quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CIÊNCIA SEM RELIGIÃO - Religião sem sabedoria


CIÊNCIA SEM RELIGIÃO
Religião sem sabedoria



Onde está o sábio, onde o padre, que não nos esclarecem sobre o nosso passado?

Onde a sabedoria da "ciência", e a luz da "religião" que não ilumina os primórdios do meu Espírito, o nascimento da minha alma?

Que direito de censores poderão ter os sábios, que atribuição de "curas das almas", poderão ter os sacerdotes, se eles são incapazes de desvendar o meu passado, de iluminar o meu futuro?!

Será que a minha existência espiritual está limitada à data da minha existência corporal?
Será que a minha alma foi gerada no ventre materno?

Como se explica, neste caso, a inteligência embrionária de velhos que poderiam ser meus pais, e o desenvolvimento intelectual, superior ao meu, de moços que poderiam ser meus filhos?

Como explicar a moralidade admirável de moços em contraposição com as paixões vis de certos velhos?

Não é a idade que faz a inteligência e a moralidade.

Que será que as gera?

A influência do meio e da educação?

Mas, vemos homens, e as páginas da História deles fazem menção, cujas façanhas ultrapassam a ferocidade dos próprios animais, e, entretanto, foram criados em meio de santidade, privilegiados pela instrução!

De outro lado vemos santos que vicejam entre uma raça maldita e degradada, como um ramo de açucenas entre cardos!

Serão, porventura, a inteligência e a moralidade, o produto do meio e da educação? Vejamos agora se elas são resultantes, propriedades da matéria; se elas são emanações do corpo humano pelo funcionamento do cérebro, dos nervos, do coração, assim como a urina e a bílis são secreções dos rins e do fígado!

Mas, então, a alma extingue-se com o corpo, assim como não existia antes do corpo existir: é um vapor que desaparece reduzido à cinza o último carvão, é uma chama que se apaga à última gota do combustível, é uma claridade que desaparece ao apagar-se a última torcida?!

Se assim pensarmos, que são as Letras, as Artes, as Ciências, as religiões?

Se prevalece a química dos corpos, há de haver forçosamente uma matéria, um líquido, uma droga para elaboração do fluido da caridade e da sabedoria!

Quais é esse elemento? Como encontrá-lo? Hoje, que tudo se mede e se pesa, até os mais longínquos astros; hoje, que se conhece a natureza dos fluidos pela cor, pelo perfume, visto que o pensamento se corporifica, como está demonstrado pela fotografia; como, então, não determinam a causa material, o elemento que produz a caridade e a sabedoria?!

Não, nem os sábios, nem os padres serão capazes de resolver o intrincado problema da alma!

As religiões dos padres e a sabedoria dos sábios estão encerradas nas igrejas e nas academias, e das igrejas e academias é que têm saído as mais poderosas forças para impedir o gênio inovador na sua missão progressista.

Não evocamos os padres e os sábios para alcançar deles, ou por eles, o que quer que seja; nosso intuito foi demonstrar a falência dessas instituições, cuja única nobreza tem sido enobrecer os seus "caseiros", atraindo para eles a admiração do mundo.

Não apelamos para os padres nem para os acadêmicos esperando que eles nos dêem solução do problema, porque eles próprios se desconhecem, não sabem a sua origem, nem o futuro que os espera!

Não invocamos, pois, os mortos para saber dos vivos.

Não é nos templos, nem nas academias, que encontraremos o registro da nossa individualidade, mas, sim, na escala inferior dos seres, no reino animal, de que o nosso corpo carnal é o mais característico exemplar.

Poderá alguém negar esta verdade, que se evidencia aos olhos de todos os que querem ver?

Examine o leitor, com espírito perscrutador, o reino animal e o reino hominal, e verá que não encontra entre estes reinos limites distintamente traçados.

No extremo do reino animal com o reino vegetal, estão os zoófitos ou animais plantas, nome que indica pertencerem eles a ambos os reinos, servindo-lhes de traço de união. E no extremo do reino animal com o reino hominal encontramos o orangotango, o chipanzé, o gorila, que a tal ponto apresentam as maneiras do homem que, por muito tempo, foram designados sob o nome de homens dos bosques.

Como o homem, eles andam com os pés, servem-se de bastões, constroem cabanas, e com as mãos levam os alimentos à boca.

Comparai esses animais superiores com os homens inferiores, como os Quitches e os Latoucas, com os Fuegianos, com os Vedas do Ceilão, com os Docos de Cafa e de Gurage, por nós lembrados em folhas transatas, e dizei se o reino hominal não está preso pela mesma cadeia ao reino animal, assim como este último ao reino vegetal?

A Ciência da Terra, é a Ciência sem Religião, assim como as religiões sacerdotais são sem sabedoria; tanto uma como outra vão desaparecer para dar lugar à Verdadeira Ciência, que vem de Deus!


Cairbar Schutel
A Gênese da Alma

Nenhum comentário:

Postar um comentário