sábado, 11 de dezembro de 2010

Quando não aplicar o passe?

Por Departamento de Estudos da A Casa do Caminho, Sousa/PB

“A caridade não dispensa a prudência”. André Luiz

Conscientes da nossa limitação e, portanto, sem a pretensão de abordar num único post todos os aspectos do “passe”, dada a complexidade e a acuidade que o tema exige, tomamos as letras da obra “O Passe – seu estudo, suas técnicas, sua prática”, de Jacob Melo, para a reflexão do “Quando não aplicar o passe?”.


Em relação ao paciente, Jacob Melo adverte que não é conveniente aplicar o passe quando:


a) O paciente é refratário por decisão própria, provocando com isso apenas desgaste fluídico para os médiuns. Tal paciente é, via de regra, mordaz, cínico, irrefletido, buscando antes um motivo para chacotas a uma solução para seu(s) problema(s). Antes recomendemos-lhe muito Evangelho, estudo metódico de obras sérias e boas orientações através do “diálogo fraterno”, sem falar na inclusão de seu nome para as irradiações e desobsessões;


b) O paciente simplesmente não quer tomar o passe;


c) A procura do passe é simplesmente curiosidade, comodidade ou teste para tentar se convencer daquilo que, no fundo, não que se convencer; e


d) O paciente se nega a seguir as orientações que lhe são dadas no sentido de, por exemplo, assistir reuniões doutrinárias, evitar bebidas alcoólicas antes e depois do passe ou não ficar faltando sistematicamente ao tratamento, etc.


Já o Médium, não deve aplicar o passe quando...


a) Quando não estiver se sentindo confiante pois, conforme afirma Walfredo Toledo, na introdução da obra “Passes e Curas Espirituais”, “imerso em vontade duvidosa, fica [o médium] impossibilitado de obter qualquer efeito curativo ou mesmo o mais insignificante alívio ao seu pobre paciente”;


b) Quando estiver nutrindo sentimentos negativos e não conseguir superá-los;


c) Quando tiver vícios como o uso regular de alcoólicos, fumo, tóxicos, alimentar-se desregradamente ou usar de práticas que promovam desgastes físicos exaustivos e desnecessários, uma vez que o mesmo Walfredo Toledo aduz: “Não é possível fornecer forças construtivas a alguém [...] se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais”;


d) Quando estiver com o estômago muito cheio ou após ter se alimentado de maneira “pesada”;


e) Quando submetido a tratamento que prescreva medicamentos controlados (especialmente aqueles que agem no sistema nervoso central);


f) Quando em idade avançada e com visível esgotamento fluídico ou portando deficiências orgânicas impeditivas;


g) Quando se é criança ou muito jovem ainda (adolescente), notadamente se o passe for magnético;


h) Quando se encontrar estafado física e/ou mentalmente;


Ainda, para o autor, não convém aplicar o passe quando...


a) Em casos de obsessões violentas e subjugações, só aplicar o passe contando com o apoio espiritual e material indispensável e suficiente ao bom desempenho dessa tarefa, notadamente quando estivermos, por alguma circunstância, fora da Casa Espírita;


b) Nos lares. Quando a prática do passe no nosso lar assumir características de rotina ou quando formos ali para atender comodismos ou “vergonhas” do paciente em ir ao Centro Espírita, verdadeiramente não convém a prática;


c) Em hospitais, detenções, manicômios ou outros ambientes públicos, salvo em condições de muita necessidade e atendendo aos seguintes requisitos:


          1. Possuir autorização tanto da Casa em nome da qual se faça o atendimento quanto da Instituição visitada;


          2. Concordância e aceitação desse tratamento por parte do paciente e/ou de seu(s) responsável (eis), se for o caso;


          3. Estar-se em equipe de, pelo menos, dois membros;


          4. Poder antes fazer a leitura e uma mensagem, seguida de uma prece e voltando a fazer outra prece de agradecimento ao final. Vale lembrar que nesses casos, mais que em qualquer outro, é necessário vigilância redobrada e equilíbrio inabalável não apenas no sentido de se manter em perfeita sintonia com a Espiritualidade Superior mas de coibir gestos, bocejos, incorporações e toques que, se em condições normais são injustificáveis, agora são literalmente impróprios; e


d) Quando o bom sendo não recomendar e a prudência não o determinar.


Chico Xavier


Citando Adelino da Silveira, em “Chico, de Francisco”, Jacob Melo expõe que a seguinte situação foi proposta a Chico Xavier:


- Como agir com as pessoas que nos procuram nas horas impróprias? Devemos atender a qualquer hora?


R – “[...] Todo trabalho para expressar-se em eficiência e segurança reclama disciplina. Aprendamos a controlar os horários de ação espiritual, a fim de que a perturbação não venha aparecer, em nossas tarefas, sob o nome de caridade. Peçamos a Jesus nos inspire e abençoe para isso. A ordem preside no progresso e, por isto mesmo, não podemos perder a ordem de vista, sob pena de desequilibrar, embora sem querer, o nosso próprio trabalho”.


Com base na obra:


MELO, Jacob. O passe: seus estudos, suas técnicas, sua prática. 17.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

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