segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Os pecados capitais, as tentações e nós



Os pecados capitais, as tentações e nós




INTRODUÇÃO


1) As tentações no mundo são inegáveis. Miguel Vives dedicou ao assunto todo um capítulo (cap. IX) de seu livro "O Tesouro dos Espíritas", traduzido por J. Herculano Pires e publicado pela Edicel.


2) A Bíblia faz referência a várias delas:


* A tentação de Eva, no Paraíso, narrada em Gênesis, 3:1 a 24.

* As tentações de Satanás sobre Jesus (Lucas 4:3).

* O Eclesiástico trata do tema nos capítulos 2, 33 e 34 e até nos dá uma receita para rechaçá-la.

* A expressão contida na oração dominical: "não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal".

* A advertência feita por Tiago em sua notável epístola (1:14).

* A recomendação de Jesus sobre a necessidade de vigiar e orar, para não cairmos em tentação.


3) O Espiritismo trata do assunto em três questões sucessivas, contidas n' O Livro dos Espíritos:


LE 122:

"O livre arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Ele não teria mais liberdade se a escolha fosse determinada por uma causa independente da sua vontade. A causa está (...) nas influências a que cede em virtude de sua vontade livre. E' a grande figura da queda do homem e do pecado original; alguns cederam à tentação, outros lhe resistiram."


LE 122-A:

De onde provêm as influências que se exercem sobre ele? -- "Dos Espíritos imperfeitos, que procuram se aproximar para dominá-lo, e que se alegram em fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás."


LE 122-B:

Esta influência não se exerce sobre o Espírito senão em sua origem? -- "Ela o segue na sua vida de Espírito, até que tenha tanto império sobre si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo."


4) Mas não é somente aí que "O Livro dos Espíritos" se refere ao assunto. A obra principal do Espiritismo fere o tema em 27 oportunidades diferentes, como se pode ver nas questões seguintes:

459, 460, 461, 465, 466, 467, 468, 469, 472, 497, 498, 511, 525, 567, 644, 645, 660, 671, 720 "a", 753, 845, 851, 872 (1o parágrafo), 909, 971, 971 "a" e 972.


5) Emmanuel reporta-se ao assunto em dois de seus livros: "Religião dos Espíritos" (cap. 88) e "Caminho, Verdade e Vida" (cap. 129).


6) André Luiz o examina diretamente em três obras bastante conhecidas: "Nos Domínios da Mediunidade" (cap. 16), "Ação e Reação" (cap. 7, 14 e 18) e "Sexo e Destino" (cap. VI)


Desenvolvimento


7) A tese espírita é de que ninguém na Terra é perfeito, logo estamos todos sujeitos às tentações, que nos acompanham pela vida a fora, consoante dito claramente na questão 122-B d' O Livro dos Espíritos. O Eclesiástico diz o porquê disto. (Ver NOTA F, item 7.)


8) Miguel Vives (desencarnado em 1906 em Tarrasa, província de Barcelona) esmiúça o assunto no cap. IX do livro "O Tesouro dos Espíritas", a que nos referimos. Diz Miguel Vives:


* Assim como existem as intempéries do tempo e do clima (frio, calor, poluição etc.), existem as intempéries morais e o homem necessita compenetrar-se de que ninguém neste mundo está imune a elas.


* As tentações podem ser de ordem física ou moral:

Ordem física
: sensualidade, extravagâncias, vícios, descanso indevido.

Ordem moral
: vingança, críticas maldosas, paixões exageradas, repulsa por certas pessoas.


9) Emmanuel, examinando o assunto no cap. 88 de "Religião dos Espíritos", assevera: "Somos tentados nas nossas imperfeições".


10) O Apóstolo Tiago adverte (1:14): "... cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência", assertiva que mereceu de Emmanuel a seguinte análise (CVV, cap. CXXIX): "Examinemos particularmente ambos os substantivos tentação e concupiscência. O primeiro exterioriza o segundo, que constitui o fundo viciado e perverso da natureza humana primitivista. Ser tentado é ouvir a malícia própria, é abrigar os inferiores alvitres de si mesmo, porquanto, ainda que o mal venha do exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade do coração".


