quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

REENCARNAÇÃO E PROGRESSO


Confraternização,  de 2010, dos voluntários da Casa.


REENCARNAÇÃO E PROGRESSO

O problema das aptidões intelectuais é bem significativo no estudo da reencarnação, e sugere apreciações interessantes quando observado à luz das diversas doutrinas religiosas ou filosóficas.

As religiões que ensinam ter a criatura humana apenas uma existência, ou seja, as que preconizam a criação da alma no momento da formação do corpo, teriam, sem dúvida, bastante dificuldade em explicar, entre outras, a palpitante questão do conhecimento e da sabedoria, da erudição e do talento inatos.

Dificilmente se pode compreender como uma pessoa, numa existência de apenas algumas dezenas de anos, possa revelar privilegiada inteligência e sabedoria, como freqüentemente ocorre, sabendo-se que, sendo tão vastos os ramos dos conhecimentos humanos, impossível seria a um homem acumular tanto em tão curto prazo.

"Uma encarnação é como um dia de trabalho" - afirma, acertadamente, um Amigo espiritual.

Daí a nossa dificuldade em compreender como pode um homem realizar vastas e apreciáveis conquistas intelectuais, nos mais variados campos do saber, num período de seis, sete ou mesmo oito dezenas de anos.

E essa dificuldade aumentaria, mais, se catalogássemos os homens que, em idênticos períodos, nada ou quase nada aprenderam nos templos do saber, apesar do esforço despendido.

Ficamos, assim, numa expectante e dolorosa alternativa: ou Deus, Supremo Criador de todas as coisas, é parcial e injusto, porque cria e põe no mundo sábios e ignorantes, quando a todos os seus filhos deveria dar, como o fazem os mais imperfeitos pais terrenos, as mesmas possibilidades, ou seremos inevitavelmente levados a aceitar a tese das religiões reencarnacionistas: cada existência representa um elo de imensa cadeia de sucessivas vidas, durante as quais o Espírito aprende e cresce, evolui e se enriquece de valores novos e consecutivos.


Confraternização, de 2010, dos voluntários da Casa.


 
O Espiritismo é reencarnacionista; como tal, ensina a doutrina das existências múltiplas, das vidas que se renovam, como o faz a maioria das doutrinas antigas.

O conjunto dos ensinamentos espíritas agira em torno do seguinte enunciado filosófico: "Nascer, morrer, renascer ainda, progredir continuamente - tal é a lei."

O Espiritismo fixou nessa admirável sentença a sua estrutura doutrinária, fornecendo uma chave de luz para intricados problemas que têm desafiado a argúcia, a cultura e o talento de inúmeros pensadores, em todas as épocas da Humanidade.

A reencarnação nos faz compreender a Deus por Suprema inteligência e Suprema Justiça. Faz-nos compreendê-Lo por Infinita Perfeição e Infinita Misericórdia.


Confraternização, de 2010, dos voluntários da Casa.


 
Deus nos é mostrado, através da reencarnação, Justo e Bom, criando almas simples e ignorantes, a fim de que, pelo esforço próprio, ascendam todas aos pináculos evolutivos, no rumo da perfeição com Jesus.

Aceitando a reencarnação, não temos dificuldade em compreender a promessa do Mestre: - "Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá."

À luz da reencarnação, o que era nebuloso se tornou límpido. A interpretação do Evangelho se tornou menos difícil. Mais compreensível se tornou o pensamento de Jesus.

O que era confuso e indecifrável, passou a refletir, espontânea e naturalmente, a meridiana claridade do bom senso e da lógica.

A explicação palingenésica leva-nos, afinal, a melhor compreendermos por que existem sábios e ignorantes no mundo, cruzando as mesmas ruas, sofrendo as mesmas dores, respirando o mesmo oxigênio, sem que sejamos, dolorosa e tristemente, compelidos a aceitá-lo como um Pai que usa, com os seus filhos, dois pesos e duas medidas.

A cultura, o conhecimento, o progresso, enfim decorrem desses maravilhoso encadeamento de existências, durante as quais a alma adquiriu e armazenou valiosos patrimônios intelectuais.

Sem a tese reencarnacionista, a explicação do progresso das Humanidades permanece incompleta, ou, pelo menos, incompreensível.

O observador imparcial, o historiador sensato e o homem desprovido de preconceito hão de estar conosco, nessa afirmativa.


 
Martins Peralva
- Livro Estudando o Evangelho - FEB.

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