domingo, 23 de agosto de 2020


FUNÇÃO E SIGNIFICAÇÃO
do Centro Espírita

Dirigentes, auxiliares e frequentadores de um Centro Espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é um monumento científico, filosófico  e religioso de estrutura dinâmica, não estática, mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico, realizadas com humanidade, bom  senso, respeito à Doutrina e condições culturais superiores. Opiniões pessoais, palpites de pessoas pretensiosas, livros mediúnicos ou não de conteúdo mistificador, cheios de absurdos ridículos – seja o autor quem for – não têm nenhum valor para um verdadeiro Centro Espírita.

Cada Centro Espírita tem os seus protetores e guias espirituais que comprovam a sua autenticidade pelos serviços prestados, pelas manifestações oportunas e cautelosas, pela dedicação aos princípios kardequianos. A autoridade moral e cultural dos dirigentes e dos espíritos protetores e guias de médiuns e trabalhos decorrem da integração dos mesmos na orientação de Kardec. O Centro  que se esquece disso cai fatalmente em situações negativas, adotando práticas anti­  espíritas e enveredando pelo caminho da traição a Kardec e ao Espírito da verdade. As conseqüências dessa falência são altamente prejudiciais todo movimento espírita. Não se trata de nenhum problema sobrenatural, mas simplesmente de falta de vigilância –principalmente contra o orgulho e a vaidade, que levam muitas pessoas e querem parecer mais do que outras. Isso acontece também em todos os campos da atividade humana, nos quais encontramos cientistas pretensiosos e sistemáticos, negociantes fraudulentos, médicos apegados às suas idéias próprias. A pretensão  humana não tem limites e cada indivíduo pretensioso está sempre assessorado por  entidades mistificadoras.

A Ciência Espírita é um organismo vivo, de natureza conceptual, estruturada em leis psicológicas, ou seja, em princípios espirituais e racionais. Essa estrutura é íntegra, perfeita, harmoniosa, e não podemos violentar  um só dos seus princípios sem pôr em perigo imediato todo o seu sistema. No Centro Espírita em que essa compreensão da doutrina não se desenvolve, na verdade não existe Espiritismo, mas apenas um vago desejo de atingi­-lo.

As raízes dessa estrutura conceptual estão no Cristianismo, não em seu aspecto formaligrejeiro, mas em sua existência evangélica, definida da Codificação Kardequiana. Os evangelhos canônicos das Igrejas Cristãs estão carregados de elementos da Era Mitológica e superstições judaicas. São esses elementos do passado pagão­ judeu que deformaram o ensino puro de Jesus, permitindo interpretações flagrantemente contrárias ao que Jesus ensinou e exemplificou.

No livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo“ e no  livro “A Gênese” Kardec mostrou como podemos restabelecer a pureza das raízes evangélicas, usando a pesquisa histórica das origens cristãs, o método analítico  –  positivo de estudo histórico e o método lógico comparativo dos textos. Sem a pureza das raízes não teremos a pureza dos textos e cairemos facilmente nas trapaças ou nas ilusões dos mistificadores encarnados e desencarnados.

Nas primeiras comunidades cristãs, onde o culto pneumático era praticado, manifestavam­-se espíritos furiosos, defensores de suas crenças antigas, que injuriavam o Cristo e seus adeptos. A expressão culto pneumático vem do grego, pois pneuma quer dizer espírito. O culto constituía a parte prática do ensino espírita de Jesus. Na I Epístola aos Coríntios o apóstolo Paulo dá instruções à comunidade de Corinto sobre a realização desse culto, ensinando até mesmo como os médiuns (então chamados profetas)  deviam se comportar na reunião. Os Espíritos se manifestavam pelos médiuns e eram doutrinados pelos participantes do culto. Esse trecho expressivo encontra­se no tópico da epístola que trata dos Dons Espirituais. Não obstante, as Igrejas Cristãs deram interpretações inadequada e absurda a esse trecho, como fizeram com todos os trechos do Evangelho em que Jesus se refere à reencarnação.


Incapazes de doutrinar  os espíritos mistificadores ou  agressivos, que atacavam Jesus e sua missão, os que se ligaram ao Império Romano suprimiram o  culto pneumáticos, alegando que as entidades que neles se manifestavam eram diabólicas. Essa a razão porque Igrejas Cristãs repelem até hoje o Espiritismo como  prática diabólica, rejeitando as manifestações espíritas.

Num Centro Espírita bem organizado esses problemas são estudados e ensinados, para que as pessoas interessadas no ensino real do Cristo possam compreender o sentido do Espiritismo. Sem isso, o Centro Espírita deixa de cumprir  a sua missão na grande obra de restauração do Cristianismo em espírito e verdade. O que o Espiritismo busca é a verdade cristã, cumprindo na Terra a promessa de Jesus, que através de Kardec e seu guia Espiritual, o Espírito Superior que deu a Kardec,    quando este lhe perguntou  quem era, esta resposta simples: “Para você, eu sou A Verdade“. 

O Centro Espírita significa, assim, uma fortaleza espiritual da grande batalha para o restabelecimento da verdade cristã na Terra. Mas tudo isso deve ser  encarado de maneira racional e não mística, no Centro Espírita. Ninguém está ali investido de prerrogativas divinas, mas apenas de obrigações humanas.

 José Herculano Pires

Do livro “O CENTRO ESPÍRITA”

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