segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Os benfeitores espirituais



132. Algemas seculares - No trato da obsessão, os encarnados observam somente uma face da questão: o afastamento do obsessor. Mas, como rebentar, de um instante para outro, algemas seculares, forjadas nos compromissos recíprocos da vida em comum? como separar seres que se agarram um ao outro, ansiosamente? Efetivamente, não faltam, embora raros, os casos de libertação quase instantânea. É que, nesses casos, pode ter chegado ao fim o laborioso processo redentor. De qualquer modo, o trabalho de assistência será sempre frutífero, e não podemos fugir ao nosso dever de assistência fraterna ao ignorante e sofredor, compreendendo, porém, que a construção do amor é também obra do tempo: nenhuma palavra, nenhum gesto ou pensamento, nos serviços do bem, permanece perdido. A tarefa é de sementeira, de cuidado, persistência e vigilância. Não se quebram grilhões de muitos séculos num instante, nem se edifica uma cidade num dia. É indispensável desgastar as algemas do mal, com perseverança, e praticar o bem, com ânimo evangélico. Ouvindo isto, André indagou se o desequilíbrio da mente poderia acarretar a enfermidade do físico. Alexandre disse que sim. As intoxicações da alma determinam as moléstias do corpo; o desequilíbrio da mente pode determinar a perturbação geral das células orgânicas. (Cap. 18, pp. 312 a 315)
137. O socorro espiritual está em toda a parte - O instrutor Anacleto, que chefiava o
serviço dos passes, pediu a André que observasse o coração, principalmente a válvula mitral, de uma senhora postada à mesa. Havia na região indicada uma tenuíssima nuvem negra, que cobria grande parte dela e atingia ainda a válvula aórtica, além de lançar filamentos quase imperceptíveis sobre o nódulo sino-auricular. Explicação de Anacleto: assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com reflexos sobre as células materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emissões mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilíbrio. Às vezes, semelhantes absorções constituem simples fenômenos sem maior importância; todavia, em muitos casos, são suscetíveis de ocasionar perigosos desastres orgânicos, o que se dá mormente quando os interessados não têm vida de oração, cuja influência benéfica pode anular inúmeros males. Aquela senhora tivera, na manhã daquele dia, sérios atritos com o esposo, entrando em grave posição de desarmonia íntima. A pequenina nuvem que lhe cercava o órgão vital representava matéria mental fulminatória e sua permanência poderia ocasionar-lhe perigosa enfermidade. Anacleto atuou por imposição de mãos. Sua destra emitia sublimes jatos de luz que se dirigiam ao coração da senhora: os raios de luminosa vitalidade eram impulsionados pela força inteligente e consciente do emissor. Assediada pelos princípios magnéticos, a reduzida porção de matéria negra, que envolvia a válvula mitral, deslocou-se vagarosamente e, como se fora atraída pela vigorosa vontade de Anacleto, veio aos tecidos da superfície, espraiando-se sob a mão irradiante, ao longo da epiderme. Em poucos instantes, o organismo da enferma voltou à normalidade. O instrutor, em seguida, esclareceu que há legiões de trabalhadores especialistas no passe magnético amparando as criaturas nas instituições religiosas de todos os matizes, porquanto o homem que vive mentalmente, visceralmente, a religião que lhe ensina a senda do bem, está em atividade intensa e renovadora, recebendo, por isto mesmo, as mais fortes contribuições de amparo espiritual, porquanto abre a porta viva da alma para o socorro de Mais Alto, através da oração e da posição ativa de confiança em Deus. Assim, se aquela senhora, porque procurava a verdade, cheia de sincera confiança em Jesus, estivesse orando numa igreja católica romana ou num templo budista, receberia o socorro espiritual, por intermédio desse ou daquele grupo de trabalhadores do Cristo. Naturalmente – acrescentou Anacleto – no seio de uma organização espiritista, indene das sombras do preconceito e do dogmatismo, o concurso fraternal pode ser mais eficiente, mais puro e as possibilidades de aproveitamento mais vastas. Mas, os benfeitores espirituais transitam em toda parte onde existam solicitações da fé sincera. (Cap. 19, pp. 325 a 327)

Do livro MISSIONÁRIOS DA LUZ
André Luiz
Obra psicografada por Francisco Cândido Xavier
 

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