Palestra de Wilton Ferreira com o tema Mediunidade com Jesus. 29.08.2012, as 20h:00 na Casa do Caminho BR |
Até Moisés
Quando Euclides Brandão desencarnou, aguardava imediato ingresso ao
paraíso.
Vivera de Bíblia na mão, consultando textos diversos.
Declarava sempre que os dez mandamentos lhe controlavam a vida. Em pensamento, embora quisesse o mundo inteiro para si, reverenciava a Deus, não lhe prenunciava debalde o santo nome, observava o descanso dominical, honrava os pais, não matava, não adulterava, não furtava, não cobiçava, de publico, os bens do próximo, não obstante enredar as circunstâncias em seu favor, quanto lhe era possível, e não se entregava aos falsos testemunhos.
Por tudo isso, sentia-se Brandão com direitos líquidos no país da Morte.
Atingindo, porém, o limite, entre este mundo e o “outro”, em plena alfândega da espiritualidade, o nosso companheiro surpreendeu-se. Era atendido sem considerações especiais. Naquele vasto recinto de trabalho seletivo, via-se tratado como consulente vulgar numa agência de informações.
Chamado a esclarecimentos, travou-se entre ele e o funcionário da justiça divina interessante dialogo, depois das saudações espontâneas:
– Não há ordem, determinando minha transferência definitiva para o céu? – perguntou, confiadamente.
O interpelado, com jovial expressão, observou após inteirar-se, com pormenores, quanto à sua procedência:
– Não foi expedida qualquer resolução superior nesse sentido. O amigo era cristão?
– Sem dúvida – replicou Euclides, mordido no amor próprio – aceitei Jesus integralmente.
– Aceitou-o e seguiu-o?
– Perfeitamente. Lia-lhe o testamento dia e noite.
Lia-o e praticava-o?
– Com a máxima exatidão.
– Retirando, porém, os benefícios do Evangelho, aproveitava-se dele para renovar-se em Cristo, revelando-se melhor no aprendizado da sabedoria e da virtude?
Euclides respondeu afirmativamente. E porque se mostrasse um tanto melindrado com as interrogações, o fiscal da esfera superior recomendou-lhe enfileirar alguns dados autobiográficos, o mais sucintamente possível. Pretendia decifrar o enigma.
Encorajado, Brandão foi claro e breve.
– Eu – disse ele, demonstrando o gosto de exprimir-se invariavelmente na primeira pessoa – fui um homem justo na Terra. Sempre guardei cuidado em preservar esta característica de minha personalidade. Se recebia dos outros bondade e respeito, pagava com moedas iguais. Aos que me agradavam, aquinhoei com as vantagens suscetíveis de serem articuladas com a minha, influência. Tanto assim que deixei meus haveres a quantos me souberam conquistar simpatia. A todos, porem, que me fizeram mal, retribuí conforme propunham. Nunca tive inclinação para ajudar malfeitores, porque para eles não há suficientes grades no mundo. Quando molestado pelos maus, sabia conjugar o verbo corrigir e, se me incomodavam duramente, punia-os com aspereza. Corda e ferro não podem ser esquecidos na melhoria dos homens. Em sendo perseguido, jamais permiti que os amigos me tomassem dianteira na desforra. Não me calava ante qualquer desafio; por isso, se era convidado a contender, competia-me ganhar as demandas. Pisado pelos outros, dava o troco, de conformidade com as circunstâncias em que recebia as ofensas. Nunca perdi tempo, ensinando a delinqüentes e vagabundos o que não desejavam aprender, e, se às pessoas nobres tratei com generosidade, ofereci aos desonrados a repulsa que mereciam. Quando recebido a flores, improvisava um jardim aos que me favorecessem; mas, se era surpreendido com as pedradas, respondia com uma chuva de pedras.
Fez longa pausa e acentuou:
– Não suponha que exerci a justiça com facilidade. Ao homem de minha estirpe, que procura ser equilibrado e cristão, muito ingrata é a experiência terrestre.
Estampou engraçada expressão fisionômica e ajuntou:
– Segundo vê, minhas reclamações são oportunas. Se o paraíso não estiver aberto para mim, que andei de Bíblia nas mãos...
O funcionário celeste, bem humorado, interveio para esclarecer:
– O plano superior não lhe cerrará a passagem, conquanto, Brandão, a sua justiça não haja conhecido a misericórdia...
– Oh! mas nunca assumi compromissos sem consultar os sagrados textos!...
– Sim – disse o sábio interlocutor –, você chegou até Moisés. Voltará naturalmente ao corpo de carne, a fim de prosseguir o aprendizado com Jesus - Cristo.
E, sorridente, acrescentou:
– Seu curso está com um atraso de mil e novecentos anos...
Foi ao ouvir este esclarecimento que Euclides baixou a cabeça e calou-se, como quem se dispunha a refletir...
Vivera de Bíblia na mão, consultando textos diversos.
Declarava sempre que os dez mandamentos lhe controlavam a vida. Em pensamento, embora quisesse o mundo inteiro para si, reverenciava a Deus, não lhe prenunciava debalde o santo nome, observava o descanso dominical, honrava os pais, não matava, não adulterava, não furtava, não cobiçava, de publico, os bens do próximo, não obstante enredar as circunstâncias em seu favor, quanto lhe era possível, e não se entregava aos falsos testemunhos.
Por tudo isso, sentia-se Brandão com direitos líquidos no país da Morte.
Atingindo, porém, o limite, entre este mundo e o “outro”, em plena alfândega da espiritualidade, o nosso companheiro surpreendeu-se. Era atendido sem considerações especiais. Naquele vasto recinto de trabalho seletivo, via-se tratado como consulente vulgar numa agência de informações.
Chamado a esclarecimentos, travou-se entre ele e o funcionário da justiça divina interessante dialogo, depois das saudações espontâneas:
– Não há ordem, determinando minha transferência definitiva para o céu? – perguntou, confiadamente.
O interpelado, com jovial expressão, observou após inteirar-se, com pormenores, quanto à sua procedência:
– Não foi expedida qualquer resolução superior nesse sentido. O amigo era cristão?
– Sem dúvida – replicou Euclides, mordido no amor próprio – aceitei Jesus integralmente.
– Aceitou-o e seguiu-o?
– Perfeitamente. Lia-lhe o testamento dia e noite.
Lia-o e praticava-o?
– Com a máxima exatidão.
– Retirando, porém, os benefícios do Evangelho, aproveitava-se dele para renovar-se em Cristo, revelando-se melhor no aprendizado da sabedoria e da virtude?
Euclides respondeu afirmativamente. E porque se mostrasse um tanto melindrado com as interrogações, o fiscal da esfera superior recomendou-lhe enfileirar alguns dados autobiográficos, o mais sucintamente possível. Pretendia decifrar o enigma.
Encorajado, Brandão foi claro e breve.
– Eu – disse ele, demonstrando o gosto de exprimir-se invariavelmente na primeira pessoa – fui um homem justo na Terra. Sempre guardei cuidado em preservar esta característica de minha personalidade. Se recebia dos outros bondade e respeito, pagava com moedas iguais. Aos que me agradavam, aquinhoei com as vantagens suscetíveis de serem articuladas com a minha, influência. Tanto assim que deixei meus haveres a quantos me souberam conquistar simpatia. A todos, porem, que me fizeram mal, retribuí conforme propunham. Nunca tive inclinação para ajudar malfeitores, porque para eles não há suficientes grades no mundo. Quando molestado pelos maus, sabia conjugar o verbo corrigir e, se me incomodavam duramente, punia-os com aspereza. Corda e ferro não podem ser esquecidos na melhoria dos homens. Em sendo perseguido, jamais permiti que os amigos me tomassem dianteira na desforra. Não me calava ante qualquer desafio; por isso, se era convidado a contender, competia-me ganhar as demandas. Pisado pelos outros, dava o troco, de conformidade com as circunstâncias em que recebia as ofensas. Nunca perdi tempo, ensinando a delinqüentes e vagabundos o que não desejavam aprender, e, se às pessoas nobres tratei com generosidade, ofereci aos desonrados a repulsa que mereciam. Quando recebido a flores, improvisava um jardim aos que me favorecessem; mas, se era surpreendido com as pedradas, respondia com uma chuva de pedras.
Fez longa pausa e acentuou:
– Não suponha que exerci a justiça com facilidade. Ao homem de minha estirpe, que procura ser equilibrado e cristão, muito ingrata é a experiência terrestre.
Estampou engraçada expressão fisionômica e ajuntou:
– Segundo vê, minhas reclamações são oportunas. Se o paraíso não estiver aberto para mim, que andei de Bíblia nas mãos...
O funcionário celeste, bem humorado, interveio para esclarecer:
– O plano superior não lhe cerrará a passagem, conquanto, Brandão, a sua justiça não haja conhecido a misericórdia...
– Oh! mas nunca assumi compromissos sem consultar os sagrados textos!...
– Sim – disse o sábio interlocutor –, você chegou até Moisés. Voltará naturalmente ao corpo de carne, a fim de prosseguir o aprendizado com Jesus - Cristo.
E, sorridente, acrescentou:
– Seu curso está com um atraso de mil e novecentos anos...
Foi ao ouvir este esclarecimento que Euclides baixou a cabeça e calou-se, como quem se dispunha a refletir...
IRMÃO X
Fonte: www.caminhosluz.com.br
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