sábado, 9 de janeiro de 2010

TRANSIÇÃO - CARIDADE, FÉ E ESPERANÇA

Ia em meio o ciclo evolutivo da Terceira Raça, cujo núcleo mais importante e numeroso se situava na Lemúria, quando, nas esferas espirituais, foi considerada a situação da Terra e resolvida a imigração para ela de populações de outros orbes mais adiantados, para que o homem planetário pudesse receber um poderoso estímulo e uma ajuda direta na sua árdua luta pela conquista da própria espiritualidade.
A escolha, como já dissemos, recaiu nos habitantes da Capela.
Eis como Emmanuel, o espírito de superior hierarquia, tão estreitamente vinculado, agora, ao movimento espiritual da Pátria do Evangelho, inicia a narrativa desse impressionante acontecimento:
"Há muitos milénios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos...
Alguns milhões de espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes..."


Resolvida, pois, a transferência, os milhares de espíritos atingidos pela irrecorrível decisão foram notificados do seu novo destino e da necessidade de sua reencarnação em planeta inferior.
Reunidos no plano etéreo daquele orbe, foram postos na presença do Divino Mestre para receberem o estímulo da Esperança e a palavra da Promessa, que lhes serviriam de consolação e de amparo nas trevas dos sofrimentos físicos e morais, que lhes estavam reservados por séculos.
Grandioso e comovedor foi, então, o espetáculo daquelas turbas de condenados, que colhiam os frutos dolorosos de seus desvarios, segundo a lei imutável da eterna justiça.
Eis como Emmanuel, no seu estilo severo e eloquente, descreve a cena:
- "Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sábia e compassiva exortou aquelas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas.
Mostrou-lhes os campos de lutas que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito de sua misericórdia e de sua caridade sem limites.
Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração quotidiana e a sua vinda no porvir.
Aqueles seres desolados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milénios da saudade e da amargura, reencarnar-se-iam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.
Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia."
E assim a decisão irrevogável se cumpriu e os exilados, fechados seus olhos para os esplendores da vida feliz no seu mundo, foram arrojados na queda tormentosa, para de novo somente abri-los nas sombras escuras, de sofrimento e de morte, do novo "habitat" planetário.


Assim, pois, estamos no princípio das dores e um pouco mais os sinais dos grandes tormentos estarão visíveis no céu e na Terra, não havendo mais tempo para tardios arrependimentos. Nesse dia:
- "Quem estiver no telhado não desça à casa e quem estiver no campo não volte atrás." (Lc,17:31)
Porque haverá grandes atribulações e cada homem e cada mulher estará entregue a si mesmo.

Ninguém poderá interceder pelo próximo; haverá um tão grande desalento que somente a morte será o desejo dos corações; até o Sol se esconderá, porque a atmosfera se cobrirá de sombras; e nenhuma prece mais será ouvida e nenhum lamento mais comoverá as Potestades ou desviará o curso dos acontecimentos.
Como está escrito:
- "E nesse dia haverá uma grande aflição como nunca houve nem nunca há de haver." (Mt, 24:21)
Porque o Mestre é o Senhor, e se passam a Terra e os Céus Suas palavras não passarão.
E Ele disse:
- "Jerusalém! Jerusalém! Quantas vezes quis eu ajuntar Os teus filhos como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas e não o quiseste...
Por isso, não me vereis mais até que digais: Bendito seja o que vem em nome do Senhor." (Lc,13:34-35)
E enquanto nossos olhos conturbados perscrutam os céus, seguindo, aflitos, a réstia branca de luz que deixa, na sua esteira, a linda Capela, o orbe longínquo dos nossos sonhos, reboa ainda aos nossos ouvidos, vindas das profundezas do tempo, as palavras comovedoras de João, nos repetindo:
- "Ele era a luz dos homens, a luz resplandeceu nas trevas e as trevas não a receberam." (Jo,1:4-5)
E só então, penitentes e contritos, nós medimos, na trágica e tremenda lição, a enormidade dos nossos erros e a extensão imensa de nossa obstinada cegueira:
- Porque fomos daqueles para os quais, naquele tempo, a luz resplandeceu e foi desprezada; - somos daqueles que repudiamos a salvação; - somos os proscritos que ainda não se redimiram e que vão ser novamente julgados, pesados e medidos, no tribunal do divino poder.
Por isso, é que permanecemos ainda neste vale expiatório de sombras e de morte a entoar, lamentosamente, aa nênia melancólica do arrependimento.
Jerusalém! Jerusalém!


fls. 28, 30, 94 e 95 Armond, Edgard, 1894-1982
Os Exilados da Capela / Edgard Armond
11 edição -

"Queiram ou não queiram os homens, com o tempo, a luz da verdade se fará nos quatro cantos do mundo. " Palavras de Razin, Guia Espiritual.
Foto: réplica dos dinossauros em Sousa-PB.

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