O sonho de Lutero
Conta-se que certa vez Martinho Lutero sonhara. Achava-se nos umbrais dos tabernáculos eternos. Interrogou então, sofregamente, o anjo ali de guarda:
- Estão aí os protestantes?
- Não, aqui não se encontra um protestante, sequer.
- Que me dizes?!
Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?!
- Já lhe disse e repito: não há aqui protestantes.
- Então - tornou, espantado, o sistematizador da Reforma - será que aqui estejam os católicos-romanos, os membros daquela Igreja que abjurei?
- Tampouco conhecemos aqui os filhos dessa Igreja; não existem aqui romanos.
- Estarão, quem sabe, os partidários de Maomé ou de Buda?
- Não estão, nem uns nem outros. Intrigado, insistiu Lutero:
- Dar-se-á, acaso, que o Céu se encontre desabitado?!
- Tal não acontece - tornou serenamente o anjo -
Incontáveis são os habitantes da casa do Pai, ocupando todas as suas múltiplas moradas.
- Dize-me, então, depressa: quem são os que se salvam, e a que igreja pertencem na Terra? - A todas e a nenhuma - aclarou por fim o guardião da entrada das Celestes Moradas.
- Aqui não se cogita de denominações, nem de dogmas. Os que se salvam são os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições, guardando-se isentos da corrupção do século. Os que se salvam são os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se dos seus defeitos, renascendo todos os dias para uma vida melhor. Os que se redimem são os que amam o próximo e renunciam ao mundo, com suas fascinações. São os que porfiam, transitando pelo caminho estreito, juncado de espinhos: o caminho do dever.
Os que se purificam são os que obedecem à voz da consciência, e não aos reclamos do interesse. Os que conquistam a Divina Graça são os que trabalham pela causa da Justiça e da Verdade, que é a Causa Universal e não pelo engrandecimento de causas regionais, de determinadas agremiações com títulos e rótulos religiosos; os que aspiram à glória de Deus, ao bem comum, a felicidade coletiva. Os que se salvam...
- Basta! - atalhou Lutero.
Já compreendo tudo: preciso voltar a Terra e introduzir certa reforma na Reforma.
Fonte: Nas Pegadas do Mestre - Autor: Vinícius (Pedro Camargo) edição FEB
Que linda estória do sonho de Lutero...
ResponderExcluirMas os teólogos cristãos teceram uma teoria, uma lógica da salvação em que a Caridade só entra como parte do bolo...Se não me engano, eles dizem que a Caridade sem fé é vã (algo assim), e que a fé sem obras também...
Pode me ajudar a esclarecer isto?
Valeu!
Antonio Leite
Prezado Irmão Antonio Leite,
ResponderExcluirO ensino do apóstolo Paulo, quando nos orienta para a fé, esperança e caridade, leva-nos a deduzir a ordem da aprendizagem, ou seja, precisamos percorrer as etapas naturais da evolução, pois, quem pratica a caridade desinteressadamente já palmilhou pelas estradas da fé e da esperança nas experiências de provas de outras existências.
Nosso querido e amado Paulo em sua sabedoria, oferta-nos uma dica importantíssima.
Resta-nos praticá-la.
Antonio que a Paz e a Luz de Jesus ilumine o teu caminho.
Do irmão
Walter