11) André Luiz confirma esse entendimento, no cap. 18 do livro "Ação e Reação": "... a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós".


12) No livro "Nos Domínios da Mediunidade" (cap. 16, pág. 156), O mentor Áulus nos fala das causas por que muitos trabalhadores da seara espírita fracassam, ao darem ouvidos a elementos corruptores que os visitam pelas brechas da invigilância. (Ver NOTA B.)


13) E André Luiz, em "Ação e Reação" (cap. 7) explica-nos como nascem e se nutrem as tentações, assunto que desenvolveria mais tarde em "Sexo e Destino" (cap. VI). (Ver NOTA A e NOTA E, itens 5 e 6.)


CONCLUSÃO


14) Somos imperfeitos; logo, como não é possível, devido ao nosso estado de inferioridade, evitar a tentação, importa-nos não cair na rede. E' como diz Richard Simonetti: Encontramo-nos em meio a um temporal, e precisamos de um bom guarda-chuva.


15) Emmanuel, em "Religião dos Espíritos", obra já citada, lembra-nos que toda tentação é um teste renovador e, para vencer nesse teste, a fórmula é esquecer o mal e fazer o bem.


16) André Luiz registra, no livro "Ação e Reação" (cap. 14), importante advertência que o Assistente Silas faz em torno do assunto, a que voltaria depois em "Sexo e Destino" (cap. VI). (Ver NOTA D e NOTA E, item 7.)


17) O Eclesiástico, em se reportando à tentação, nos dá uma receita para rechaçá-la. (Ver NOTA C e NOTA F, item 5.)


18) "Vigiai e orai" é a receita indicada pelo Mestre dos Mestres.


19) Padre Germano, no cap. 22 da extraordinária obra "Memórias do Padre Germano", dá-nos a respeito um conselho precioso ao lembrar a volta de sua mãe à aldeia humilde em que ele era o pároco. Ela retornara depois de muitos anos. Doente e esquálida, confessou-lhe haver enjeitado todos os 10 filhos que tivera, e os via então, a todos eles, a converter-se em répteis... Passado, porém, o primeiro momento de calma, ela tornou a cometer, na vila, uma série de desatinos. Germano, cedendo à influência de obsessores, a expulsou da Igreja, mas seu remorso foi horrível. Recomenda-nos então o amorável padre: "Permanecei de sobreaviso; perguntai continuamente se o que pensais hoje está de acordo com o que ontem pensáveis". Eis uma forma prática de exercer a vigilância referida por Jesus.


20) A Igreja, ao relacionar o que ela considera os 7 pecados capitais da criatura humana, deu-nos também a receita para podermos neutralizá-los e combatê-los, sem imaginar, por certo, que todos eles podem tornar-se fatores atrativos da influência dos maus Espíritos, mas as virtudes que lhes são opostas constituem excelente preservativo:


soberba(orgulho,altivez,arrogância) x humildade
avareza x generosidade
luxúria(sensualidade,libertinagem) x castidade
ira x paciência
preguiça x disposição
gula x comedimento
inveja x caridade

21) Kardec adita a tudo isso a lição contida na questão 469 d' O Livro dos Espíritos:


LE 469
:

Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos? R.: "Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: Senhor, não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal."


22) Os Espíritos são bastante claros com relação ao tema: A influência negativa segue a vida do Espírito, até que este "tenha tanto império sobre si mesmo, que os maus desistam de obsidiá-lo" (LE, 122-B). Ora, é a prática do bem e a sintonia com o Pai que estabelecem um novo padrão vibratório, colocando a criatura humana, por sua elevação moral, a salvo de quaisquer influências negativas.


23) Miguel Vives, aludindo a uma conhecida fábula, assevera: "Quando resistimos à tentação, ela é a formiga do leão; mas quando nos entregamos, ela é o leão da formiga". E então propõe-nos: "Sejamos sempre o leão, e a tentação, a formiga, que nada teremos a temer".


 

 

 

 

Londrina, 27-7-96.

Astolfo O. de Oliveira Filho

(Fonte: Oconsolador.com.br)

 

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