quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016


A Ideia

Emmanuel

 

Na fase terminal de nossa reunião de 27 de outubro de 1955, fomos honrados com a palavra do nosso benfeitor Emmanuel, que nos transmitiu a preciosa alocução, abaixo transcrita.

 

Meus amigos:

A idéia é um elemento vivo de curta ou longa duração que exteriorizamos de nossa alma e que, exprimindo criação nossa, forma acontecimentos e realizações, atitudes e circunstâncias que nos ajudam ou desajudam, conforme a natureza que lhe venhamos a imprimir.

Força atuante – opera em nosso caminho, enquanto lhe asseguramos o movimento.

Raio criador – estabelece atos e fatos, em nosso campo de ação, enquanto lhe garantimos o impulso.

Expressa flor ou espinho, pão ou pedra, asa ou algema, que arremessamos na mente alheia e que retornarão, inevitavelmente, até nós, trazendo-nos perfume ou chaga, suplício ou alimento, cadeia ou liberdade.

O crime é uma ideia-flagelação que não encontrou resistência.

A guerra de ofensiva é um conjunto de ideias-perversidade, senhoreando milhares de consciências.

O bem é uma ideia-luz, descerrando à vida caminhos de elevação.

A paz coletiva é uma coleção de ideias-entendimento, promovendo o progresso geral.

É por essa razão que o Evangelho representa uma glorificada equipe de idéias de amor puro e fé transformadora, que Jesus trouxe à esfera dos homens, erguendo-os para o Reino Divino.

Na manjedoura, implanta o Mestre a ideia da humildade.

Na carpintaria nazarena, traça a ideia do trabalho.

Nas bodas de Caná, anuncia a ideia do auxílio desinteressado à felicidade do próximo.

No socorro aos doentes, cria a ideia da solidariedade.

No sermão das bem-aventuranças, plasma a ideia de exaltação dos valores imperecíveis do espírito sobre a exaltação passageira da carne.

No Tabor, revela a ideia da sublimação.

No jardim das Oliveiras, insculpe a ideia da suprema lealdade a Deus.

Na cruz da renunciação e da morte, irradia a ideia do sacrifício pessoal pelo bem dos outros, como bênção de ressurreição para a imortalidade vitoriosa.

Nos mínimos lances do apostolado de Jesus, vemo-lo associando verbo e ação no lançamento das ideias renovadoras com que veio redimir o mundo.

E é por isso que, em nossas tarefas habituais, precisamos selecionar em nossas manifestações as ideias que nos possam garantir saúde e tranquilidade, melhoria e ascensão.

Não nos esqueçamos de que nossos exemplos, nossas maneiras, nossos gestos e o tipo de palavras que cunhamos para uso de nossa boca, geram ideias, que, à maneira de ondas criadoras, vão e vêm, partindo de nós para os outros e voltando dos outros para nós, com a qualidade de sentimento e pensamento que lhes infundimos, levantando-nos para o triunfo, ou impulsionando-nos para a derrota.

Evitemos o calão, a queixa, a irritação, o apontamento insensato, a gíria deprimente e a frase pejorativa, não apenas em nosso santuário de preces, mas em nosso intercâmbio vulgar, porque toda expressão conduz à inspiração e pagaremos alto preço pela autoria indireta do mal.

Somos hoje responsáveis pela ideia do Senhor no círculo de luta em que nos situamos. E é indispensável viver à procura do Cristo, para que a ideia do Cristo viva em nós.

 

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