sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
Estes princípios, para mim, não existem apenas em teoria, pois que os ponho em prática; faço tanto bem quanto o permite a minha posição; presto serviços quando posso; os pobres nunca foram repelidos de minha porta, ou tratados com dureza; foram recebidos sempre, a qualquer hora, com a mesma benevolência; jamais me queixei dos passos que hei dado para fazer um benefício; pais de família têm saído da prisão, graças aos meus esforços. Certamente, não me cabe inventariar o bem que já pude fazer; mas, do momento em que parecem esquecer tudo, é-me lícito, creio, trazer à lembrança que a minha consciência me diz que nunca fiz mal a ninguém, que hei praticado todo o bem que esteve ao meu alcance, e isto, repito-o, sem me preocupar com a opinião de quem quer que seja. A esse respeito trago tranqüila a consciência; e a ingratidão com que me hajam pago em mais de uma ocasião não constituirá motivo para que eu deixe de praticá-lo. A ingratidão é uma das imperfeições da Humanidade e, como nenhum de nós está isento de censuras, é preciso desculpar os outros, para que nos desculpem a nós, de sorte a podermos dizer como Jesus-Cristo: «atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado». Continuarei, pois, a fazer todo o bem que me seja possível, mesmo aos meus inimigos, porquanto o ódio não me cega. Sempre lhes estenderei as mãos, para tirá-los de um precipício, se se oferecer oportunidade. Eis como entendo a caridade cristã. Compreendo uma religião que nos prescreve retribuamos o mal com o bem e, com mais forte razão, que retribuamos o bem com o bem. Nunca, entretanto, compreenderia a que nos prescrevesse que paguemos o mal com o mal.


(Pensamentos íntimos de Allan Kardec, num documento achado entre os seus papéis.) Transcrito do livro Obras Póstumas de ALLAN KARDEC
É preciso propagar a Moral e a Verdade. — MUMS
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA

26ª edição
Título do original francês
OEUVRES POSTHUMES
Tradução de GUILLON RIBEIRO da 1ª edição francesa (Paris, 1890)

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