Carta às Famílias
É certo que, sobre a Terra
Nas lutas de expiação,Muita vez, o lar se forma
Para a dor da redenção.
Por vezes, os inimigos
Das existências passadas
Recebem o mesmo sangue
Em lutas amarguradas.
É o resgate doloroso,
A algema que, no futuro,
Transforma o ódio tigrino
Em tesouros do amor puro.
Eis aí porque, não raro,
Nessa prova que redime,
Irmãos surgem contra irmãos,
Raiando até pelo crime.
Mas a dor, a grande dor
Que reforma toda a gente,
Recolhe-os no seu regaço,
Fraterniza-os novamente.
Por essa razão, amigos,
Todo o ensino em substância,
É que a paz do lar terrestre
Depende da tolerância.
Falando em particular,
Peço-te, pois, meu irmão,
Que faças de tua casa
O instituto da afeição.
Não te esqueças que em família
A mais santa autoridade
É a que nasce da energia
Que não desdenha a bondade.
A fim de seres ouvido,
Recorda que o verbo dar
Na caravana efetiva
Precede o verbo ensinar.
Jamais te queixes dos teus,
Seja em qualquer confidência.
Muita vez, nos desabafos,
Há muitas maledicência.
Sem que repartas no mundo
A fé e o amor com os teus,
Não pode dar no caminho
Os sublimes dons de Deus.
Há lutas em tua casa,
Atritos e desavenças?
Isso é a sombra em que se prova
A claridade da crença.
Na noite de cada dia,
Nas luzes das orações,
Envia a Deus os apelos
De tuas inquietações.
Quanto ao mais, teu sacrifício
É a santa expressão de dor,
Purificando a família
No plano eterno do Amor.
Casimiro Cunha
Do livro: Cartas do Evangelho, Médium: Francisco Cândido Xavier
Seitas
Existem, no mundo inteiro,
Igrejas, templos e seitas,Separando, em vez de unir
As criaturas imperfeitas.
Por que tanta luta inglória?
Por que tanta confusão
Se as crenças são sempre luzes
Do pensamento cristão?...
O homem criou muitos deuses,
Na ignorância atrevida,
Sem saber que Deus é um só,
Pai de Amor de toda a vida.
Nas lides religiosas,
Não te esqueças que é preciso
Antes de tudo ser bom
No anseio do Paraíso.
Em nada te valerá
Ter uma religião
Se não guardas a bondade
No templo do coração.
Casimiro Cunha
Do livro: Cartas do Evangelho, Médium: Francisco Cândido Xavier
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