sábado, 17 de novembro de 2012

Reflexões sobre Causas e Efeitos



 
Reflexões sobre Causas e Efeitos

Assaruhy Franco de Moraes

 

No caminho para a luz, o Espírito adquire débitos que são gerados por conta da inconsequência e da visão deturpada sobre como percorrê-lo. Navegamos pelos mares do egoísmo, aportamos na enseada do materialismo, caminhamos pelas terras do fanatismo, vencemos as tempestades da intolerância, passamos pela influência das trevas; são tantos os obstáculos e muitas vezes, perdemos muito tempo até que a razão prevaleça.

Nesse processo, o Espírito contabiliza faltas e assume responsabilidades, mas, na medida em que o tempo passa e as lições vão ensinando a viver, a realidade começa a sair fora das brumas do erro e se torna nítida diante da verdade.

De todas a fases do processo de regeneração espiritual, o momento da verdade é provavelmente a mais crucial e nesse momento, não se tem mais desculpas para a incidência de erros, nem justificativas para atos menores, é a solidão da consciência e a convergência das lágrimas. É o momento em que o Espírito anseia pela regeneração e procura conhecer as formas de conseguir esse intento.

No livro Chico Xavier Pede Licença, Emmanuel nos conta, no Cap. 19 – Desencarnações Coletivas – fatos elucidativos sobre as relações de causa e efeito nas mortes coletivas, que são resultantes da expectativa espiritual pela regeneração, verdadeiros passaportes para a luz.

O nosso bom amigo nos diz que, quando o Espírito tem consciência de suas responsabilidades diante da vida, roga ao Pai os meios de resgatá-las devidamente.

Faz-se importante lembrarmos que é no momento da verdade, que o resgate tem sua maior força e eficácia, é nesse momento que o devedor tem condição de entender o porquê de suas dores e justificá-las para si mesmo, sem que se defronte com as sombras da revolta, que só tenderiam a empurrá-lo para uma longa espera por outra oportunidade.

É quando observamos dolorosos casos em que milhares de pessoas são arrastadas pela voragem das guerras, vítimas indefesas de saques, compelidas a experimentar dores que semearam em seu passado.

São vítimas de epidemias arrasadoras, respondendo pelos erros de corrupção que prejudicaram irmãos que nelas confiaram; almas comprometidas com os anseios de ouro e poder, agora vítimas de violências na partilha de terras e bens, ao preço de sangue e lágrimas.

Fala-nos ainda Emmanuel, em elucidativo relato, sobre as mortes coletivas em incêndios terríveis, que podem ser por explosões, atentados, acidentes, refletindo um passado onde corsários ateavam fogo em navios e cidades, na busca da pilhagem fácil.

Todavia, todas essas explicações só fazem sentido, se entendidas na mecânica da reencarnação, caso contrário, difícil será entrever a justiça em cada evento reparador e perceber que se criamos a culpa, também escolhemos a forma de repará-la.

Finaliza o mentor espiritual, dizendo que nunca ficamos sem a presença da Misericórdia Divina e que o sofrimento é sempre reduzido ao mínimo.

Não existem regras fixas de tempo entre a causa (falta) e o efeito (resgate), o que vale é a capacidade que as almas endividadas têm para entender sua situação e tirarem o melhor proveito da lição que receberem.

Em Crônicas de Além Túmulo, Humberto de Campos reporta-nos sobre o incêndio de um circo em Niterói, RJ em 1961, uma dolorosa tragédia com centenas de mortes de adultos e crianças, que agora vítimas, foram responsáveis, 1784 anos antes, por queimarem cerca de mil crianças e mulheres cristãs, numa arena de circo na Gália, ainda na época do Império Romano.

Essas explicações, certamente, não devem ser recebidas para que tenhamos menos comoção diante da tragédia de nossos irmãos, naquele momento, diante do resgate reparador. A finalidade de conhecermos essas relações de causa e efeito, é para que possamos entender o porquê dos tristes eventos corretores, aceitando a presença da justiça divina exatamente onde possa parecer que ela está ausente.

Assim, precisamos refletir diante da violência e dor dos desastres que comovem e traumatizam a opinião pública, das tragédias humanas e dos dramas pessoais. Nossa melhor contribuição para esses fatos, deve ser a prece sincera pelos irmãos em prova e pelos de suas convivências, para que se fortaleçam na esperança do reencontro em dias melhores.

 

Fonte: O BOLETIM

Informativo do Centro Espírita Bezerra de Menezes - agosto 2012.

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