segunda-feira, 19 de novembro de 2012

NÃO TEVE TEMPO


 
 
NÃO TEVE TEMPO



— Fui espírita... Nasci em berço espírita. Tomava passes e, de quando em quando, comparecia a algumas conferências. Quando solicitado, cooperava com esta ou aquela campanha de benemerência. Sempre quis ser médium, mas nunca tive tempo para dedicar-me. Frequentava clubes e... a família me fazia certas cobranças. Os negócios me absorviam muito e eu precisava cuidar do pão de cada dia, vocês não acham? Quem, afinal, iria alimentar-me?! Sabemos que o ―maná só caiu de graça do céu uma única vez... Fui espírita... Jamais deixei de recorrer à ajuda espiritual quando as coisas apertavam para mim, pois, em qualquer circunstância, não negava a minha fé. Tinha vontade de realizar o culto do Evangelho no lar, mas...
 
Começava a ler livros interessantes, no entanto, não sei por que não conseguia terminá-los... O pessoal do Centro pedia muito; não podia me ver, e eu tinha que viver me esquivando... Só porque me percebiam com correntes e pulseiras de ouro, carro novo, imaginavam que eu fosse rico... Fui espírita... Na minha casa cheguei a ter uma biblioteca imensa. A minha avó era médium vidente.
 
Quando criança, eu frequentava aulas de evangelização. O tempo na Terra é curto em excesso. Vejam vocês: quando eu estava conseguindo reunir as condições para realizar o meu sonho, que era o de vincular-me a uma tarefa, fundar um núcleo, sei lá, desencarnei... Não tive tempo...
Ouvindo, na Vida Maior, o companheiro em tão pungente depoimento, como se estivesse ensaiando para explicar-se nas barras do tribunal da Divina Justiça, arrisquei a indagação:
— Meu irmão, com quantos anos você deixou o corpo?...
— Ah!, meu amigo, eu já tinha passado dos 70...
Ramiro Gama
Fonte: BACCELLI, A. CARLOS, LINDOS CASOS DE ALÉM-TÚMULO ( pelo Espírito Ramiro Gama), cap. 32, 1ª Edição, 1998, Editora DIDIER



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário