terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

— INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS —

O PERDÃO DAS OFENSAS

 
Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Vós lhes perdoareis não sete vezes, mas setenta vezes sete. Eis um dos ensinos de Jesus que mais deve impressionar a vossa inteligência e falar mais alto ao vosso coração. Comparai essas palavras de misericórdia com as da oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações que Jesus deu aos seus discípulos, e encontrareis sempre o mesmo pensamento. Jesus, o justo por excelência, responde a Pedro: Tu perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos o esquecimento de si mesmo, que torna uma pessoa invulnerável contra o ataque, os maus procedimentos e as injúrias; serás manso e humilde de coração, não medindo jamais a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Ele não está sempre a te perdoar? Ele conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas?

Escutai, pois, essa resposta de Jesus, e, como Pedro, aplicai essas palavras a vós mesmos; perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos até no vosso amor. Dai, porque o Senhor vos restituirá; perdoai, porque o Senhor vos perdoará; abaixai-vos, porque o Senhor vos erguerá; humilhai-vos, porque o Senhor vos fará sentar à sua direita.



Ide, meus bem-amados, estudai e comentai essas palavras que vos dirijo por ordem daquele que, do alto dos esplendores celestes, olha sempre para vós, e continua com amor a tarefa ingrata que começou há dezoito séculos. Perdoai, pois, a vossos irmãos assim como tendes necessidade que vos perdoem. Se os seus atos vos prejudicaram pessoalmente, é um motivo a mais para serdes indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal recebido; não haveria nenhum mérito em desculpar os erros dos vossos irmãos se eles apenas vos tivessem feito pequenas ofensas.



Espíritas, não vos esqueçais nunca de que, tanto por palavras como por ações, o perdão das injúrias não pode ser uma palavra sem valor. Se vos dizeis espíritas, que de fato o sejais; esquecei o mal que vos tenham feito, e só pensai em uma coisa:

no bem que podeis fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve afastar-se dele nem mesmo em pensamento, porque vós sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de rancor; Deus sabe o que está no íntimo do coração de cada um.

Feliz, pois, aquele que pode, a cada noite, adormecer dizendo: nada tenho contra meu próximo
. (Simeão. Bordeaux, 1862.)



EXTRAÍDO DO LIVRO "O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO"
CAPÍTULO X

BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO MISERICORDIOSOS
Allan Kardec

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