Grandes multidões se apinhavam nas estradas. Um publicano abastado, de nome Zaqueu, conhecia o renome do Messias e desejava vê-lo. Chefe prestigioso na sua cidade, homem rico e enérgico, Zaqueu era, porém, de pequena estatura, tanto assim que, buscando satisfazer ao seu vivo desejo, procurou acomodar-se sobre um sicömoro, levado pela ansiosa expectativa com que esperava a passagem de Jesus. Coração inundado de curiosidade e de sensações alegres, o chefe publicano, ao aproximar-se o Messias, admirou-lhe o porte nobre e simples, sentindo-se magnetizado pela sua indefinível simpatia.
Se a riqueza é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. É a consequencia do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual.
Pode parecer a alguns que, subindo a uma árvore para conseguir ver as feições de Jesus, Zaqueu tenha cedido apenas à curiosidade. É evidente, porém, que o movél de sua ação era bem mais elevado: talvez uma ânsia incontida de receber alguma benção, ou de ouvir-lhe uma palavra que demudasse o rumo de sua existencia. Por simples curiosidade, não iria ele expor-se ao ridículo e enfrentar os ápodos e gracejos da multidão, mormente tendo-se em vista a alta posição que ocupava entre os publicanos.
E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe:
- Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu e recebeu-o com júbilo. E, vendo todos isso, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor:
- Senhor, eis que eu dou aos pobres metades dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus:
- Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido(Lucas 19: 5-10).
Jesus, cujo olhar penetra o âmago das criaturas, percebeu o que ia pela alma de Zaqueu, notou o quanto era sincero aquele arroubo, e dai o ter-lhe solicitado hospedagem, para o escândalo do povo, que, como em outras ocasiões, entrou logo a murmurar, censurando-o por albergar-se em casa de pecadores. Notemos, no entanto, que cena maravilhosa ali ocorre. Ao acolher tal hóspede, Zaqueu cai-lhe aos pés e exclama:
- Senhor, distribuo aos pobres a metade dos meus haveres, e se lesei a alguém, seja no que for, restituo-lhe quadruplicado. Não diz: distribuirei, hei de restituir, mas sim: distribuo, restituo, o que caracteriza bem a realidade de sua transformação moral. E isso ele o faz publicamente, penitenciando-se num gesto de humildade perfeita, como poucas vezes se descreve nos Evangelhos.
Referencias:
Humberto de Campos - O bom Servo livro Boa Nova - Chico Xavier
ESE Allan Kardec cap. 16, item 7,
Páginas de espiritismo Cristão Rodolfo Calligaris A Conversão de Zaqueu
foto: Manhã memorável de 28.02.2010, na Casa Transitória, do trabalho de sintonia com Jesus, das Pioneiras, das filhas de Jó, dos Demolays e dos maçons, ao distribuirem alimentos e, em seguida, momentos de oração e de agradecimento a Deus pela oportunidade festiva de percepção espiritual ao produzir o bem pela pratica de idéais nobres e generosos de doação ao próximo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário