Carícia das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!...
" As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...
VICENTE DE CARVALHO
(1866-1924)

Foto: Laurita Pires de Sá, em processo de pós-operatório, ora no leito ora na cadeira, declama com precisão e emoção a poesia A FLOR E A FONTE, que aprendeu nos anos de 1930, quando estudava nos Colégio das Dorotéias, em Cajazeiras.

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