segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

ATITUDE DE AMOR



Um Novo Tempo para a Doutrina Espírita



Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis?
Não fazem os publicanos também o mesmo?
Jesus em Mateus. 5:46
 
Nosso Maior Inimigo: o Orgulho.



Afirmamos outrora que o serviço da unificação é urgente, porém, não apressado. Verificamos no tempo que alguns corações sinceros e leais, entretanto, sem larga vivência espiritual, inspirados em nossa fala, elegeram a lentidão em nome da prudência e a acomodação passou a chamar-se zelo, cadenciando o ritmo das realizações necessárias ao talante de propósitos personalistas na esfera das responsabilidades comunitárias. O receio da delegação, a pretexto de ordem e vigilância, escondeu propósitos hegemônicos em corações desavisados, conquanto amantes do Espiritismo.



Em verdade, a tarefa é urgente, não apressada, mas exige ousadia e dinamismo sacrificial para encetar as mudanças imperiosas no atendimento dos reclames da hora presente, e o hábito de esperar a hora ideal converteu-se, muita vez, em medida emperrante.



Ninguém pode vendar os olhos a título de caridade, porque deliberadamente o apego institucional marcou esse segundo período de nossas lides, em muitas ocasiões, com enfermiças atitudes de desamor como forte influência atávica de milenares vivências. Isso era previsível e, por fim, repetimos velhos erros religiosos...



Honrar e respeitar os antepassados e a história não significa aboná-la de todo, embora os nossos sentimentos devam ser enobrecidos no perdão, no entendimento, na oração e no trabalho. Foi o melhor que conseguimos em se considerando as imperfeições que nos são peculiares.



Na seara espírita, que declara inspirar sua ação em Jesus, o Mestre operoso, e em Kardec, o infatigável trabalhador, não deve haver o pacto insensato com os privilégios e a representatividade improdutiva. Se o Senhor deixou definido que o maior seria quem se fizesse servo de todos, de igual forma a função das entidades doutrinárias, de qualquer âmbito, é servir e servir sempre, mais e mais, no atendimento das extensas necessidades a vencer nas lavouras doutrinárias, cumprindo o roteiro dos deveres de orientação e apoio sem jamais avocar para si direitos ilusórios no campo do poder.



Há de se ter em conta que nos referimos ao institucionalismo como grilhão pertinente a todos nós, sem jamais vinculá-lo a essa ou àquela entidade organizativa em particular, porque semelhante marca de nosso psiquismo, por muito tempo ainda, criará reflexos indesejáveis na obra do bem.



O institucionalismo é fruto da ação dos homens; ele em si não é o nosso adversário maior e sim os excessos que o tornam nocivo.



Nosso maior inimigo
, de fato, é o orgulho em suas expressões inferiores de arrogância, inflexibilidade, perfeccionismo, autoritarismo, intolerância, preconceito e vaidade, seus frutos infelizes que, sem dúvida, insuflam a institucionalização perniciosa e incentivam o dogmatismo e a fé cega, adubando a hierarquização e o sectarismo.


Seus frutos geram sementes, e precisamos interromper essa semeadura do “joio” que sustenta a ilusão de trabalhadores desprevenidos e invigilantes.

Quando os homens forem bons farão boas instituições(6), asseverou o insigne apóstolo de Lyon, Allan Kardec.

Nossa luta deve ser íntima e não exterior, não contra organizações, mas contra nós mesmos quando em atitudes praticadas sob o manto da mentira que acostumamos a venerar em favor de vantagens pessoais.

Esses desvios perpetrados lembram os primeiros momentos do Evangelho sobre a Terra, quando teve circunscrito seu raio de ação ao Judaísmo dominante. Tal realidade levou o Mais Alto a chamar o espírito corajoso e nobre de Paulo de Tarso na ingente missão de servir para além dos muros institucionais da capital do religiosismo, e tornar universal a mensagem do Sábio Pastor.

Conclamamos novos apóstolos para a “gentilidade” nesse momento delicado de nossa seara, porque o orgulho humano reeditou, em larga amplitude, os ambientes estéreis à propagação dos ensinos do Senhor. Temos um novo centro de convergência estipulado pela egolatria humana, buscando fixar estacas demarcatórias injustas e dispensáveis para o futuro glorioso da religião cósmica da verdade e do amor.

Essa velha bagagem da alma tem solução. Melhorando os homens, melhoramos as instituições. Por isso, nossa meta prioritária jamais foi ou será incentivar dissidências a fim de comprovar a eficácia de alguma ideologia, porque, em verdade, todas cooperam para um destino comum no futuro.

Apenas não podemos mais adiar medidas, esperando que os homens acordem naturalmente para as realidades que os cercam, junto às perigosas investidas levadas a efeito pelos inimigos confessos do Evangelho do Cristo na humanidade, em ambos os planos da vida. A hora é de ação e campanha para chamar na Estrada de Damasco os que queiram suportar o sacrifício, a renúncia e a obstinação em nome de uma nobre causa que é libertar a mensagem de Jesus dos círculos impregnados de bazófia e fascinação, através de exemplos de vida e do serviço construtivo de uma mentalidade em plena identificação com a mensagem moral do Espiritismo Cristão.



A hora pede clareza e determinação para a segurança dos ideais.

Há um momento em que a atitude de amor pede a verdade a fim de escapar dos pântanos da omissão. Estamos nesse momento. As diretrizes do Espírito Verdade não pactuam com as conveniências, embora não incentive o desamor. Esse tempo é daqueles que souberem ser coerentes, sem que a coerência custe o preço da discórdia tempestuosa. O desagrado existirá, porque a verdade incomoda quem se acostumou aos caminhos largos. Estamos no tempo dos “caminhos estreitos”, e os que aceitarem perlustrá-lo não terão as coroas de glórias passageiras e nem a aclamação geral dos distraídos do caminho. Serão taxados de egoístas simplesmente por decidirem buscar a “contramão” das opiniões e a percorrer o caminho inverso das consagrações humanas. Entretanto, terão um “contrato de assistência” permanente e irrevogável para angariarem as condições justas ao desiderato. Contudo, justiça aqui não significa facilidades, mas ação mediadora da Divina Providência para o bom andamento dos labores encetados. Temos grupos dispostos a comprometer-se com os misteres da hora a custo de sacrifício; eles serão os apóstolos da “gentilidade” dos tempos modernos.



Respeitaremos em nome do amor a quantos ainda estagiam nas formalidades e convencionalismos. Firmaremos bases seguras fora dos limites da conveniência, para assegurar, aos mais novos que chegarão, a oportunidade de vislumbrarem horizontes que atendam as suas exigentes expectativas, com as quais renascerão no soerguimento desse período de moralização e atitude, nesse momento de Espiritismo por dentro e não fora de nossos corações.

Carecemos de um movimento espírita forte, marcado por uma cultura de raciocínios lógicos e coerentes, e por atitudes afinadas com a ética do amor. Temos sim um problema, temos um inimigo. Atitude, eis a questão. Más atitudes, eis nosso problema. Atitudes de orgulho, nosso maior inimigo.



Livro Atitude de Amor, Editora Dufaux, Psicografia de Wanderley Soares de Oliveira.

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